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Influência céltica e irlandesa- Tolkien e sua Relação de amor e ódio com as "coisas celtas"

Ilmarinen

Usuário
Discussão adicional e mais links sobre a questão nesse ensaio aí

Desnecessário dizer que não são celtas

Love-hate relationship


Curiosidade: o tópico inicial que originalmente continha esse post aqui entrou na questão da influência celta e irlandesa sobre Tolkien ao aludir ao fato de que os irlandeses têm um bom bocado das características atribuídas aos hobbits, fato enfatizado pelo detalhe pitoresco de que é, justamente, na Irlanda onde encontra-se a tendência de situar a maçaneta no centro das portas como acontece no Shire.

Peculiaridade ilustrada pela picture aí ( a ilustração em si é um excelente símbolo pra aludir à questão " em aberto" da controvérsia "céltica" sobre Tolkien e sua obra):

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Tilion
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Tyellë:(500)Re: Influencia Irlandesa??

Tolkien não tinha lá muito apreço pela cultura celta, como disse na carta n° 19, de 16 de dezembro de 1937, sobre um comentário feito por um leitor externo da editora Allen & Unwin que havia dado uma lida no manuscrito do "Quenta Silmarillion" para uma possível publicação e que dissera que não tinha gostado dos "nomes celtas de embaralhar a vista":


Post Original de Tolkien, na carta n° 19
(...) Desnecessário dizer que eles [= os nomes] não são celtas! Nem o são os contos. Conheço coisas célticas (muitas delas em seus idiomas originais, irlandês e galês), e sinto por elas uma certa aversão: em grande parte por sua irracionalidade fundamental. Elas têm cores vivas, mas são como uma janela de vitrais quebrada cujos pedaços são reunidos mais uma vez sem forma. Elas de fato são "loucas" como seu leitor disse (...)

E das línguas, ele preferia a galesa (que serviu de inspiração para o Sindarin), enquanto a irlandesa o desagradava:


Post Original de Tolkien, na carta n° 165
(...) acho tanto o gaélico como o ar da Irlanda totalmente estranhos - embora o último seja atraente (mas não o idioma).


Infelizmente, ( ou não, porque a mitologia de Tolkien não seria o que é sem a influência celta) esse é um dos casos em que os comentários de Tolkien nas cartas não devem ser levados ao pé da letra porque não são condizentes com a verdade dos fatos.

Olhem aí a Verlyn Flieger comentando isso no seu livro Interrupted Music:"Face value, however, is not always good exchange".

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Ela é uma das maiores especialistas mundiais em mitologia comparada aplicada ao Legendarium deTolkien e autora de 3 livros considerados fundamentais nos estudos da obra do autor , inclusive com citações de material inédito de autoria dele.

Verlyn Flieger
Como muitos estudiosos ilustres do trabalho do Tolkien atestam hoje em dia, inclusive Shippey, Verlyn Flieger e Dimitra Fimi, as negativas deTolkien sobre o uso da influência celta eram produto de uma atitude muito mais ideológica e política do que, propriamente, um reconhecimento imparcial do nível de influência da cultura celta e suas diversas ramificações mitológicas no Legendarium .

A mitologia celta havia sido usada para promover a causa da independência da Irlanda algumas poucas décadas antes ( Celtic revival) e , naquela época (anos 30) , reconhecer a influência celta, ainda mais sendo Tolkien católico, tornaria-o, automaticamente, suspeito de estar sendo simpatizante da autonomia da Irlanda "papista".

Por isso, Tolkien tendia a dar uma "tapada no sol com a peneira", soltando esse tipo de negação bombástica contraditória e , inclusive, mudando nomes originais celtas por outros menos óbvios mas não, suficientemente, o conceito ou contexto para sua utilização dentro do Legendarium que já refletia a fonte celta. Foi assim que Gwendelin virou Melian ( que também era celta mesmo assim),Finn* , homônimo de Finn_Mac_Cool foi trocado por Finwë, Avallónë tomou o lugar de Avallon e deixou de ser a ilha inteira para ser só o porto de Tol Eressëa, e Broceliand foi mudado para Beleriand, além de ter se combinado com outro nome também de origem céltica, Belerion (o "fim da terra) apelido dado pra Cornualha.

*(nome de um dos mais importantes heróis celtas da Irlanda e Escócia cujas histórias -Finlay, the changeling e Fionn helper- foram ,aparentemente, usadas como matéria-prima para a primeira parte de Beowulf)

Resumindo, a bomba chega até aí: o próprio Beowulf que Tolkien tanto glorificou como fonte e inspiração tem o plot de sua primeira parte, a luta contra Grendel e sua Mãe-Monstro e concepções metafísico-eclesiásticas inseridas no trecho calcadas em fontes célticas que foram apontadas nos últimos cinquenta anos.

Beowulf and Celtic tradition

Aliás, vejam só como o uso da referência pode ajudar a suprir deficiência de informação no Legendarium. Coloquemos juntas as citações da wiki pertinentes às origens dos nomes dos dois Finn e Finwë.

Finn:

Citação:
Fionn or Finn is actually a nickname meaning "fair" (in reference to hair and/or skin colour), "white", or "bright"

Finwë:

Citação:
Finwë's name is not fully translated. The glossary in The Silmarillion translates Fin as "hair"; other sources say it means "skill".]

E o galês é, também, uma língua celta. Se ele foi usado pra constituir o Sindarin, não era pra menos que o leitor "teste" do Silmarillion achou que os nomes eram célticos. Diversos deles eram mesmo nomes celtas mitológicos como estou explicando mais adiante e como pode ser conferido no ensaio que fiz sobre Melian e Merlin .

E diversos elementos da mitologia do Silmarillion e do Senhor dos Anéis como a noção de Terra de Elfos fora do Espaço/Tempo normal como Lothlórien e Aman e o conceito de rei adormecido sob uma montanha com exército enfeitiçado ( Mortos de Dunharrow) são extremamente proeminentes em localidades de origem celta ( Escócia, Irlanda, Bretanha, País de Gales), embora não sejam exclusivos delas.

Para vocês terem uma idéia, não só nomes como Melian, Teleri, Doriath,Taras, Avalónnë, Daeron, Nessa e toda a dinastia de "Finn" (Finwë, Finarfin, Fingolfin, Curufinwë, Curufin, Findis, Finrod) que aparecem no Silmarillion são, fonética e linguisticamente, variantes ou reproduções de nomes gaélicos e galeses ( celtas) como, também, toda a história dos Noldor na Primeira Era ( e a partida dos elfos na Terceira) contém paralelos com a odisséia dos Tuatha de Danaan( Filhos da Deusa Dana na Irlanda ou Povo de Don no País de Gales), os semideuses "élficos" celtas, como por exemplo, a noção de chegarem numa terra assolada por inimigos mortais míticos, queimarem seus barcos e terem um de seus líderes ( Nuada/ Maedhros) aleijado com a perda de uma mão que, depois disso, abdica da soberania sobre o povo que liderava.

Quem estiver interessado nos detalhes pode dar uma boa olhada nesse excelente ensaio da Dimitra Fimi.


"Mad" Elves and "elusive beauty": some Celtic strands of Tolkien's mythology

Outro exemplo que atesta a influência celta, a despeito da negativa deTolkien, é a quantidade de paralelos encontráveis entre Beren e Lúthien e Culhwch e Olwen um dos contos do Mabinogion na mitologia galesa.

http://home.comcast.net/~mithrandirc...on_sources.htm
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10-10-2009, 15:17
Ilmarinen
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Re: Influencia Irlandesa??



A propósito, os nomes dos habitantes da Bucklândia são célticos comoTolkien explicou no apêndice do SdA, entre eles o de Meriadoc Brandybuck.

Tolkien disse em suas cartas que ninguém aprenderia nada sobre os Eorlingas estudando história da Bretanha, entrentanto, o nome do fundador legendário do reino de Rohan na Bretanha se chamava Conan Meriadoc.

Conan Meriadoc

Carta 297-Rohan é um nome famoso, da Bretanha, ostentado por uma antiga família orgulhosa e poderosa. Estava ciente disso e gostei de sua forma; mas eu também havia inventado (muito tempo antes) a palavra Élfica para cavalo, e vi como Rohan podia ser acomodada à situação lingüística como um nome Sindarin tardio da Terra dos Cavaleiros (anteriormente chamada de Calenardon “a (grande) região verde”) após sua ocupação pelos cavaleiros. Nada na história da Bretanha elucidará qualquer coisa sobre os Eorlingas.


Porém, Meriadoc, "coincidentemente", foi, justamente, o hobbit que se tornou cavaleiro de Rohan no Senhor dos Anéis.

Também, "por acaso", a região que os cavaleiros sármatas, que constituíam a cavalaria a serviço de Roma na Escócia, habitavam era uma área do país chamada Caledônia que é, claramente, a inspiração para Calenardhon, o nome original de Rohan em Tolkien. É por isso que o elemento "cavaleiresco" da cultura de Rohan vem dos sármatas e da cavalaria bretã, que foi , realmente , a que deu origem às legendas arturianas. E há, sem dúvida, muito de arturiano no Reino de Rohan.

Caledonia
A situação política dos eorlingas em relação ao reino de Gondor, ao habitarem a despovoada região de Calenardhon para ajuda-la a se defender de invasores reflete a dos cavaleiros sármatas que foram usadas por Roma para defender a região da Caledônia já que as tropas romanas não podiam mais fazer a tarefa de rechaçar as invasões dos pictos e saxões.

Foram os sármatas que,originalmente, migrando junto com os povos celtas originais das Ilhas Britânicas para a Bretanha que, acabaram fundando o reino de Rohan. Segundo algumas teorias mais recentes, o rei Arthur seria , na verdade, um cavaleiro sármata como acontece no filme do Fuqua com Clive Owen.

Meriadoc, então, é um nome bretão, usado pelos habitantes do reino de Rohan, que eram galeses e escoceses imigrados da Grã-Bretanha para a região da Armórica e o Rei Arthur um descendente dos primeiros colonizadores desse reino que mais tarde foram pras Ilhas Britânicas de novo.

E o que isso tem a ver com os hobbits especificamente? Bom, como acabei de dizer, o reino de Rohan histórico na Bretanha foi fundado por imigrantes do país de Gales mesclados com refugiados da Escócia e outras regiões da Grã Bretanha. No país de Gales havia uma raça de seres míticos obscuros chamados habits que foram incluídos em uma nota do texto do Mabinogion na tradução da Lady Charlote Guest, tradução esta que Tolkien possuía. A nota descreve o encontro de Arthur com um dos "habits" e o nome significa justamente "halfling", "meiodinho", half man. E, ao contrário do que muita gente pensa, Tolkien , na verdade, não inventou o nome hobbit ele já existia em livros com listagens de seres fantásticos publicados no século XIX. E o nome "halfling" ou "hauflin", igualmente,já ocorria na Escócia e era usado para se referir a indivíduos jovens, "meio-homens", sendo o termo uma palavra com o mesmo sentido, literal, do galês habit.

Inclusive olhem que intrigante essa citação de um livro de 1871


Citação:
Almost every halfling now carries about with him his pipe , his tobbacco and his box of matches

Enfim, parece ser mesmo o caso de que Tolkien estava tentando reconstruir uma linha de continuidade entre os nomes escoceses, halfling e hauflin, e o sentido e a forma dado ao termo na língua galesa, onde o nome de "habit" era associado a um dos tipos de povos "feéricos" , provavelmente, resultando no cognato, arcaico e semi-esquecido, "hobbit" da língua inglesa. Nesse contexto, a presença de uma influência irlandesa no caldeirão parece ainda mais viável, já que o foclore e o mito de todas essas regiões vem de uma raíz comum.É capaz que o nome élfico Periannath tenha um correspondente celta.

Inclusive, Tom Bombadil e seu antecessor do Book of Lost Tales, Tinfang Warble, devem muito ao conceito irlandês do Leprechaun que Tolkienadotou nos Contos Perdidos como Leprawn.

Como vocês podem ver , há motivos mais do que suficientes,inclusive, não só pra considerar a negativa da influência celta sobre Tolkien uma inverdade, como, também, para questionar, seriamente, a noção predominante de que a influência mítica principal sobre a mitologia dele como um todo tenha sido a nórdica.

