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Em defesa da real beleza, Dove mira nos profissionais que retocam fotos


Pior é que é o texto diz coisas bem sensatas. :tsc:

É dessa maneira que fui me decepcionando com as revistas.

Assinava a "Veja" e um dia me enchi de ler tanta informação deturpada e preconceituosa e notícias sobre classe média alta e como ela sofre nesse país de gente pobre e vagabunda (segundo eles);

Lia a "Boa Forma" e comecei a reparar que uma reportagem sobre os perigos dos remédios pra emagrecer e das "dietas malucas", invariavelmente era seguida de uma entrevista sobre como a fulana (uma atriz, ou cantora, ou periguete do momento) tem 35 anos, 5 filhos e está "superemforma", e depois mais três páginas falando sobre uma nova dieta pra perder 15 quilos em três dias;

A última revista que lia com carinho (e que, confesso, dou umas olhadas de vez em quando, na fila do supermercado) é a "Vida Simples", lia aquelas reportagens sobre móveis de junco ou de madeira certificada, tapetes de não-sei-que-fibra-ecológica, produtos orgânicos, modo de vida sustentável, viagens pra lugares dos quais você nunca ouviu falar, e comecei a reparar como aquilo tudo era difícil de achar e principalmente como tudo é caro! Caríssimo, na verdade!
Aquele modo de vida que eles pregam é tudo, menos simples.
Seja lá qual for o significado que você dê à palavra "simples".

Cheguei a conclusão de que é melhor a gente descobrir as coisas sozinho.
Lendo clássicos, observando a vida, conversando com os amigos, com pessoas mais velhas.
Demora mais, a gente leva muito na cabeça, mas é mais confiável do que esse blablabla de revista.
 
E isso é uma tendência geral,em se falando de revistas. A internet acaba sendo melhor por nos permitir ser mais seletivos em relação ao conteúdo, sem gastar grana presos a uma única linha de raciocínio - o que eu considero muito limitado, até mesmo perigoso. Não consigo encontrar nenhuma revista decente pra assinar depois que a minha assinatura da Galileu expirou - e nem a Galileu têm sido tão boa, ultimamente.
 
acabei de ver uma capa de superinteressante "como ficar mais bonito". wtf.

***

sobre aquele último link que coloquei, acabei esquecendo de opinar hehe. então, achei a menina meio xarope. xarope do tipo "xarope que acha que é tudo ou nada", já que sequer acha válido o fato de a revista estar questionando o que é um padrão nos títulos femininos (e que ela não pratica, embora na lógica torta da autora o fato de ela mostrar meninas ricas em suas páginas quer dizer que dá na mesma.) mais ainda, achei xarope por "patronizing" as leitoras da revista, achando quem é um fudido na vida vai achar que a pessoa nasce "naturalmente linda como a garota da capa". eu sei que não tenho grana nem tempo e nem vontade pra ser a garota da capa, nem por isso não vou querer ler um artigo sobre uma guria que tem uma carreira interessante só porque ela é bonita (e tempo e dinheiro e saco pra ficar bonita). é um processo às avessas, de tirar o valor da guria da capa só porque ela é bonita. aí um bando de idiota perpetua aquela ideia de que feminista é tudo feia e ninguém sabe pq. enfim, ela pode até não estar errada, mas no mínimo falou do modo errado, ao achar que só ela sacou a verdade sobre as revistas femininas.
 
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E mesmo fora dos padrões, a menina continua bonita... magrinha, etc.

Tinha que mostrar uma bem fora dos padrões mesmo - que são as que vemos todos os dias nas ruas, no transporte público, etc.
 
sobre aquele último link que coloquei, acabei esquecendo de opinar hehe. então, achei a menina meio xarope. xarope do tipo "xarope que acha que é tudo ou nada", já que sequer acha válido o fato de a revista estar questionando o que é um padrão nos títulos femininos (e que ela não pratica, embora na lógica torta da autora o fato de ela mostrar meninas ricas em suas páginas quer dizer que dá na mesma.) mais ainda, achei xarope por "patronizing" as leitoras da revista, achando quem é um fudido na vida vai achar que a pessoa nasce "naturalmente linda como a garota da capa". eu sei que não tenho grana nem tempo e nem vontade pra ser a garota da capa, nem por isso não vou querer ler um artigo sobre uma guria que tem uma carreira interessante só porque ela é bonita (e tempo e dinheiro e saco pra ficar bonita).

