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Jovens espanhóis lendo mais que os pais

Pandatur

Usuário
O jornal espanhol Diario de León publicou uma notícia online mostrando que os jovens da Espanha têm lido mais que seus pais.

"Tolkien e Rowling tem conseguido o 'impossível': criar o hábito da leitura entre os mais jovens. Pela primeira vez em décadas as crianças espanholas são mais leitoras que seus pais."

Segundo o jornal, no ano passado foram vendidos 40 milhões de livros classificados como "literatura infanto-juvenil" na Espanha, o que levou a um faturamento 11% maior com as vendas dessas obras, enquanto que as obras classificadas como "literatura adulta" tiveram uma queda de 8%.

Apesar do próprio Tolkien ter dito que ao contrário de "O Hobbit", "O Senhor dos Anéis" não ser um livro voltado ao público infantil, a Federación de Gremios de Editores de España coloca SdA no grupo de livros infanto-juvenis.

57,2% dos espanhóis dizem ler ao menos uma vez por trimestre. Desses, 22% lêem todos ou quase todos os dias.
Em contrapartida, 42,8% não lêem ao menos uma vez no trimestre, sendo que 28% não pega um livro jamais.

Tema da obra, indicação dos amigos e o autor são os três fatores decisivos na hora de um espanhol comprar um livro.


E aqui no Brasil? Será que tem ocorrido o mesmo?


Fonte: Diario de León: La mayoría de los niños españoles son más aficionados a leer que sus padres
 
Acho que, se uma pesquisa dessas fosse feita por aqui, iam ver que a quantidade de gente que "não pega um livro jamais" iria aumentar bastante. Aqui não reconhecem o valor de um bom livro, como os de Tolkien. São muito poucos os que reconhecem, se forem comparados ao total da população. Vergonhoso para o Brasil...
 
Pandatur disse:
"Tolkien e Rowling tem conseguido o 'impossível': criar o hábito da leitura entre os mais jovens. Pela primeira vez em décadas as crianças espanholas são mais leitoras que seus pais."

Eu acredito que é pelo fato de livros infanto-juvenis estarem de uns anos para cá sendo mais publicados, divulgados. Existe mais variedade atualmente do que 10 anos atrás, por exemplo. O hábito de ler está crescendo, pois nos últimos tempos o jovem foi descobrindo que o livro é realmente bom.

E é preciso citar os filmes aqui: graças a este meio, ele passou a conhecer a literatura. Isso que é o bacana. Claro que muitas vezes um filme não consegue atrair tanto publico para sua fonte, a sua inspiração, que é o livro literário. Entretanto está acontecendo essa adaptação de livros mais do que nunca.

E os livros de Tolkien ou da Rowling despertaram o interesse do jovem, por tratarem de valores morais, coisa que o jovem gosta de ver. Existem monstros, seres, tradições, mágica, e isso faz os olhos de cada um brilhar. É por isso que eles procuram o livro.
 
Rudy o cinzento disse:
:D sinal de que a nova geração está tendo uma visão mais apurada que os seus pais, enquanto isso, no Brasil....

Ahá! :aham:

Olha só que achado interessante, sobre leitura no Brasil.

Ler era uma sensação

Chamo atenção sobre o detento que por ler sobre Carlos Magno ficou violento quando saiu da prisão :mrgreen:

revista PESQUISA fapesp disse:
Ler era uma sensação
Brasil já teve mercado editorial amplo, com livros populares que vendiam milhares de cópias
Carlos Haag

Elzira amava Amâncio, mas seus pais a queriam casada com o rico dr. Siqueira. Tudo em vão. A moça, tísica, fingia tomar os remédios apenas para, às escondidas, encher lenços e lenços com sangue. No fim, a morte diante do amado, chamado enfim para sua casa, e um pedido de pureza final à irmã: "Quando eu morrer... não deixe... ninguém lavar-me, nem ver meu corpo... você mesma... lava-mo, sim?" Dessa forma terminava a trágica história de Elzira, a morta virgem , livro de 1883 que vendeu milhares de exemplares e foi reeditado até 1924. Na mesma época, O aborto , cuja protagonista, Maricota, seduzia o primo, engravidava e morria ao tomar um abortivo, vendeu em 15 dias 5 mil exemplares. "O meu Policarpo , do qual tirei 2 mil exemplares, há dois anos, está longe de esgotar-se", queixava-se, na mesma época, Lima Barreto em carta a Monteiro Lobato.

