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Autor da Semana Gustave Flaubert

Spartaco

Anton Bruckner - 200 anos do nascimento
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Gustave Flaubert
(Rouen, 12 de dezembro de 1821 – Croisset, 8 de maio de 1880)

Biografia
Flaubert foi o segundo dos seis filhos do médico Achille Cléophas Flaubert (1784-1846), cirurgião-chefe do Hospital de Rouen, e sua esposa Anne Justine, nascida Fleuriot (1793-1872). Passa a infância ao lado dos irmãos no Hospital onde o pai trabalha.

Estuda no Colégio Real e já se interessa por literatura, onde dirige o semanário escolar, “Arte e Progresso”. Aos quinze anos, interessa-se por teatro, e compõe um drama em cinco atos, em prosa, Luís XI. Em 1837, escreve seu primeiro romance, Rêve d'enfer, uma obra ainda imatura e juvenil, mas que já vislumbra os traços que caracterizariam suas futuras heroínas. Também aos 15 anos se apaixona por uma mulher casada e onze anos mais velha do que ele, Elisa Schlesinger; só declara, porém, o seu amor trinta anos mais tarde, através de uma carta. Embora viúva, Elisa já não quis desposá-lo. Elisa terminou sua vida em um asilo para doentes mentais.

Inicia os estudos de direito, em Paris, para contentar o pai, porém não consegue se interessar pelas aulas, levando uma vida boêmia, gastando todo o dinheiro que o pai mandava despreocupadamente. Após ter sido reprovado nos exames de direito na Universidade de Paris, começa a ter crises nervosas, que os médicos diagnosticam como histérico-epilépticos. Seu pai o trata com sangrias e dietas, isolando-o em um sítio em Croisset, às margens do Sena. Há uma melhora das crises, que só iriam retornar no fim da vida. Durante esse seu retiro, falece seu pai e a irmã Caroline, aos 22 anos, após dar à luz uma menina.

Em 1846, Flaubert conhece Louise Collet, separada do marido e mãe de uma jovem de 16 anos, amante do filósofo Vitor Cousin, e inicia um romance. Louise era considerada, pelos amigos, presunçosa e afetada, pouco espontânea, exatamente o oposto da recatada Elisa Sclesinger. Flaubert rompe com Louise em 1848 e, mergulhado na literatura, não percebe as transformações da França, tais como a revolução desse mesmo ano, que derruba o rei Luís Filipe e entrega o poder a Napoleão III, proclamado imperador em 1852.

Nesse período Flaubert perde o amigo Le Poittevin, companheiro de infância, e sua saúde se abala. Gustave organiza, com o amigo Maxime du Camp, uma longa viagem ao Oriente, entre 1849 e 1852; viaja ao Egito e à Jerusalém e, ao retornar, passa por Constantinopla e também pela Itália. Colhe informações para escrever, mais tarde, Salammbô, uma reconstituição da civilização Cartaginense na época das guerras púnicas.

Em 1851, tem início Madame Bovary, obra realista que o tornaria célebre e que levaria 5 anos para concluir.

Em 1866, recebeu a Legião de Honra do governo francês. Entre 1870-1871, os prussianos ocupam uma parte da França, e Flaubert se refugia com sua sobrinha, Caroline; sua mãe morre em 6 de abril de 1872 e, nessa época, passa por dificuldades financeiras.

Em 1874, escreve La tentation de Saint Antoine (1874), inspirada num quadro de Bruegel. Em 1877, aos 55 anos, escreve Trois Contes, entre eles um que é considerado sua obra-prima, Un cœur simple, a história de uma criada bondosa e tola, Félicité, inspirada em Julie, empregada que servira Flaubert e sua família até morrer.

Pouco antes de sua morte, vendeu propriedades para evitar a falência do marido de sua sobrinha. Passou a viver de um salário como conservador da Biblioteca Mazarine. Sua obra Bouvard e Pécuchet fica inacabada e foi publicada posteriormente.

