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Gênero indeterminado no registro civil

Bel

o.O
Alemanha permite registro de bebês com gênero indeterminado

A Alemanha é o primeiro país da Europa a permitir que bebês nascidos com características de ambos os sexos sejam registrados sem precisar determinar se são do sexo masculino ou feminino.

A partir desta sexta-feira, os pais agora podem deixar o trecho que diz respeito ao gênero em branco nas certidões de nascimento - criando, efetivamente, a nova categoria do "sexo indeterminado".

A medida tem como objetivo retirar dos pais a pressão de tomar decisões rápidas a respeito de cirurgias de determinação de sexo.

Estima-se que uma em cada 2 mil pessoas nascem com características de ambos os sexos.

Estas pessoas são conhecidas como intersexuais (ou hermafroditas), pois nascem com uma combinação de cromossomos masculinos e femininos ou até órgãos genitais com características dos dois gêneros.

Segundo o correspondente da BBC em Berlim Steve Evans, a grande dificuldade para os pais é que frequentemente o gênero da criança precisa ser escolhido rapidamente, para que o bebê seja registrado.

Em alguns casos a cirurgia é feita quando o bebê ainda é recém-nascido, para conseguir o máximo de determinação de gênero, acrescenta o correspondente da BBC.

Infelicidade

A lei da Alemanha foi revista depois da análise de casos nos quais as pessoas que passaram por essa cirurgia tão cedo revelaram uma grande infelicidade na vida adulta.

"Não sou homem nem mulher. Vou continuar sendo os retalhos criados por médicos, ferido e desfigurado", declarou uma pessoa - submetida à cirurgia porque seus órgãos genitais não tinham uma definição clara - muitos anos depois do procedimento.

Segundo o Ministério do Interior da Alemanha, agora os passaportes do país, que atualmente definem os gêneros apenas como M para masculino ou F para feminino, terão uma terceira designação, o X, para intersexuais.

Ainda não está claro qual o impacto dessa mudança nas leis de casamento e união no país.

As leis atuais definem o casamento como a união entre um homem e uma mulher, e parcerias civis são voltadas para casais do mesmo sexo.

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Gostei desta iniciativa :yep:
 
Última edição:
Realmente muito boa, imagina a situação dos pais de crianças que nascem com essas características duplas, o enorme peso da responsabilidade de ter que "escolher" um sexo pro recém-nascido, correndo o risco de impôr ao bebê um sexo incorreto, que não representa sua verdadeira personalidade. Agora com essa lei espera-se que esses infortúnios diminuam.
 
Kali Yuga.

Idade do Lobo, Últimos Dias, o Começo do Fim.

Os adoradores de toda subpessoalidade, dos instintos baixos e exaltadores de toda aberração metafísica como algo legitimamente merecedor de 'direitos', como se até mesmo o erro não fosse realmente 'erros' mas mais um a se junta ao circo de horrores do democratismo igualitarista.

O mundo de costas para a Tradição não pode mesmo reconhecer qualquer diferenciação espiritual a partir do qual se erige uma civilização. O seu império é o da bestialidade indiferenciada, o mundo da Prakrti, da matéria, o puro telurismo, da puríssima quantidade onde toda diferenciação, hiararquia, valor, moral, espiritualidade é rebaixado ao nível daemônico.

Kali Yuga.
 
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Kali Yuga.

Idade do Lobo, Últimos Dias, o Começo do Fim.

Os adoradores de toda subpessoalidade, dos instintos baixos e exaltadores de toda aberração metafísica como algo legitimamente merecedor de 'direitos', como se até mesmo o erro não fosse realmente 'erros' mas mais um a se junta ao circo de horrores do democratismo igualitarista.

O mundo de costas para a Tradição não pode mesmo reconhecer qualquer diferenciação espiritual a partir do qual se erige uma civilização. O seu império é o da bestialidade indiferenciada, o mundo da Prakrti, da matéria, o puro telurismo, da puríssima quantidade onde toda diferenciação, hiararquia, valor, moral, espiritualidade é rebaixado ao nível daemônico.