Hoje, Elzira e Maricota estão esquecidas, mas resistem como provas de que o Brasil já foi um país efetivamente feito de homens e livros, para parodiar o dito esperançoso de Lobato. "Havia um mercado editorial em constante desenvolvimento, que procurava atender a uma massa de consumidores assalariada que crescia a cada dia. Foi surpreendente para mim descobrir que alguns romances de finais do século 19 chegavam a vender algumas dezenas de milhares de exemplares", conta Alessandra El Far, autora de Páginas de sensação: literatura popular e pornográfica no Rio de Janeiro (1870-1924), tese de doutorado que teve apoio do lançamento da FAPESP, agora transformada em livro pela Companhia das Letras.

"A idéia do livro popular no Brasil não é algo novo. Hoje em dia encontramos nas estações de metrô máquinas que vendem livros a R$ 3, mas apenas alguns títulos. A grande maioria dos livros custa caro", avalia. "Mas no Rio antigo a leitura era o principal veículo de entretenimento com romances populares e baratos que dialogavam de modo bastante estreito com os problemas, dilemas e anseios da sociedade brasileira daquela época." Os livreiros de então faziam edições baratíssimas com listas imensas de autores e obras que cobriam todas as áreas do conhecimento. "O que se desejava era fazer com que o livro deixasse de ser um produto caro, restrito apenas aos círculos das elites letradas, para estender seu consumo a uma massa ilimitada de leitores", conta Alessandra.

Espectros

A competição era acirrada. "Todos sabem: vivos, mortos, espectros, que só na Livraria do Povo se encontram livros baratíssimos. Até cadáveres se levantam para aproveitar as nossas pechinchas", jurava um anúncio da época. "Não vale hoje a desculpa de que não se pode ler porque o livro é caro", avisava a vetusta editora Laemmert ao lançar sua coleção Econômica. Quem via capa não via conteúdo: em vez das capas luxuosas, edições com capa brochada, papel de baixa qualidade, tiragem elevada e muitos desenhos. Vale lembrar: a expressão "livro popular" não se ligava ao seu conteúdo, mas ao seu formato, barato e acessível.

Mas haveria público para tanto num país que, no final do século 19, tinha 80% de analfabetos? A exceção, honrosa e que deu fôlego à essa indústria da leitura, era a capital federal, o Rio, que tinha mais da metade da sua população alfabetizada e, logo, pronta a consumir. Uma obra tinha a tiragem inicial de mil exemplares, mas muitas, com seu apelo direto ao público, chegaram a superar em cinco vezes esse montante. "A instrução difundiu-se até nas mais obscuras camadas. O livro espalhou-se; deixou de ser objeto raro para chegar até o povo", escreveu um cronista do Jornal do Brasil em 1900.

Efetivamente, na década de 1880, o preço de um livro em formato brochura era baixo, variando de 100 a mil-réis. Na mesma época, uma dúzia de retratos custava 5 mil-réis, um jantar barato ficava em cerca de 3 mil-réis e um chapéu podia custar até 16 mil-réis. Além do preço, o acesso era facilitado com a venda por mercadores ambulantes pelo centro da cidade. A popularização chegou a um tal ponto que mesmo um outsider como João do Rio criticava as histórias populares, relacionando os efeitos perniciosos de sua leitura. "Contam na penitenciária que Carlito da Saúde, preso por desordem, mergulhou na leitura de Carlos Magno. Sobreveio-lhe uma agitação violenta.

Ao terminar a leitura anunciou que mataria um homem ao deixar a delegacia. E, no dia da saída, esfaqueou um tipo desconhecido. Só esse livro tem causado mais mortes do que um batalhão em guerra", avisava João do Rio. Mas o importante era vender e os editores corriam atrás de textos que pudessem satisfazer a curiosidade de seus leitores. Em geral conseguiam. "Olavo Bilac dizia que se um forasteiro aqui passasse com certeza ficaria espantado com a publicação de quase uma dezena de jornais diários e com a nossa espantosa produção literária", diz a pesquisadora.

Seja ela composta de poemas delicados e parnasianos, sejam títulos como O trágico fim da desgraçada Sofia, A flor do martírio ou A desgraça chorando por mais ou, ainda, As desgraças de Emília , que servirão de lição às almas virtuosas e sensíveis. "Muitos desses romances partiam de uma realidade permeada de valores morais, compartilhados por todas as personagens para depois mergulharem em situações de completa anomalia, por essa razão, propícias à exacerbação de sentimentos e ao desenrolar de ações repudiadas no dia-a-dia das convenções sociais", observa a autora. Tudo era válido para provocar "sensações" nos leitores.

