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Cotas Raciais

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Depois pessoas como você ficam ofendidas quando escrevem artigos carregados de ironia como aquele do Antonio Prata, dizendo que têm uma ideia errada dos de direita etc. =/

1) Como são as pessoas como eu, Clara?
2) Você citou o meu post e depois jogou esse papinho de "depois vocês reclamam" como se a sua crítica fosse auto-explicativa. Só que não é. Se você tem alguma coisa para analisar sobre o que eu escrevi, analise, por favor.

Se toda e qualquer crítica às ações ações afirmativas for automaticamente interpretada como racismo, então o debate está encerrado, né? Inclusive é bom avisar isso para os negros que são contra as cotas - e que então devem ser racistas.

3) E pq você citou o meu comentário do tópico do artigo do Prata? Qual é o seu ponto? Eu reforço cada palavra que disse.

É que estou com o saco cheio de gente que usa palavras bacanas (e frases feitas) pra encobrir preconceito.
Não acredito mesmo que uma figura como essa (Rodrigo Constantino, que escreveu o artigo acima) está preocupada com a qualidade das universidades.

E eu estou de saco da ideia de que é válida qualquer ação quando o objetivo é nobre.

Não me interesso em saber quem definirá as "injustiças que são compensadas", ou se é justa a "punição intergeracional".

Você não se interessa pq você acha que qualquer coisa é automaticamente justificável para resolver o problema. Dane-se o fato de que os pobres (sejam eles branco ou negros, como a @Seiko-chan falou) estudarem em escolas de merda e por isso não conseguirem vagas nas universidades públicas. Danem-se os motivos que geram a falta de médicos no interior do país. Vamos resolver é a falta de médicos e a falta de negros nas universidades. O debate, como eu já falei, é passional, e a sua reação só confirma isso.

Então quer dizer que as universidades brasileiras estão decaindo por causa das cotas?

Não sei, isso precisa ser objeto de estudo, ué. Eu acho, no entanto, que esse deveria ser um problema de cada universidade.

Que tem gente não-negra sendo prejudicada com a entrada dos cotistas ?

Essa é a mais óbvia: Menos vagas para serem preenchidas pela meritocracia. Só que, como falei anteriormente, se a universidade quer usar a diversidade étnico-religiosa como critério de admissão, então essa deveria ser uma decisão dela.
 
Última edição:
Olha... Como eu disse, defender incondicionalmente o regime de cotas 'raciais' me cheiram a ranço. Puro ranço histórico.

Quem vêm com discurso de defesa de cotas só pela ideologia racial certamente presume que branco no Brasil não nasce pobre, ou tem mais 'facilidade' para conseguir ser alguém na vida.
Isso soa para mim, sendo eu considerada branca (embora tenha ascendência afroindígena direta) e nascida pobre, muito irreal e contraditório.

Presumir que o negro e o índio, no Brasil, teriam mais dificuldades para estudar e construir uma carreira acaba sendo verdade, infelizmente, e por 'n'motivos. Mas ao contrário do que muitos possam saber sobre a realidade das classes menos abastadas, brancos nascidos pobres TAMBÉM são discriminados por pessoas de classes sociais mais favorecidas, e eu senti isso na pele. Somente aos 26 anos de idade pude cursar uma faculdade, e mesmo assim como bolsista, senão jamais teria conseguido. As dificuldades para se manter até mesmo em uma pública são imensas, para quem não pode deixar de trabalhar para viver.