Kali Yuga.

Você está postando só pra você entender, né Pagz?
 
Eu até entendo "um pouco" (ênfase no "um pouco") do que o Pagz posta, mas não concordo com metade, rç.

Até pq nunca me dei bem com hierarquias.

De qqr forma, legal que possam registrar sem gênero definido. De resto, povo me olha e diz: mas Lynn, como assim vc faz karatê, vc tem cara de ser meiguinha, e -q...

Tipo, tem q ser um macho bruto ou uma mulher "macho" pra fazer artes marciais. E pra jogar video game, e pra dirigir, e pra etc...

-q?

Tipo, todos nós temos o masculino e feminino dentro de nós, uns mais outros menos. Não precisa seguir 100% um estereotipo, e isso tem muito pouco que ver com atração ou orientação sexual, uma vez que há gays/lésbicas que são cis (ou seja, vestem-se e comportam-se como homens/mulheres, embora a atração sexual seja direcionada ao mesmo sexo) e há trans que gostam de pessoas do sexo oposto (homens que gostam de se vestir de mulher e namoram mulheres, tipo o cartunista Laerte), engloba mto mais comportamento em relação a papéis de gênero.
 
Não, péra. O registro de gênero indefinido é só para hermafroditas. Se nasceu mulher, será registrado como mulher. E o mesmo para quem nasceu homem. Acho que o que você falou, @Lindoriel, não tem a ver com o tópico. Não é como se um homem homossexual pudesse ser registrado como mulher.
 
Última edição:
Aliás, quando eu li Kali Yuga eu lembrei de...

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Kali Yuga.

Idade do Lobo, Últimos Dias, o Começo do Fim.

Os adoradores de toda subpessoalidade, dos instintos baixos e exaltadores de toda aberração metafísica como algo legitimamente merecedor de 'direitos', como se até mesmo o erro não fosse realmente 'erros' mas mais um a se junta ao circo de horrores do democratismo igualitarista.

O mundo de costas para a Tradição não pode mesmo reconhecer qualquer diferenciação espiritual a partir do qual se erige uma civilização. O seu império é o da bestialidade indiferenciada, o mundo da Prakrti, da matéria, o puro telurismo, da puríssima quantidade onde toda diferenciação, hiararquia, valor, moral, espiritualidade é rebaixado ao nível daemônico.

Kali Yuga.

Então vamos ao ponto:

o que você defende que seja feito, em termos de registro civil, com os bebês hermafroditas?
 
Não, péra. O registro de gênero indefinido é só para hermafroditas. Se nasceu mulher, será registrado como mulher. E o mesmo para quem nasceu homem. Acho que o que você falou, @Lindoriel, não tem a ver com o tópico. Não é como se um homem homossexual pudesse ser registrado como mulher.

Opa, li errado. Rç.

De qqr forma, eu minha utópica esperança, deveria ser assim para quem tbm não se sente "dentro" de seu próprio gênero.

Editando: Grimnir, não exatamente os homossexuais (há homossexuais que gostam de pertencer a seu gênero, independente da atração sexual que sintam por pessoas do mesmo sexo), mas os/as trans; eles muitas vezes sofrem uma burocracia danada pra se registrar como pessoas do gênero ao que pertencem, e claro que não se percebe assim que nasce, mas muito pequenos os trans já indicam comportamento trans (de vestir roupa do sexo oposto, etc).

Então eu creio q deveria haver mais facilidade pra eles/as mudarem seus registros quando crescessem, mas muitas vezes nem os pais aceitam ter filhos trans... essa questão ainda é muito "atrasada" socialmente falando...
 
Última edição:
Então vamos ao ponto:

o que você defende que seja feito, em termos de registro civil, com os bebês hermafroditas?

No caso de bebês hermafroditas, não vejo mal moral em que os declarem como sexo indeterminado, ou como hermafroditas, simplesmente. O problema está na ideologia associada a essa coisa de 'sexo indeterminado' e os aplausos inférnicos que se dá, ideologicamente dirigidos e espiritualmente corrompidos, que se dá a uma atitude que, de inclusiva, de torna libertina.