Mesmo que desagradáveis e próximas às suas realidades. "Embora as histórias reafirmem repetidas vezes a importância de valores como o casamento, a virgindade e a família, o ápice da narrativa consistia no momento em que todos os preceitos perdiam a eficácia e viravam pelo avesso", observa Alessandra. "Nesse momento de transgressão de regras, usurpação dos bons costumes e rompimento com a vida em sociedade, esses romances chegavam ao auge de suas emoções e exploravam ao máximo os dissabores dos personagens." Assim, a história de Elzira, a morta virgem , não apenas narrava desgraças com "sensação", mas dramatizava o conflito por que muitas famílias da época passavam com o declínio do paternalismo, em que os filhos queriam fazer suas escolhas. "Romances que desafiavam, ao seu modo, a integridade de uma sociedade ansiosa pelo estatuto de uma nação civilizada", analisa Alessandra.

Mas para cada morta virgem havia uma plêiade de outras pouco dispostas a guardar sua pureza e que faziam de tudo para agradar aos leitores dos chamados "romances de homens", com suas narrativas pornográficas com títulos como Os serões do convento , que esteve à venda por mais de 40 anos, ou Memórias de frei Saturnino ou Amar, gozar, morrer . "O caráter picante de uma história, em vez de estar vinculado somente ao número de relações sexuais descritas, encontrava-se ligado também à capacidade da narrativa de dialogar com as preocupações, desejos e conflitos daquela época", analisa a pesquisadora. "Num mundo cujas regras morais eram conhecidas por todos, os heróis e heroínas desses 'romances para homens' mostravam uma enorme disposição para burlar convenções e ignorar os agentes repressores, para desfrutar o que sabiam ser repudiado pela moral da época."

Tônico

Se os "romances de sensação" tinham uma moral central em que as regras sociais eram postas em xeque, nos "romances para homens" os bons costumes eram esquecidos de todo. Assim, a coleção de Fogo oferecia "quarenta posições diversas com as respectivas explicações, constituindo-se no mais prodigioso tônico para levantar organismos depauperados", como explicava o seu editor. O ápice do gênero foi Mademoiselle Cinema , de Benjamin Costallat, que chegou a vender, em três edições, cerca de 25 mil exemplares. "Sejam os 'romances de sensação', sejam os 'romances para homens', o segredo do sucesso estava em vender a um preço acessível livros cujos temas dialogavam com padrões sociais e culturais da época, colocando em pauta as expectativas, temores e ansiedades de uma parcela representativa da sociedade carioca", avalia Alessandra. Para tanto, valia a pena morrer virgem.

O Projeto
Aventura, sensacionalismo e pornografia: os best-sellers de finais do XIX e início do XX
Modalidade
Bolsa de Doutorado
Orientadora
Lilia Katri Moritz Schwarcz - FFLCH/USP
Bolsista
Alessandra El Far - FFLCH/USP
 
Pô, interessante o texto, Primula. Será então que o Brasil do século XIX lia mais que o atual? Caraca...
 
Pandatur disse:
Pô, interessante o texto, Primula. Será então que o Brasil do século XIX lia mais que o atual? Caraca...

O título deste poderia ser algo assim "filhos hoje leem mais que pais, que leram menos que os avós" :mrgreen: (se bobear, acho que os netos ainda leem menos que avós)

Talvez o ditado só tenha caducado... esse ditado deve ter valido na minha época (idade média dos pais 70 anos, e minha 30 anos)

Acho que dois fatores influenciam nisso (preço não: já disse que é perfeitamente possível comprar livros mais em conta e até de boa qualidade, contanto que não seja "da moda").

1) falta de alternativas de passatempo. Televisão é uma delas, mas hoje em dia a gente pode viajar, ir a parques de diversões, dá para ir pra praia e nadar (no começo do século isso era contra a moral e bons costumes), sair para dançar. Ler é apenas uma opção.

2) moda, como eu disse. As pessoas não querem ler algo que elas param na livraria/sebo folheiam, gostam e compram, mas normalmente compram os best-sellers. Em parte é para ter o que falar com outras pessoas (não ser excluido da sociedade), e em parte é para ter certeza que vai gostar. Aí o preço fica lá em cima aqui no Brasil porque normalmente não se vende livros. (os best-sellers lá fora ficam em conta para o pessoal comprar. Isso porque não é necessário arrochar o preço do que vende mais porque normalmente há vendas estáveis em livros.)

De resto, espero que não seja o fogo de palha que eu tive na juventude que queria esgotar tudo da M.B. Zimmer, por exemplo (e hoje seria HPotter) e não lia as alternativas. Hoje eu quero vender tudo dela isso sim e me arrependo de não ter conhecido Camus e Calvino antes! :lol:
 
Ler

Correto!
Mas aqui no Brasil depende muito do tema do livro, sem falar que as tradutoras dão cada mancada...
 

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