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Nomes dos capítulos de "O Silmarillion"

Haran

ㅤㅤ
Olá!
Gostaria de saber a opinião de vocês...
Vocês não acham que os nomes do capítulo de "O Silmarillion" não estraga a surpresa do leitor? Tipow, "a queda de Fingolfin" ou "a destruição de Doriath". Pô, é um verdadeiro SPOILER do capítulo.
 
Esse é um dos aspectos constantes nos textos épicos: chama-se antecipação. Muitas vezes conta-se o que acontecerá adiante na história não só nos títulos mas também nos capítulos em si.
Um exemplo de nome de capítulo no livro A Canção dos Nibelungos: "Capítulo 16 - Como Siegfried foi assassinado". :)

Pode-se ver isso desde os textos homéricos, onde tu já sabe tudo o que acontecerá na história por parte do narrador ou na fala dos próprios deuses. Na Ilíada, por exemplo, onde é dito constantemente que estava profetizado que Heitor cairia pelas mãos de Aquiles. Todos sabem desse fato, inclusive o próprio Heitor... o que não o impede de continuar lutando por Tróia. O destino para os gregos já estava traçado e eles não o evitavam, mas esperavam alcançá-lo da melhor maneira possível.

Mas voltando ao Silmarillion: como o tom épico é o pretendido por Tolkien para o livro, nada mais natural que ele esteja recheado de antecipações.
Não é questão de "estragar a história", mas sim de preparar o leitor psicologicamente para o que virá a seguir.
Nada com o que tu não possa se acostumar facilmente e desfrutar do livro o máximo possível (tenha isso em mente se pretender ler A Canção dos Nibelungos :mrgreen:).
 
Esse é um dos aspectos constantes nos textos épicos: chama-se antecipação. Muitas vezes conta-se o que acontecerá adiante na história não só nos títulos mas também nos capítulos em si.
Não sabia dessa Tilion. Mas que tira a surpresa um pouco tira, tu já fica sabendo o que acontece antes pô!
 
Isso sempre foi comum no gênero épico. Os ouvintes (sim, porque os épicos eram recitados para platéias por declamadores, e não lidos) de antigamente estavam acostumados a isso. Era um artifício inevitável em tais textos, um aspecto cultural, iniciado pelos gregos e posteriormente disseminado pela Europa.

O que nos faz crer que isso "estraga a surpresa" é o fato de que o gênero épico há muito não é um dos mais "famosos" entre o público leitor, que se acostumou àquelas tramas onde o clima de "thriller" é desenvolvido no decorrer do livro: a história vai se desenrolando e a "supresa" fica para o final, com o "clímax".
Isso não ocorria no gênero épico, onde o clímax era constante e intermitente na maior parte da história.

A pouca familiaridade com o gênero épico da parte dos leitores de pelo menos um século e meio pra cá é que torna a antecipação aparentemente "estranha".
 
Gostei das respostas do Tilion. Me baseando nelas, pergunto:

Porque ele fez isto no Silmarilion e não fez na Trilogia, Tilion? Ambas as obras não são épicas?
 
Gostei das respostas do Tilion. Me baseando nelas, pergunto:

Porque ele fez isto no Silmarilion e não fez na Trilogia, Tilion? Ambas as obras não são épicas?

Não, não são. Pelo menos não no mesmo sentido.

A intenção de Tolkien ao escrever o Silmarillion era realmente a de fazê-lo como um texto épico, no estilo dos Eddas e do Kalevala. Nisso ele foi muito bem sucedido.

O caso do SdA é diferente, primeiro porque ele inicialmente foi um livro "por encomenda", nascido do sucesso que O Hobbit fez. A história do SdA seguiria então mais ou menos a mesma linha do primeiro livro, sendo "uma aventura de fantasia", e não um épico em si (principalmente porque, como eu disse no post anterior, o gênero épico não tinha mais o apelo junto ao público como tinha antigamente; logo, não era um gênero lucrativo).