Mas não cabe ficar falando sobre o que se deveria fazer nesse caso, os Estados ocidentais simplesmente abrem as pernas alegremente a todo esse veneno e se consideram mais sadios que o resto do mundo exatamente por isso. Nem milagres salvam o Ocidente, quanto mais opiniões e sugestões 'ponderadas'. Ninguém quer saber disso.

Eu repito o que já disse antes para o Paganus: saia do armário e seja feliz.
Amo gays. Há testemunhas oculares disso.

Vossas acusações de homofobia são tão vazias quanto as críticas às minhas transcendentes performances na pista.

Beijos.
 
Última edição por um moderador:
Vi a matéria abaixo e lembrei desse tópico:

Até quando haverá apartheid dos banheiros?
10 de Janeiro de 2014 by mairakubik 20 Comments

Foto: Necessidades Iguais (http://necessidadesiguais.tumblr.com/)

Em um sábado à tarde, um grupo de amigas combinou um passeio no shopping. Queriam jogar conversa fora, comer alguma coisa, andar um pouco. Um programa bem paulistano. Depois de cerca de uma hora, todas foram juntas ao banheiro, como mulheres em grupo costumam fazer. Mas logo percebem que havia algo errado: escutaram um segurança gritando, do lado de fora, por uma delas.

“Acho que era uma estratégia para intimidar uma e não o grupo todo”, avalia Aline Freitas. “O segurança disse que ela não poderia usar o banheiro porque era ‘homem’ e teria que usar o masculino. Eu falei que não, que ela estava no direito dela e puxei ela para dentro. Acho que ele não percebeu que eu também sou trans”.

Elas estavam no shopping Center 3, localizado no cruzamento da Av. Paulista com a R. Augusta, uma área conhecida da cidade por ser ponto de encontro LGBT*, mas também por diversos casos de agressões contra casais homossexuais.

As quatro jovens ficaram alguns minutos dentro do banheiro, até que o shopping enviou uma funcionária para conversar. “Ela entrou e disse que alguém tinha se sentido incomodado. As meninas responderam que sempre usaram o banheiro feminino e continuariam usando. Argumentaram coisas básicas como que não fazia sentido usarmos o banheiro masculino por risco de estupro”, afirma Aline.

A funcionária saiu e as mulheres se prepararam para fazer o mesmo. Aline estava nervosa. As outras ficaram mais calmas. Elas pressentiam que iriam enfrentar momentos ainda mais humilhantes. “Ficamos mais um pouco lá, trocamos uma palavra ou outra, no olhamos no espelho e saímos. Os seguranças estavam enfileirados na porta. Eram 7 ou 8. Fizeram um corredor polonês. Conforme nós passávamos, eles iam xingando a gente. Dizendo coisas como ‘que coisa feia’ ou ‘bando de homem vestido de mulher’”.

Procurado, o shopping divulgou, por meio de sua assessoria de imprensa, um comunicado em que informa que “após ter sido acionado por conta de uma reclamação de cliente, fez a verificação e nada anormal foi constatado. O Shopping esclarece, ainda, que respeita a diversidade e a individualidade de todas as pessoas, que repudia toda e qualquer atitude discriminatória, e que não houve atitude contrária a estes valores por parte do seu quadro de colaboradores.”

Para Aline, o banheiro é sim um espaço onde parece ser permitido discriminar. ”No banheiro público há uma mistura com o privado e as pessoas acham que têm o direito de dizer quem é bem-vindo. Como elas não podem fazer isso nos outros espaços, como as áreas comuns dos shoppings, sobra o banheiro”.

Revoltadas com o constrangimento absurdo que sofreram, Aline e as amigas decidiram organizarum protesto contra a discriminação, batizado de “Me deixem fazer xixi em paz!”. O ato será amanhã (11/01), em frente ao Center 3. A concentração está marcada para às 13h e, até o momento, mais de 700 pessoas confirmaram presença.