Não achei que ela acredita que "só ela sacou a verdade sobre as revistas femininas".

Achei que foi mais uma constatação (que a gente mesma pode fazer) de que a maioria das revistas vive fora da realidade.
O que é meio óbvio se você for pensar bem, afinal elas (revistas) sobrevivem da publicidade, como não ter o rabo preso e alimentar esse mercado?


é um processo às avessas, de tirar o valor da guria da capa só porque ela é bonita. aí um bando de idiota perpetua aquela ideia de que feminista é tudo feia e ninguém sabe pq.

Essa parte não entendi mesmo, porque não li nada no artigo do blog que fizesse isso. =/
 
Essa parte não entendi mesmo, porque não li nada no artigo do blog que fizesse isso. =/

aqui:

Na capa “falsa”, Alice Braga aparece num maiô cafona, fazendo pose de blasé e cheia de laquê no cabelo. Na capa “verdadeira”, aparece tranquila e risonha. A mensagem é de que a leitora da TPM quer ser gostosa, mas com shortinho folgado e camiseta podrinha. Ela despreza a mulher que “se esforça demais” para preencher os padrões. Melhor preencher esses padrões naturalmente. Trata-se de uma mera mudança de estilo, de embalagem, não de estilo de vida, muito menos de pensamento.

na cabeça dela a menina só tá na capa porque ela é bonita, certo? porque preenche naturalmente os padrões. ou seja, pra ela, a guria estampada nessa capa representa a mesma coisa de uma modelo magérrima e hiper photoshopada - só tá com roupa podrinha. ela não tá na capa porque é uma pessoa interessante, de carreira interessante e pq pode ter algo a dizer para o público da revista. ela tá ali só perpetuando um negócio. não acho que seja por aí. ou seja: a proposta da revista só vale se colocar uma guria gorda e espinhenta na capa? mas isso não é, de novo, dividir a coisa entre feio/bonito, que é, basicamente, o que essas revistas fazem? enfim, como eu disse: eu não discordo do todo do conteúdo do post dela. revista vive de publicidade, portanto vende produto feminino que é, via de regra, voltado para beleza. mas eu não concordo com o modo como ela bota a proposta da revista no chão só porque a revista tem meninas bonitas e ricas em seu miolo.

aqui entra novamente na questão que eu coloquei umas páginas atrás, do que o público quer. colocar a coisa como "é a mídia que define o que queremos" é fácil, pra não dizer preguiçoso. quer um exemplo? acabei de dar uma olhada nos comentários de uma matéria da bem estar, sobre uma guria que emagreceu para poder ter filho. copio aqui alguns comentários:

Parabéns! Você está linda! Que Deus te abençoe ainda mais!

isso ae linda parabéns ,ninguem mereçe ser gorda ...isso é castigo de Deus !

Agora sim ela vai engordar......................digo embuxar...........engravidar, ahh vcs entenderão.

Ficou melhor para montar nela....mais gostosinha....

AGORA DOU UMA MONTADA

Antes só engravidaria se fosse por inseminação artificial, porque pelo método natural, nem com Viagra.

Mais um pouco e chega no ponto.

Agora é que ela vai começar a ser usada!

gorda e dentuça é complicado comer

frases de pessoas que sequer são leitores da tpm ou da cláudia ou nova ou capricho ou whatever, já que são homens falando. homens para quem, infelizmente, algumas mulheres querem ficar "bonitas". então assim: acho fácil chegar e dizer "ui, tpm só tem menina que pode pagar pra ser bonita, cadê as pessoas normais? (ou seja, feias, né, porque qual é o oposto de bonito para a autora do artigo?), mas acho que a autora do artigo perdeu a oportunidade de elogiar a revista por pelo menos tentar questionar o que TODOS fazem. TODOS. não só as revistas femininas. de novo, insisto no que já disse aqui no tópico: a mídia reflete só o pensamento da sociedade em um determinado momento. se tivesse revista feminina na época do renascimento, as dicas seriam sobre como "ficar mais pesada para seu amor". a questão é: se existe esse tipo de reportagem, é porque as pessoas QUEREM isso. se não quisessem, paravam de comprar.

não à toa, a bravo está sendo cancelada, né.

