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Autor da Semana Herman Melville

Lynoka

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Herman Melville

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Nasceu em Nova York, no dia 1º de agosto de 1819, em uma família de origens inglesa e holandesa. Durante sua infância, a situação social da família era confortável. Mas seu pai, um senhor refinado, teve sérios problemas financeiros que o levaram à falência no ano de 1830. Ele morreu logo em seguida, deixando a mulher e os oito filhos numa situação instável, fazendo com que a educação de Herman cessasse por volta dos seus quinze anos de idade. Ele começou a trabalhar para auxiliar no sustento da família, e foram várias as suas ocupações: bancário, vendedor na loja de peles do irmão, professor e colono. Em 1839, embarcou como cama¬reiro em um navio que zarpava para Liver¬pool. A viagem, angustiante e ao mesmo tempo romântica foi mais tarde descrita no seu texto Redburn e ensinou a Herman o amor pelo mar. Outra viagem – desta vez iniciada em 1841, com duração de dezoito meses –, em um baleeiro pelos mares do sul, também forneceria muito da matéria-prima utilizada posteriormente pelo escritor na sua obra, em especial na sua obra-prima, o romance Moby Dick.
Em julho de 1842, Melville desertou do navio na Polinésia, vivendo entre selvagens nas ilhas Marquesas por vários meses. Juntou-se a uma embarcação comercial australiana, mas abandonou novamente o navio por ocasião de um motim e foi preso no Taiti, acusado de deserção. Voltou aos Estados Unidos em 1844, como um marinheiro, na fragata chamada United States, que aportou em Boston. As histórias de aventura Taipi (sua primeira obra), Omoo e White-Jacket – todas escritas com base nessas viagens, sendo que as duas primeiras relatam suas experiências com os povos autóctones – renderam-lhe sucesso imediato e um vasto público.
Casou-se em 1847 e em 1850 mudou-se com a mulher para uma fazenda de propriedade do casal, no estado norte-americano de Massachusetts, onde redigiria Moby Dick, considerado por inúmeros estudiosos como um dos romances mais importantes da literatura ocidental. Melville e sua mulher viveram nessa fazenda por quinze anos. Durante esse tempo, o casal tornou-se íntimo do vizinho e colega de letras, o escritor Nathaniel Hawthorne (1804-1864), autor de A casa dos sete patamares, entre outros livros, e a quem Moby Dick é dedicado. Nathaniel Hawthorne e Herman Melville formariam um importante par da intelec¬tuali¬dade norte-americana da época. Em uma fase de definição da identidade estado-unidense, quando a estética romântica dominava o Novo Mundo, a ética da literatura deles fez eco ao bardo Walt Whitman (1819-1892) e sua busca quase religiosa pela essência das coisas e dos homens. Estudiosos da literatura norte-americana viriam a chamar Hawthorne, Whitman e Melville, assim como outros escritores da Nova Inglaterra de então, de “transcenden¬talistas” por conta do viés religioso, por vezes messiânico, da sua literatura, que buscava, através das letras, uma conexão de bondade, compaixão, sentimento de amor onipresente e virtude com todo o Universo.
Em 1851 é publicado Moby Dick. A popularidade de Melville diminui. Na medida em que o escritor optou por tratar de temas mais complexos e elaborados, sua obra foi tornando-se desin¬teressante para os leitores que esperavam simples relatos de aventuras, como seus primeiros escritos.
Em novembro de 1853 é publicado o primeiro encarte de Bartleby, o escriturário: uma história de Wall Street, no periódico Putnam’s. Bartleby, considerado hoje um dos melhores contos da obra melvilliana, está igualmente imbuído daquele sentimento que é a marca registrada do escritor: a noção da importância daqueles momentos na vida quando, contrariando uma orientação consciente, algo da nossa natureza de seres humanos misteriosamente toma o comando, conduzindo-nos de modo aparentemente contrário a nossa vontade, e, igualmente, a noção de que são esses os momentos em que a nossa história moral é determinada.
Nas histórias do período que vai de 1853 a 1856, nota-se uma forte preocupação autobiográfica. O duro esquecimento por parte do público e o desgoverno da carreira literária de Melville refletem-se no papel em situações de retiro pessoal, resignação, derrota, resistência estóica e sofrimento passivo em um mundo duro – além de personagens vivendo e sobrevivendo após terríveis desastres – e esforços, por vezes vãos, para evitar catástrofes maiores.
No período de 1856 a 1885, Melville abandonou a escrita em prosa (assim como abandonara a idéia de uma carreira bem-sucedida de escritor), dedicando-se apenas a versos, incluindo poemas sobre busca religiosa. Em 1860, o período criativo de Melville já terminara, e ele tentou ganhar dinheiro como palestrante. Mudou-se para a cidade de Nova York durante a Guerra Civil Norte-Americana e três anos depois, em 1866, foi nomeado fiscal da alfândega. Permaneceu no cargo burocrático por dezenove anos. Morreu em Nova York, sua cidade natal, em 28 de setembro de 1891, deixando alguns manuscritos incompletos, entre os quais Billy Budd, Sailor, descoberto apenas em 1920.
Somente a partir das primeiras décadas do século XX é que a obra de Melville seria reava¬liada em uma escala de importância, renovando o prestígio do autor. Como toda a sua literatura é perpassada pela busca da perfeição do homem e pela constante luta entre o Bem e o Mal, a crítica da segunda metade do século XX viu em Melville um precursor do existencialismo, e o escritor francês Albert Camus chamou-o de “O Homero do oceano Pacífico”. Antes ou depois de Melville, nunca a idéia de retidão moral foi tão atraente, justi¬ficada e ou transcendente.