Também nessa semana, um grupo de funcionários do shopping Barra, em Salvador (BA), organizou um abaixo-assinado para exigir que uma pessoa trans que trabalha no local fosse impedida de usar o banheiro feminino.

A direção do estabelecimento declarou, em nota, que não aceitará o pedido. “O shopping entende que as questões relativas à compatibilização da identidade de gênero e, de forma mais ampla, as relativas à liberdade de orientação sexual, estão intimamente relacionadas com os chamados direitos da personalidade e, portanto, com a própria dignidade da pessoa humana que é nada menos que um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, conforme preceito inscrito no art. 1º, III da Constituição da República de 1988″.

São dois casos que somam-se a muitos outros — talvez o mais conhecido seja aquele dx cartunista Laerte — e demonstram que essa é uma questão premente que precisa ser debatida pela sociedade brasileira.

O que deveria ser entendido como natural — xixi e cocô — tem sido tratado, em certos espaços, como um privilégio absoluto, acessível apenas para quem tem a sua identidade de gênero alinhada com o sexo que lhe foi designado ao nascer.

A discriminação e o preconceito são tão profundos que colegas de trabalho não se sentem constrangidos de tentar impedir uma pessoa trans* de defecar e urinar no banheiro feminino. Pelo mesmo motivo, alguns seguranças de shopping, munidos de seu pequeno poder, acham normal agredir verbalmente clientes do estabelecimento.

Há alguns anos, o compositor Jorge Aragão descreveu de uma maneira muito precisa e bela como as pessoas negras se sentiam ao serem impedidas de entrar no elevador social dos edifícios, visto então como um verdadeiro “templo”. Foi necessária uma lei, com plaquinha e tudo, para que ficasse explícito o óbvio: que ninguém poderia ser excluído daquele espaço “em virtude de raça, sexo, cor, origem, condição social, idade, porte ou presença de deficiência e doença não contagiosa”.

E as pessoas trans*, até quando vão ser submetidas ao apartheid dos banheiros? Por quanto tempo mais aceitaremos que existam classes de sub-cidadãos/ãs/xs?



PS: Há algum tempo comecei o projeto fotográfico “Necessidades Iguais”. A proposta é simples: fotografar a porta de cada banheiro e a privada dentro. A cada novo lugar, saio com mesma percepção de que não importa o que esteja escrito ou ilustrado no exterior, por dentro tudo é muito semelhante. O discurso de que um seria mais limpo do que o outro — argumento geralmente usado por mulheres cis — é pura balela. O que existe mesmo é intolerância e preconceito no lugar da aceitação da pluralidade.

PS 2: Quer saber por que eu uso asterisco para a palavra trans*? Leia mais aqui:http://transfeminismo.com/trans-umbrella-term/

Fonte: Carta Capital (pois é...)

Eu sei que não é exatamente o assunto do tópico, mas como a @Lindoriel falou sobre gênero de uma forma mais ampla, acho que o debate pode ser expandido.

E aí, trans pode usar o banheiro feminino? Deveria existir um banheiro para trans? A qual "direito" a trans se refere no começo da matéria?

Não tenho opinião formada sobre o assunto, mas acho que o argumento das trans sobre risco de estupro no banheiro masculino faz sentido. Por outro lado, o que impediria um homem heterossexual pedófilo de se dizer trans e entrar no banheiro feminino? Não acho um assunto óbvio - e tratar o tema como "apartheid" parece reduzir tudo ao simples preconceito.
 
Minha opinião é: se trans se sente mulher, poderia usar o banheiro feminino. E se a trans for masculina (nasceu mulher biológica porém sente-se homem) poderia usar o masculino.

Houve uma polêmica sobre o Laerte (cartunista) usar o banheiro masculino, porque ele é crossdresser (aka veste-se de mulher no dia a dia) mas tem bastante aspectos "masculinos": usa nome de homem e diz que "tem dia que se sente mulher e dia que se sente homem".