é um troço imbecil, que acho que funciona meio que num esquema de um alimenta o outro. as revistas expõem o que o público quer ver, o público quer ver aquilo porque é o que vê nas revistas e assim segue. e aí a menina vem dizer que é "feminismo de farmácia" a tpm questionar parte desse sistema? para mim, feminismo de farmácia é reduzir a coisa toda a uma questão de quem é bonito pagando ou quem não é, como ela acabou fazendo no texto (vide o trecho que citei). não é questão de ser bonito ou ter dinheiro. não deveria ser. deveria ser questão de estar bem consigo mesmo, sem que isso soe a pura demagogia. enquanto o raciocínio ainda for "menina bonita na capa x menina normal (aka: "fora dos padrões de beleza"), para mim é tudo a mesma porcaria e ela no final das contas está no mesmo time das feministas de farmácia que está acusando a tpm de estar.

enfim, não sei se ficou claro. não discordo de questões que ela aponta ali. só acho que ela seguiu uma linha meio errada para desenvolver o raciocínio.
 
Pior que todo mundo falando que ela não engravidava pq ninguém comia ela... mas ela era casada! :roll:

Povo é osso.

E ainda houve aqueles dizendo que ela continuava feia... pois é, não basta emagrecer, tem de fazer "todo o resto".
 
Bravo não está sendo cancelada, né, se fué, sem deixar nem rastro nem edição (conscientemente) de despedida. #Snif.

Então, naquele tópico que fiz lá do Lulus falei que depois viria falar da Dove aqui e acabei esquecendo.

A Juliana Cunha é mega xarope sempre, mas essa frase a seguir resume um pouco o que penso do assunto e o que queria dizer por aqui.

A TPM se insere no contexto das revistas femininas mais ou menos como a Dove se insere no contexto dos produtos de beleza: ela é apenas um outro produto.

Já há um tempo a Dove vem me enchendo o saco com essas propagandas "politicamente corretas", disfarçadas de valorização da mulher, mas que só servem mesmo para reforçar a ideia de que para ser feliz você precisa comprar este ou aquele produto e ficar bonita. Você pode ser baixa, você pode ser alta, gorda ou magra, mas tem que ser bonita. Tem que se achar bonita, tem que gastar tempo e dinheiro para ficar mais bonita, tem que ser bonita pra ser feliz.

E olha, pegando foto por foto, nem tem tanta real beleza fora do padrão assim não.

Essa por exemplo:

dove.jpg

Todas brancas e uma só mais gordinha (que acredito nem se encaixar no chamado plus size).

A beleza é uma exigência, uma ditadura cruel. E não são só os padrões de beleza impossíveis das capas de revista que nos oprimem.

É claro que a Dove tem que vender, daí tem que identificar ou criar a necessidade do próprio produto, mas me incomoda que as coisas sejam mascaradas assim, que os vídeos sejam tão bem feitos que bata aquela vontade de deixar a lagriminha da emoção correr solta. Porque e a pessoa que é feia mesmo, tipo, que não tem conserto? E a mulher que acordou atrasada e não teve tempo nem de pentear o cabelo? E aqueles dias em que estamos sem saco nenhum? Que tem muita louça pra lavar? Que não tem dinheiro pra fazer a unha?

Eu não quero ter o direito de me sentir bonita como eu sou, eu quero ter o direito de não precisar ser bonita, independente de como eu seja. Eu quero que o fato de eu ser bonita ou não seja irrelevante. Eu quero viver em um mundo em que o que eu faço ou o que eu sou é mais importante do que minha aparência. Que eu possa sair nas páginas de qualquer revista por ter um projeto de estímulo à leitura muito bacana (ou whatever) mesmo sendo feia (revistas como Gloss, Capricho, Nova e até mesmo a TPM só utilizam como personagens pessoas bonitas. Sei disso porque tenho vários amigos jornalistas que trabalham ou fazem freela pra essas publicações e vivem pedindo personagem, sempre com o "TEM QUE SER BONITA!" no final).

Pode parecer piegas, mas pensa nas crianças que estamos criando? Pensa em como nos dirigimos à elas e que tipo de elogio distribuímos naturalmente? "Que linda!", "Que bebê bonito", "Ah como você está linda com esse vestido de princesa!". Força, caráter, inteligência, senso de humor, etc, só são introduzidos como qualidades desejáveis na vida das meninas, principalmente, mais tarde. Ao invés de ensinarmos às meninas que mesmo não sendo magras ou bonitas elas são dignas de respeito, nós criamos escolas de princesas.

