Eu reconheço isso e, por isso, terminei minha mensagem com a observação de que: “As leis do Céu não são as leis brasileiras. Elas estão em vigor, não importa a lei que esteja em vigor no Brasil.”
É claro que as Leis do céu não são as brasileiras, é por isso mesmo que as Leis brasileiras TEM QUE MUDAR. Uma sociedade, ainda mais todo um mundo que não seja regido pela manifestação do mundo humano das leis eternas e transcendentes tem de ser negada, enfrentada, derrubada e outro Mundo erguido em seu lugar.
Eis o mote da Revolução Conservadora.
Não existe muro.
Errado. Errado. Errado.
Novamente: “As leis do Céu não são as leis brasileiras. Elas estão em vigor, não importa a lei que esteja em vigor no Brasil.”
É claro que as leis divinas continuam a agir, independente das leis profanas que estiverem em vigor no Brasil, mas é um fato que quão mais profanas e antitradicionais forem tais leis, mais elas afastam da Via do Céu aqueles, grandes e pequenos, que a ela poderiam aspirar.
Inversamente, não fosse o estado de degenerescência espiritual, tal profanização nem se daria.
Paganus, antes que tu te converta para o hinduísmo, tornando ela a tua quarta religião na vida, deixa eu te explicar exatamente o que eu vejo, através dos meus estudos, tá? Vamos voltar pro teu quintal da casa: a Kaballah.
Tá vendo lá embaixo, um círculo chamado “Malkuth”? É o planeta Terra.
Os judeus reconhecem, como aparentemente todo mundo aqui exceto tu reconhece, que o planeta Terra está na esfera mais baixa de evolução espiritual. Tem nove esferas sobre a Terra, o que nos dá um dado maravilhoso: uma porcentagem. Aparentemente, no planeta Terra, tu só pode esperar uns 10% de evolução.
E é isso que eu espero da raça humana: 10%. Nada mais. Eu espero que qualquer ser humano que tenha uma preocupação puramente profana esteja apenas 10% certo sobre tudo, e 90% do tempo completamente enganados.
Isso me dá desculpa para estar enganado 90% do tempo?
Absolutamente não. Como eu disse: “As leis do Céu não são as leis brasileiras. Elas estão em vigor, não importa a lei que esteja em vigor no Brasil.” Mas eu tenho de reconhecer que a raça humana vai fazer 90% de leis que são totalmente erradas, e que é
minha responsabilidade não segui-las e não abusá-las.
Mas eu também fui ensinado que eu não vim para ser o
“Judge Dredd” divino. Eu não vim aqui para ser professor, mas sim para ser aluno e colega. Não é minha função ser juiz, juri e executor. Portanto, a união civil brasileira de homossexuais não me afeta do ponto de vista em que a minha função como colega é dizer, por exemplo “olha Fulano,
tu me perguntou o que eu pensava de tu te casar com o Sicrano: a minha educação é que tu veio como homem e tu deveria respeitar que o sexo que tu nasceu, e que as tuas vontades são diferentes do que deveriam ser porque tu está descompensado energeticamente, e isso se conserta nesta vida desviando o teu desejo sexual para uma outra área da tua vida (como Fernando Pessoa fez, por exemplo); porém, se tu quiser casar com o Sicrano, eu aceito a tua decisão e espero que vocês sejam felizes, e que juntos vocês consigam fazer muito bem pelos que os cercam.”
Pronto. Deus é que tem de julgar os atos dele, não eu. É o Fulano que tem de escolher o caminho certo, não
eu que tenho de ditá-lo.
Eu acho que essas ideias de que o governo tem de forçar uma pessoa a fazer as escolhas religiosas “corretas” é uma babaquice paternalista absurda. Um ser humano não aprende nada ficando embaixo da barra da saia da mamãe e do papai; é só quando o ser humano diz “eu sou um adulto, e eu tenho responsabilidade de fazer o meu caminho” que ele realmente cresce. Em nenhum momento a raça humana se beneficiou de leis profanas mais restritas, mas se beneficiou sim de uma educação mais qualificada. Eduque bem uma pessoa e ela dificilmente vai transgredir uma lei, seja profana ou espiritual. Então, ao invés de brincar de transformar em vão o Brasil no Reino de Deus, te preocupa em educar as pessoas e
perdoar se elas não fazem o que devem.
Não que eu acredite que tu vai fazer isso, Paganus, mas eu te perdoo.
Mas nada do que você coloca cá embaixo contradiz uma vírgula do que eu falei. O problema está em que você confunde a coragem viril que é o motor do perdão e da humildade que se deve ter como princípio de toda ascese com pura violência materialista, sendo que estou falando exatamente o contrário.
Da mesma forma você associa o moralismo mais pacifista, covarde e, por isso mesmo, materialista e daemônico, a algum tipo de grande empreendimento espiritual, renascimento espiritual.