A nórdica é mais influente sobre o Senhor dos Anéis ( mesmo assim, coisas como os Huorns e o ataque dos ents a Isengard traem a influência celta junto com uma pletora de elementos arturianos) , o Hobbit e outras historias como a do Túrin Turambar (que também tem muita coisa celta que Tolkien nunca reconheceu como a presença da espada mágica de ferro meteórico, remetendo pra Clarent, a espada "gêmea" de Excalibur de Sir Mordred e os paralelos com Sir Balin que tinha uma arma amaldiçoada), mas no resto todo a influência celta é extremamente marcante e só agora está sendo devidamente estudada dentro da comunidade Tolkien internacional ( embora textos bem longos com comparações já surgissem desde o início da década de oitenta).

Esse é um dos assuntos Tolkienianos modernos onde há uma tremenda defasagem entre o que está disponível em português e os "avanços" no exterior. Então não reparem se posts como esses fiquem meio longos , porque, como vocês podem ver pelos links, o tema é extenso mesmo.
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10-10-2009, 18:04
Tilion
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Tyellë:(500)Re: Influencia Irlandesa??



Post Original de Ilmarinen
Infelizmente, ( ou não, porque a mitologia de Tolkien não seria o que é sem a influência celta) esse é um dos casos em que os comentários deTolkien nas cartas não devem ser levados ao pé da letra porque não são condizentes com a verdade dos fatos.

Foi por isso que eu disse apenas que ele não tinha "muito apreço", não que desgostava completamente da cultura celta, tanto que a influência desta na obra é óbvia.

Embora tenha tenha se inspirado em determinados elementos celtas, essa influência foi muito menor do que a das culturas germânicas e nórdicas que, essas sim (independente do que se possa questionar, como no post imediatamente acima), eram as que ele mais admirava e estudava, tanto que ele era especialista em língua e cultura anglo-saxãs, como seu trabalho em cima de Beowulf e outros poemas deixa bem claro (além de dar aulas da língua e da literatura), assim como o "recente" The Legend of Sigurd and Gudrun mostra o tamanho do interesse dele pela cultura nórdica, a ponto de escrever um poema visando preencher uma das lacunas no corpus literário nórdico.
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11-10-2009, 03:33
Ilmarinen
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Re: Influencia Irlandesa??



Sim, mas como muitos estão começando a atestar, isso não anula o fato de que um terço da biblioteca pessoal de Tolkien doada pra Oxford contivesse livros sobre a cultura e literatura célticas. totalizando mais de 100 volumes e incluindo cópias de manuscritos medievais. Isso é muito mais do que o interesse de um mero curioso ou diletante e muito mais do que se espera de alguém que tenha "uma certa aversão" pelo material.

Pode conferir isso nesse outro texto da Dimitra Fimi publicado em Tolkien Studies.Estou incluindo o ensaio completo como anexo, já que tenho acesso ao material.

http://muse.jhu.edu/login?uri=/journ...4/4.1fimi.html


Tolkien's Celtic Library After J.R.R. Tolkien's death, a number of books from his personal collection ended up in two Oxford libraries. A small number are in the Bodleian Library, within the Tolkien manuscript collection, in the section "Tolkien E16." A considerably larger number are to be found in the Library of the English Faculty. According to the library's own classification system, the books are shelved in section V, which is described as "Tolkien's Celtic Library." An initial reaction to this description might be surprise. Tolkien's dislike for "things Celtic," strongly expressed in his much-quoted 1937 letter to Stanley Unwin (Letters 26), is well known and could be taken as a definitive discouragement to research in Tolkien's Celtic sources. It is only recently that scholarship has attempted a serious evaluation of the Celtic elements of Tolkien's inspiration (see Burns; Fimi; Flieger Interrupted Music). Nevertheless, Tolkien's "Celtic Library" holds exciting revelations, if only for its sheer size. Over three hundred books originally owned by Tolkien are held in the Bodleian and the English Faculty Library, of which approximately a third belong to the discipline of Celtic Studies.

Citando o já clássico livro de Hammond e Scull


Some 280 of his books on Celtic, Icelandic, Anglo-Saxon, Middle English, and Germanic languages and literature were given to the English Faculty Library in Oxford. Many of these contain the inscribed dates that acquired them, which show that he was buying such books avidly in the early 1920s, especially Gaelic, Welsh, Breton and Irish works. Of the 200 volumes published in 1925 or earlier and not shown by inscriptions to have been acquired after 1925, Tolkien owned at least 15 already by 1919, and added 61 in 1920-25 while he was at *Leeds - over a third of the total. He added at least 29 of these books to his collection in 1922,almost all of them on the various Celtic languages and literature.



E diversas das obras pouco editadas ou ainda inéditas de Tolkien além das que você citou, inclusive vários outros poemas traduzidos e/ou editados e anotados por ele, mostram que o interesse dele pela mitologia e cultura céltica, no mínimo, rivalizava com o que ele tinha pela anglo-saxã, embora ele fosse relutante em admitir isso na época:

a) Aotrou e Itroun , poema que enfoca o folclore bretão e inspirado num dos contos de uma coletânea famosa de histórias celtas,o Barzaz Breiz ( é um dos livros de Tolkien encontrado na biblioteca comentada pela Fimi).

Wikipedia-Barzaz Breiz
b)a tradução de Sir Gawain and the Green Knight ( o poema está escrito em inglês médio, não em galês ou gaélico, mas o tema e a mitologia retratados são celtas),

c) Sir Orfeo, mesmo caso de Sir Gawain, o texto traduzido é do médio inglês mas a mitologia inteira contida nele é celta e não nórdica.

d) o poema inédito The Fall of Arthur, que a Verlyn Flieger tentou publicar mas cuja edição , aparentemente, foi barrada pelo CT, que também barrou a publicação da tradução e das notas de Tolkien sobre o Beowulf. Nota: a coisa foi tão feia que Michael Drout deletou de seu blog a mensagem explicando o contexto da coisa, provavelmente, para colocar os "panos quentes" entre ele e CT. Daí a reprodução integral do material no link acima se justifica.

e) o conto de fadas inacabado The King of the Green Dozen que tem o rei de Ywerddon ( Irlanda) junto com os doze filhos de seu descendente e o detalhe de suas cabeleiras verdes. A história se passa no país de Gales,mas, como dito, o tal rei é irlandês.

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f)a nota etimológica sobre o nome Nodens ( nome continental do deus celta Nuada que comparte caracteristicas com Maedhros e Celebrimbor).

g) O poema Imram, incluído no Sauron Defeated , HoME IX, contando a viagem de São Brandão, através do mar ocidental, até o Otherworld céltico . Outro tema que é de origem irlandesa.

h) Tradução não concluída de Pwyll , príncipe de Dyfedd, um dos contos do Mabinogion onde foi incluída uma nota sobre o termo Annwn que foi mais tarde convertido em fonte de nomes tolkienianos.

Um indivíduo que tinha um certo "distaste" com o mito celta iria fazer tantas obras artísticas e filológicas de qualidade em cima dessa mitologia quanto as que ele fez? Iria fazer um poema tão lindo quanto Aotrou e Itroun é? O poema inédito sobre a Morte de Arthur que é, como Aotrou e Itroun, de natureza aliterativa, é considerado, por quem já o viu, uma das melhores coisas que Tolkien já fez em termos de poesia.

Isso tudo dá um volume de produção e empenho artísticos que se equipara com qualquer outro trabalho devotado ao Beowulf ou outro elemento nórdico a que ele tenha se dedicado como Sigurd e Gudrun.

E a pura quantidade dos "determinados elementos celtas" faz pensar que a extensão dos empréstimos tomados da cultura celta é muito maior do que a que costumava ser estimada até há pouco tempo atrás.

Elementos que vão da caracterização e a história dos elfos na Terra Média passando por sua capacidade de reencarnação, pela habitação élfica original antes do "exílio" num oeste paradisíaco e a ligação dela com o Otherworld céltico ( Tolkien chamou Aman e Eressëa de Otherworld no poema sobre Eärendil no SdA) até o nome dos halflings/habits/hobbits

Não se trata , então, de meros detalhes cosméticos do Legendarium, mas "motivos" , "tópicos" e linhas narrativas inteiras, incluíndo seu simbolismo e "mensagem" implícitos ou explícitos

É por isso que aquela que é, talvez, a história favorita de Tolkien, Beren e Lúthien, é um análogo e uma atualização do simbolismo de um conto galês e celta encontrado no Mabinogion, Culhwch e Olwen. Por muito menos do que isso, só porque Tolkien admitiu explicitamente a referência no caso de Túrin, as comparações com o Kalevala abundam, extrapolando os paralelos que JRRT chegou a reconhecer.

Mas a verdade é que, em muito pontos, Beren e Lúthien é mais parecido com Culhwch e Olwen (simbolismo, estrutura e sequência episódica, plot geral) do que Children of Húrin se parece com a história do Kullervo. E, embora , como você diz, os paralelos sejam óbvios, Tolkien nunca admitiu a influência celta em nenhum dos contos de sua mitologia, ao contrário do que acontecia com os outros paralelos nórdicos e finlandeses igualmente "óbvios" e por isso a ênfase dos estudiosos em desmentir e justificar a negativa dele.

E isso é algo que os maiores especialistas estrangeiros sobre Tolkien estão falando em peso nos dias de hoje e não uma opinião isolada de um ou outro teórico ou autor de livro caça-níquel.Qualquer pessoa interessada pode conferir isso nos livros e ensaios citados e nas respectivas referências bibliográficas.

É a noção acumulada da evidência conjunta que está fazendo os pesquisadores mudarem vagarosamente o foco de seus estudos e comparações de uma ênfase nos paralelos encontrados nos plots centrais do Hobbit e do Senhor dos Anéis com suas contrapartes nórdicas (Beowulf, Eddas,Volsunga Saga, Nibelungelied ) para considerações mais gerais entre o mito de Tolkien como um todo e a mitologia celta.

Comparações que envolvem o "clima" e a "filosofia" embutida neles, inclusive a preocupação com a tensão entre a "verdadeira natureza" do Mundo e o prolongamento antinatural da vida, tema recorrente no simbolismo celta e praticamente ausente das mitologias nórdica e finlandesa , o que se "faz" com os ingredientes da história e não somente a procedência deles. Mesmo quando a fonte principal de inspiração era nórdica, como no Senhor dos Anéis, o que Tolkien tendia a fazer com ela dentro da história se inclinava mais para o que era celta. Não foi Tolkien quem disse isso daí embaixo, falando sobre o Senhor dos Anéis?


Posso dizer, porém, que se a história é “sobre” alguma coisa (além de si mesma), não é, como parece ser amplamente suposto, sobre “poder”. A busca pelo poder é apenas o motivo-poder que coloca os eventos em andamento, e creio ser relativamente sem importância. A história diz respeito principalmente à Morte e à Imortalidade, e às “fugas”: longevidade serial e memória cumulada.

Agora dê uma olhada nos temas principais dessas duas histórias irlandesas, escritas no idioma gaélico que Tolkien dizia desgostar,Os Filhos de Lir e Oisin. Dois temas importantes e vitais são as consequências da "longevidade serial", a memória acumulada e a aceitação ou recusa da morte.


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Children of Lir

Reparem que nessa primeira picture de Jim Fitzpatrick ilustrando Filhos de Lir, o padrão tecido no ar pelo encantamento de Aoife parece originar um Olho. E isso, provavelmente, acontece porque um local proeminente na história dos Filhos de Lir é, justamente, o lago do Olho Vermelho. Lembra algo né? Coincidência ou não, o nome do avô adotivo de Aoife is Deorg, que significa o "Vermelho", o mesmo que , depois, puniu a neta transformando-a em uma banshee ou espírito do ar.

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The Irish and Gaelic word for red is deorg, pronounced d(j)arak. This time ur-ac would have become -arak in the spoken form d(j)arak.
Lago do Olho Vermelho
Oisin

Inclusive, acabando de postar aqui ( as semelhanças,simplesmente, não param de aparecer) suponho que os paralelos nos títulos de Children of Húrin e Children of Lir (ambos grupos de filhos de heróis "amaldiçoados" por magia) e entre Wanderings of Húrin e Wanderings of Oisin (texto de Yeats) não são acidentais. Assim como Húrin, Oisin também vira um idoso cuja vida acabou prolongada por feitiçaria. O texto do Children of Húrin e do Contos Inacabados não atesta que "Morgoth exerceu nele o seu poder de maneira que Húrin não podia se mover ou morrer"?