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Obras
· Rêve d'enfer (“Paixão e Virtude”), 1837
· Mémoires d'un fou (“Memórias de um Louco”), 1838
· Novembre (“Novembro”), 1842
· Madame Bovary (“Madame Bovary”), 1856-57
· Salammbô (“Salambô”), 1862
· L'Éducation sentimentale (“A Educação Sentimental”), 1869
· Lettres à la municipalité de Rouen, 1872
· Le Candidat (peça), 1874
· La Tentation de Saint Antoine (“A Tentação de Santo Antônio”) 1874
· Trois Contes (“Três Contos”): Un cœur simple (“Um Coração Simples”), La Légende de Saint Julien l'Hospitalier e Hérodias, 1877
· Le Château des cœurs (teatro), 1880
· Bouvard et Pécuchet (inacabado), 1881

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Madame Bovary
Trata-se de sua mais famosa obra; é impressa na “Revue de Paris”, por Laurent Pichat e Maxime Du Camp, em outubro de 1856. Resultado de cinco anos de trabalho, o romance é uma dura depreciação dos valores burgueses. A obra resultou num escândalo.

Flaubert foi levado aos tribunais, onde utilizou a famosa frase "Emma Bovary c'est moi" (Emma Bovary sou eu) para se defender das acusações. Acusado de ofensa à moral e à religião, num processo contra o autor e também contra Laurent Pichat, diretor da revista Revue de Paris, em que a história foi publicada pela primeira vez, em episódios e com alguns pequenos cortes.

A Sexta Corte Correcional do Tribunal do Sena absolveu Flaubert, mas o mesmo procedimento não foi adotado pelos críticos puritanos da época, que não perdoaram o autor pelo tratamento cru que ele tinha dado, no romance, ao tema do adultério, pela crítica ao clero e à burguesia.

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Epílogo
Por fim, devemos salientar que Gustave Flaubert foi um dos autores mais importantes do Realismo, tendo marcado a literatura francesa e mundial pela profundidade de suas análises psicológicas, seu senso de realidade, sua lucidez sobre o comportamento social, e pela força de seu estilo em grandes romances. Pode-se dizer que ele levou à perfeição o ideal do romance realista de harmonizar a arte e a realidade.

Fonte:
Wikipedia
http://educacao.uol.com.br/biografias/gustave-flaubert.jhtm
 
Pra quem quiser entender um pouco mais sobre a importância de Flaubert para a história do romance, recomendo o livro Como Funciona Ficção? do James Wood:

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trad. Denise Bottmann
R$ 24,90
http://editora.cosacnaify.com.br/ObraSinopse/11770/Como-funciona-a-ficção---portátil-6-.aspx

Além das habilidades quase que impecáveis do Flaubert em construir narrativas de uma enorme precisão, ao ponto de existirem trabalhos e trabalhos sobre pequenos detalhes que ele inclui ao longo da narrativa (como o famoso termômetro), Flaubert foi importante, segundo o Wood, no desenvolvimento do discurso indireto livre. Esse é caracterizado por ser aquele discurso em que você fica no meio-termo entre a voz do narrador e a voz da personagem -- um recurso que, por si-só, pode fornecer uma linha de evolução bem fidedigna do romance conforme ele foi sendo usado ao longo dos anos.

O Wood tem uma prosa super gostosa e dá vários exemplos que mostram isso de forma bem clara. O Flaubert, graças também ao desenvolvimento do personagem flanêur (aquele que fica bestando nas ruas), soube usar o discurso indireto livre com uma perícia magnífica -- o que iria ter implicações até mesmo na poesia, como a de Baudelaire (vide poemas como Os Sete Velhos ou As Velhinhas).

Por fim, para citar mais uma parte em que o Wood trata da influência de Flaubert:

“Tudo começa com ele”, observa o crítico. “Foi ele que estabeleceu o que a maioria dos leitores e escritores entende como narrativa realista moderna, e sua influência é tão grande que se faz quase invisível. Quando falamos de uma boa prosa, raramente comentamos que ela realça o detalhe expressivo e brilhante, que privilegia um alto grau de percepção visual.”

http://editora.cosacnaify.com.br/blog/?p=7242

E acho que é bem isso daí mesmo: Wood é tão importante que é quase invisível. Dizer de sua influência é uma redundância pura e simples.
 
Está saindo pela Editora 34 o livro Três contos de Gustave Flaubert.
sendbinary2.asp

Algum dos foristas já leu tais contos? O que achou?
 

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