No caso dele a coisa fica meio confusa... mas se o/a trans se sente pertencente ao outro gênero totalmente, eu não veria problemas em ele/a usar o banheiro desse mesmo gênero.

Mas sei que infelizmente, principalmente no banheiro feminino, muitas mulheres se incomodariam em dividir o banheiro com pessoas que consideram "homens"... então a coisa não fica tão fácil.

Grimnir disse:
Não tenho opinião formada sobre o assunto, mas acho que o argumento das trans sobre risco de estupro no banheiro masculino faz sentido.

Ocorre mto essa questão pq o conceito de estupro ainda é excessivamente falocêntrico. As pessoas pensam em sexo como penetração. Lésbicas gostam de mulheres - e tem mulheres pedófilas, mesmo que a maioria dos pedófilos ainda seja homem - e no entanto não há a cultura de se perguntar na porta do banheiro se a mulher em questão é lésbica, pq as outras mulheres se sentiriam intimidadas ao dividir banheiro com uma... ninguém liga mto sobre a sexualidade da mulher que divide banheiro com a outra.

Já homem (biológico, com penis) todo mundo "teme", todo mundo coloca como "estuprador" porque tem o falo. Então pode ser que ele seja, pode ser que ele não seja... e de mulher ninguém desconfia.

De qqr modo, estupradorxs existem em todos os gêneros - e transgêneros.

Esses dias fiquei sabendo de uma trans lésbica (aka nasceu homem biológico, hoje toma hormônio feminino e se veste de mulher, porém só se relaciona com mulheres - o "mito" de que crossdressers, travestis e trans apenas se relacionam com homens é isso mesmo: um mito) que era super misógina: um caso pra internação mesmo. Considera-se mulher, mas odeia mulheres e ainda chama as mulheres com quem se relaciona (?) de "depósitos de p***".

Ou seja, essa questão é bem, bem ampla mesmo. Não existem mocinhos ou bandidos, somente pessoas que podem ter caráter bom ou mau.
 
Última edição:
Apartheid dos banheiros, pqp, onde é que desce dessa merda?
 
Minha opinião é: se trans se sente mulher, poderia usar o banheiro feminino. E se a trans for masculina (nasceu mulher biológica porém sente-se homem) poderia usar o masculino.

A teoria é bonita, mas a prática não parece muito simples. A minha pergunta você não respondeu. Nada impediria um homem heterossexual de se autodeclarar trans e entrar no banheiro feminino. Quem é que vai poder dizer que o sujeito não é trans, né?

@Paganus: Independente de você achar o assunto uma merda, o problema é real e existe.
 
Vi a matéria abaixo e lembrei desse tópico:

Até quando haverá apartheid dos banheiros?
10 de Janeiro de 2014 by mairakubik 20 Comments

Foto: Necessidades Iguais (http://necessidadesiguais.tumblr.com/)

Em um sábado à tarde, um grupo de amigas combinou um passeio no shopping. Queriam jogar conversa fora, comer alguma coisa, andar um pouco. Um programa bem paulistano. Depois de cerca de uma hora, todas foram juntas ao banheiro, como mulheres em grupo costumam fazer. Mas logo percebem que havia algo errado: escutaram um segurança gritando, do lado de fora, por uma delas.

“Acho que era uma estratégia para intimidar uma e não o grupo todo”, avalia Aline Freitas. “O segurança disse que ela não poderia usar o banheiro porque era ‘homem’ e teria que usar o masculino. Eu falei que não, que ela estava no direito dela e puxei ela para dentro. Acho que ele não percebeu que eu também sou trans”.

Elas estavam no shopping Center 3, localizado no cruzamento da Av. Paulista com a R. Augusta, uma área conhecida da cidade por ser ponto de encontro LGBT*, mas também por diversos casos de agressões contra casais homossexuais.

As quatro jovens ficaram alguns minutos dentro do banheiro, até que o shopping enviou uma funcionária para conversar. “Ela entrou e disse que alguém tinha se sentido incomodado. As meninas responderam que sempre usaram o banheiro feminino e continuariam usando. Argumentaram coisas básicas como que não fazia sentido usarmos o banheiro masculino por risco de estupro”, afirma Aline.