Mas no decorrer do desenvolvimento da história, Tolkien foi modificando sua própria idéia inicial de como ela seria, acrescentando muita coisa dos Dias Antigos e tornando-a de fato uma "continuação" das histórias d'O Silmarillion (além de, claro, deixar de lado o tom "infantil" d'O Hobbit por algo mais maduro e sombrio).

Mesmo com essas mudanças, o SdA não se encaixa no gênero épico em si. O épico (ou melhor dizendo, a epopéia) segue mais ou menos uma fórmula fixa de estrutura e forma, variando (obviamente) no tema: geralmente são na forma de versos decassílabos ou de mais sílabas; há fases distintas no poema: 1) proposição, onde o narrador apresenta o assunto que será tratado; 2) invocação, que geralmente é um pedido de "inspiração" para as Musas; 3) dedicatória, quando o poema é dedicado a alguém (não sendo "obrigatória" essa parte); 4) narração, que é o núcleo da narrativa, onde se desenvolve a ação; e 5) epílogo, onde se conclui a história, geralmente com um tom moralizante; há ainda aspectos básicos, como a própria antecipação que eu já mencionei, além das peripécias, etc.

Três dos maiores textos épicos apreciados imensamente por Tolkien (inspirando-o muitas vezes) enquadram-se nessa descrição: o Poetic Edda, o Kalevala e o poema Beowulf.
Tolkien chegou a dizer que a idéia inicial dele era escrever toda sua "mitologia" em verso... de preferência em quenya!!

Como sabemos, ele não levou essa idéia adiante, talvez devido à complexidade do mesmo, além da receptividade que tal texto teria da parte dos editores e leitores (o fato de não ter apelo, não ser rentável, etc). Ainda assim, podemos ler o que ele chegou a iniciar nesse sentido, isto é, várias partes do legendário em verso, que se encontram no terceiro volume da série HoMe: The Lays of Beleriand (As Baladas de Beleriand). Recomendo, mas aviso também que é a leitura mais difícil de toda a série HoMe, com um vocabulário muito arcaico.

O SdA, por tudo isso, seria uma "versão adaptada" do que seria uma parte do Silmarillion. O SdA foi escrito pelo Frodo, e tem assim um estilo mais "leve" do que aquele encontrado n'O Silmarillion que, embora tenha sido compilado pelo Bilbo, é na verdade os relatos dos elfos que ele colhera em Valfenda, principalmente de Elrond.
A grosso modo, os hobbits escreveriam "histórias de aventura e fantasia", enquanto que os elfos ficavam sempre no épico (o que é visível pelas suas canções).

Logo, literal e literariamente falando, o SdA não é um texto épico. É um romance de fantasia. Já O Silmarillion é de fato épico, literariamente falando, mesmo não sendo em verso (como eu disse antes, "geralmente" os épicos são em verso, mas isso não é "obrigatório"); ele claramente possui características essenciais dos textos épicos, como a antecipação (na forma dos nomes dos capítulos, inclusive).

Porém, nós costumamos chamar o SdA de épico por outro motivo: o emocional. O classificamos assim pelo impacto que o mesmo nos causa (pelo menos na maioria dos leitores, como é visível em seus comentários sobre o que pensam da obra), pelo "tom" que parece transparecer em cada linha. "Épico" aqui é sinônimo de "grandioso".
O chamamos desse modo porque é uma grande história, em tamanho e qualidade, que tem a capacidade de mexer profundamente com o nosso emocional.

Essa classificação seria, assim, uma espécie de "homenagem" de nossa parte a Tolkien e ao livro em si. Tecnicamente falando ela está incorreta, mas isso não muda em nada a grandiosidade da história.
 
hehe, nice, em uns cara q manjam demais aki, tiro o chapéu desse moogle ae pro Tilion:p

eu não intendi sua questao, saruman...o apocalipse no silma?mas o silma só conta ate a queda de númenor, se ele presseguisse, teria q passar pela guerra do anel e os dias atuais, ou escrever algo solto, não axo q daria certo...
 
O Saruman-The White está falando de uma versão do "Apocalipse" em Arda que foi publicado na série HoMe.