Moby Dick

O nome da obra é o do cachalote enfurecido, de cor branca, que havendo sido ferido várias vezes por baleeiros, conseguiu destrui-los todos. Originalmente foi publicado em três fascículos com o título de Moby-Dick ou A Baleia em Londres em 1851, e ainda no mesmo ano em Nova York em edição integral. O livro foi revolucionário para a época, com descrições intricadas e imaginativas das aventuras do narrador - Ismael, suas reflexões pessoais, e grandes trechos de não-ficção, sobre variados assuntos, como baleias, métodos de caça a elas, arpões, a cor branca (de Moby Dick), detalhes sobre as embarcações e funcionamentos, armazenamento de produtos extraídos das baleias.
O romance foi inspirado no naufrágio do navio Essex, comandado pelo capitão George Pollard, quando este foi atingido por uma baleia e afundou.

Enredo

A obra foi inicialmente mal-recebida pelos críticos, assim como pelo público, mas com o passar do tempo tornou-se uma das mais respeitadas da literatura em língua inglesa, e seu autor é agora considerado um dos maiores escritores estadunidenses.
O livro abre-se com uma das mais famosas citações da língua inglesa: "Chamai-me Ismael."


O início de uma grande amizade.

A história começa quando Ismael, já veterano do mar, decide embrenhar-se em um outro ramo da atividade marítima, a pesca de baleias. Para tal, viaja para uma região norte-americana especializada na referida pesca, e por vias, instala-se na hospedaria "O Espiráculo", onde conhece Queequeg, o seu melhor amigo. Embarcam no navio The Pequod, mas antes Ismael recebe um aviso de um homem velho que o capitão, conhecido como Ahab, é louco e muito se compara com o diabo e seu navio, como o inferno. Ahab possui "demônios". E também anuncia que tem um único e vedadeiro ódio: a baleia Moby Dick.


Hora de partir

A viagem baleeira tem a previsão de três anos de duração. O interesse da tripulação do Pequod é a obtenção de lucro a partir da pesca de baleias para extração de gordura, espermacete - fino produto e amplamente usado na época - e outros sub-produtos da pesca. Todavia, o capitão Ahab tem por objetivo particular confrontar-se com Moby Dick, o cachalote responsável por arrancar-lhe a perna. Moby Dick é tido como um monstro pelos baleeiros, os quais, segundo o autor, evitam confrontar-se com ele quando o avistam. Melville vale-se de várias reflexões particulares para transformar o cotidiano de um navio baleeiro, bem como a pesca em si e as finalidades de tal labor (detalhes esses que o autor descreve exaustivamente) para construir uma metáfora acerca da condição do homem moderno.