Homem não precisa ser bonito. Anseio pelo dia em que as mulheres também não.
 
Força, caráter, inteligência, senso de humor, etc, só são introduzidos como qualidades desejáveis na vida das meninas, principalmente, mais tarde.

Quando são, né?
Mulher inteligente e com senso de humor é valorizada?
Talvez se for atriz, escritora, mesmo assim a gente ouve uns preconceitos rolando por aí.

São bacanas pra "bater um papo", "trocar umas ideias", mas a maioria não gosta muito, não.

E não falo só na questão namoro e casamento, falo também de emprego e estudos, etc. :tsc:
 
frases de pessoas que sequer são leitores da tpm ou da cláudia ou nova ou capricho ou whatever, já que são homens falando. homens para quem, infelizmente, algumas mulheres querem ficar "bonitas". então assim: acho fácil chegar e dizer "ui, tpm só tem menina que pode pagar pra ser bonita, cadê as pessoas normais? (ou seja, feias, né, porque qual é o oposto de bonito para a autora do artigo?)

Bom, a garota não ser bonita não significa ser necessariamente feia. O que ela quis dizer com 'normais' é sobre garotas fisicamente sem atributos físicos relevantes, 'mais uma cara na multidão', penso eu.


é um troço imbecil, que acho que funciona meio que num esquema de um alimenta o outro. as revistas expõem o que o público quer ver, o público quer ver aquilo porque é o que vê nas revistas e assim segue. e aí a menina vem dizer que é "feminismo de farmácia" a tpm questionar parte desse sistema? para mim, feminismo de farmácia é reduzir a coisa toda a uma questão de quem é bonito pagando ou quem não é, como ela acabou fazendo no texto (vide o trecho que citei). não é questão de ser bonito ou ter dinheiro. não deveria ser. deveria ser questão de estar bem consigo mesmo, sem que isso soe a pura demagogia. enquanto o raciocínio ainda for "menina bonita na capa x menina normal (aka: "fora dos padrões de beleza"), para mim é tudo a mesma porcaria e ela no final das contas está no mesmo time das feministas de farmácia que está acusando a tpm de estar.

enfim, não sei se ficou claro. não discordo de questões que ela aponta ali. só acho que ela seguiu uma linha meio errada para desenvolver o raciocínio.

Chamo isso de 'caçar pêlo em ovo'. :lol:

A tentativa de reverter a ditadura da beleza por outra ditadura, a da não-beleza. Ou seja: se o mundo massacra milhares de mulheres, usando a mídia pra marretar-lhes na cabeça um conceito de beleza padronizada e inatingível, as feministas fundamentalistas crucificam, criticam e desqualificam automaticamente as que tiveram o 'infortúnio' de nascer belas, ou a tentativa de uma garota comum de querer se sentir bonita, acusando-as de ser fúteis e superficiais. O problema é justamente a tendência das 'feministas de farmácia' levar a questão para o lado do oito e do oitenta, sem um meio termo razoável.


Já há um tempo a Dove vem me enchendo o saco com essas propagandas "politicamente corretas", disfarçadas de valorização da mulher, mas que só servem mesmo para reforçar a ideia de que para ser feliz você precisa comprar este ou aquele produto e ficar bonita. Você pode ser baixa, você pode ser alta, gorda ou magra, mas tem que ser bonita. Tem que se achar bonita, tem que gastar tempo e dinheiro para ficar mais bonita, tem que ser bonita pra ser feliz.

A beleza é uma exigência, uma ditadura cruel. E não são só os padrões de beleza impossíveis das capas de revista que nos oprimem.

É claro que a Dove tem que vender, daí tem que identificar ou criar a necessidade do próprio produto, mas me incomoda que as coisas sejam mascaradas assim, que os vídeos sejam tão bem feitos que bata aquela vontade de deixar a lagriminha da emoção correr solta. Porque e a pessoa que é feia mesmo, tipo, que não tem conserto? E a mulher que acordou atrasada e não teve tempo nem de pentear o cabelo? E aqueles dias em que estamos sem saco nenhum? Que tem muita louça pra lavar? Que não tem dinheiro pra fazer a unha?

Eu não quero ter o direito de me sentir bonita como eu sou, eu quero ter o direito de não precisar ser bonita, independente de como eu seja. Eu quero que o fato de eu ser bonita ou não seja irrelevante. Eu quero viver em um mundo em que o que eu faço ou o que eu sou é mais importante do que minha aparência. Que eu possa sair nas páginas de qualquer revista por ter um projeto de estímulo à leitura muito bacana (ou whatever) mesmo sendo feia.