Eu pergunto: quantas histórias nórdicas ou finlandesas realmente mostram uma preocupação similar com esses temas ao ponto deles dominarem o foco da narrativa? Praticamente nenhuma até onde eu sei.

Wanderings of Oisin

Wanderings of Húrin

Tolkien desenfatizava em excesso seu apreço e débito pela cultura céltica por questões religiosas, políticas e ideológicas e, por isso, suas heranças e utilização da tradição nórdica acabam muito superestimadas por comparação.

Foi só depois da publicação do Senhor dos Anéis, em 1955, que ele chegou ao ponto de admitir que muito do que aprendeu no "estudo de coisas celtas" ele colocou lá "no modo de apresentação que ele achava mais natural" que, podemos entender, era "elevado, privado do "tosco" tal como ele tinha falado antes em suas cartas.



But the years 1953 to 1955 have for me been filled with a great many tasks, and their burden has not been decreased by the long-delayed appearance of a large 'work', if it can be called that, which contains, in the way of presentation that I find most natural, much of what I personally have received from the study of things Celtic.


Deveria possuir o tom e a qualidade que eu desejava, um tanto sereno e claro, com a fragrância de nosso “ar” (o clima e solo do noroeste, tendo em vista a Grã-Bretanha e as partes de cá da Europa: não a Itália ou o Egeu, muito menos o Oriente) e, embora possuísse (caso eu pudesse alcançá-la) a clara beleza elusiva que alguns chamam de céltica (...)ele deveria ser “elevado”, purgado do grosseiro e adequado à mente mais adulta de uma terra já há muito saturada de poesia.

É a tendência que ele tinha para suavizar e sanitizar certas coisas cruentas dos mitos nórdicos e celtas. Uma tendência que é, inclusive, criticada por muitos outros escritores de fantasia. Essa inclinação de Tolkien é ilustrada muito bem com a comparação entre Culhwch e Olwen com Beren e Lúthien. A gente entende muito melhor o que Tolkien realmente queria dizer conhecendo ambas as histórias, suas semelhanças e disparidades.


As influências celtas só agora estão sendo estudadas de forma sistemática e completa e o seu próprio número e a complexidade e diversidade do mito celta dificultam a análise já que são muito menos conhecidas pelo público e pelos estudiosos.

De maneira geral, o que se observa nessa questão da noção quantitativa do débito deTolkien pelas duas culturas , celta e nórdica é que , no caso da primeira, ele falava uma coisa enquanto fazia outra. Explicar o porquê dessa dicotomia acaba sendo tão importante quanto corrigir esse desequilíbrio na avaliação crítica e esse parece ser um dos pontos mais importantes dos Tolkien Studies contemporâneos.

Como o tema dos "óbvios" debitos com a mitologia celta nunca tinha aparecido direito nesse fórum e/ou na própria Valinor, espero que esses longos posts possam servir de mapa ou referência para o público brasileiro, já que o tema é , praticamente, inédito por aqui.
 

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Última edição:
Os italianos tb andaram investigando as raízes célticas da literatura de fantasia e produziram um artigo bem grande aí

Raízes célticas da literatura fantástica I

Raízes célticas da literatura fantástica II

The modern one fantasy catches up the true notoriety with JOHN R.R TOLKIEN: deep conoscitore of myths norreni but also celtiums, Tolkien places the accent on the consolatorio value of fantastic, the necessary one to the human mind for sottrarsi to narrow and oppressivi ties of the real life. No literary kind is born for merit of a single author, but in this case it can be asserted that from the Gentleman of Rings in then the Fantasy it acquires dresses modern, it catches up its full development, and prolifera in always new ramifications. The critics are animatamente disagree on the celtiche characteristics of this author: sure same Tolkien has many times over denied an inspiration deriving from “celtic things” in its literary creations (but there is from wondering because it has felt the need to assert it), comparing of mythology to a mosaic from the strong and too much confused colors, while the world of the Nordic sagas is clearly the ispiratrice spirit of all its works. It is also true that these two ethnic-cultural spheres probably have been contaminated mutually, and is also who asks itself if the University professor of Oxford does not have such infuence quickly unwillingly, a species of imprinting spreading in depth, but equally present. The medieval history department of the University of Cardiff (Wales) has introduced in the course of its conference anniversary some interesting articles to care. In any case, if Tolkien has been or less an author of partially celtica inspiration is a issue still opened, and probably it will remain such.

