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Autor da Semana Jonathan Swift

Spartaco

Anton Bruckner - 200 anos do nascimento
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Jonathan Swift
(Dublin, 30 de Novembro de 1667 - Dublin, 19 de outubro de 1745)

Testemunha orgulhosa e ressentida da sociedade de seu tempo, Jonathan Swift construiu sua obra literária com o mais fino aço da inteligência e as mais agressivas pedras da indignação. Com uma sensibilidade incomum e várias vezes ferida, atuou sempre com forte razão objetiva, lucidez cortante, extremo realismo, e a serviço de uma consciência moral severamente honesta. Foi assim que se tornou, como hostilizador e hostilizado, vítima e carrasco, talvez o maior prosador da língua inglesa e provavelmente o maior satírico da literatura universal. Um dos maiores humanistas do seu tempo, numa época em que se dava ênfase ao classicismo, sua consciência orientou seu método, o método orientou o estilo, e, diante disso, surgiu uma prosa rigorosamente clássica, de extraordinária eficácia na transmissão de seus valores e ideais.

Biografia

Órfão de pai, com um ano de idade, é levado secretamente por sua ama para a Inglaterra e, após dois anos em solo inglês, volta para a Irlanda em virtude dos problemas políticos que ocorriam no país. É entregue então ao seu tio Godwin que o manda estudar na escola Kilkenny, em Dublin em 1673. O tio ensina-lhe boas maneiras, mas não lhe dá amor e carinho, limitando-se a medicá-lo quando tinha crises de surdez, mal que o ameaçou pelo resto da vida.

Em 1681 Swift matricula-se no Trinity College de Dublin, onde só se distingue pelas punições. Em 1688 recebe o diploma da congregação e, com a morte de seu tio neste mesmo ano, Swift vai para Leicester viver junto de sua mãe; como ela não dispunha de muito dinheiro para ajudá-lo, é obrigado a procurar um emprego e sustentar-se.

Em 1689 vai para Moor Park, Surrey (Inglaterra), e torna-se secretário de Sir WilliamTemple (1628-1699), estadista e escritor de grande prestígio. Swift amadurece intelectualmente entre os livros de Temple e conhece uma menina de oito anos chamada Esther Johnson que, segundo diziam, era filha de William Temple com uma ama da casa.

Swift chama-a carinhosamente de Stella e lhe dedica alguns de seus mais belos poemas. A diferença de idade entre os dois não serviu de barreiras para que desabrochasse um grande afeto entre eles.

A presença de Stella era um bálsamo para Swift, mas não o suficiente para retê-lo como empregado de Sir Temple. Swift tinha ambições e compreendia que, para realizá-las, precisava de um diploma. Em 1693 doutorou-se em Teologia pela Universidade de Oxford e, em 1695, assume o posto de Cônego em Kilbroot, na Irlanda.
Ainda em 1695 volta para Moor Place e encontra Sir Temple escrevendo um panfleto altamente conservador sobre a "Batalha dos Livros", pelo qual foi muito atacado. Swift, promovido por ele a secretário, viu-se obrigado a defendê-lo e redigiu em 1697 A Batalha dos Livros. Por trás da defesa ironizava sutilmente tanto os conservadores quanto os liberais.

Com a morte de Sir Temple em 1699, Swift, desempregado, pleiteia o cargo de deão (coordenador de um grupo de párocos) de Serry, mas as autoridades eclesiásticas consideravam o posto elevado demais para um pastor tão jovem e o nomeiam Cônego de Dublin, na Irlanda.

A nomeação não lhe agradou muito, mas Swift não teve alternativa senão aceitá-la. Pede então que Stella vá viver ali perto. A proximidade da menina dá-lhe ânimo para continuar escrevendo e em 1701 publica anonimamente o Discurso sobre as Dissensões entre os nobres e comuns em Atenas e Roma. Nessa obra, a alusão aos partidos ingleses é clara, como também é nítida a sua posição ao lado dos Whigs (liberais); por isso, os Tories (conservadores) passam a atacá-lo. No entanto, passa a ser admirado por estadistas como Somers (1651-1716) e Halifax (1633-1695), de elevado prestígio junto ao governo.

Vislumbrando a possibilidade de ascender-se na Igreja anglicana e com ajuda dos políticos, Swift começa a viajar frequentemente para Londres. Consegue então editores para A Batalha dos Livros e O Conto de Tonel. Além disso, apoiado pelos escritores satíricos Pope (1688-1744), Richard Steele (1672-1729) e Joseph Addison (1672-1719), ganha popularidade.