Essa versão foi rejeitada pelo próprio Tolkien, uma vez que tinha coisas que entravam em conflito com a concepção mais tardia de seu legendário, como Túrin ser incluído entre os Valar.

Mas caso houvesse uma versão mais tardia do Final dos Tempos e essa aparecesse no Silmarillion publicado, ela seria atribuída aos elfos de Valfenda, uma vez que Bilbo apenas transcreveu o que ele ouviu lá, provavelmente a maioria das informações da boca do próprio Elrond, sendo ele o mestre de tradição que era.
 
Esse é o final do SdA (o livro), não de Arda (a Terra).

Nas versões mais antigas do Silmarillion, o último capítulo do livro descrevia esse "Apocalipse", onde Melkor voltava do Vazio e a Dagor Dagorath, a Última Batalha, era travada em Valinor. Além disso, Túrin seria o responsável pela destruição de Melkor... dessa vez para sempre. Em seguida o filho de Húrin era elevado à classe dos Valar. :eek:
 
Tilion disse:
Esse é o final do SdA (o livro), não de Arda (a Terra).

Nas versões mais antigas do Silmarillion, o último capítulo do livro descrevia esse "Apocalipse", onde Melkor voltava do Vazio e a Dagor Dagorath, a Última Batalha, era travada em Valinor. Além disso, Túrin seria o responsável pela destruição de Melkor... dessa vez para sempre. Em seguida o filho de Húrin era elevado à classe dos Valar. :eek:

Tilion, mais uma vez me usarei de você para sanar minhas dúvidas.

1. Então, o Silmarilion mudou, através das reedições?

2. Porque esta mudança?
 
Tipo, nao foi isso q eu quis dizer, e sim, como Bilbo foi pra Valinor, como q fica ELE? pq se for como os numenorianos pensavam q soh de viver lah a pessoa nao morria pq eram as terras imortais ou eh aquela velha discussao do fëa e talz q ele provavelmente nao viveria mais do q o normal? pq se for como os numenorianos pensavam, ele teria tempo para escrever ateh o fim dos tempos..
 
Láthspell disse:
Tilion, mais uma vez me usarei de você para sanar minhas dúvidas.

1. Então, o Silmarilion mudou, através das reedições?

2. Porque esta mudança?

1) Sim, mas não através das reedições da versão publicada pelo Christopher, mas sim nas inúmeras revisões feitas pelo seu pai durante a vida deste. CT reuniu as versões mais maduras do legendário que formavam um todo coerente, mesmo que algumas dessas partes não fossem a versão final de Tolkien sobre determinado assunto (como pode ser visto nos 3 últimos volumes do HoMe); mas essas versões mais tardias de todas entravam em conflito gritante com o resto do legendário e, se o CT resolvesse considerá-las, não seria possível publicar um livro coeso, como ele acabou fazendo. Foi para explicar tudo isso que ele criou a série HoMe, da qual os volumes 1 a 5 e 10 a 12 tratam da evolução do Silmarillion e de suas várias fases.

MAMUTE disse:
Tipo, nao foi isso q eu quis dizer, e sim, como Bilbo foi pra Valinor, como q fica ELE? pq se for como os numenorianos pensavam q soh de viver lah a pessoa nao morria pq eram as terras imortais ou eh aquela velha discussao do fëa e talz q ele provavelmente nao viveria mais do q o normal? pq se for como os numenorianos pensavam, ele teria tempo para escrever ateh o fim dos tempos..

Leia esse texto: Mitos Transformados - Arda. As respostas estão nele.

E voltemos ao assunto do tópico, sim? :wink:
 
Os nomes dos capítulos estão perfeitos, e não são 'spoilers' coisíssima nenhuma;

O importante não é o que vai acontecer, mas como acontece. 8-)
 
Os nomes dos capítulos estão perfeitos, e não são 'spoilers' coisíssima nenhuma;

O importante não é o que vai acontecer, mas como acontece.

"Da queda de Fingolfin...."
"Da destruição de Doriath"

Sendo normal ou não, não deixam de ser spoilers.
 

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