Versão mais bonitinha aqui

PDF lindaço aqui

A fantasia tolkieniana e as paisagens da Irlanda

Il ritorno dei Celti in Friuli

As raízes da grande tradição europeia estão localizados principalmente no mundo celta.Estes ramos raízes fora em duas vertentes principais, uma das quais é amplamente conhecido, foi muitas vezes objecto de comentário e de investigação, o outro era geralmente muito menos observada e considerada.
O folclore europeu, as criaturas fantásticas da imaginação que é preenchida a Europa tem origens celtas: elfos, duendes, gnomos, trolls, banshees, criaturas que, por vezes, o advento do cristianismo tem rebaixado à categoria de divindades menores para as pessoas "pouco "como aconteceu com os elfos.
Celtic desenhos são também o mito arturiano e do Graal, apesar do fato de que Richard Wagner tentou transplantá-las no chão Teutônica, tornando "Perceval le Galois" em germânico, substituindo com Arthur Amfortas Parsifal. Merlin, um sacerdote cristão a ser relegado para o mágico, não o eco do druida medieval.
Mesmo um pequeno pedaço de celta sobreviveram, como a casa da Cornualha, pode gabar-se de um mito "clássico" do amor cortês como a história de Tristão e Isolda.
Esses mitos têm sobrevivido à cristianização de origem antiga, ou nascidos de transição entre a Antiguidade ea Idade Média, foram a origem do fantástico moderno, especialmente na forma de fantasia dell'heroic que tem sido frequentemente inspirado de forma direta e ingênua, por vezes, através de um cuidadoso e slim, a reconstrução de cultura precisa, como no caso de JRR Tolkien, acho que do Senhor "dos Anéis: Anel de Sauron, o Senhor do Escuro, em torno da qual todo o caso é um Graal virou, não por um objeto encontrar e destruir, mas para perder.
Tudo isso é bem conhecido e é, em geral questionada, mas que é muitas vezes ignorado é a contribuição de escritores modernos de origem celta para a grande herança europeia.Tem em grande parte encontrou expressão em nosso tempo, em Inglês, mas não como resultado da hegemonia que essa linguagem já adquiriu um nível global como resultado da dominação dos Estados Unidos, mas sim a partir da revolução expressiva e estilística introduzidas no século XIX com o romance gótico Inglês, e que, por si só deveria colocar-nos na observação, como as Ilhas Britânicas são parte da Europa, onde o substrato é inquestionavelmente Celtic ainda mais forte, mas a verdadeira surpresa não é tanto que, como o que se considerarmos o grande discurso moderno não-Inglês, encontramos autores de regiões onde a marca Celtic é preservada de forma mais clara: Bretanha, em França, Galiza (Galiza), em Espanha, mesmo no que diz respeito A Itália, por uma vez nos deparamos com um dos autores do pé grande Europeu, é o menos Mediterrâneo, menos sol, você pode imaginar, um gaulês - poderíamos dizer - se alguma vez houve um depois da conquista romana, como foi Dino Buzzati .
Entre os pais nobres da literatura fantástica moderna, encontramos primeiro um ilustre antepassado, o irlandês Jonathan Swift, e dois escoceses proeminente, Arthur Conan Doyle e Robert Louis Stevenson, em seguida, outra quase tão eminente irlandês Joseph Sheridan Le Fanu.
Jonathan Swift, conhecido por "Viagens de Gulliver", agora é publicado, e considerado principalmente um autor para crianças, mas este é diminuído, uma subestimação do que foi um dos mais incomuns, não convencional, estranha o gênio da literatura fantástica moderna.
Nascido em Dublin em 1667, Swift viveu na virada do século XVII e XVIII, era mais ou menos contemporâneo de Isaac Newton, John Locke, George Berkeley, David Hume, um membro do prazo de vigor intelectual grande das Ilhas Britânicas que precederam o Iluminismo Francês e deu-lhe bastantes idéias e modelos.
Esta chave deve realmente ler como "As Viagens de Gulliver", um protótipo do que a novela ou conto filosófico, que será levado para a mais alta expressão literária de "Cândido" de Voltaire e pela Emílio "de Rousseau.
O livro é composto de quatro partes, embora as modernas edições para crianças, em geral, não trazem de volta os dois primeiros, o outro sendo muito difícil para os meninos.
As duas primeiras viagens para trazer o herói de Swift no país imaginário de Lilliput e Brobdignag, o primeiro habitado por criaturas minúsculas, a partir do segundo gigante.Especialmente o primeiro episódio tornou-se popular a ponto de verdade desde que a linguagem comum a palavra "anão". O tema das criaturas fantásticas que diferem principalmente no tamanho da humanidade, certamente não era nova: já foi os ciclopes e os titãs da mitologia clássica para o Jotun dos nórdicos e germânicos, os candidatos aos gigantes em contos de fadas e lendas, e como diz respeito a faixa de tamanho pequeno, o que inclui os anões, gnomos, elfos, duendes, lepecauni, vários espíritos, foi ainda mais extensa, mas o interesse da Swift não era para adicionar mais itens a um já vasto folclore lendário, mas deixar claro para leitores, a nossa atitude é influenciada pelo ponto de vista, pois para cada um as suas dimensões são as "normais", "normal" e "bom senso" em cada amostra acreditavam estar tomando-se como um critério.
Na quarta viagem, Gulliver chega à ilha de cavalos falando, inteligente e pacífica criaturas incapazes de compreender o que eles são a guerra, violência, mentira, cobiça, a ganância eo homem TARE muitas outras sexual civilizada, é Neste episódio que o espírito de toques satíricos de Swift maior amplitude da reflexão filosófica, a crítica da nossa sociedade é feita através da criação de um ponto de vista "externo", como mais tarde encontramos em Montesquieu.
No entanto, o episódio mais perturbador da viagem é o terceiro: aqui estamos na ficção científica com dois séculos de antecedência, ele se depara com um volante ilha Gulliver, Laputa, um tipo de OVNI antes do tempo, e há elementos ainda mais surpreendente: aqui são descritos com uma precisão surpreendente, sobre a massa ea distância do planeta, os satélites de Marte, então completamente desconhecidas para a ciência da astronomia: Quando mais de um século depois, eles foram descobertos pelo astrónomo Asaph Hall, que ele batizou Phobos (medo) e "Deimos (terror), porque consternado com a correlação com o" imaginário "sentidos no romance de Swift.
Com exceção da "Viagem", a maioria dos escritos de Swift, que tinha uma intensa produção, escritos polêmicos, satírico e irônico, agora está caído no esquecimento, é uma exceção em 1729 escreveu uma peça curta com uma pena mergulhada no vitríolo, o ' modesta proposta para impedir ... ", para evitar que os filhos dos pobres são um fardo para seus pais, que podem resolver o problema mangiandoseli. Este convite ácido ao canibalismo talvez seja o protesto mais extrema e radical contra as injustiças sociais do seu tempo, por um homem que não tem ilusões sobre a capacidade humana para agir com sabedoria.
O romantismo e do século XIX, é conhecido por introduzir a cultura européia em um giro de cento e oitenta graus a partir da idade anterior, dominada pela fé iluminista na razão.As gerações do novo século, atravessou o derramamento de sangue da Revolução Francesa e as aventuras militares de Napoleão, e descobrir sentimentos, mitos e medos ancestrais.
Perturbar símbolo da nova era se torna um personagem surgiu de criptas antigas e lendas ancestrais que parecia banido para sempre na idade de Voltaire: o vampiro.
Se o primeiro a perturbar o sono dos cultivada será Vampire William Polidori, estética e um pouco abertamente modelados na figura de Lord Byron, um contributo fundamental para o desenvolvimento desse mito moderno, que irá atravessar o século XIX e XX triunfante antes de "Drácula" de Bram Stoker, o irlandês Joseph Sheridan Le Fanu pela novela "Carmilla", que reinterpreta o mito, na versão feminina, que introduz o personagem do vampiro, não sem um erotismo impressionante e perturbador.
Conhecido por este romance curto, mas Le Fanu nasceu em Dublin em 1814, foi o autor de novelas e inúmeros quinze contos cuja escrita começou quando ele era um estudante e encontraram espaço nas páginas da revista estudantil "Dublin University Magazine" que ele continuou a trabalhar durante toda a sua vida e onde ele também se tornou o proprietário. Após um breve período nell'avvocatura e um casamento que o deixou viúvo inconsolável, em 1858, Le Fanu dedicou-se exclusivamente à literatura do sobrenatural até sua morte em 1873. Sua obra de ficção inspirada pelo menos em parte, às visões do místico sueco Emanuel Swedenborg é uma "geografia do sobrenatural." Perturbadora Ela está em "Carmilla", em 1871, antes do "Drácula" de Bram Stoker, em 1879, que aparecerá em seu lugar.
Talvez muito poucos autores tiveram com o público leitor uma famosa "dupla" contraditório e, como Robert Louis Stevenson. Para alguns, este nome traz à mente uma novela também se tornou um clássico da literatura infantil que, apesar das vicissitudes a que a protagonista finalmente encontra uma dissolução "solar" e positivas, Treasure Island, mas para os outros Estranho recorda ainda mais imediato (e, certamente, mais perturbadores) Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde.
De fato, o autor recorrente tribunal escocês não leva em conta muitas coisas e, sobretudo, o facto de, aparentemente, "A Ilha do Tesouro" é uma narrativa realista: um olhar mais atento, os topoi de nós são todos fantásticos, a jornada em busca do tesouro, estes modelado medieval, começando com a mais famosa de todas, a do Graal, a aventura do jovem Jim Hawkins, uma verdadeira iniciação, que conduz a um maior nível de consciência do mundo adulto mas acima de tudo romance deve ser encarada no conjunto da obra de Stevenson e, em especial nas histórias "sobre o mar." Stevenson sentiu fortemente o encanto dos mares do sul, onde se estabeleceu a partir de 1888 até sua morte, no Taiti, em 1894: ele se ressentia profundamente o fascínio de um "primitivo" ainda deste lado da divisão ocidental entre realismo e fantasia, entre o espírito ea matéria, e é difícil ver em histórias onde o mito ea magia fluxo perfeitamente na vida cotidiana, ver, por exemplo, esta pequena jóia é "A garrafa do diabo."
"O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde" é, em qualquer caso de um dos romances mais brilhantes da literatura fantástica moderna, publicado em 1886, prevê não só "O Retrato de Dorian Gray" de Oscar Wilde que aparecem cinco anos mais tarde, mas pesquisa psicanalítica de Sigmund Freud, o primeiro texto importante, "A Interpretação dos Sonhos", será publicado em 1895, um ano depois da morte do escritor escocês.
Se o "Dorian Gray", de Wilde, o tema do duplo é conduzida de acordo com as taxas para qualquer coisa fora do moralista "William Wilson" de Poe, em "estranho caso de" Stevenson é o inconsciente, a parte oculta da psique (Mr. Hyde, "Mr Hide"), que está finalmente a luz antes de Freud, evocada por uma razão que se destrói a si mesmo tentando superar as suas limitações (Je-Kyll, "matar o ego").
É difícil, hoje mesmo, ler este livro sem sentir que ele ultrapassou um limite, que continua a ser uma das principais obras que caracterizam a literatura fantástica moderna e distingui-lo de formas mais tradicionais de fantasia.
Provavelmente, um dos autores mais lidos em Inglês e de renome no mundo é de Sir Arthur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes e pai do romance policial.
Apesar de alguns romances que já estrelado por Sherlock Holmes deixam filtrados vislumbres da atmosfera sinistra, fixado em castelos antigos ou na "mansão" perdido no pântano patrício Inglês - Escócia, onde eles surgem, aparentemente sobrenatural presenças, tais como "O Cão dos Baskervilles", talvez é menos sabido que Conan Doyle foi também uma produção de contos de fadas na virada da ficção e do sobrenatural.
O protagonista da maioria deles é Professor Challenger, cientista que é um pouco de sangue 'e os muito Inglês contrapartida dell'esangue Sherlock Holmes.
A aventura mais conhecida do Professor Challenger é descrito no romance "O Mundo Perdido", em que um punhado de exploradores liderada pelo professor empreendedor (desde que os combates no nome, que em Inglês significa "desafiador") entra em um deserto no coração do 'A Amazônia ainda habitado por dinossauros e homens das cavernas.
Junto com "Viagem ao Centro da Terra" de Júlio Verne, este romance foi o primeiro de uma série de histórias de fantasia tópico - pré-históricas, que reviveu os dinossauros e outras criaturas do passado distante, que teve uma considerável fortuna literária e cinematográfica na medida em que a "Jurassic Park", de Michael Crichton.
Conan Doyle era escocês em Edimburgo, a herança celta foi claramente revelada não só por características físicas e aparência, mas também por seu nome do meio, normalmente gaélico, que é o mesmo Robert Howard vai dar o seu famoso herói bárbaro.
No entanto, além do imenso mérito de Conan Doyle como o pai de romances policiais, suas provas no domínio do fantástico, não só fez dele um precursor da ficção científica, mas muitas vezes chegou a tocar o solo do sobrenatural, como no já esquecido romance de terror "no céu "1913, em que o autor imagina que os primeiros pilotos nos últimos anos começaram a dobrar a dimensão vertical até então proibida para o homem, ele conheceu a misteriosa entidade do mal que dominam a atmosfera superior, ou o conto" A espelho ", em que um homem sob as condições particulares de stress nervoso ver se materializar em um espelho antigo do palácio real de Edimburgo, o reflexo de um antigo crime, o assassinato de Lord Darnley, marido da rainha Mary Stuart.
O episódio em que ele mostrou mais vontade, profundamente celta Conan Doyle, o mistério eo sobrenatural, a verdade é um episódio que não é mencionado tanto em sua honra, e revela uma ingenuidade surpreendente, o criador de Sherlock Holmes O detetive armado com uma lógica dedutiva de ferro, este é o famoso episódio de fadas Cottlingley.
Em 1917, duas jovens na área rural da Inglaterra, filmou uma série de fotografias, tornada pública, tinha o poder de surpreender: são retratados na grama e os arbustos de pequeno aspecto do ser humano, como as meninas com asas de borboleta na parte traseira. Enviado para investigar, Conan Doyle certificada a autenticidade do fenômeno, mas que era um truque dos mais flagrantes. Como resultado, foram encontrados ainda o álbum a partir da qual as meninas tinham cortado Cottlingley das figuras de fadas que foram fotografadas na grama.
No entanto, os críticos de Conan Doyle sobre esse episódio, não ter em conta um fato: Arthur Conan Doyle tinha acabado de perder seu filho, morto em ação na Frente Ocidental. As pessoas que por acaso vivem tais experiências dramáticas são apresentadas a acreditar em tudo que é relacionado ao sobrenatural, para manter viva a esperança de que algo de seus entes queridos, especialmente quando se trata de crianças, continua a existir, estão bem conscientes médio e charlatães que fazem estas pessoas as suas vítimas favoritas. A lógica de ferro de Sherlock Holmes não é páreo para a dor de um pai.
Não podemos falar da contribuição feita pela literatura celta moderna sem mencionar o grande poeta irlandês William Butler Yeats Prêmio Nobel. Yeats era o líder do movimento do "Renascimento Celta", e ele não tinha a intenção de um tal movimento só em termos de arte, língua e cultura, mas como um verdadeiro renascimento da alma, começando com a espiritualidade celta, tornando-se um campeão de panteísta religiosa natureza e não necessariamente anti-cristão, mas era pré-cristã.
O poeta, que foi agraciado com o Prêmio Nobel em 1923, ele também se dedicou a uma coleção assíduo de contos, tradições, elementos do folclore irlandês, que contribuem para a Ilha Verde eram o equivalente do que os irmãos Grimm na Alemanha , com três coleções de contos de fadas e lendas que são "Fadas e Contos Folclóricos do campesinato irlandês," 1888, "Contos representante da Irlanda", em 1890, e "Contos Irlandeses" em 1892.
Isso, porém, não como parte de estudos etnológicos ou folclore, no estilo de erudição acadêmica dos dois irmãos alemães, mas para reavivar a alma ancestral celta e espiritualidade que Yeats viu em termos muito semelhantes aos de religiões orientais , hinduísmo e budismo. Esta busca espiritual levou Yeats ao esotérico.
Vinculado ao movimento do Renascimento Celta era, de fato, a associação da Golden Dawn Yeats esotérica era a mesma que para um envoltório tempo. Esta associação teve o mérito de ser um tesouro de talentos literários que ajudou a revolucionar a literatura fantástica do século XX.
O escritor provavelmente o mais conhecido do público em geral entre os membros desta associação, foi Abraham "Bram" Stoker, autor de "Drácula", mas talvez o mais importante foram três outros autores, um deles Inglês, Algernon Blackwood, o outros dois genuína celta, irlandesa e galesa Lord Dunsany Arthur Machen. Os dois últimos também tiveram uma influência decisiva sobre o que é amplamente considerado o pai da ficção de horror moderno, o americano HP Lovecraft.
Sendo um pouco 'de nosso argumento, eu não iria querer alongar muito sobre o Blackwood, mas você não pode ignorar duas coisas: primeiro, que ele criou em suas histórias para o personagem de John Silêncio, "Médico" extraordinário ", que era o ancestral de todos os ocultistas detetive e ghostbusters literatura fantástica e cinema, a segunda de suas histórias mais populares e da atmosfera, "Ancient Sorcieries" conta a história de um estranho que acontece com param em um cidade habitada por homens misteriosos - os gatos, que inspirou dois filmes (o original eo remake), "Cat People" e um pouco por todo o filme de gênero ao longo destas linhas.