Eu me pergunto por que então estudantes brancos, nascidos abaixo da linha da pobreza, também não teriam direito a cotas. A resposta para isso usa a mesma lógica de que, "assim como negros e índios não teriam capacidade de ingressar na faculdade sem o auxílio das cotas raciais, o branco pobre têm automaticamente qualificações que o colocam em melhores escolas e empregos só pelo fato de ter nascido branco". Repito, do meu ponto de vista e com conhecimento de causa, que isso não é manifestar um desejo de igualdade, mas uma tentativa fracassada de reparação histórica, que gera as mais tortuosas interpretações e sentimentos de injustiça: não poucas vezes ouvi comentários do tipo "sou branco, nasci na mesma favela que o negro, frequentei a mesma escola mas não tenho melanina o suficiente para merecer uma cota que me ajude a entrar na faculdade e batalhar por um futuro melhor". Eu não estou supondo isso. Eu sei.

A ferocidade com que é defendida a política de cotas 'raciais' têm cheiro forte de retaliação. O argumento implícito nas redes sociais hoje cheira a "você é branco, e não importa se tenha nascido 150 anos depois, você têm de pagar por todo o sofrimento do meu povo". Isso, na minha opinião, não é lutar por igualdade, isso é querer virar o jogo e pagar com a mesma moeda. Não sou contra negros e índios serem favorecidos por cotas raciais: sou contra essa segregação velada, mas presente, por uma condição puramente biológica.

Seiko, achei que você ponderou muito bem a questão, e eu tenho uma opinião parecida com a sua. É realmente um grande perigo que um argumento inclusivo se torne não só num argumento segregador, mas dependente. Mas será que podemos falar de uma condição puramente biológica?

Não duvido que o argumento nas redes sociais possa beirar isso que você disse ou o argumento contrário que, pelo bem de nossos estômagos, é melhor nem mesmo tentar formular. Contudo, a coisa talvez seja também "você é branco, e não importa se tenha nascido 150 anos depois, nós ainda estamos numa cultura de valores brancos e o sofrimento de meu povo ainda não acabou". Se por um lado é verdade que existem brancos, e na verdade existem pessoas de todos os tipos que não possuem as mesmas oportunidades, por outro lado não podemos negar que houve uma construção histórica inegável de repressão ao negro. E não falo isso nem tanto no sentido de que o branco não foi oprimido em algum momento histórico. Acho que a coisa é mais: o branco também foi explorado na história. Mas o ser branco não. A consciência branca nunca foi posta em cheque. Os brancos podiam ser pobres também; mas podiam também ser ricos.

E por aí vai.

Não sei se sou a favor ou não de cotas raciais... O resto do post que eu faria está próximo do seu. Vejo mais validade numa cota econômica, mesmo num critério de maior abrangência e por um afastamento da segregação, efeito colateral que infelizmente pode ocorrer.
 
acho que o mavericco já conseguiu colocar bem o que eu teria a dizer sobre o assunto, mas como ele não falou de cotas vou dar meu posicionamento.

eu vejo cotas como um paliativo, uma tentativa de buscar um equilíbrio numa situação que todos sabem desequilibrada. mas de novo, "paliativo". acho que a solução real seria investir de fato em educação de qualidade desde o começo (não só nos anos pré-vestibulares), para que tanto o sujeito que paga escola cara quanto o sujeito que estuda em escola municipal/estadual tivessem chances reais quando chegassem no vestibular (independente da cor da pele, classe social, ou o que for).

problema é que a gestão do brasil sempre é feita de remendos, não de ações definitivas (e isso não só "governo pt", qualquer governo). botam lá a cota como paliativo, e depois passam anos e anos e anos e o modelo se cristaliza e o ensino de base continua um lixo (não em todos os casos, sei que há escola pública que faz das tripas coração para tentar manter um bom nível de qualidade), porque dá para contar com a garantia da cota para liberar acesso à universidade, etc. enfim, eu sei que não parece um posicionamento definitivo sobre o assunto, mas também não acho que o caminho nesse assunto seja ser absolutamente contra e absolutamente a favor. há a necessidade do equilíbrio*, há quem se julgue lesado por ficar de fora do grupo que ganha o benefício, e por aí vai... só acho que enquanto continuarmos focando em ser contra ou a favor das cotas ao invés de cobrar educação de qualidade do governo, vamos só ficar andando em círculos.