A funcionária saiu e as mulheres se prepararam para fazer o mesmo. Aline estava nervosa. As outras ficaram mais calmas. Elas pressentiam que iriam enfrentar momentos ainda mais humilhantes. “Ficamos mais um pouco lá, trocamos uma palavra ou outra, no olhamos no espelho e saímos. Os seguranças estavam enfileirados na porta. Eram 7 ou 8. Fizeram um corredor polonês. Conforme nós passávamos, eles iam xingando a gente. Dizendo coisas como ‘que coisa feia’ ou ‘bando de homem vestido de mulher’”.

Procurado, o shopping divulgou, por meio de sua assessoria de imprensa, um comunicado em que informa que “após ter sido acionado por conta de uma reclamação de cliente, fez a verificação e nada anormal foi constatado. O Shopping esclarece, ainda, que respeita a diversidade e a individualidade de todas as pessoas, que repudia toda e qualquer atitude discriminatória, e que não houve atitude contrária a estes valores por parte do seu quadro de colaboradores.”

Para Aline, o banheiro é sim um espaço onde parece ser permitido discriminar. ”No banheiro público há uma mistura com o privado e as pessoas acham que têm o direito de dizer quem é bem-vindo. Como elas não podem fazer isso nos outros espaços, como as áreas comuns dos shoppings, sobra o banheiro”.

Revoltadas com o constrangimento absurdo que sofreram, Aline e as amigas decidiram organizarum protesto contra a discriminação, batizado de “Me deixem fazer xixi em paz!”. O ato será amanhã (11/01), em frente ao Center 3. A concentração está marcada para às 13h e, até o momento, mais de 700 pessoas confirmaram presença.

Também nessa semana, um grupo de funcionários do shopping Barra, em Salvador (BA), organizou um abaixo-assinado para exigir que uma pessoa trans que trabalha no local fosse impedida de usar o banheiro feminino.

A direção do estabelecimento declarou, em nota, que não aceitará o pedido. “O shopping entende que as questões relativas à compatibilização da identidade de gênero e, de forma mais ampla, as relativas à liberdade de orientação sexual, estão intimamente relacionadas com os chamados direitos da personalidade e, portanto, com a própria dignidade da pessoa humana que é nada menos que um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, conforme preceito inscrito no art. 1º, III da Constituição da República de 1988″.

São dois casos que somam-se a muitos outros — talvez o mais conhecido seja aquele dx cartunista Laerte — e demonstram que essa é uma questão premente que precisa ser debatida pela sociedade brasileira.

O que deveria ser entendido como natural — xixi e cocô — tem sido tratado, em certos espaços, como um privilégio absoluto, acessível apenas para quem tem a sua identidade de gênero alinhada com o sexo que lhe foi designado ao nascer.

A discriminação e o preconceito são tão profundos que colegas de trabalho não se sentem constrangidos de tentar impedir uma pessoa trans* de defecar e urinar no banheiro feminino. Pelo mesmo motivo, alguns seguranças de shopping, munidos de seu pequeno poder, acham normal agredir verbalmente clientes do estabelecimento.

Há alguns anos, o compositor Jorge Aragão descreveu de uma maneira muito precisa e bela como as pessoas negras se sentiam ao serem impedidas de entrar no elevador social dos edifícios, visto então como um verdadeiro “templo”. Foi necessária uma lei, com plaquinha e tudo, para que ficasse explícito o óbvio: que ninguém poderia ser excluído daquele espaço “em virtude de raça, sexo, cor, origem, condição social, idade, porte ou presença de deficiência e doença não contagiosa”.

E as pessoas trans*, até quando vão ser submetidas ao apartheid dos banheiros? Por quanto tempo mais aceitaremos que existam classes de sub-cidadãos/ãs/xs?