Edward John Moreton Drax Plunkett décimo oitavo barão Dunsany, um membro de uma família irlandesa com uma aristocracia antiga é uma personagem da literatura de fantasia moderna tem sido fundamental. Certamente tinha uma reputação para o público em geral sob seus próprios méritos, e na Itália a sair com ele, foram publicadas uma novela, "A Maldição do vidente" (Sonzogno) e um punhado de histórias curtas, em muitos locais diferentes, mas foram Críticos de nota de fantasia literatura Gianfranco de Turris e Fusco Sebastiano, por outro lado, teve um profundo efeito sobre quase todos os grandes autores que se seguiram, muitos dos quais, a partir do mesmo HP Lovecraft, cruzou seus temas na evolução de um período " Dunsany ", e não é de estranhar, pois, que não caracteriza uma fantasia que pode inspirar-se diferentes contextos mitológicos e conto de fadas, que combina harmoniosamente nas mãos de outras pessoas que não podiam homogênea, o Barão era um irlandês mestre inigualável de estilo.
Ele escreve sobre isso na HP Lovecraft "Supernatural Horror na Literatura", um ensaio que ainda é essencial para quem quer abordar o estudo da literatura de fantasia moderna:
"Autor Dunsany é insuperável na magia de uma prosa cristalina e melodiosa, e supremo na criação de um mundo de visões iridescente bonita, lânguida e exóticas. Seus contos e obras teatrais formando uma quase única na nossa literatura. Inventor de uma nova mitologia, folclore e criador de uma incrível, Lord Dunsany é dedicado a um misterioso mundo de uma beleza fantástica e envolvido na guerra eterna contra a vulgaridade ea fealdade da vida diária (...). A autora chama a eficácia de quase todos os terríveis coleção de mitos e lendas dentro do círculo da cultura europeia, criando um ciclo de fantasia composta ou eclética em que a cor do Oriente, como Helénica, a escuridão e melancolia Teutônica Celtic misturam soberbamente bem ser apoiadas e complementam mutuamente, sem sacrifício, e com perfeita uniformidade e conformidade "(1).
Com relação a Arthur Machen, vai lembrar o parecer a ele por HP Lovecraft no horror sobrenatural na literatura: "Entre os criadores de medo cósmico da vida, subiu para mais citações artísticas, ninguém pode esperar para coincidir com o versátil Arthur Machen autor de algumas dezenas de histórias curtas e longas, em que os elementos de horror e medo latente escondida conseguir um corpo realista e quase nitidez incomparável "(2).
Toda a obra de Arthur Machen está imbuído de sugestões muito forte que tem suas raízes no folclore celta, incluindo os seus lados mais escuros e bruxaria; diria que se houvesse um druida no nosso tempo, certamente foi ele. Muito de seu trabalho visa explorar a dimensão do mal (a profundidade que escapa ao homem moderno como a altura do activo, os homens do nosso tempo, de acordo com o escritor galês, além de um ou outro refúgio o nivelamento da mediocridade). Neste contexto, é crucial para a investigação do mito do "povo pequeno", restaurado ao seu original realidades terríveis além edulcorantes criado por Edmund Spenser, e também de Shakespeare ("Sonho de uma Noite de Verão"), uma realidade que é Sobre a possibilidade de regressão a uma dimensão não-humanas e pré - amostras humanas, a partir deste ponto de vista de histórias como "A história do selo preto", "A Mão Vermelha", "A" brilhante pirâmide.
Um lado e contra o mal, mas não é bom, também concebido a partir de uma visão mergulhada na tradição celta, nem poderia ser diferente, já que Arthur Machen nasceu em Usk Caerlson em que a tradição nada mais do que a Camelot arturiana. O tema do Graal, Machen dedicou um de seus melhores contos, "The Glory segredo", infelizmente, inéditos na Itália: em nossa época materialista, ainda existem pessoas que, secretamente, está trabalhando para encontrar o Santo Graal para prosseguir esta " glória secreta "que não é identificado com o sucesso externo.
Eu não vou falar aqui de JRR Tolkien, o autor de "O Senhor dos Anéis", que ele era um britânico para o núcleo, e sem amor demais para os celtas (pelo menos nas palavras), é bem conhecido, mas a sua obra na pesca total mãos na mitologia celta e folclore, fato evidenciado não só por mim, e muito mais autoridade que, para mim. Um Celta contra sua vontade, aconteceu de eu ligar em outro artigo neste site. Celta sem dúvida que foi bastante amigo de Tolkien, um dos poucos colegas com quem Oxford juntou-se uma relação de amizade muito próxima e prolongada no tempo (e que também teve seu nell'incitarlo partes para completar a sua romance monumental, cuja elaboração continuou por muitos anos e através de várias interrupções), e também um escritor, não é assim muito menos bem sucedido por algum menor capacidade ou a qualidade literária, mas para escolher uma forma de expressão menos agradável para o público em geral, mais aristocrática e distinguido por uma forte mensagem ideológica - religiosa, irlandês Clive Staples Lewis.
Os romances de CS Lewis, que seria determinado "gnósticos", "Perelanda", "Longe do Planeta Silencioso", "Essa força terrível", compõem uma trilogia que mistura uma ficção científica original e do misticismo cristão. O drama da Queda, da Encarnação, a redenção como uma luta entre o princípio divino e as forças do mal não se limitam à esfera terrestre, mas estão destinados a repetir-se em diferentes formas no Cosmos, onde há seres sencientes.
Lewis era um autor que não tenha dado qualquer coisa para o público em geral, mas ele falou para aqueles que estavam dispostos a incorporar a mensagem profunda de seus escritos, seus romances, publicado na Itália após a guerra, não estão disponíveis hoje, e é lamentável .
"Hominem unius livros Timeu", dizia Santo Agostinho: "Temo o homem que o autor de um livro" e, na verdade aqueles que se dedicam a vida inteira para colocar toda sua alma em uma única obra literária, a cinzel escrito e prepara-se para torná-lo uma gema, em seguida, realizado por outros, porque toda a sua existência não foi suficiente para dar-lhe tarefas, deve ser uma pessoa notável, e certamente o coloca em rota de colisão com a mentalidade de uma época como a no qual até mesmo a nossa arte ea literatura estão próximas à produção em massa, tornaram-se como eles são fáceis de produção e consumo descuidado.
Celta sobreviveu a um canto do mundo como uma modesta extensão da Cornualha deu uma contribuição para a literatura gaélica, não em toda a criação literária e insignificante o mito de Tristão e Isolda. Este mito teve seu renascimento na literatura moderna "Cornualha", no romance inacabado "Castelo de Dor", de Sir Arthur Quiller-Couch, (1863 - 1944) completado por Daphne du Maurier e onde há uma rara edição italiana, agora virtualmente inalcançável com o título de "A rosa ea âncora" (Rizzoli, 1971).
O que ainda greves no romance de Quiller Couch é a capacidade para corresponder a uma escrita extremamente cuidadoso com um espírito natural é surpreendente em um autor de extração aristocrática, que queria voltar a definir a história de Tristão e Isolda no meio dos pobres agricultores e marinheiros Cornish e Breton, também dando-nos uma rara documentação de um mundo perdido agora, em uma narrativa que pouco ou nada tem a invejar a partir de um Zola ou Verga.
Entre os autores do idioma Inglês hastes em uma herança celta lado, o outro com a tradição da ficção fantástica, o maior grupo é representado em toda a probabilidade de autores franceses. A referência que você pode fazer é, sobretudo, mas não exclusivamente, a área de Breton.
Tomemos por exemplo a região de Auvergne, um "clássico" pode dizer, de que a França profunda rural que mantém a marca de muitas influências ancestrais, e que por acaso leva o seu nome do povo gaulês de Auvergne. Aqui, ao contrário da Grã-Bretanha, uma comunidade que tem mantido um dialeto celta não foi preservada, mas eles continuam a ser uma população e uma paisagem que mantém um inconfundível: não é por acaso que você definiu em HP Lovecraft "Psychopompos", uma história perturbadora sob a forma de balada medieval, e Clark Ashton Smith transformou o reino dos Averoigne (francês para "Auvergne"), definindo algumas de suas histórias mais assustadora. O Auvergne é o lar de um fantástico como Henry Pourrat autor singular.
O autor, entretanto, pode parecer estranho para incluir no discurso, é Guy de Maupassant. Maupassant foi um dos mais populares autores franceses do século XIX, autor de novelas "burguesa" e sentimental, a ironia, por vezes temperados levemente cínico que fez anti um pouco "- Victor Hugo, com uma narrativa que é talvez o mais distante que se pode conceber por prolixo e, às vezes entediante moralizante do autor de "Les Miserables" e "Notre Dame de Paris". Uma das façanhas de Maupassant foi a elaboração de um romance erótico, "Bel Ami", nasceu de uma aposta, e escrito para provar que poderia ser feito sem o uso do erotismo até mesmo uma palavra vulgar.
No entanto, Maupassant foi um lado fantástico, talvez menos conhecida e obscura, que tem livre excelente no conto "O Horla", mas não apenas nele. Precisamente Breton, Maupassant não estava, mas um nativo de Dieppe, na Normandia, Bretanha e ainda não aparece com tanta insistência que o fundo de suas histórias, especialmente aquelas que revelam o espírito de distância do "demi-monde, em que infiltram os elementos da cidade e fantásticos, de fazer a presença de uma "família" de uma afinidade com esta terra adjacente ao resto do Norman, mais de um palpite.
Há muito poucos na verdade, as histórias de terror "capazes de fornecer qualquer emoção real para o leitor um pouco cansado, mas você não pode ajudar, mas incluem" O Horla "neste grupo de elite. A história é a seguinte: um homem se encontra cercado em sua casa eo prisioneiro de uma misteriosa criatura invisível, o Horla, exatamente, é talvez o primeiro de uma nova raça destinada a substituir a humanidade, ou talvez nada, mas o resultado de um delírio alucinatório.
Muitas histórias de Maupassant, além do Horla "revelar vislumbres inesperada de ficção fantástica de aparência realista, uma das mais conhecidas é" L'auberge, onde um homem caseiro inverno, de um hotel no deserto de montanha que permanece mau tempo, lentamente cede à solidão e à loucura, sempre tive a impressão de que "O Iluminado", de Stephen King tem uma grande dívida com essa história.
Em contraste, uma história pouco conhecida é "Le diable", no qual ela pega um camponês bretão de um demônio disfarçado próximo pela aparência. Maupassant piadas, independentemente das superstições e folclore que têm suas raízes no celta, e ainda parece como se elaborados individualmente, apesar de tudo, desenho de "as razões que a razão desconhece."
Ao contrário do que Maupassant, sem ironia, sem intenção de profanar, mas sim um profundo amor pelas tradições da Bretanha é, ao contrário, Anatole Le Braz, que estava um pouco ", e antes dele, Yeats, deste lado do Canal da Mancha.
Nascido em 1859 em Saint-Servais, uma aldeia aninhada no campo da Bretanha, Le Braz foi professor do liceu, e depois no professor a vida da literatura, e alternou as atividades de ensino para a coleção de contos e tradições populares, ouvir da boca de um agricultor, uma lavadeira, um carroceiro, da mesma forma como fizeram os irmãos Grimm na área germânica e Yeats tinha que fazer para a Irlanda. A partir desse trabalho, ele lançou seu livro mais famoso, publicado em 1893, o "Légende de la mort chez les bretões armoricains" porque, como ele mostra, nesta coleção, o elemento dominante no folclore bretão é a relação do homem com morte, a crença de que o mundo dos vivos e os mortos não são rigidamente separadas, mas que entre um e outro há um relacionamento contínuo e se cruzam. Essa crença é o alicerce de muitos Breton tradicionais e rituais celtas, começando com aquelas da noite de Samhain, o equinócio de outono, que eram feitas oferendas aos mortos, uma tradição na Grã-Bretanha no final do século XIX era ainda muito viva.
Le Braz atitude em direção a esse país do mundo arcaico em que ele se sente profundamente enraizada, não é, como os irmãos Grimm, uma curiosidade acadêmica, e logo percebe a incompatibilidade entre essa matriz da religião pagã - Celtic e cristianismo.
A este respeito, no livro Mestres da literatura de fantasia (EDIPEM 1983), Edy Minguzzi escreve:
"Muito em breve você perceber a impossibilidade de acesso para a compreensão deste universo, mantendo os padrões de aprendizagem sobre o cristianismo. A religião oficial é nada além de um fino verniz de propagação em uma memória que vai muito além do tempo. Le Braz vai embora em seguida, com o seu fraque e bengala, através dos caminhos da Grã-Bretanha baixo em busca do que sobrevive do paganismo.
Para sua surpresa, descobre que essas lembranças estão por toda parte: a religião que tem raízes profundas no passado mais distante é a porta de entrada para o mundo mágico e fantástico "(3).
Hoje, as posições deste tipo, após a Nova Era, após a mesma antiga Igreja Católica abandonou o radicalismo, não parece tão problemática, mas apenas tentar imaginar o que a coragem intelectual de exigir um século atrás.
Em seguida, são seguidos por outros trabalhos sobre o folclore da Bretanha, "Contes et Lendas de la Bretagne", "Teatro Celtique" um estudo do teatro ", Paques da Islândia", uma coleção de contos de pescadores islandeses que mostra um aumento progressivo de interesse na não só europeus, mas o folclore celta e, finalmente, um romance, "Gardien du feu".
O interesse pelo folclore, superstições, lendas, o maravilhoso, o mágico, as tradições folclóricas de fadas em que a vida diária flui sem problemas é nenhuma ironia ou cinismo, mas com um profundo amor por suas raízes , mesmo Henry Pourrat, Auvergne homem.
Pourrat teve uma produção de muito grande, mesmo que não totalmente publicados até à data: vários romances, incluindo a mais conhecida é provavelmente "Gaspard des Montagnes, antologias de contos e, além disso uma vasta obra (13 volumes) dedicado à recolher as lendas e tradições de Auvergne e totalmente em "Tresor des Contes". No livro "Mestres da literatura de fantasia," Edy Minguzzi chamou de "a memória de Auvergne" e escreveu sobre isso:
"O Auvergne é uma terra misteriosa repleta de demônios, feiticeiros e magos, os animais que por sua vez, se você acredita que este diabo de um escritor que é Henry Pourrat" (4).
A relação com a terra, com seu folclore, com tamanho grande, todos os visceral e instintiva, para Pourrat: um pouco "para o extremo oposto está o caso de um escritor que é redescoberta do Celtic faz uma escolha programática e política. Imagine o caso de um escritor de ficção científica, um dos que não falam Inglês muitos, como a maioria dos anglófonos não autores de ficção científica, independentemente da capacidade, é praticamente desconhecido fora da Itália, que em um ponto redescobre sua identidade Breton, rompe com a expressão em francês, gaélico, Breton recuperar a posse de seus antepassados. E 'este é o caso de Luís Nemo (para a população francesa), mais conhecido pelo nome de guerra Celtic (um termo que nunca mais apropriado neste caso) de Roparz Hemon.
Um nativo de Brest, em 1900, depois de assistir o jovem a I Guerra Mundial, em 1923 Louis Hemon Nemo torna Roparz, publicando seu primeiro artigo de Breton, pacientemente re-aprender, em uma base diária. Em 1929 ele publicou "A Breton descobre Grã-Bretanha, Breton movimento autonomista que se torna uma espécie de bíblia. Foi seguido em 1931 "Uma Bimbochet Aotrou e Breizh", uma história de ficção científica criada em um idioma bretão na Bretanha independente. Mais tarde, nos anos 30 uma grande produção dos contos de fadas e ficção científica em Breton. Na década de 40 assumiu a gestão da estação de rádio em língua bretã de Rennes, mas com mau tempo, instituído nos anos seguintes a Segunda Guerra Mundial, acusado de separatismo, passa por um período de detenção cumprido que decide se refugiar na Irlanda, onde torna-se professor da Universidade de Dublin, desta vez o seu romance "Mari Vorgan", que deve ser o primeiro romance de fantasia publicado em Breton.
A história pode ser abordada de várias maneiras em que os mitos antigos de sirenes ou a lenda da Fata Morgana, e os autores modernos, que têm nos mostrado o mar como um repositório de presenças perturbadoras ligadas à profundidade insondável de sua profundidade, HP Lovecraft, William Hope Hodgson, Abraham Merritt, no essencial, é esta: Mari Vorgan, Mary Morgan é o nome dado a uma figura colocada na proa de um barco de madeira em Brest representando uma figura feminina de beleza etérea. Quando o navio embarca para o mar, à vela, ele começa uma série de eventos perturbadores, muitos marinheiros afirmam ter visto a figura ganham vida à noite e passear pelos corredores e no deck ou até mesmo andar sobre a água. Pouco a pouco, a tripulação, seduzido pelo que parece ser uma misteriosa figura de uma mulher, louca, até que o médico de bordo decide destruir o canteiro estátua. Neste trabalho, o homem morreu ao cair ao mar, mas Mari Vorgan não aparecem mais no navio. O romance é poderosamente incrível trabalho, constantemente jogado sobre a separação entre o mundo real um mundo de fantasia e alucinação.
A raiz celta é uma raiz negra historicamente na Europa, a prevalência da Alemanha e da América, no entanto, uma raiz ainda está muito presente e vivo, sem a qual nem o homem nem a sua cultura europeia seriam aqueles que são, ea tradição do nosso literatura fantástica, parece-me provar isso, se quiserem aprender a lição, com uma clareza que você pode querer mais.