_______________
* sobre a necessidade do equilíbrio: quem não é de curitiba talvez não tenha ficado sabendo, mas não temos feriado no dia da consciência negra aqui na cidade. já ouvi coisas do tipo "mas curitiba nem tem negros" (gorfei). enfim, era para começarmos a ter esse ano, mas os sindicatos do comércio e da construção civil entraram com um pedido para que não fosse feriado se baseando no prejuízo que esse dia parado causaria (engraçado que no rio e são paulo é feriado há anos e aparentemente esses lugares dão conta do tal do prejuízo. ou ainda, que tradicionalmente o brasil para em dia de jogo da copa do mundo, mesmo quando o jogo acontece no japão ou na frança, mas né, prioridades.) hmkay. aí eu cito aqui o blog do sakamoto:

Hoje é dia da Consciência Negra em muitos municípios do país.

Mas não em Curitiba, capital do Paraná.

Porque os sindicatos dos patrões da construção civil e do comércio conseguiram revogar o feriado.

E o Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal confirmaram.

Não há negros nas diretorias da Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná e da Associação Comercial do Paraná, como informaram suas próprias assessorias, de acordo com boa reportagem de Rafael Martins, do UOL. O Tribunal de Justiça do Paraná não soube informar quantos dos seus 120 desembargadores são negros. Já o STF tem apenas um.

Os brancos são minoria no país, de acordo com o IBGE.

Os trabalhadores da construção civil têm rendimentos menores e jornadas de trabalho mais extensas do que média dos outros trabalhadores no Brasil, de acordo com o Dieese. Uma pesquisa feita nas regiões metropolitanas apontou que negros recebem 69,6% da remuneração dos não negros na construção civil e 68,3% no comércio.

O 20 de novembro, quando se rememora a vida e morte de Zumbi dos Palmares, mas também a de sua companheira, Dandara, deveria ser um momento de reflexão e de resistência sobre os frutos da escravidão e de um 13 de maio incompleto, que significou mais uma mudança na metodologia de exploração da força de trabalho do que a garantia da dignidade de fato. Dia que deveria ser aproveitado por todos aqueles que têm seus direitos fundamentais rasgados para uma análise mais profunda do que têm feito para sair de sua condição de gado.

Menos em Curitiba.

Pois, para muita gente, só o trabalho liberta.

Tinha que ser preto mesmo! Preto quando não faz na entrada faz na saída. Sabe quando preto toma laranjada? Quando rola briga na feira. Amor, fecha rápido o vidro que tá vindo um escurinho mal encarado. Olha, meu filho, não sou preconceituoso, não. Até tenho amigos negros.Ouviu aquele batuque? É um terreiro de macumba. Logo aqui na nossa rua! Mas o João Vítor vai dar um jeito nisso, ele conhece uma pessoa na subprefeitura que vai tirar essa gente daí. Essas coisas do diabo me dão arrepios. Eu adoro o Brasil porque é um país onde não existe racismo como nos Estados Unidos. Aqui, brancos e negros vivem em harmonia. Todos com as mesmas oportunidades e desfrutando dos mesmos direitos. Se eu deixaria minha filha casar-se com um negro? Claro! Se ela conhecer um, poderá sem sombra de dúvida. Tá tão difícil encontrar uma empregada decente ultimamente. Ainda bem que achei a Maria. Ela é de cor, mas super honesta. Quilombolas são pessoas indolentes. Erra o governo ao mantê-los naquele estado de selvageria.
 A terra poderia estar sendo usada para produzir algo, sabe? Ainda mais com tanta gente vivendo apertada em favelas! É o Brasil… Vê se me entende que eu vou explicar uma vez só. A política de cotas é perigosa e ruim para os próprios negros, pois passarão a se sentir discriminados na sociedade – fato que não ocorre hoje. Ele é um exemplo. É negro e, mesmo assim, virou ministro do Supremo Tribunal Federal sem ajuda de ninguém. Cotas ameaçam o princípio de que todos são iguais perante a lei, o que temos conseguido cumprir, apesar das adversidades. Meu filho não vai fazer um projeto de escola sobre coisas da África. A gente é evangélico e queremos que ele leia a bíblia e não esses satanismos como… como…como era o nome daquele livro mesmo que a professora passou? Sim! Macunaíma.