PS: Há algum tempo comecei o projeto fotográfico “Necessidades Iguais”. A proposta é simples: fotografar a porta de cada banheiro e a privada dentro. A cada novo lugar, saio com mesma percepção de que não importa o que esteja escrito ou ilustrado no exterior, por dentro tudo é muito semelhante. O discurso de que um seria mais limpo do que o outro — argumento geralmente usado por mulheres cis — é pura balela. O que existe mesmo é intolerância e preconceito no lugar da aceitação da pluralidade.

PS 2: Quer saber por que eu uso asterisco para a palavra trans*? Leia mais aqui:http://transfeminismo.com/trans-umbrella-term/

Fonte: Carta Capital (pois é...)

Eu sei que não é exatamente o assunto do tópico, mas como a @Lindoriel falou sobre gênero de uma forma mais ampla, acho que o debate pode ser expandido.

E aí, trans pode usar o banheiro feminino? Deveria existir um banheiro para trans? A qual "direito" a trans se refere no começo da matéria?

Não tenho opinião formada sobre o assunto, mas acho que o argumento das trans sobre risco de estupro no banheiro masculino faz sentido. Por outro lado, o que impediria um homem heterossexual pedófilo de se dizer trans e entrar no banheiro feminino? Não acho um assunto óbvio - e tratar o tema como "apartheid" parece reduzir tudo ao simples preconceito.

Se eu pudesse escolher penso que uma opção seria um banheiro individual preferencial ao lado do masculino e feminino para atender segmentos específicos tipo idosos, grávidas e pessoas que ainda não possuam documentação que aponte a escolha sexual.
 
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A teoria é bonita, mas a prática não parece muito simples. A minha pergunta você não respondeu. Nada impediria um homem heterossexual de se autodeclarar trans e entrar no banheiro feminino. Quem é que vai poder dizer que o sujeito não é trans, né?

@Paganus: Independente de você achar o assunto uma merda, o problema é real e existe.

O assunto é uma merda exatamente porque o problema é irreal e inexiste.

O problema é a humanidade realmente achar que isso é um problema, um assunto, uma questão.

Trans não são mulheres nem homens. São coisas quebradas, imperfeitas, sem substância e fixidez em algo real, são mais reais nos seus aspectos físicos que nos psíquicos e mesmo estes retrocedem à animalidade. Homens são homens, não importa o quanto desejem ser mulheres. Mulheres são mulheres, da mesma forma. Podem se vestir como o sexo oposto, se relacionar, pensar, falar, se comportar como o outro sexo, mas isso não muda seu sexo. Nem a cirurgia muda mais que o sexo biológico e psíquico.

O sexo espiritual se mantém. O que se realiza aqui, no trans, é a destruição dos sexos, que são princípios de ordem metafísica, é a regressão de um ser espiritual, o homem, a estados larvares, subpessoais, animalescos, mesmo demoníacos. A androginia é o ápice da metafísica. Um travesti é uma paródia grotesca e deformada, inférnica mesmo, da androginia.

Essas discussões sobre banheiros e o lugar dos travestis neles... isso só é um problema para quem realmente acha que esses seres quebrados são vítimas mesmo de alguma opressão, que realmente são uma categoria á parte de seres humanos, que devem de ter os mesmos 'direitos', direitos exclusivos, aos quais os outros não tem. É bem a mentalidadezinha compensatória que impera por aí, mas não há nisso nem lógica nem realidade.

Não é uma questão, é um fantasma de problema, uma alucinação. Algo sem substância.
 
Whatever. A minha definição de real é diferente da sua. A minha definição é que existe um ser humano que nasceu homem, mas tomou hormônios, fez implantes e acredita ser mulher (e se comporta como tal). O problema real e objetivo é: Esses seres humanos (pq acima de tudo é isso que são, né?) devem usar banheiros masculino ou feminino? Se usam o masculino, correm risco de estupro. Por outro lado, não podem usar o banheiro feminino também. Qual é, afinal, o espaço dessas pessoas?

Lendo o seu texto, parece que o espaço delas é o lixo.
 

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