1) Notas
Howard Phillips Lovecraft, "Horror Sobrenatural na Literatura", em "Obras Completas", açúcar, Milano 1973.
2) Ibid.
3) Editado por Edy Minguzzi: Mestres da literatura de fantasia, EDIPEM - De Agostini, Novara 1981.
4) Ibid.





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Tese de Mestrado analisando os débitos de Tolkien para com a mitologia galesa no Senhor dos Anéis ( obra na qual chegaram a dizer que a influência céltica era insignificante) , também, como fiz nesse tópico, questiona e analisa os motivos de Tolkien pra sua negação de influência, contrária à todas as evidências, do material celta sobre ele sendo que, até as duas primeiras décadas do século passado, a mitologia celta era tão querida de todos os falantes do inglês no Reino Unido e nos EUA.

MYTHIC ARCHETYPES: WELSH MYTHOLOGY IN TOLKIEN’S LORD OF THE RINGS

 

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Cada vez mais eu gosto dos posts do Ilmarinem. Nada como ver posts de qualidade feitos por um verdadeiro estudioso da obra do Professor. Parabéns!
 
Poderia ser citada a reformulação dos elfos, que foram baseados na lenda do verdant prince.

VerdantPrince.jpg


The_Verdant_Prince_by_dragoninthemist.jpg


Os elfos da britânia, são os mesmos elfos baixinhos que muitos odeiam ver em Harry Potter.
 
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Os elfos da britânia, são os mesmos elfos baixinhos que muitos odeiam ver em Harry Potter.

Na verdade, essa associação dos elfos da Grã-Bretanha com seres feéricos diminutos é uma construção relativamente recente que começou com Shakespeare e John Drayton no século XVII, um conceito que Tolkien meio que repudiava com veemência à medida que sua obra progredia. Mais tarde, a inferência na obra dele é que entes como os anões, hobbits e druedain acabaram sendo progressivamente confundidos e misturados com os elfos propriamente ditos, resultando na noção de se achar que todas as fadas e elfos eram pequenininhos.

O Verdant Prince ,na verdade , parece ser uma variação dos mesmos temas que ligavam entes "élficos" com divindades da fecundidade, no caso o Jack de Verde, o Cavaleiro Verde e o Homem Verde, assim como as variações da entidade Cernunnos. Todas elas são ligadas ao conceito do Erl-King que era associado, ao mesmo tempo, aos "elfos" mas também a Odin como Senhor da Caçada Selvagem. A rigor, essas noções todas não são exclusivamente célticas mas, sim, indo-européias aparecendo espalhadas pelo continente euro-asiático inteiro, inclusive entre povos de línguas não indo-européias como os bascos , húngaros e finlandeses.

Nesse sentido, deve-se ressaltar, o Verdant Prince não é um personagem folclórico mas, sim, uma construção sincrética rpgística do AD&D, onde mesclaram o Green Man e Cernunnos, dando-lhes um novo nome pra evitar o conteúdo político-religioso neo-pagão.

Quem quiser entender as firulas desse imbróglio e o que isso tem a ver com partes da obra de Tolkien pode dar uma olhada nesse texto aí

Oromë e Tilion-O Deus de Chifres Celta no Legendarium de Tolkien

Daniel_Govar_-_Orome.jpg
 
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Link pra diversos artigos acadêmicos excelentes em português e diversas outros idiomas, inclusive sobre Santa Brigida, também conhecida como a deusa Brighid , pra quem não sabe a principal inspiração pra Varda assim como Araw e Gwynn/Cernunnos o fforam pra Oromë.

http://www.continuitas.org/textsauthor.html

Gabriela Morais, Lisboa guarda segredos milenares. Santa Brígida, uma deusa céltica no Lumiar, Apenas Livros, Lisboa, 2011.

Nota: arquivo pdf MUITO GRANDE, de sete megas, levou cinco minutos pra abrir até na banda larga da GVT, 15 mgs


Do mesmo jeito Galadriel , Varda e Nienna dividem entre elas características variadas da Virgem Maria sendo, ao mesmo tempo, análogas com outras personagens literárias e mitológicas diversas* como a deusa Brighid ou Brigite da mitologia céltica cujo nome traduzido tem "coincidentemente" o mesmo significado de "Varda" uma vez traduzido do élfico, "the lofty", "the exalted", a "Elevada", a Exaltada. Lembrando que Varda tem outro nome élfico que é Bridhil, virtual anagrama de Brighid. Tolkien era chegado em fazer esse tipo de piadinha.

*algumas sendo elas mesmas influenciadas pela Virgem ou surgidas das mesmas fontes que ela) como Ayesha, Mara de George Macdonald, gritantemente, o protótipo de Nienna na versão pós Book of Lost Tales .E Tolkien, em entrevista, teve a cara de pau de dizer que Macdonald nunca o influenciou depois de ter já ter admitido a influência em Cartas)

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Helena Nelson Reed pinta Brighid

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E só pra não deixar de ser justo em termos de destaque: Taí a melhor e mais completa fonte pra se estudar as fontes nórdicas do Tolkien , também em PDF gratuito ( não pirata) da Internet.

http://shelf1.library.cmu.edu/books/gloriana/gloriana.pdf

Mas voltando à fazer a coisa celta...

Texto em português sobre a importância da água na mitologia e crença céltica

aguas-magicas-celticas-jpg.41400

Vejam só como se encaixa em tudo que Tolkien falou a respeito de Ulmo que tem N paralelos com o deus celta da água , Manannan Mac Lir

Olhem aí Manannan Mac Lir o dono do "manto de invisibilidade" original , deus do mar bondoso da mitologia céltica, galesa e gaélica.

manannan_mac_lir_by_vampbabe.jpg

Tá a cara do Jared Leto

Aí é ele usando seu manto que é símbolo da "sombra dos mares divisores" pra separar de vez Cuchulain e Fand sua mulher que andavam de chamego ( suspeito que foi daí que Shakespeare derivou a relação conjugal tumultuada entre Oberon e Titania).

tumblr_l0fwx7PBKA1qbz35lo1_400.jpg


Vejam a história referida aí nesse link: ( a popularização da mitologia céltica com o neo-paganismo atual tornou facílimo achar pelo menos resumos de tudo quanto é história até em português.Bons tempos esses.

Histórias de Amor Gaélicas II - A Infidelidade de Cuchulainn



Também apadrinhador de heróis poderosos, no caso Lugh Lamhfada, que foi levado ainda criança pra ser salvo e treinado em sua ilha de Mann, que também foi partida de um outro pedaço que era a Irlanda, assim como a Iha de Balar era , originalmente, unida a Tol Erëssea. Cirdan também meio que faz o papel de Manannan Mac Lir ao treinar e criar Ereinion Gil-Galad na Ilha de Balar assim como Ulmo protegeu e conduziu Tuor.

E olhem só as armas que Manannan deu pra Lugh na despedida e suas descrições. A "cota" ou manto era parecido com o manto de Ulmo dado a Tuor e o elmo com jóias incrustadas lembra demais o tal do "rutilante elmo" de Gil-Galad que, talvez, quem sabe, pode lhe ter sido dado por Cirdan.


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"Discretíssimo" o paralelo com a descrição de Ulmo hein? :grin:Vejam só:



Ou seja: qualquer semelhança não é mera coincidência.

A propósito, o nome do vala Ulmo vem do Santo Ulmo ou Santo Elmo, o santo patrono dos marinheiros, que deu o nome ao fenômeno fogo-de-santelmo, também chamado "fogo do mar", usado por Tolkien na descrição do vala em Contos Inacabados. Fogo do mar , santo Ulmo, santelmo, sarça ardendo em chamas sem se consumir... Pegaram a piadinha?

http://pt.wikipedia.org/wiki/Fogo-de-santelmo

E Byrd teve a moral nessa de sacar o paralelismo da armadura deixada pra Teseu para que ele fosse reconhecido pelo seu pai com as armas deixadas pra Tuor , mediante as quais ele seria reconhecido como o emissário predestinado de Ulmo perante Turgon. Essa eu também tinha sacado. Uma coisa que o Byrd não viu , entretanto, foi que , na mitologia grega, Teseu, na verdade, era filho de Poseidon, deus do mar, do mesmo jeito que Tuor era o predileto protegido de Ulmo, o "deus do mar" tolkieniano.

E, a propósito, quem fez a comparação entre Gil-Galad e Lugh na Wiki de influências de Tolkien em inglês foi justamente eu mesmo. Bom ver que está sendo útil ou que outras pessoas saquem as semelhanças por conta própria :).

.

Outro excelente texto da Brathair sobre a Imortalidade entre os Celtas

Imortalidade entre os celtas
 

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Depois de ter sido "misteriosamente" omitida da versão virtual de Mythlore que saiu há dois anos atrás, finalmente, igualmente misteriosamente, apareceu o artigo sobre a relação dos Elfos de Tolkien com os Tuatha de Danaan célticos da Irlanda ( pronuncia-se "Tuaha dai Donaan" segundo uma das tradutoras originais ).

Foi logo depois de uma pseudo flame war em inglês da qual fui o pivô a respeito do assunto controverso da mitologia céltica e sua influência sobre Tolkien,inclusive a ( óbvia e reconhecida por todo mundo fora de lá) influência sobre Tom Bombadil.