É muito visível que nesse post se passa por alto todo o valor da metafísica da guerra, da transcendência da luta, da batalha, da verdadeira espiritualidade solar como tendo por fundamento a coragem e bravura heroicas, sendo estas a base de todo empreendimento iniciático, de toda conquista ascética de estados superiores do ser, de toda transfiguração do homem em Deus. Associa-se o dessemelhante ao semelhante cá por uma questão moralista, pacifista, à qual você não quer largar por puro hábito.
A Revolução não possui nada de orgulhoso, arrogante, e mesmo de violento, até porque tal Revolução não se luta unicamente pelas armas, mas antes a luta armada nada mais é que a 'pequena Guerra Santa' a que faz menção o Alcorão, a manifestação mais exterior e contingente da 'Grande Guerra Santa', a saber, a luta contra os demônios das paixões, o poder inférnico e subpessoal dos instintos baixos, da animalidade das ideias e dos costumes, da antitradição. da contra-iniciação, como uma força dispersiva que distorce o equilíbrio entre o Céu e a Terra.
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E isso é particularmente interessante, Slicer, porque lança novas luzes sobre a questão que você traz à baila sobre
os estados múltiplos do Ser. De fato, o estado individual humano ser apenas um dos inúmeros estados possíveis do ser, e ser possuidor de uma determinada contingência não invalida minhas colocações.
Partindo do ponto da metafísica pura (em vez de algum ponto de vista mais particular, envolvendo este ou aquele estado de manifestação e aplicações 'mágicas' particulares), o nosso estado humano é sim, contingente, pela distância que o separa do Centro, como o raio da circunferência está distante do centro do círculo, desenhado pelo compasso que, enquanto símbolo conhecido na maçonaria e tradições iniciáticas ocidentais, representa propriamente o Céu, ou seja, o Centro de onde provém toda a manifestação, seja de que estado for, em um movimento descendente. É desse mesmo Centro que, em um movimento ascendente, que se procede a gradual transformação do homem, com o fim de transcender o estado individual humano para ase atingir tais estados superiores.
Desnecessário dizer que apenas transcender o estado humano não implica na pura Identidade com o Princípio, mas antes se encaminha nessa direção, ou não, conforme a tentação do 'mundo dos deuses' se apresenta para seduzir os 'homens superiores' que 'estacionam' nesses estados angélicos e olímpicos. Mas de qualquer forma, o homem que se alça a essas realidades começa pelo mundo humano, ele não deixa de ser homem, antes atualiza em si todas as potencialidades do seu ser homem, latentes no seu estado específico. Nessa caminhada ascensional, o que quero dizer, é que não se trata de um movimento anárquico como pressupõem as ideologias modernas pseudo-esotéricas do reencarnacionismo e congêneres, mas de uma verdadeira ascese contemplativa e da ação pela qual os condicionamentos são gradualmente conquistados pela força, uma força mística, iniciática.
E não é apenas pela via contemplativa, que você aponta, que essa conquista se opera, mas também pela via da ação, a via sexual e marcial, a vida do guerreiro asceta, do monarca, a vida aristocracia, do Imperium.
Logo, não importa que você queira se contentar a um papel de mero espectador sem brio diante das convulsões antitradicionais, isso á antitradição que se apodera dos estados diversos de manifestação, segundo a marcha descendente do ciclo, que é a natural marcha da manifestaçaõ, contrariamente á via ascensional. Nós, mesmo pela via simplesmente contemplativa que você aponta, o caminho do sacerdote do brâmane, da Lua, não aceitamos jamais tal Yuga de Ferro como algo normal, mas antes vemos nela sua verdadeira face Kálica e toda renúncia ascética não é nenhuma fuga do mundo, ou acovardamento pseudo-místico, mas uma verdadeira guerra espiritual contra ela. O asceta renuncia ao mundo para lutar contra as forças de dissolução no deserto, que é seu campo de batalha. Suas armas são a oração e a ascese.
Assim como a espada, a ação impessoal, a luta contínua contra toda forma de pecado e submissão aos aspectos inferiores da existência é o caminho do nobre, do guerreiro, do kshatrya, a via do Sol.
Não há nada de fortuito e que peça nenhuma covardia, nenhuma inércia por uma 'humildade' que nada tem de viril e transcendente, dentro da manifestação corporal, por contingente que esta seja. O caminho metafísico é o que coloca no homem o centro da caminhada ascensional, como o termo de sua jornada.
É por isso que o tradicionalista ainda crê na sua luta: não pretendemos impedir a inevitabilidade da Kali Yuga, muito menos da grande pralaya, a Grande Dissolução, mas pretendemos, dos escombros das grandes civilizações tradicionais, plantar as sementes do novo ciclo pós- dissolução. É por não perdermos de vista a via do Céu que se percorre desse baixo estado rumo aos superiores que não cruzaremos nossos braços, seja com o fuzil na mão, seja com o rosário. Em ambos os casos, não somos nós que lutamos, mas o Absoluto luta em nós, através de nós, Krishna através de Arjuna.
E isso nada tem que contradiga o cristianismo ortodoxo, como nenhuma de suas objeções contradiz a Unidade Transcendental de Todas as Tradições.