Refletir para quê? O Brasil não é preconceituoso.

http://blogdosakamoto.blogosfera.uo...e-comercio-nao-gostam-da-consciencia-negra-2/

observação aleatória: não aguento essa mania de colunista de escrever frases curtas e pular parágrafo. ALOOOOOU, CONJUNÇÕES!!!!

enfim, sobre o que estava falando. não acho que deveria ser feriado, não é uma questão de "dia de folga para os negros", como alguns quiseram colocar (até porque é feriado para todos). passei 32 anos da minha vida sem feriado, não é agora que mudaria algo para mim. mas é inquestionável que toda a discussão a respeito disso trouxe um ranço que domina a cidade há tempos, escondido sob a ideia de que "brasileiro não tem preconceito". ouvi de muita gente um "cadê o dia da consciência branca?", e fiquei pensando que a pessoa nem se deu conta do que significa o dia da consciência negra. talvez seja o mesmo tipo de gente que propõe dia do orgulho hétero. porque afinal, todos nós sabemos como é difícil ser um homem branco heterossexual nos dias de hoje. muito preconceito. :no:
 
Esse tópico ainda é da saudosa época que o Morfindel só criava enquetes :lol:

Hoje cada vez mais sou contra a criação de qualquer tipo de cota seja qual ela for. Pra mim sempre soará como uma muleta que só atesta a incompetência dos governos em não ser capaz de resolver uma situação, aí apela-se pra atitude mais simplista como essa porque baixando decreto é fácil e rápido implantar milhares de cotas do que você quiser, pra depois esfregar na cara de todos nós no horário político que o governo fez alguma coisa e depois permanece acomodados e a situação continua como está.

Eu vejo cota como uma "gambiarra", um improviso, que tinha que ser algo provisório e temporário até poder resolver um determinado problema, mas aqui sabemos que não funciona assim.
 
Pois é, também acho que a medida deve ter caráter temporário. Como foi discutido em outro tópico, a política de cotas será reavaliada em 2022. A questão é: Sob qual critério? A justificativa da lei das cotas fala claramente do objetivo de corrigir distorções no ensino básico, de modo que esse, ao meu ver, deveria ser o principal critério para avaliar essa política de ação afirmativa. Só que o mais provável é que lá em 2022 vários casos de sucesso de beneficiados pelas cotas sejam citados como prova de que o programa deverá ser mantido. Ao meu ver, é a forma errada de encarar o problema, olhando apenas o resultado e ignorando as causas. É uma política teoricamente de longo prazo? Verdade. Então só nos resta esperar o longo prazo chegar e ver se o ensino básico realmente melhorou.
 
Penso que tem que ajudar famílias de desvalidos com programas que criem um futuro independente do passado.

Se formos medir pela régua da perseguição histórica vão achar brancos fugidos do leste europeu, judeus ameaçados da Alemanha, portugueses com mágoas de franceses e espanhóis, árabes com dívidas a receber de tribos do deserto... O ciclo do passado não tem fundo, então ao deixar de olhar para trás e focar o olhar para frente dá para criar novos vínculos e redes sendo a única opção pra curar a memória de um povo.

Já que o certo é ajudar o pobre que queira progredir ao estudar e trabalhar então tem que fazer com que os programas de auxílio financeiro + bolsa estudandil e auxílio financeiro + bolsa profissionalizante alcancem os membros das comunidades pobres para esses "membros chave" comerem enquanto estão matriculados ou investindo o futuro em alguma alternativa de futuro. Mas não há planejamento decente e ninguém investiga se existem programas assim chegando no interiorzão do Brasil. Daí as cotas de vagas políticas fazem a festa.
 