Pode parecer piegas, mas pensa nas crianças que estamos criando? Pensa em como nos dirigimos à elas e que tipo de elogio distribuímos naturalmente? "Que linda!", "Que bebê bonito", "Ah como você está linda com esse vestido de princesa!". Força, caráter, inteligência, senso de humor, etc, só são introduzidos como qualidades desejáveis na vida das meninas, principalmente, mais tarde. Ao invés de ensinarmos às meninas que mesmo não sendo magras ou bonitas elas são dignas de respeito, nós criamos escolas de princesas.

Seu comentário me lembrou esse texto de Lisa Bloom, 'Como conversar com meninas'. Acho que foi no CdL que ele foi postado inicialmente, não?


Homem não precisa ser bonito. Anseio pelo dia em que as mulheres também não.

Fica o meu salve para a Pretinha. :clap:

O que a maioria não compreende é que a tal 'ditadura da beleza' oprime tanto mulheres belas - que espera-se que sejam ainda mais belas e não envelheçam nunca, criando essas paranóias horríveis entre famosos que vemos internet afora - quanto mulheres desprovidas de beleza física, que são diariamente bombardeadas com ordens subliminares de que só terão sucesso na vida se forem belas. Isso é cruel, para ambas as partes.

Feminazis partem de um raciocínio aceitável até certo ponto: de que mulheres fisicamente belas têm mais oportunidades no mundo real. Isso é notado (in)sensivelmente no mercado de trabalho. Já perdi uma proposta de trabalho para uma loira peituda, por exemplo. Não que ser loira e peituda significasse que ela fosse menos capaz, mas o fato de ela o ser foi o diferencial. Num mundo onde um ou dois botões desabotoados na blusa são o diferencial que conta, acima de caráter e capacidade, a beleza física ou sua ausência atingirem um patamar de irrelevância é totalmente utópico por ser o ideal, pois derruba 'a necessidade premente, indiscutível e indispensável de ser bonita' versus a 'demonização daquelas que buscam se sentir melhor consigo mesmas buscando soluções de beleza'. Elas perdem a mão num certo ponto de crucificar pessoas que são belas e bem sucedidas, como se em 100% dos casos isso acontecesse só pelo fato de serem belas. Chega a ser surreal, para elas, pensar que essas pessoas possam realmente ter algum talento e inteligência. Isso cheira fortemente a recalque e complexos mal resolvidos.

Até lá, viveremos no meio de um tiroteio entre a mídia opressora versus o fundamentalismo ideológico feminazi, tentando tirar algo de bom disso tudo.

Sua citação do uso baixo do apelo emocional em Dove foi muito oportuno. Ele 'cutuca' as feridas emocionais de milhares de mulheres, apelando para o ego, e mesmo mascarando a mensagem como 'ame-se como você é', incute o 'mesmo sendo o que você é, gorda, feia e manca, use nossos produtos pra tentar elevar tua baixa autoestima'. Sei que é cruel, baixo e soa triste, mas é genial. E vende.



Quando são, né?
Mulher inteligente e com senso de humor é valorizada?

Depende de muita coisa. Principalmente das pessoas e do ambiente onde você está.


Talvez se for atriz, escritora, mesmo assim a gente ouve uns preconceitos rolando por aí.

São bacanas pra "bater um papo", "trocar umas ideias", mas a maioria não gosta muito, não.

E não falo só na questão namoro e casamento, falo também de emprego e estudos, etc.

Fato, Clara. Senti isso tudo o que tu disse na pele, na vida pessoal e na profissional (claro, se olvidarmos o inferno em Terra chamada 'vida escolar' :hxhx:).

Para a maioria dos caras chegar a se interessar pela inteligência e senso de humor de uma mulher, são três as ocasiões: 1) ele a conheceu antes de vê-la, 2) ele a conheceu antes de vê-la, gostou de sua personalidade, seu senso de humor e inteligência, até ver sua foto (aliás, isso é típico de relacionamentos por internet: ele pode ter adorado tudo isso, mas se o que ele viu na foto/cam não agradou, ele some ou friendzona permanentemente) e 3) ele ficou amigo dela por um tempão, conviveu muito tempo a ponto de conhece-la a fundo e algo brotou. Ainda assim, ele está condenado pelo resto da vida a ouvir piadinhas do tipo 'mulher feia é que nem pantufa' dos amigos. Isso também se aplica às mulheres, felizmente em menor proporção.

