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Em carta recém-descoberta Tolkien diz que ensinar é “desgastante e deprimente”

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O Professor J. R. R. Tolkien, que escreveu a famosa primeira linha de O Hobbit enquanto corrigia provas, disse a uma colega professora que “todo o ensino é desgastante e deprimente”, em uma carta até agora desconhecida, que acaba de vir à luz. Acompanhe abaixo os detalhes.

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O autor de O Senhor dos Anéis escreveu a carta em 17 de janeiro de 1964, em resposta a Anne Mountfield, uma professora recém-formada que estava trabalhando em Eltham Green School, em Londres. A professora Mountfield escreveu a Tolkien que sua classe era “bastante agitada” e que ficaram encantados quando ela leu O Hobbit para eles. Tolkien datilografou sua resposta, dizendo que a história das aventuras de Bilbo Bolseiro “parece cair bem na escola”.


A carta recém-descoberta de J.R.R. Tolkien, janeiro de 1964

Em seguida, ele acrescentou uma nota manuscrita dizendo à professora que “Todo o ensino é desgastante e deprimente e um raro consolo saber quando se teve algum resultado. Eu gostaria de poder falar agora sobre alguns dos meus [professores] (de há muito tempo) e de como me lembro deles e de coisas que eles disseram, embora eu estivesse (tal como me parece) olhando pela janela ou rindo de meu semelhante”.

Tolkien foi professor de Literatura Inglesa e anglo-saxão na Universidade de Oxford, e corrigia provas nas férias para adicionar algum dinheiro ao seu salário. Em uma carta a W. H. Auden [Carta 163], ele escreveu: “Tudo que me lembro sobre o início de O Hobbit é de sentar para corrigir provas para o Certificado Escolar no cansaço eterno dessa tarefa anual imposta sobre acadêmicos sem dinheiro e com filhos. Em uma folha em branco rabisquei: ‘Numa toca no chão vivia um hobbit’. Eu não sabia e não sei por quê.”

Mountfield disse que tinha se esquecido da carta enviada pelo autor, até que ela caiu de dentro de uma cópia do livro de Tolkien Árvore e Folha, no ano passado, pouco depois de ela própria ter recebido uma carta de um ex-aluno que falava sobre a influência que a professora teve sobre ele. “Eu gosto de atribuir a esta coincidência um pequeno toque de magia de Gandalf”, disse ela. “Como Tolkien era certo de que os professores raramente são ‘consolados por saber que se teve algum resultado’, é muito bom quando, 50 anos depois, isso acontece.”

A carta será leiloada em Londres em 18 de junho, na próxima quarta-feira, quando se espera que as ofertas atinjam por volta de 2.000 libras esterlinas (algo em torno de 7.500 reais).

Fonte: The Guardian

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Interessante refletir sobre a observação a respeito do ato de se ensinar.

Quando se fala em ensinar, para poder ajudar aos outros, o professor olha para trás e para baixo, e é como contemplar um campo de guerra, com pessoas no precipício e lutar pelo próprio domínio contra a vontade de ser arrastado por ele. (o professor que eleva o aluno até onde ele estiver). E aqui entra o conceito de "Estel" (esperança citada nos livros de Tolkien que é como olhar para cima)

No caso da depressão se caracteriza por um estado de baixa energia ou atividade do organismo (falta de vontade de fazer qualquer coisa), em que a energia foi passada do mestre aos alunos e que se não for passada (e reposta) da forma correta pode resultar em problemas de saúde por desgaste físico. (turmas "vampiro", traumas pessoais de cada professor, etc...)

Alguns exemplos de pessoas afetadas seriam justamente os artistas, incluindo vários escritores, em que a depressão pode ser ocasional ou ser freqüente devido a uma série de ansiedades baseadas em expectativas ou esperanças indevidas.

Muitas vezes a depressão se alimenta da visão pessoal de que muitas facetas do mundo são estéreis quando na verdade são férteis, mas então é preciso paciência com a própria capacidade de receber surpresas (lentas e rápidas) e a fé sólida em resultados futuros numa perspectiva mais eterna que temporária. (para além de filhos e netos)
 
No começo vc se anima, mas depois de alguns anos começa a cansar mesmo. Eu digo que depois de 7 anos estou exausta.

