Sempre achei muito interessante essa sacada de Tolkien, criar um livro, que alguém escreveu e ser ele (o autor disso) um mero expectador, um tradutor subserviente, como que atendendo também a um pedido maior, do alto, dos Valar quem sabe, para ajudar os homens com esses conhecimentos a muito esquecidos.
E o melhor dessa técnica, é que se você em algum momento errar a mão, falar muito de um personagem, ou passar um detalhe em branco, não será totalmente errado.
Quando estava estudando os mitos gaélicos, os povos celtas irlandeses, a gente percebe muita semelhança em toda a obra do Professor. Os poemas, a visão dos deuses, seus lugares de descanso em alguma ilha idílica. Mas Tolkien tentou (ao meu ver) ir um pouco mais além, colocar toda uma mitologia comum entre as nações de um forma concisa, crível, possível de ser concebida e encontrada! Então acabou sendo uma reconstrução do que já existia, uma visitação aos Sídh (monumentos aos deuses gaélicos encontrados na Irlanda), uma possível escavação, uma experiência pessoal que você coloca a disposição dos outros. Algo incomum, mas comum, tipo, está no incosciente de todos nós, e principalmente do povo bretão.
Uma pergunta ao Cisne:
Quantos autores usaram essa técnica?
Meu querido Cisne (o chamo assim, não pela aproximação pessoal, pois não temos nenhuma, mas pela admiração que todo estudante tem por outro estudante), boa sorte nesse caminho longo de doutorado. Que haja iluminação em alguma madrugada dessas, para você encontrar aquele fóssil perdido que todos os estudantes tentam encontrar, a resposta àquela pergunta que faz a gente sair do comum... Um abraço!