Compartilhado pelo Ka Bral o Negro no Facebook:


OS 10 MITOS SOBRE AS COTAS
1- as cotas ferem o princípio da igualdade, tal como definido no artigo 5º da Constituição, pelo qual “todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”. São, portanto, inconstitucionais.

Na visão, entre outros juristas, dos ministros do STF, Marco Aurélio de Mello, Antonio Bandeira de Mello e Joaquim Barbosa Gomes, o princípio constitucional da igualdade, contido no art. 5º, refere-se a igualdade formal de todos os cidadãos perante a lei. A igualdade de fato é tão somente um alvo a ser atingido, devendo ser promovida, garantindo a igualdade de oportunidades como manda o art. 3º da mesma Constituição Federal. As políticas públicas de afirmação de direitos são, portanto, constitucionais e absolutamente necessárias.

2- as cotas subvertem o princípio do mérito acadêmico, único requisito que deve ser contemplado para o acesso à universidade.

Vivemos numa das sociedades mais injustas do planeta, onde o “mérito acadêmico” é apresentado como o resultado de avaliações objetivas e não contaminadas pela profunda desigualdade social existente. O vestibular está longe de ser uma prova equânime que classifica os alunos segundo sua inteligência. As oportunidades sociais ampliam e multiplicam as oportunidades educacionais.

3- as cotas constituem uma medida inócua, porque o verdadeiro problema é a péssima qualidade do ensino público no país.

É um grande erro pensar que, no campo das políticas públicas democráticas, os avanços se produzem por etapas seqüenciais: primeiro melhora a educação básica e depois se democratiza a universidade. Ambos os desafios são urgentes e precisam ser assumidos enfaticamente de forma simultânea.

4- as cotas baixam o nível acadêmico das nossas universidades.

Diversos estudos mostram que, nas universidades onde as cotas foram implementadas, não houve perda da qualidade do ensino. Universidades que adotaram cotas (como a Uneb, Unb, UFBA e UERJ) demonstraram que o desempenho acadêmico entre cotistas e não cotistas é o mesmo, não havendo diferenças consideráveis. Por outro lado, como também evidenciam numerosas pesquisas, o estímulo e a motivação são fundamentais para o bom desempenho acadêmico.

5- a sociedade brasileira é contra as cotas.

Diversas pesquisas de opinião mostram que houve um progressivo e contundente reconhecimento da importância das cotas na sociedade brasileira. Mais da metade dos reitores e reitoras das universidades federais, segundo ANDIFES, já é favorável às cotas. Pesquisas realizadas pelo Programa Políticas da Cor, na ANPED e na ANPOCS, duas das mais importantes associações científicas do Brasil, bem como em diversas universidades públicas, mostram o apoio da comunidade acadêmica às cotas, inclusive entre os professores dos cursos denominados “mais competitivos” (medicina, direito, engenharia etc). Alguns meios de comunicação e alguns jornalistas têm fustigado as políticas afirmativas e, particularmente, as cotas. Mas isso não significa, obviamente, que a sociedade brasileira as rejeita.

6- as cotas não podem incluir critérios raciais ou étnicos devido ao alto grau de miscigenação da sociedade brasileira, que impossibilita distinguir quem é negro ou branco no país.