Não só no Brasil onde professor não tem o devido valor, mas puxa mto da sua energia, vc se sente realmente desgastado. 5 horas dando aula não é o mesmo que 5 horas trabalhando com qualquer outra coisa.

Não sei se alguém lembra, mas eu ia pedir demissão ano passado, no entanto me pediram pra dar aula até julho pra eu fechar as turmas desse semestre. Aceitei pq assim serei mandada embora e ganharei mais benefícios, como a lei prevê, mas confesso que os últimos 3 meses têm sido insuportáveis.
 
Teve um episódio, da série Downtown Abbey (primeira ou segunda temporada), que em certo momento fala da visão dos nobres britânicos sobre o trabalho (qualquer trabalho). Nele, durante um jantar na mesa do lorde proprietário de Downtown, um advogado expõe o desejo de usar a sua profissão para trabalhar e ganhar dinheiro. Então todos ficam horrorizados porque para a nobreza trabalhar é regredir ou "olhar para trás".

Na época, basicamente, os nobres tinham a interpretação deturpada da noção de trabalho que é mencionado no velho testamento da bíblia em um contexto completamente diferente (e que as pessoas entendiam errado), a saber, que Adão e Eva teriam sido supostamente "amaldiçoados" e o trabalho seria a sua punição depois de cometer o primeiro pecado. Ou seja, trabalho não era punição ao gastar as energias e os recursos, mas apenas uma característica a mais do mundo.

Entretanto, a visão incorreta dos nobres era irreal principalmente diante do novo testamento, quer dizer, que o trabalho na verdade não era uma maldição mas sim que a percepção do trabalho (um elemento natural da existência) depois do pecado original havia mudado e diante das condições externas do ambiente ou de um organismo decadente favoreciam opiniões negativas sobre o ato de trabalhar.

Por causa disso Tolkien não percebe que ele mesmo conseguia encontrar o equilíbrio pacífico (que julgava impossível) entre esforço e recompensa em atividades que também eram trabalhos, mas que ele subestimava. Por exemplo, escrever e contar histórias para crianças são trabalho mas ele convenientemente não percebia o gasto de energia devido ao fato de ter encontrado o ponto de equilíbrio dentro daquela atividade.

Do mesmo modo, para qualquer profissão ou atividade física e mental, existe uma marcha ou ritmo adequado em que esse ponto só é recompensador para alguns tipos de pessoas. Para os outros cabem outras atividades a que seus talentos se enquadrem melhor. Entretanto é preciso lembrar que em qualquer atividade a pessoa terá que distribuir sua energia e riqueza com níveis mais baixos, pesados, lentos e escuros. Porque o trabalho é na verdade recompensa e não punição que os ambientes pesados se tornam claros e leves (seria um dos objetivos originais das atividades do Éden bíblico).
 
Última edição:
@Lindoriel é professora de que? Qual público?

Achei curioso isso:

"Tolkien foi professor de Literatura Inglesa e anglo-saxão na Universidade de Oxford, e corrigia provas nas férias para adicionar algum dinheiro ao seu salário."

Anos depois...

"A carta será leiloada em Londres em 18 de junho, na próxima quarta-feira, quando se espera que as ofertas atinjam por volta de 2.000 libras esterlinas (algo em torno de 7.500 reais)."
 
Curioso é um professor de Oxford daquela época precisar corrigir "provas nas férias para adicionar algum dinheiro ao seu salário".
 
O que eu achei interessante na resposta foi ele ter se reconhecido como aluno e não somente como professor. Se bem que no caso dele com certeza ficava viajando pela futura TM enquanto olhava pela janela.
 
Luiz Wsp, já fui professora da rede estadual e agora dou aula de idiomas. No começo parece fácil, mas depois de alguns anos, repetindo sempre as mesmas coisas, parece tortura chinesa... rs!

Ao contrário do que ocorria na escola pública, não sou desrespeitada e etc, mas também não é fácil pq chega uma hora que cansa.

Agora finalmente parece que vou sair... ufa!
 

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