A Inglaterra daquele período era fortemente influenciada pela Igreja, que por sinal tem sua origens no Paganismo, que tem sua origem em muitos dos costumes absorvidos de povos nórdicos, coptas, sírios, gragos, latinos, árabes, judeus e demais povos conquistados por Roma que, posteriormente, tornou-se o Sacro Império Romano-Germânico que por fim esfacelou-se em 1806 nas Guerras Naopeônicas e dando lugar ao Reino da Saxônia que durou até 1918 quando findou a Guerra Austro-Prussiana.
Em primeiro lugar, obrigado pela lição de história. Em segundo, não vejo problema em colocar uma interpretação católica da obra de Tolkien, visto que ele era católico devoto e a religião influenciou muito sua obra, mais do que podemos imaginar (Galadriel foi sim inspirada na Virgem, independente do que muitos querem imaginar, mas apenas em imagem, existem muitas diferenças).
Mas quero colocar que discordo de você em um ponto essencial. A Inglaterra não era 'influenciada' pela Igreja, pelo contrário, estas cortaram suas relações logo no início do Protestantismo.
Segundo, a Igreja e o sacro-Império JAMAIS foram a mesma entidade, nem politica nem religiosamente, ambos dependiam um do outro desde a Idade Média. O papa e o imperador sempre estiveram em conflito com relação à questão das investiduras, que subvertia a hierarquia eclesiástica ao confundí-la com a hierarquia nobiliárquica, seus títulos, atribuições e funções. Foi uma tentativa do Império transformar a Igreja em braço ideológico.
Segundo a Wiki:
A Reforma de `Cluny´: eclesiásticos versus imperadores
No mesmo contexto, vemos o surgimento de um movimento clerical que lutava por reformas dentro da Igreja, que estava sendo ameaçada por práticas corruptas (como a simonia), o desregramento e pela influência dos aspectos mundanos ou nicolaísmo, ocasionados pela abertura da `investidura leiga´. Este movimento recebeu o nome de “Ordem de Cluny”, já que sua sede era a Abadia de Cluny, na França. Influenciados pelas idéias reformistas da referida ordem, os papas começaram a lutar pela subtração da influência do imperador nos assuntos referentes à Igreja. Dentro das exigências feitas ao imperador, os cardeais conseguiram o fortalecimento do Colégio de Cardeais, cuja função era eleger o próximo pontífice. Um dos primeiros papas eleitos pelo Colégio de Cardeais dessa maneira foi Hildebrando da Toscânia, que assumiu com o nome de Gregório VII e se tornou o chefe da Igreja a partir de 1073. Gregório VII empreendeu muitas reformas, sendo que a mais importante foi a que retirou do imperador o direito de nomear bispos e outros clérigos dentro do Sacro Império. O movimento reformista de Gregório VII ficou conhecido como reforma gregoriana. Na Antiguidade os assírios já exerciam preponderância sobre os sacerdotes, e na civilização egípcia, a religião preponderava sobre a realeza; mais perto de nós, traria ainda outros questionamentos da relação de fiés, Estado e Igreja, como a reforma Protestante.
Concordata de Worms: a vitória dos eclesiásticos
Henrique IV da Germânia, então imperador do Sacro Império Romano-Germânico, continuou a exercer a investidura leiga e, por isso, foi excomungado pelo Papa. Os outros membros da nobreza, com medo de serem excomungados também, não apoiaram Henrique, o que o forçou a pedir perdão ao papa em Canossa, o que foi concedido pelo pontífice. Porém Henrique rebelou-se novamente, chefiando um exército que invadiu Roma, obrigando Gregório VII a fugir da cidade (e a morrer no exílio, em 1085). Na ausência de Gregório VII, nomeou um bispo alemão para substituí-lo; porém, Clemente III (o referido bispo, que escolheu esse nome ao ser indicado para substituir o antecessor na chefia da Igreja Católica), não recebeu o reconhecimento do Colégio de Cardeais. No auge da Idade Média, em 1122, foi assinada a Concordata de Worms, que pôs fim a Questão das investiduras, marcando o início da sobreposição da autoridade papal sobre a imperial.
[editar]Séculos XII e XIII
A luta entre poder político versus o religioso se estenderia até o século XIII, auge das Cruzadas, do ponto de vista comercial. Essa expansão marítimo-comercial contribuiu para as cidades, a nobreza e os imperadores, que tinham um interesse temporal em comum. Na Itália a luta se tornou tão intensa que originou dois partidos, os Gibelinos (partidários do imperador) e os Guelfos (partidários do papa). Famoso partidário dos Gibelinos, o poeta Dante degli Alighieri, ou Dante Alighieri, seria nessa época exilado por manifestar suas posições políticas.
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Como se vê, o papado não era tão forte na Idade Média e suas relações com o império, tensas. A Igreja não conseguiu se reformar depois de Gregório e os papas mundanos, corruptos, humanistas-renascentistas, por ardor que tivessem pelas artes, cultura e filosofia, pouco se importaram com reformas antecipando a Reforma Protestante que dividiu a Europa. A forma como você colocou é como professores marxistas e anti-religiosos expõem o problema, ou seja, sem considerar o contexto, confundindo causa com efeito e baralhando e confundindo seus alunos. Por isso tantos adolescentes viram críticos ferrenhos de uam Igreja satânica que jamais existiu e viram ateus em potencial, sem nem mesmo conhecer outras religiões e visões historiográficas.
É uma historiografia velha, anti-religiosa (portanto anti-cultural), ideológica e caquética por se apoiar em besteiras positivistas e iluministas, como os ideais de democracia e laicidade, ideais não-medievais.
Além dessa questão, você tocou em outro ponto: a Igreja veio do paganismo. Isso é absurdo e ridículo.
As influência de deidades santificadas, templos pagãos cristianizados, símbolos, ritos, práticas, festas, devoções populares no cristianismo, sua adaptação ao modelo cristão, sua transformação, destruição ou renovação é um fenômeno normal no mundo das religiões. Você não me diz grande novidade.
Vide o budismo e sua integração ao xintoísmo no Japão, ou a 'purificação' de paganismos 'grosseiros' na Índia pela integração filosófico-teológica destes ao modelo maior e colossal das grandes linhas do Vedanta hinduísta, como visato nos Puranas. Da mesma forma, ao cristianizar os povos bárbaros pagãos e integrá-los em uma nova civilização, uma continuação meio grosseira da civilização greco-romana, a dita civilização cristã-ocidental, a Igreja romana firmou seu papel como grande guia e mestre espiritual desses povos.
Ainda que se corromposse frequentemente, usasse de métodos violentos para firmar seus ideais, no geral, temos uma longa lista de inquisidores que se esforçavam ao máximo pra salvar suas vítimas, como o dominicano e papa são Pio V, o santo São Vicente Ferrer, diferente do uso político que os reis espanhóis fizeram de sua Inquisição (vide o infame Tomás de Torquemada). Temos ainda um longo histórico, desde o século VII, com as primeiras ordens monásticas e seu papel social até as grandes obras sociais católicas e não-católicas, estas muitas vezes inspiradas naquelas, um longo histórico de amor, piedade, cuidado, misericórdia, enriquecimento cultural, filosófico, apesar dos erros.
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Peço desculpas, mas só me desviei assim do assunto do tópico, porque você desviou primeiro ao diminuir o valor cultural da Igreja tentando diminuir as influências católicas na obra de Tolkien. Mesmo as influências pagãs não são pagãs, mas mitológicas, no sentido que Dante usou na Divina Comédia.