Somos, sem dúvida nenhuma, uma sociedade mestiça, mas o valor dessa mestiçagem é meramente retórico no Brasil. Na cotidianidade, as pessoas são discriminadas pela sua cor, sua etnia, sua origem, seu sotaque, seu sexo e sua opção sexual. Quando se trata de fazer uma política pública de afirmação de direitos, nossa cor magicamente se desmancha. Mas, quando pretendemos obter um emprego, uma vaga na universidade ou, simplesmente, não ser constrangidos por arbitrariedades de todo tipo, nossa cor torna-se um fator crucial para a vantagem de alguns e desvantagens de outros. A população negra é discriminada porque grande parte dela é pobre, mas também pela cor da sua pele. No Brasil, quase a metade da população é negra. E grande parte dela é pobre, discriminada e excluída. Isto não é uma mera coincidência.

7- as cotas vão favorecer aos negros e discriminar ainda mais aos brancos pobres.

Esta é, quiçá, uma das mais perversas falácias contra as cotas. O projeto atualmente tramitando na Câmara dos Deputados, PL 73/99, já aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, favorece os alunos e alunas oriundos das escolas públicas, colocando como requisito uma representatividade racial e étnica equivalente à existente na região onde está situada cada universidade. Trata-se de uma criativa proposta onde se combinam os critérios sociais, raciais e étnicos. É curioso que setores que nunca defenderam o interesse dos setores populares ataquem as cotas porque agora, segundo dizem, os pobres perderão oportunidades que nunca lhes foram oferecidas. O projeto de Lei 73/99 é um avanço fundamental na construção da justiça social no país e na luta contra a discriminação social, racial e étnica.

8- as cotas vão fazer da nossa, uma sociedade racista.

O Brasil esta longe de ser uma democracia racial. No mercado de trabalho, na política, na educação, em todos os âmbitos, os/as negros/as têm menos oportunidades e possibilidades que a população branca. O racismo no Brasil está imbricado nas instituições públicas e privadas. E age de forma silenciosa. As cotas não criam o racismo. Ele já existe. As cotas ajudam a colocar em debate sua perversa presença, funcionando como uma efetiva medida anti-racista.

9- as cotas são inúteis porque o problema não é o acesso, senão a permanência.

Cotas e estratégias efetivas de permanência fazem parte de uma mesma política pública. Não se trata de fazer uma ou outra, senão ambas. As cotas não solucionam todos os problemas da universidade, são apenas uma ferramenta eficaz na democratização das oportunidades de acesso ao ensino superior para um amplo setor da sociedade excluído historicamente do mesmo. É evidente que as cotas, sem uma política de permanência, correm sérios riscos de não atingir sua meta democrática.

10- as cotas são prejudiciais para os próprios negros, já que os estigmatizam como sendo incompetentes e não merecedores do lugar que ocupam nas universidades.

Argumentações deste tipo não são freqüentes entre a população negra e, menos ainda, entre os alunos e alunas cotistas. As cotas são consideradas por eles, como uma vitória democrática, não como uma derrota na sua auto-estima, ser cotista é hoje um orgulho para estes alunos e alunas. Porque, nessa condição, há um passado de lutas, de sofrimento, de derrotas e, também, de conquistas. Há um compromisso assumido. Há um direito realizado. Hoje, como no passado, os grupos excluídos e discriminados se sentem mais e não menos reconhecidos socialmente quando seus direitos são afirmados, quando a lei cria condições efetivas para lutar contra as diversas formas de segregação. A multiplicação, nas nossas universidades, de alunos e alunas pobres, de jovens negros e negras, de filhos e filhas das mais diversas comunidades indígenas é um orgulho para todos eles.

Fonte: Laboratório de Políticas Públicas/ UERJ

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Olorin esse texto não justifica o porque de não usar uma cota socioeconomica ao invés de racial que, sinceramente, é um critério bem mais pragmático e claro que raça. Bastaria um comprovante de renda para se justificar ser cotista ou não.
 
Olorin esse texto não justifica o porque de não usar uma cota socioeconomica ao invés de racial que, sinceramente, é um critério bem mais pragmático e claro que raça. Bastaria um comprovante de renda para se justificar ser cotista ou não.

Número 7. Não é uma ou outra, é ambas.
 