Em 1708 escreve um panfleto para desmascarar o astrólogo Patridge, tido por ele como charlatão. Sob o pseudônimo de Isaac Bickestaff profetizava, no estilo de adivinho, a morte de Patridge. A luta entre os dois acirra-se em 1709 e Swift escreve o artigo A Vingança de Isaac Bickertaff, na qual resume satiricamente a disputa.

A ambição e as amizades fazem com que Swift permaneça em Londres, mas, sempre pensando em Stella, lhe escreve numerosas cartas. Em seu Diário, falava de tudo: de encontros com aristocratas e políticos; das impressões suscitadas; das intrigas da corte; do fumo do Brasil; da invasão do Rio de Janeiro pelos franceses (1710); dos sonhos; das aversões, etc. Ao falar de assuntos íntimos, se expressa numa linguagem cifrada, compreensível somente para ele e Stella; mais tarde, essa experiência deu frutos em Viagens de Gulliver.

Em 1713 torna-se deão da catedral de Saint Patrick em Dublin. Sua acolhida nesse local foi fria, pois desconfiavam que suas atividades políticas não eram compatíveis com as funções religiosas. Ao saber de seus problemas, Stella vai juntar-se a ele em Dublin. Pouco depois outra mulher o procura: ela é Esther Vamhomrigh, filha de um rico mercador alemão. Swift dedicou a ela o poema Cadenus e Vanessa em 1726.

Vanessa fica sabendo da sua ligação com Stella e, não suportando a hipótese de amá-lo só no espírito sufocando os ímpetos da carne, escreve à rival uma carta falando de seus laços com Swift. Furioso, ele procura Vanessa e, sem dizer nem uma palavra, atira-lhe aos pés uma carta de despedida. Nunca mais a viu. Semanas depois a moça morreu de tristeza.

Em 1725 começa escrever Viagens de Gulliver onde pretendia agredir o mundo, não diverti-lo.

Em 1728 Stella morre de um mal desconhecido. No ano de 1731 Swift faz da sua própria morte um objeto da sátira ao escrever um poema sobre a morte do Dr. Swift.

Sua última obra foi escrita em 1738 um ensaio destinado a despojar a conversação inglesa das banalidades e incorreções que o levam ao ridículo. Com o título de A Conversação Polida a qual representava o resultado de vinte anos de observação e pesquisa.

Em 19 de Outubro de 1745 Jonathan Swift, surdo e louco, morre em Dublin. Ele é enterrado na Catedral de São Patrício. Em sua lápide, o epitáfio em latim, escrito por ele mesmo:

Aqui jaz o corpo de Jonathan Swift, doutor em Teologia e deão desta catedral, onde a colérica indignação não poderá mais dilacerar-lhe o coração. Segue, passante, e imita, se puderes, esse que se consumiu até o extremo pela causa da Liberdade.

Obras
  • História de um tonel (1704) Sátira em prosa.
  • A batalha dos livros (1704) Sátira em prosa.
  • Argumento contra a abolição do cristianismo (1708) Panfleto.
  • Diário para Stella (1710-1713) Cartas.
  • The Conduct of the Allies (1711) Panfleto político.
  • As viagens de Gulliver (1726) Romance.
  • Modesta proposição (1729) Sátira política.
  • A Conversação Polida (1738) Resultado de 20 anos de pesquisa.
  • Versos sobre a morte do doutor Swift (1739) Poema.

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As Viagens de Gulliver

Gulliver's Travels (1726, alterado em 1735), oficialmente Travels into Several Remote Nations of the World, in Four Parts. By Lemuel Gulliver, First a Surgeon, and then a Captain of several Ships e traduzido para o português como As Viagens de Gulliver, é um romance satírico e a principal e a mais cconhecida obra do escritor irlandês Jonathan Swift.

Nesta que é a sua obra-prima, Swift conta as fantásticas aventuras de Lemuel Gulliver, um cirurgião naval que faz as vezes de curioso, observador, repórter e, freqüentemente, vítima das circunstâncias nas terras mais estranhas. Em Liliput, Gulliver depara-se com minúsculas pessoas e vê a si mesmo como um gigante. Em Brobdingnag, o contrário acontece: ele é um ser minúsculo perto dos nativos gigantes. A ilha de Laputa é o cenário da sua terceira viagem: os habitantes ocupam-se em complôs e conspirações enquanto o país esvai-se em ruínas. Finalmente, ele encontra os Houyhnhnms, cavalos que governam o próprio país, e também os yahoos, seres bestiais que lembram os humanos.