A parte dos 'preconceitos rolando por aí' até me lembrou uma história sobre a vida de Marisa Orth. Até atingir o alto escalão no teatro e na TV, ela era tímida e reservada por não ser uma mulher necessariamente bonita. Foi quando descobriram que ela era 'gostosa'. Mesmo assim, quando se pergunta pro brasileiro mediano sobre Marisa Orth, ele não fala do talento ou do trabalho dela, mas que ela é 'gostosa pra caralho. Feia de cara, mas gostosa'. :tsc:

A questão é que, por mais que estejamos conscientes e lutemos contra essa tendência podre, opinar pelo esteticamente agradável está entranhado em nossos genes.
A mídia sabe disso, usa contra nós e a maioria não percebe que essa manipulação tem o único objetivo de incentivar o consumo puro e simples. É quase involuntário comentarmos que 'fulana está linda para a idade' se ela tem sessenta anos com cara de trinta (mesmo que isso seja totalmente antinatural), ou 'que modelo derrubada escolheram pra propaganda do Torra-Torra' se a garota não for magra e linda, por exemplo.

Isso acontece porque todos nós desenvolvemos, ao longo de nossa formação e de forma totalmente inconsciente e subliminar, um senso estético particular que obedece a determinados padrões. Eles são construídos e lapidados pelas referências visuais obtidas pelos sentidos, que em nossa geração são verdadeiros bombardeios gentilmente providos pela mídia desde muito cedo. A diferença é que elas podem ou não mudar de acordo com a fase em que vivemos, as experiências individuais e os conceitos que formamos ao longo da vida, fazendo com que se afastem ou não dos modelos primários preestabelecidos. As decisões decorrentes dessas comparações 'inconscientes' e comentários 'involuntários' são puro hábito e reflexo condicionado.

Ter consciência disso é difícil, mas é o primeiro passo para lutar contra. O problema é que a maioria esmagadora da massa que compõe nossa sociedade muderna é absurdamente permeável a essas sugestões. Será uma luta difícil.
 
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Seiko disse:
O que a maioria não compreende é que a tal 'ditadura da beleza' oprime tanto mulheres belas - que espera-se que sejam ainda mais belas e não envelheçam nunca, criando essas paranóias horríveis entre famosos que vemos internet afora - quanto mulheres desprovidas de beleza física, que são diariamente bombardeadas com ordens subliminares de que só terão sucesso na vida se forem belas. Isso é cruel, para ambas as partes.

Lendo isso eu lembrei da Brigit Bardot. Ela era linda na juventude, ninguém duvidava disso, mas ela disse se sentir tão cobrada pra ser linda, que tinha dias em que não saía de casa, receando não estar boa o suficiente pro que esperavam dela.

Na boa, eu acho que artistas ainda devem sofrer bem mais pressão do que as "mortais" aqui embaixo.

A Brigit hoje está idosa e ao contrário de outras contemporâneas ela se deixou envelhecer de forma completamente natural. Com cabelo branco, ruga, tudo. Ela ficou bem "senhora" mesmo.

Eu no começo achava isso estranho, pensava: poxa, ela podia pelo menos pintar o cabelo, etc... mas hoje penso que ela simplesmente se cansou de ser tão cobrada pra ser linda na juventude e simplesmente "chutou o pau da barraca".

No mais, a Maria Pretinha matou a pau. Viver num mundo onde "precisa" ser bonita é um saco. As pessoas mesmo me falam: mas de rosto vc é bonita (...), só precisa emagrecer um pouco.

Quer dizer, no que a minha opinião sobre isso entra? E se eu por exemplo fosse feia de rosto? Como a Maria Pretinha mesmo disse: feia a ponto de "não ter conserto"? E se o problema não fosse "só" emagrecer?

É porque como o tpc do CDL mesmo diz, o problema vai bem além de só emagrecer. A cobrança é tanta, que é como se mulher não pudesse nem peidar, cheirar mal num dia de calor (mesmo com os rexona da vida), enfim, não pudesse ser gente, e sim boneca.

EDITANDO: vi a foto que a Maria Pretinha postou da Dove e até a "gordinha" é bem bonita. Cabelo loiro, alisado, rosto de "magra" (que eu não tinha nem quando magra, rs), até estando um pouco acima do peso ela é proporcional.