Eu questionei a falta de coerência do criador do fórum em, hora divulgar, hora repudiar o que ele mesmo tinha dito oito anos antes sobre o mesmo tema no mesmo fórum e em outro message board, enquanto ele me acusava de influenciar as pessoas contando mentiras....A saber, dizendo, coincidentemente, o mesmo que ele havia falado antes...Opinião derivada, ademais, das mesmas referências bibliográficas que ele costuma glorificar em outras ocasiões (omitidas quando ele divulga E , logicamente, quando ele omite a informação)

De qualquer modo, eis aí, afinal, o texto de Annie Kinniburgh que deveria ter saído no segundo semestre de 2009. Enjoy

The Noldor and the Tuatha de Danaan: J.R.R. Tolkien's Irish influences

Uma das novidades do ensaio pra mim foi a história de Scathniamh e Caoilte que parece ser mais uma fonte céltica pras histórias de Lúthien e Beren e Andreth e Aegnor.

Os dois foram obrigados a se separar e ela só pode vir pedir o "preço de noiva" dele quando ele já era bem velhinho e as pessoas ficaram admiradas de ver os dois juntos depois que ele entregou a ela um tesouro guardado num morro funerário como dote de casamento por ela ser jovem e esplendorosa e ele curvado e idoso ao que ele replicou que ela era imortal e nunca fenecia enquanto ele murchava e esvaecia porque ambos eram de estirpes diferentes, Tuatha de Danaan e Milesianos.

http://www.shee-eire.com/Magic&Mythology/Myths/Tuatha-De-Danann/Bodb-Dearg/Page1.htm

And Bodb Dearg had a daughter, Scathniamh, the Flower of Brightness, that gave her love to Caoilte in the time of the Fianna; and they were forced to part from one another, and they never met again till the time Caoilte was old and withered, and one of the last that was left of the Fianna. And she came to him out of the cave of Cruachan, and asked him for the bride-price he bad promised her, and that she was never able to come and ask for till then. And Caoilte went to a cairn that was near and that was full up of gold, that was wages earned by Conan Maol and hidden there, and he gave the gold to Bodb Dearg's daughter. And the people that were there wondered to see the girl so young and comely, and Caoilte so grey and bent and withered. "There is no wonder in that," said Caoilte, "for I am of the sons of Miled that wither and fade away, but she is of the Tuatha de Danaan that never change and that never die."
 
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Mais uma tese analisando o conteúdo céltico de textos tolkienianos no SdA ( que segundo os autores de The Keys of Middle-earth: Discovering Medieval Literature Through the Fiction of J.R.R. Tolkien , não apresentava um volume considerável de influências célticas, supostamente " virtualmente inexistentes na obra"), o que, IMO, só evidencia o grau em que a mitologia céltica é desconhecida ou mal-assimilada por supostos "especialistas", acadêmicos ou estudiosos.

Fog on the Barrow Downs: Celtic Roots of Tolkien's Mythology
 

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Quando vi as imagens também fiquei pensando no quanto Tolkien como católicos teria dificuldade em reconhecer a inflencia de uma mitologia essencialmente pagã e usada em cerimonias religiosas.
 
Não há dificuldade alguma. Os Santos Padres escreveram muito sobre as semelhanças entre a Liturgia cristã e os ritos pagãos.

Apesar disso, a Igreja Católica e atualmente outras vêem a maior dificuldade do mundo em reconhecer suas origens e bases pagãs. Os ditos cristãos são supostamente os donos da verdade. Relacionar mitologias com cristandade sempre acaba em grande discórdia.
 
Existe MUITA VERDADE no que vcs DOIS disseram Anna e Caius. Os DOIS estão corretos nos seus comentários. A coisa aí é bem complicadinha mesmo como já discutido aqui no fórum em ocasiões pretéritas.

Como por exemplo aí:
Não vejo nada de óbvio no que você disse. Um escritor tem liberdades, e como criador não depende apenas da realidade.
Realmente para mim não faz sentido admirar uma determinada cultura e não acreditar nela.
Acredito que Tolkien não declarou abertamente que sua obra continha traços de outra cultura como a pagã, pelo contexto em que vivia. Principalmente pelo fato de ter sido criado dentro do cristianismo. Como uma pessoa inteligente e cautelosa acho que ele soube lidar muito bem com isso.

Um excelente texto que lida, especificamente, com a noção de combinação de idéias do paganismo nórdico com o catolicismo cristão embutida tanto na literatura de Tolkien quanto na de Lewis é esse aí feito pelo Reinaldo Inrahil pra Valinor ( eu o citei na íntegra no meu post no tópico porque o da Valinor estava com problemas de formatação). Deve ajudar a esclarecer muitas das suas dúvidas

Pagão ou cristão - A visão de mundo de Tolkien

Concordo com você em parte Senhora da Magia e, ao mesmo tempo, com Célio Meneldur também. Como Gerbur deixou implícito antes a gente pode estar se defrontando com um problema que é chamado falsa dicotomia em lógica. Algo que é, aparentemente, paradoxal na verdade não é.

Tolkien acreditava, sim, que o Paganismo refletia, em algum grau, "verdades" transcendentais, como qualquer religião e mitologia (inclusive a Judaico-Cristã) e ele "acreditava", sim, em alguns de seus conceitos meio que fora da ortodoxia católica contemporânea ( como, por exemplo, que é possível um Deus criador onipotente delegar funções para seres espirituais de menor estatura onde eles desempenhassem finalidades "cósmicas" importantes sendo, portanto, dignos de reverência e não adoração como os Valar e os Santos Católicos, inclusive o São Miguel Arcanjo) mas , óbvio, não acreditava integralmente em suas premissas ou conclusões sobretudo as que iam contra a noção de Deus Uno com os atributos típicos do Cristianismo. É por isso que em Tolkien, ao contrário do que acontece em mitologias "pagãs" como a greco-romana, a celta e a nórdica , o dom de criar vida, conceder "alma" é exclusivo de Eru Ilúvatar.

Torna-se , portanto, necessário fazer algumas ressalvas e contextualizações : essa noção, implícita no seu post, de que a crença no Cristianismo precisaria repudiar tudo que era credo presente no Paganismo para que um indivíduo pudesse ser cristão ou incluir pontos de vista cristãos na obra literária é um exagero típico de nossos dias pós-Evangélicos e demais linhas hiper-ortodoxas do Protestantismo norte-americano. Isso não era a verdade para os primeiros católicos que incorporaram elementos de diversas mitologias do Oriente médio e da filosofia grega, assim como o próprio Judaismo tinha incorporado elementos pagãos na sua tessitura antes do Cristianismo surgir.

Então, não foi Tolkien que "misturou elementos pagãos com o Cristianismo", a obra dele reflete e reavalia influências desse tipo que estão na base de formação do próprio Cristianismo, no tempo anterior à Reforma Protestante e à Contra-Reforma Católica, onde discussões sobre esse tipo de herança foram banidas de ambientes mais ortodoxos e relegadas aos círculos "esotéricos" da cultura cristã. O Cristianismo ( como , aliás, todas as religiões) tem uma origem sincrética , na combinação de crenças pré-existentes.

Você pode conferir um bom exemplo disso e de como essa influência combinada de Religão judaico-cristã com Paganismo impregnou Tolkien estudando as origens das idéias de Tolkien sobre os seus elfos e como ele refletia as idéias de teólogos medievais que adaptaram mitos celtas para o contexto do Cristianismo fazendo dos "elfos" uma variedade de anjos caídos não condenados ao inferno.

Tuatha de Danaan e os Elfos de Tolkien

Outros textos que devem lançar alguma luz sobre isso

Eram os valar deuses?

Mais alguns paralelos só pra ilustrar

O Dragão Raab da Bíblia, mencionado como o opositor caótico de Jeová ( no livro de Jó por exemplo), era análogo do Tiamat sumério-babilônico, o demônio da noite Lilith ( importantíssima na Cabala Hebraica, era uma adaptação do demônio babilônico Lilitu e assim por diante. A própria concepção católica do Demônio cristão que difere do Satã do Judaísmo incorpora nele elementos do Ahriman persa da religião zoroástrica, de outras entidades pagãs como o Seth egípcio e, principalmente, elementos de divindades pagãs do Noroeste da Europa como o Deus de Chifres celta ( o Galhudo dos Neo-pagãos), a deusa Hela nórdica, o Hades greco-romano e muitos outros).

Essa última influência do deus celta que reflete tanto na noção do Cristo Católico, além de repercutir no Diabo medieval também influenciou Tolkien na caracterização de mais de um Vala.

Oromë e Tilion-O Deus de Chifres no Legendarium de Tolkien

Sim, a idéia não vem de Tolkien. E você tem razão. Otherword também fazia parte deste mundo ao mesmo tempo que era a terra dos mortos, ou seja, espiritual.

Nem tanto. Depois de mortos, o fëa dos humanos habitava por um tempo os Salões de Mandos, até que finalmente partiam para um destino desconhecido.

Novamente, nem tanto também ;) Estranha não; esse assunto é complicado mesmo e só está aparecendo agora em português em textos universitários não incluídos ainda em livros. Eu mesmo já estudo o tema tem 12 anos, comecei com castelhano e inglês em 1999 e ainda aprendo coisa nova, quase todo dia.

Aqui devemos lembrar ou informar as pessoas do fórum que o relato contido no material céltico mitológico sobre o Além-Vida celta foi coligido por eclesiásticos medievais católicos irlandeses e não é, pois, necessariamente, a "verdade" ( como se alguma coisa nesse mundo fosse, aliás ESSE é um dos pontos importantes do trabalho de JRRT) ou uma transposição completa do que a teologia céltica "druídica" teorizava.

Pros Eclesiáticos Medievais era até interessante reforçar uma analogia com idéias pagãs mais "tradicionais" ( similares às dos gregos, Ilhas dos Bem Aventurados/ Campos Elíseos, pra não instigar certos tipos de questionamentos mais abstratos e perigosos pra ortodoxia católica da época ( já que, inclusive, a igreja católica irlandesa já era um tópico polêmico na época).

Claro que, num contexto desses, NINGUÉM tem como saber ao certo como era o Otherworld,nem Bernard Corwell nem Marion Zimmer Bradley* e MUITO MENOS EU, claro.

*que, na melhor das hipóteses, só teorizavam em cima de especulações de antropólogos ( fodões, é verdade, mas não deuses oniscientes e, por isso mesmo, polêmicos como o próprio Iolo Morganwg era, o escritor do Barddas).Pessoas como Maria Gimbutas, Margareth Murray e James Frazer ( cujo Ramo de Ouro foi citado pela própria Bradley na introdução do Brumas),

Mas,Snaga, fato é que tem um texto galês, tardiamente compilado na época do Iluminismo por indivíduo "neo-pagão" da época, os Barddas, ( considerado por alguns uma fraude mas segundo T.W.Rolleston contendo um núcleo de pensamento esotérico que nós sabemos não ser cristão) que tem uma idéia MUITO PARECIDA com o retorno pra fora de Eä pra um destino ignorado e, possivelmente, reencarnações como seres "divinos" ou seja, dando a entender que Annwn ( pronunciado Annûn igual o termo tolkieniano pra Ocidente ( outra coincidência) podia não ser só uma coisa no nosso Universo ( chamado Abred assim como Tolkien concebeu Eä) mas sim algo FORA.

Gostando ou não, os antropólogos e mitólogos superortodoxos, e, inclusive, várias pessoas de persuasão Neo-Pagã ( vejam a ironia, mas lembrem-se da atitude de Valatan no fórum, por exemplo, e vcs entenderão o que eu falo) o Barddas é a coisa mais próxima para a qual temos acesso hoje em dia do que PODE ter sido um resquício da teologia céltica verdadeira e, para qualquer um que ler o capítulo sobre ele no livro de T.W.Rolleston, ficam ÓBVIOS os paralelos com a teologia do Legendarium de Tolkien.

Ademais, o Barddas NÃO PRECISA ser genuíno pra ter influenciado o Tolkien e a evidência aponta pra essa conclusão, PARECE TER influenciado e não foi pouco. Até porque JUNTA mitologia céltica "pagã" e pensamento teológico "cristão" que, muitos neo-pagãos e cristãos bitolados acham, NUNCA PODERIA ser pensamento druídico autêntico. Tão sacando o porquê do bias do texto sobre o Barddas que eu linkei né? Triste mas é verdade.