A narrativa inicia-se com o naufrágio do navio onde Gulliver seguia. Após o naufrágio ele foi arrastado para uma ilha chamada Lilliput. Os habitantes desta ilha, que eram extremamente pequenos, estavam constantemente em guerra por futilidades. Foi através dos lilliputianos que Swift demonstrou a realidade inglesa e francesa da época.

Na segunda parte, Gulliver conheceu Brobdingnag. Em contraposição a Liliput, na terra de Gigantes é que Gulliver percebe a Dimensão da mediocridade da sociedade inglesa diante da "grandeza" dos habitantes.

Já na terceira parte Na ilha Flutuante de Laputa, Swift criticou a Royal Society, a administração inglesa na Irlanda e a imortalidade, através da descrição dos habitantes dos países por onde Gulliver passou, com alienados cientistas, é uma feroz crítica ao pensamento cientifico que não traz benefícios para a humanidade.

Na última viagem Gulliver encontrou os Houyhnhm, uma raça de cavalos que possuía muita inteligência, que representavam os ideais iluministas da verdade e da razão. Os Houyhnhm temiam que alguém dos yahoos (uma raça imperfeita de um tipo de "humanos") movidas por instintos primitivos, se tornasse culto, satirizando a raça humana. Gulliver vê a humanidade como yahoos e toma nojo do ser humano.

Por fim Gulliver regressou a Inglaterra para ensinar aos outros as virtudes que aprendera com os Houyhnhm.

Assim, com este romance, Jonathan Swift critica e satiriza não apenas a sociedade dos homens, mas a própria natureza humana. Razão pela qual é tão atual quanto na época de seu lançamento.

Fonte: Wikipedia e www.lpm.com.br
 
modesta proposta é um folheto satírico, dá para ler bem rapidinho (em português) aqui >> http://www.arquivors.com/umaproposta.htm

e ó, vale a pena ler, é daqueles textos que mesmo breves acabaram influenciando muito outros autores. wikipedia fala "This essay is widely held to be one of the greatest examples of sustained irony in the history of the English language." e eu não acho exagero, não. btw, embora seja mais conhecido como A modest proposal, o título completo é: A Modest Proposal for Preventing the Children of Poor People From Being a Burthen to Their Parents or Country, and for Making Them Beneficial to the Publick
 
Li As Viagens e é muito bom. Uma frase que lembro até hoje é a de um (não vou lembrar como se escreve) cavalo ao o Gulliver dizer que as pessoas vestem roupas. Ele fica indignado e não consegue entender o motivo pra esconder as partes pudendas
modesta proposta é um folheto satírico, dá para ler bem rapidinho (em português) aqui >> http://www.arquivors.com/umaproposta.htm

e ó, vale a pena ler, é daqueles textos que mesmo breves acabaram influenciando muito outros autores. wikipedia fala "This essay is widely held to be one of the greatest examples of sustained irony in the history of the English language." e eu não acho exagero, não. btw, embora seja mais conhecido como A modest proposal, o título completo é: A Modest Proposal for Preventing the Children of Poor People From Being a Burthen to Their Parents or Country, and for Making Them Beneficial to the Publick
Cuidado, pois não será difícil achar quem se proponha a levar à cabo essa proposta. Muita gente não se importaria de acabar com os pobres de maneiras assim.
 
Cuidado, pois não será difícil achar quem se proponha a levar à cabo essa proposta. Muita gente não se importaria de acabar com os pobres de maneiras assim.

eu já vi gente levando à sério e criticando o swift "pelos absurdos" que ele escreveu, isso nos dias de hoje :rofl: me faz lembrar uma crônica do mario de andrade, o sobrinho de salomé.

Sobrinho de Salomé (Mario de Andrade/1931)

A respeito do sr. general que protestou por Menotti del Picchia ter abusado do nome dele num romance, lembrei de tirar dos meus guardados esta carta que encontrei numa revista alemão e traduzi:

“Sr. Diretor:

Muito me penalizou o estudo “Psicologia de Salomé” publicado no número de agosto da vossa conceituada revista. Eu que sou leitor assíduo dela e conceituado (sic) em nosso comércio, não posso francamente compreender que motivo levou o Sr. e o autor do artigo, que não me conhecem, a me ferir tão profundamente em minha honorabilidade.