Simplesmente atacaram com o "É curioso que setores que nunca defenderam o interesse dos setores populares ataquem as cotas porque agora, segundo dizem, os pobres perderão oportunidades que nunca lhes foram oferecidas" e no final citam um projeto de lei que propõe 50% das vagas em universidades a aluno da rede pública, o que continua sendo um critério muito menos subjetivo que raça. A pergunta continua, por que cota racial?
 
1- as cotas ferem o princípio da igualdade, tal como definido no artigo 5º da Constituição, pelo qual “todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”. São, portanto, inconstitucionais.

Eu acho esse um argumento pouco relevante para o debate. Se as universidades querem promover a diversidade cultural no corpo discente, então as notas acadêmicas não precisam ser o único critério de entrada. O problema é que...

...garantindo a igualdade de oportunidades como manda o art. 3º da mesma Constituição Federal.

A real igualdade de oportunidade que tem que ser dada é antes de entrar na universidade e pouco é falado sobre isso. O fato é que o gasto do governo na educação é mal feito: GASTO PÚBLICO POR ALUNO É MUITO MENOR NO CICLO BÁSICO.

2- as cotas subvertem o princípio do mérito acadêmico, único requisito que deve ser contemplado para o acesso à universidade.

Eu concordo. Hoje as notas refletem não apenas diferenças de "capacidade", mas também diferenças de qualidade de ensino. Considerando uma meta de igualdae de oportunidade, o correto seria corrigir as discrepâncias entre as escolas. Como já foi dito aqui, nesse sentido, as cotas são apenas um paliativo, não atuando no problema.

3- as cotas constituem uma medida inócua, porque o verdadeiro problema é a péssima qualidade do ensino público no país.

Inócua não é, mas não deveria ser uma política pública perpétua. Embora exista a idéia de rever as cotas em 2022, eu duvido muito que alguém encare o custo político de retirá-las. Além disso, também duvido que em 2022 tenhamos visto grandes mudanças na qualidade do gasto público em educação. Só o tempo dirá.

4- as cotas baixam o nível acadêmico das nossas universidades.
Diversos estudos mostram que, nas universidades onde as cotas foram implementadas, não houve perda da qualidade do ensino.

Carece de fontes.

5- a sociedade brasileira é contra as cotas.
Diversas pesquisas de opinião mostram que houve um progressivo e contundente reconhecimento da importância das cotas na sociedade brasileira.

Carece de fontes. A questão é sobre opinião da população brasileira e a resposta fala sobre reitores. Eu hein. Cade pesquisas de opinião dos grandes institutos de pesquisa?

6- as cotas não podem incluir critérios raciais ou étnicos devido ao alto grau de miscigenação da sociedade brasileira, que impossibilita distinguir quem é negro ou branco no país.

A resposta fala, fala e fala, mas não chega ao ponto da pergunta: O candidato se auto-declara negro. Eu também acho que o critério racial não deveria entrar na conta das cotas. Somente renda e escola de origem (pública, no caso).

8- as cotas vão fazer da nossa, uma sociedade racista.

Já somos racistas. O que não significa que a política de cotas raciais não reforce isso.

9- as cotas são inúteis porque o problema não é o acesso, senão a permanência.

Eu não sei quando que esses "10 mitos" foram escritos, mas esse item 9 é o típico exemplo de algo que se responde com fatos. Basta pegar os dados das universidades e ver se a repetência é diferentes entre cotistas e não-cotistas. Sem papo furado, objetivamente nos fatos.
 
Bem feito pro bobão. Mas isso aí é fraude em cota sócio-econômica. É fácil de detectar e punir.
Cota racial é que é o busílis: não tem critério objetivo. Por isso (também) é que sou contra.
 