Beleza "real" seria colocarem muitas mulheres que se vê nas ruas mesmo - desproporcionais, "caderudas", com bração, etc. Ou magras, mas sem peito, com barriga - tem magra com barriga, né - etc.

Tudo que a Dove fez foi colocar umas mulheres de cabelos cacheados e um pouco mais "cheinhas" mas nenhuma realmente "feia", não vi nenhuma mulher feia nesse anúncio.
 
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Lendo isso eu lembrei da Brigit Bardot. Ela era linda na juventude, ninguém duvidava disso, mas ela disse se sentir tão cobrada pra ser linda, que tinha dias em que não saía de casa, receando não estar boa o suficiente pro que esperavam dela.

Na boa, eu acho que artistas ainda devem sofrer bem mais pressão do que as "mortais" aqui embaixo.

A Brigit hoje está idosa e ao contrário de outras contemporâneas ela se deixou envelhecer de forma completamente natural. Com cabelo branco, ruga, tudo. Ela ficou bem "senhora" mesmo.

Eu no começo achava isso estranho, pensava: poxa, ela podia pelo menos pintar o cabelo, etc... mas hoje penso que ela simplesmente se cansou de ser tão cobrada pra ser linda na juventude e simplesmente "chutou o pau da barraca".

E eu sempre lembro da Francoise Hardy quando falam nesse assunto

françoise3.jpg ffh.jpg Francoise_Hardy_074.jpg

francoise-hardy-3.jpg françoise33.jpg

Foi uma das mulheres mais lindas e elegantes de seu tempo (anos 60 e 70).
Cantora e atriz, amadureceu, os cabelos ficaram curtos (e depois brancos) as rugas chegaram e ela aceitou tudo isso naturalmente.
Ao menos é o que parece, porque ao contrário da Brigitte Bardot, a gente percebe que a Françoise Hardy envelheceu, mas é uma mulher que se cuida.
Está com quase 70 anos, segue com a carreira de cantora e continua elegante.
Acho que os europeus lidam melhor com isso do que nós, que temos uma mentalidade muito parecida com a dos norte-americanos, querendo ser jovem pra sempre.
Se tivéssemos nascido com esse rosto da Françoise Hardy, quantas de nós resistiria à tentação de, ao menos tentar, mantê-lo o máximo de tempo possível?
Ainda mais tendo uma carreira artística, na qual a aparência conta tanto. =/
 
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A tentativa de reverter a ditadura da beleza por outra ditadura, a da não-beleza. Ou seja: se o mundo massacra milhares de mulheres, usando a mídia pra marretar-lhes na cabeça um conceito de beleza padronizada e inatingível, as feministas fundamentalistas crucificam, criticam e desqualificam automaticamente as que tiveram o 'infortúnio' de nascer belas, ou a tentativa de uma garota comum de querer se sentir bonita, acusando-as de ser fúteis e superficiais. O problema é justamente a tendência das 'feministas de farmácia' levar a questão para o lado do oito e do oitenta, sem um meio termo razoável.

foi exatamente o que eu quis dizer :D como eu disse, enquanto o assunto ainda for entre bonito x diferente de bonito, nenhum dos lados está com um discurso muito diferente, por mais que pensem estar.

***

em outras notícias, vi isso aqui num site sobre paternidade e achei cute. era uma dica do que dizer para a esposa quando ela se queixasse das estrias da gravidez

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***

sobre o envelhecer "naturalmente" (ou seja, não ficar se esticando toda para tentar aparentar uma idade que não tem), para mim é uma consequência da sociedade que vive de aparência. esses dias mesmo eu brinquei sobre isso em uma conversa com uma amiga "bom, pelo menos sempre fui feia, nunca vou ficar chateada por perder minha beleza com a idade". guria passa a vida inteira sendo elogiada pela aparência, é natural que quando a idade comece a chegar ela acabe surtando, porque na cabeça dela o que a define é a beleza.

eu não sei se procede (porque a fonte é a veja cof cof), mas lembro de uma frase da greta garbo que era assim: "Sou o que o adolescente jamais encontrará, o que o velho procurou em vão durante meio século, o que a mulher desejava ter para segurar quem a deixou. Compreendem, então, por que me escondo? Não quero que os sonhos acabem."

fueda.
 
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