A batalha entre razões

A hora da batalha entre a razão humana e o instinto animal é começada. Em meio aos desdobramentos das loucuras e acessos de raiva devido à ambição do Capitão, a baleia curiosamente se choca contra a quilha do navio, que entra em estado de instabilidade enquanto seus tripulantes tentam escapar, e aqueles que entraram nos botes para se confrontar com Moby Dick acabam tendo que esperar pela morte (pois todos os botes são destruídos). O final de Moby Dick é previsível, mas isso não tira pontos da obra, pois também é incessantemente surpreendente. Sabia-se que o destino não guardava flores para Ahab, e sim espinhos, pois a lição filosófica da obra é que o homem quando dá-se por extremamente ambicioso acaba perdendo tudo que mais preza, no caso da metáfora construída, o Pequod e a vida. Tendo seu melhor amigo Queequeg morrido naquele mesmo dia, Ismael estava sozinho em meio aos escombros e aos corpos (todos mortos). Pois que, quando não lhe restavam mais esperanças, o caixote onde Queequeg seria velado, segundo sua crença pagã, emerge da água para que o sobrevivente seja salvo. E, assim, ao gosto das ondas, o marinheiro é levado para casa. Tempos depois de ter vivido o sabor da sua amarga aventura e ter visto o quanto o homem pode ser tolo por razões tão naturais como o instinto animal, e criar seus fantasmas justamente por sua pretensão, Ismael não tem mais vontade de voltar para o mar. Deveras, já vira de tudo

Romances
Typee, (1846)
Omoo, (1847)
Mardi, (1849)
Redburn, (1849)
White-Jacket, (1850)
Moby-Dick, a baleia branca (1851)
Pierre, (1852)
Isle of the Cross, (1853)
Israel Potter, (1856)
The confidence-man, (1857)
Billy Budd (1924)


Contos
The Piazza Tales, (1856)
The Piazza,
Bartleby, o Escrivão,
Benito Cereno,
The lightning-Rod Man,
The Encantadas, or Enchanted Isles,
The Bell-tower
 
Melville, Melville... Bons tempos. Melville é um autor que associo diretamente ao Meia. Extremamente enriquecedoras as discussões que travei com o Lucas no tópico do Moby Dick.

Aliás, que obra espetacular. As resenhas do Lucas lá no Posfácio estão magníficas: Moby Dick, Bartleby, Billy Budd e Mares do Sul.

Pra quem quiser um norte do que já foi publicado de Melville no Brasil, Denise Bottmann dá uma ajudinha: Herman Melville no Brasil. Mas só lembrando também do site especial que a Cosac fez pro Moby Dick.

De resto... As duas últimas coisas que li de/sobre Melville recentemente foram alguns poemas e um texto do Deleuze sobre o Bartleby. Cheguei até a me arriscar na tradução de um de seus poemas:

O TUBARÃO DAS MALDIVAS.

Sobre o tubarão, fleumático,
Pálido beberrão marítimo,
O peixe-piloto esguio, azul, lustroso
E agora alerta e cauteloso.
Da serra bucal ao sarcófago dos dentes,
Não há nada que o amedronte;
Antes, fantasmagoricamente
Desliza o flanco e a fronte
E caça à bombordo das presas,
Fileiras de portais que fosforejam
E onde se encontra um porto perigoso
E um asilo nas jaulas do Destino!
Amigos, amigavelmente o guiam
À caça. Mas só o auxiliam, –
Olhos, miolos decrépitos,
Pálido chacal de alimentos fétidos.

http://www.poets.org/viewmedia.php/prmMID/20871

Melville é tudibom.
 
Moby Dick é um plano de longo prazo ainda.
Mas Bartleby, pra mim, é um dos melhores contos de todos os tempos e o seu refrão "I would prefer not to" ressoa insistentemente em muitas outras leituras!
 

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