Pra mim o grande erro está na estrutura de governo. Não sei em outros estados, mas o ensino fundamental em BH é de responsabilidade do município, enquanto o médio é o estado sobrando para o governo federal apenas o superior. Então precisa haver uma concessão política entre entre os 3 níveis para que o dinheiro chegue de maneira correta em cada nível da educação, e quando o governo e o estado são oposição como no nosso caso, gera empecilhos. O mesmo acontece com o metro por exemplo, que é do governo federal.
 
Eu fiz, @Seiko-chan. Sou franco-africano.

Discordo, @Ranza. Acho que o problema é a má alocação dos recursos. Veja esse artigo (é curto) do Naércio Menezes, um economista de referência nos estudos na área da educação. Destaco:

O segundo ponto importante diz respeito à distribuição dos recursos educacionais. Hoje em dia, o ensino superior apropria 15% dos gastos públicos com educação, mas tem apenas 3% do total de alunos. Assim, enquanto o ensino fundamental gasta 20% do PIB per capita por aluno, o ensino superior gasta 100%. Poderíamos argumentar que os gastos com educação superior incluem os gastos com pesquisas, mas em nenhum país do mundo essa discrepância de gastos entre o ensino básico e o superior é tão grande. Na média da OCDE, o gasto por aluno no ensino superior é somente duas vezes maior do que no ensino básico, na Coreia é pouco mais de uma vez e meia e nos EUA, maior gerador de pesquisas no planeta, chega a três vezes. Sem contar que muitos dos alunos que hoje frequentam o ensino superior público teriam condições de pagar mensalidades, o que não ocorre no ensino básico.
 
@Grimnir muito bom o artigo, mas ainda sim meu argumento é válido. Ele (Menezes) fala em transferência de gastos do ensino superior para o ensino básico (fundamental e médio), e é esse o exato ponto que questionei, o ensino superior é de responsabilidade federal, enquanto os demais é de responsabilidade estadual e municipal. Partindo do princípio que vivemos uma democracia um tanto quanto populista, você diminuir os investimentos de sua responsabilidade e transferi-lo para a responsabilidade de outro é praticamente fazer propagando para terceiro, o que no caso de Minas e SP por exemplo, seria como fazer propaganda direta para a oposição. Claro que existe um "como" na hora da propaganda mostrar que o dinheiro foi transferido para os estados, mas mesmo assim a visão maior é de quem emprega o dinheiro e não de quem repassa. Esse tipo de impasse é histórico em BH que durante 16 anos teve o PT (Célio de Castro e Pimentel) na prefeitura e por mais que isso um estado do PSDB (Azeredo, Aécio e Anastasia), quanto o governo federal nos últimos anos é do PT também, e um monte de obras nunca saiam do papel pelo simples fato de briga política, dois casos muito simples são o metrô e o anel rodoviário (Ambos do governo federal).

Outra coisa que questiono, e isso vai muito do que ele falou, é o como gastar esse dinheiro. Para mim o Brasil precisa reformular sua forma de ensino que eu julgo um tanto quanto atrasada, e reformular até mesmo a ideia de escola, e se fosse eu começaria pela grade curricular.
 
Mesmo se não tivessemos esse tipo de conflito (entre as esferas federal, estadual e municipal), dificilmente você teria interesse do governo em reduzir gastos. De modo geral, para os governos, a solução é sempre gastar mais e dificilmente gastar melhor.

Não interessa, por exemplo, se alguém apresenta um dado como o que citei: O gasto por aluno no ensino superior é mais do que três vezes o gasto por aluno no ensino fundamental. Sendo essa diferença maior do que nos EUA, devemos ser o maior gerador de pesquisas acadêmicas do planeta, né? Não.
 
Hoje em dia, o ensino superior apropria 15% dos gastos públicos com educação, mas tem apenas 3% do total de alunos. Assim, enquanto o ensino fundamental gasta 20% do PIB per capita por aluno, o ensino superior gasta 100%.

What?
@Grimnir, me explica essa matematica da parte sublinhada ai, que eu nao entendi nao.
 

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