The realm of the evenstar-la religion de los antiguos celtas

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Alma Celta, Druidismo & História

Se quiserem uma opinião acadêmica sobre o Neo-Druidismo celta e, presumivelmente, um pouco sobre a credibilidade do Iolo e de Barddas pode ler aí As Origens do Neo-Druidismo: Entre Tradição Céltica e Pós-Modernidade
Ana Donnard[*]


Honestamente, gente, pra quem leu O Herói de Mil Faces ou As Máscaras de Deus do Joseph Campbell e conhece, por exemplo, mitologia hindu ( que nunca foi censurada/editada/evemerizada por nenhum clérigo ou monge cristão) SABE que isso é balela, cascata, bullshitagem. Os pagãos podiam ter sim e frequentemente, chegavam a ter idéias suspeitosamente "cristãs" demais pro gosto de quem gosta só de enfatizar a Falsa Dicotomia-Pagão ou Cristão que vemos por aí afora, inclusive, ocasionalmente, nesse mesmo fórum.

Of course, it is nothing of the kind. The book--which claims to be the translation of manuscripts originally belonging to one Llewellyn Sion of Glamorgan, which then came into the hands of Iolo Morgannwg who compilied the Sion manuscript with other earlier manuscripts he had copied. If there was an authentic Llewellyn Sion MS--and some scholars do believe there was one, as there was a Llewellyn Sion who was an early antiquarian--then it was no earlier than the late sixteenth century, and can hardly be considered full of authentic ancient traditions.

Instead, the contents of the book show a sort of mystical Christianity, not druidic theology. There are references both the old Welsh heroes and to Jesus, and gives an interesting--though not druidic--cosmology: There are two opposing forces in the universe--God (energy tending towards life) and Cythrawl (energy tending towards destruction, emanating out of Annwn, the Abyss). Now, God spoke his name, and manred--matter--formed into three planes of existence: Abred (the innermost circle where life and Cythrawl battle--this is our plane, apparently), Gwynfyd ("purity" where life exists free from evil), and Ceugant ("infinity" where God alone exists). Now, none of this is to be found in any Welsh or Irish mythology, but only in the writings of Iolo Morgannwg. The book also contains many short poems attributed to various bards (Talhaiarn Tadawen, Peredur, Taliesin, Myrddin), which of course do not exist in any manuscript except for those owned or copied by Morgannwg. (Hmm...) It also contains long series of triads pretaning to the conduct and beliefs of bards--Morgannwg had a fondess for triads, and this was the second time he forged a book of triads and passed them off as ancient (the first is in the Myvyrian Archaiology). It is also the origin of the Coelbren alphabet, which is also of questionable origin.

O paralelismo entre o Abred criado pela Palavra do Espírito Primevo com a Eä trazida por Eru à existência é GRITANTE e as pessoas só não comentaram isso em inglês até hoje por causa disso aí.

Desnecessário dizer que não são celtas

Tolkien e a mitologia céltica- Uma relação de amor e ódio

que são meu ensaio e meu tópico ( resgatado do crash via cache do Google) onde analiso as causas do falso repúdio de Tolkien à mitologia celta. Reparem como ( eu só fui ver isso depois) bate com o que a Anna Donnard professora com doutorado da Faculdade de Uberlândia diz sobre o uso e cooptação que os "anglo-saxônicos", "anglófilos" ( pra homenagear nosso querido Valatan que, creio, não entendia bem o significado da palavra) fizeram da mitologia céltica em geral e do Legendarium Arthuriano em particular


As origens “Celtas” do mito arturiano (Parte I)


Qualquer um que quiser fazer a coisa "celta" e entender que "melda" é essa do assunto ser censurado até mesmo em inglês ( com texto sendo liberado pra internet UM ANO E MEIO DEPOIS da data normal), TEM QUE ler esses dois textos em português pelo menos.

Boa leitura pessoal :;):

O Paraíso Terrestre (Earthly Paradise) céltico, então, nessa concepção do Barddas, poderia ser só, como Aman era, no caso dos Homens, como você disse, um pit stop; uma parada pra reflexão antes de uma "separação que vai pra Além dos Círculos do Mundo". O Annwn dentro do nosso Mundo seria uma "antesala" do "Paraíso" ( que em inglês é o "Heaven" propriamente dito.

E pra quem quiser aventurar-se a ler , na íntegra, os Barddas taí o link pra versão online.Quem sabe alguém faz isso e aí me dá aula a respeito dele? Tarefas hercúleas dessas, infelizmente, não batem bem com "vida real", RL.

Barddas volume I

Ablações pla vcs e façam a "coisa celta"... .Aprendam a ler em inglês e devorem esse angu de caroço pra não terem que esperar as editoras brasileiras ficarem com peninha de vocês por causa da inexistência de material celta traduzido.

Lembremos que O Mabinogion, com o conto que é a influência mais "na cara" de Beren e Lúthien ainda não tem edição nacional apesar de já ser tema de teses e mais teses nas universidades de Sampa do Rio de Janeiro.

Nota: pra quem gosta de Avatar-The Last Airbender, o Iolo Morganwg do Barddas foi quem criou a figura mitológica do Hu, o análogo de Tom Bombadil que aparece nos dois últimos anos da série original. O nome significa "aquele que se espraia" ideal pra versão do desenho animado.

Repararam? ( morada, poderes sobre a natureza, compleição física, tamanho) quem assistiu o episódio onde ele aparece ( O Pântano episódio, quatro do livro da Terra-segunda temporada ou episódio 24) sabe o que quero dizer com o paralelismo com A Floresta Velha, Em Casa de Tom Bombadil e Nevoeiro nas colinas dos Túmulos, os capítulos "bombadilianos" do SdA)
Wikipedia- Hu Gadarn

Lá ele é chamado Huu ( com dois Us) pra disfarçar a conexão com o ser (aparentemente criado por Iolo) considerada uma divindade pelos neo-pagãos de nossos dias.

250px-Huu.png

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tom.jpg


Coincidência ou não , na tradução do Aventuras de Tom Bombadil pro castelhano tem a expressão "Huu Tom Bombadil!!" Huummmmm:think:)

http://redecanais.tv/musicvideo.php?vid=efb7cdca8

Novamente, nem tanto também ;) (...)
Mas,Snaga, fato é que tem um texto galês, tardiamente compilado na época do Iluminismo inglês por indivíduo "neo-pagão" da época, os Barddas, ( considerado por alguns uma fraude mas segundo T.W.Rolleston contendo um núcleo de pensamento esotérico que nós sabemos não ser estritamente cristão) que tem uma idéia MUITO PARECIDA com o retorno pra fora de Eä pra um destino ignorado e, possivelmente, reencarnações como seres "divinos"; ou seja, dando a entender que Annwn ( pronunciado Annûn igual o termo tolkieniano pra Ocidente ( outra coincidência) podia não ser só uma coisa no nosso Universo ( chamado Abred assim como Tolkien concebeu Eä) mas sim algo FORA.

(...)
Ademais, o Barddas NÃO PRECISA ser genuíno pra ter influenciado o Tolkien e a evidência aponta pra essa conclusão, PARECE TER influenciado e não foi pouco. Até porque JUNTA mitologia céltica "pagã" e pensamento teológico "cristão" que, muitos neo-pagãos e cristãos bitolados acham, NUNCA PODERIA ser pensamento druídico autêntico. Tão sacando o porquê do bias do texto sobre o Barddas que eu linkei né? Triste mas é verdade.

Confirmação do que eu havia falado aí nesse quote do último post. Acabei de achar prova conclusiva de que Tolkien tinha e leu os Barddas de Iolo Morgawng aí no site de Hammond e Scull, autores the J.RR Tolkien Companion and Reader's Guide. Eis porquê meus posts tendem a ficar enormes mesmo, eu vou aprendendo e achando coisas à medida que vou escrevendo no fórum

p. 120, entry for 1923: Add at end: ‘– He inscribes the date ‘1923’ in his copy of Barddas, or A Collection of Original Documents, Illustrative of the Theology, Wisdom, and Usages of the Bardo-Druidic System of the Isle of Britain, vol. 2, translated with notes by John Williams ab Ithel (London, 1874).’

Tem esse daí tb sobre livro adquirido em 1922

Iolo Manuscripts, translated with notes by Taliesin Williams (2nd edn., Liverpool, 1888);

Hauhauhau. Taí as provas que eu queria ver de que, afinal de contas, ele tinha a bagaça na sua "pequena" biblioteca pessoal de mais de cem livros doada pra Oxford só sobre Mitologia Céltica; DUAS TRADUÇÕES diferentes do Barddas e outros escritos do Iolo.

Pois é, tudo mitologia céltica, aquela mesma pela qual ele disse que tinha "uma certa aversão". O Cristopher Tolkien doou ela todinha pra Faculdade de Inglês de Oxford e pra Bodleian Library de lá ( graças a Deus diga-se de passagem).

Praticamente prova a influência do texto sobre a composição da Ainulindalë como eu suspeitava.


Quando vi as imagens também fiquei pensando no quanto Tolkien como católicos teria dificuldade em reconhecer a inflencia de uma mitologia essencialmente pagã e usada em cerimonias religiosas.
[/quote]


Na verdade, o Tolkien nunca teve muita dificuldade em reconhecer a procedência de elementos pagãos nas fontes dele e nem, tampouco, para lhe dar crédito, em reconhecer a possibilidade de verdade divina revelada em obras pagãs, o lance é a respeito de elementos reconstruídos antropologicamente e, depois, associados ao Paganismo Contemporâneo (Neopaganismo),como é o caso da Wicca e outras denominações, e não o Pré-Cristão histórico, "verdadeiro",que Tolkien teve relutância em admitir como influência.

E compreensivelmente, diga-se: reconhecer esses elementos na ficção dele é uma coisa, mas, quando esses ítens passaram a ser parte do cânone de uma religião pagã revivida, a coisa muda de figura e esse fenômeno aconteceu durante o processo de gestação do SdA, foi contemporâneo dele.

Muitos passariam a achar que, no momento em que Tolkien, por exemplo, admitisse a influência do arquétipo moderno ( reconstruído a partir do trabalho da Margareth Murray) do Deus de Chifres ele estaria, com o sucesso de seu Senhor dos Anéis, ENDOSSANDO a prática ou a relevância de uma religião pagã na contemporaneidade o que é algo TOTALMENTE diferente de reconhecer um grau de "verdade" inata e coexistência de elementos pagãos e cristãos na sua ficção que, era, muito possivelmente, dada a leitura do seu Mythopoeia, o que ele consideraria a leitura "correta"..

Tolkien tinha medo de que sua obra pudesse ser entendida como um libelo pró ecumenismo sincrético pagão-cristão em termos de teologia REAL 'moderna" e, por isso mesmo, passou a ser tão cheio de "mistérios" e retrocessos com relação a alguns dos usos mais heterodoxos dos mitos na década de 30 (como por exemplo a idéia de Yavanna ser "mãe virgem" de Oromë).

A "verdade" mitológica subcriativa sobre o Tom Bombadil, a origem "in universe" dele na ficção do JRRT é, muito provavelmente, uma casualty/baixa ou "dano colateral desse processo que ocorreu à revelia do Tolkien: a noção de que elementos de estudos antropológicos e míticos feitos na écada de 20 pra frente foram, AO MESMO TEMPO, inspiração pro trabalho dele mas, TAMBÉM, alvo de uma cooptação "religiosa" por parte de alguns dos leitores desse material que resultou no Neopaganismo.

Daí, sem querer, ele já fazia uso do que se tornaria o cânone neo-pagão ANTES desse cânone passar a existir, motivo em função do qual, no fim, ele "tentou comer o bolo e conservá-lo tb", ou seja, "ficou em cima do muro": manteve o que ele já tinha feito praticamente intocado e sem alterações, mas se absteve de "explicar" "in universe" pq, senão, iria estar fazendo apologia não-intencional da perspectiva neopagã contemporânea, coisa que ele NÃO QUERIA fazer.
 

Anexos

  • lewis-grahame-paganism.pdf
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Última edição:
Poxa nota dez pessoal, a discussão está rendendo muito!!! O que eu gostaria de perguntar a vocês é com relação a questão dos deuses. Vocês acham que as deidades de Tolkien se aproximam daquelas que fazem parte do conjuntos céltico-irlandês. Saudações!
 

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