O mais provável é ser o referido artigo, fruto da campanha anti-semita que agora principia se desenvolvendo atrás de nós. Mas o Sr. não achará, por acaso, que é a mais clamorosa injustiça culpar uma pessoa do sangue que lhe corre nas veias? Tanto mais sendo essa pessoa tão bom cidadão do Império que deixou no abandono a joalheria herdada, para se sujeitar patrioticamente aos horrores e desperdícios do serviço militar!

Minha tia Salomé não deixou filhos, é verdade, mas eu sou sobrinho dela, único sobrinho, pois minha santa Mãe também não queria filhos. Mas como sobrinho não deixarei sem reconsideração os exageros e mesmo mentiras tão levianamente expostas no referido estudo.

Assim, são positivamente exageradas as afirmações do articulista sobre a liberdade moral de minha tia Salomé. Posso lhe garantir, Sr. Diretor, que ela não foi uma rameira vulgar, nem jamais se deu à conquista de potentados, imperadores e reis, sem que tivesse o mínimo ‘penchant’, o mínimo ‘béguin’ por eles. Não posso contestar que minha tia manteve uma vida bastante liberdosa, tendo mesmo compartilhado leito de vários senhores, sem que santificassem tais convívios as bênçãos de Deus. Mas nunca, oh nunca, Sr. Diretor, ela se deixou levar pela ambição do dinheiro, mas por fatalidades afetivas que nem poderemos chamar de levianas, porque era a própria intensidade prodigiosa desses afetos que provocava rápida caducidade deles.

Eis aí, Sr. Diretor, uma sutileza psicológica que escapou ao psicólogo da vossa revista! A rapidez com que se desfazem e morrem as paixões intensas demais isso é que ele devia estudar, justificando por suas observações a tresloucada vida de minha tia Salomé. E será propriamente ela culpada dos desvarios que praticou, ela, mulher fraca, e não os detestáveis costumes da vossa e minha gloriosa Alemanha?

Não seria este o momento para o articulista profligar a imoralidade em que vive atualmente a nossa alta nobreza (a carta é anterior a 14, bem se vê), imoralidade de que minha tia foi infeliz vítima, imoralidade que certamente conduzirá o nosso país à guerra e à ruína? Não dou dez anos, não haverá mais joalherias nem dinheiro na Alemanha!

E por minha tia ser semita, havemos de prejulgar levianamente que ela se conduziu apenas pela paixão do dinheiro? O vosso articulista, Sr. Diretor, não passa dum psicólogo vulgar.

E que mentiras mais desbragadas, essas a que ele dá curso, afirmando que minha tia dançava nua e tinha instintos sanguinários, pelo complexo do Anti-Édipo! Onde ele ouviu isso! Minha santa Mãe, que foi inseparável de minha tia Salomé e freqüentava as mesmas festas, muitas vezes entre lágrimas, quando papai estava na joalheria, evocava comigo os tempos de dantes e me contava quem foi minha célebre tia.

Pois jamais ela se referiu a essas coisas. Posso lhe garantir, posso mesmo lhe jurar pela memória de minha mãe, que minha tia Salomé não foi bailarina. E como poderia ela dançar, se todos sabiam que ela manquejava um pouquinho desde jovem, devido ao escandaloso incidente de Friedrichstrasse, m que a bala do príncipe W. lhe espatifou o joelho direito?

Minha tia Salomé jamais dançou, e muito menos dançou nua, embora aos seus familiares confessasse muitas vezes ser um dos seus maiores desejos dançar num terraço, ao pálido clarão do luar, uma valsa de Waldteufel.

Quanto ao incidente do príncipe W., instinto sanguinário teve ele que a quis matar. E posso ainda lhe garantir que nunca ela pediu a cabeça do príncipe a ninguém, pois até minha tia confessava constantemente a coincidência estranha de jamais ter se encontrado, em festas íntimas, com o nosso grande Imperador!

A que pediria ela então a cabeça do príncipe? De resto, minha tia não se chamava Salomé! Eis um detalhe psicológico que não escaparia ao vosso articulista, se ele fosse profundo no assunto. Salomé foi nome adotado. O verdadeiro nome da minha tia era Judith.

Esperando, Sr. Diretor, que esta carta tenha o merecido acolhimento de vossa revista, e assim se faça justiça à minha tia já morta, continuo seu admirador estomagado (o termo era intraduzível) e respeitoso,

FRANZ.
 

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