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Os paralelos mitológicos na obra de Tolkien e as referências bíblicas no Silmarillion:

Vale a reflexão sobre uma passagem muito interessante do Velho Testamento que descreve como um grupo de criaturas celestes decaiu ao mundo por causa da beleza das filhas dos homens. Se não me engano, durante a época do dilúvio houve uma limpeza dos efeitos negativos pela mistura e ensinamento dados por eles aos homens. (uma época de gigantes, heróis e guerras que quase levou a humanidade a extinção)

A passagem lembra o episódio dos Noldor que foram exilados nas terras mortais. Inclusive a catástrofe da herança de Númenor se assemelha a má utilização dada pelos homens daquilo que foi repassado por anjos rebeldes (que no Silma fora moldado para mostrar a belicosidade de Sauron).

A questão dos números das hostes entre cristianismo e Silmarillion também é interessante.

Apesar de o Silma não oferecer estimativa e nem a bíblia, ambos os livros dão a entender que inicialmente as hostes de anjos e de espíritos (servidores de Eru ou de Deus) que entraram no mundo era incontável (incalculável) tendo apenas alguns conseguido preservar a fama dos nomes. Esses números, biblicamente falando, seriam muito maiores do que o de seres humanos na Terra e o suficiente para governar a criação ao mesmo tempo em que servem o reino.

De modo que algumas tradições bíblicas antigas descreviam os efeitos demoníacos que chegavam a contar em milhares de demônios agarrados a cada dedo de um mortal para que ele cometa o erro, enquanto em oposição oferece um número enorme de anjos puxando para o lado do bem.

Essa linha de luta de forças desenha uma interpretação do campo aonde a guerra espiritual é mais ferrenha dentro das terras mortais. Que é dentro da pessoa. Aonde a luta é mais dura, aonde a dúvida mais corrói. E Tolkien deixa isso claro em algumas partes quando escreve que na luta contra o Inimigo havia divisão entre todos os animais (e entre os homens também) e apenas os elfos estava unidos como grupo integralmente na rejeição do inimigo do mundo. (Apesar das alegorias variarem o significado original seria o mesmo)

No que concerne a essa interpretação da divisão que foi provocada por causa da guerra espiritual ou guerra dos Valar ela é bem parecida com a bíblica. Tem até um capítulo sobre opções quando lemos das escolhas de mestre Samwise.
 
Última edição:
Um bom dia a todos. Alguns dos eventos mais obscuros e fascinantes do Legendarium advém das jornadas espaciais, à exemplo de Melkor ter ido "à outras regiões, onde fez o que quis". Vê, por exemplo, o relato acerca da invasão espacial dos "espíritos de Sombra" à província lunar de Tilion, sendo esta uma das primeiras descrições "poéticas" que explicam um fenômeno natural, mas eivado de misticismo e temor das antigas civilizações: o eclípse. Nota-se que a humanidade possui uma série de contos fantásticos acerca do evento, vide, por exemplo, o conto indiano Samudra manthan, que descreve o Asura/demônio Rahu e seu ataque à lua e o sol: http://en.wikipedia.org/wiki/Rahu

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In Hindu tradition, Rahu (U+260A.svg) is a cut-off head of an asura, that swallows the sun causing eclipses. He is depicted in art as a serpent with no body riding a chariot drawn by eight black horses. Rahu is one of the navagrahas (nine planets) in Vedic astrology. According to legend, during the Samudra manthan, the asura Rahu drank some of the amrita (divine nectar). Sun and moon realized it and they alerted Mohini (the female avatar of Vishnu). It is believed that this immortal head from time to time swallows the sun, causing eclipses. Then, the sun passes through the opening at the neck, ending the eclipse. The body also turned into Ketu due to a boon, and it in turn swallows the moon on timely basis to cause a lunar eclipse.Astronomically, the Moon in its orbit, on a northerly course from South to North, crosses the ecliptic (the apparent path of Sun). This point of intersection is known as Rahu or "Dragon's head". 180 degrees away from this point, the Moon on its southerly course crosses the ecliptic. This point is called "the dragon’s tail" or Ketu.

Imperioso lembrar a versão (abandonada) dos HOME em que Melkor protagonizou uma jornada ao Sol, exigira submissão e um "casamento" forçado com Arien, a guardiã do Sol, para conseguir a luz divina prevalente no corpo celeste, interessante é que a Maia abandona seu corpo e a luz pura se esvai e o sol é "poluído" por
Morgoth (vai que o vilão tenha lançado as sementinhas para a morte do nosso sol daqui uns bilhões de ano). Sobre o ataque à lua e o sol: http://tolkiengateway.net/wiki/Arien e http://www.councilofelrond.com/middle-earth/beyond-the-walls-of-the-world/

Tilion indeed he assailed, sending dark spirits of shadow against him, which still pursue him, though ever yet Tilion has overcome them. In the old story there is a mythical explanation of the Moon's phases (though not of eclipses), and of the markings on its face through the story of the breaking of the withered
bough of Silpion and the fall of the Moonflower -- a story altogether at variance with the explanation given in The Silmarillion (ibid.).

“he [Melkor] ravished Árië [Arien], desiring both to abase her and to take into himself her powers. Then the spirit of Árië went up like a flame of anguish and wrath, and departed for ever from Arda;* and the Sun was bereft of the Light of Varda” marginal note: *”Indeed some say that it was released from Eä” (Myths Transformed Text II, Morgoth’s Ring)

Isso ecoa numa correlação feita por Ilmarinen, ou seja, a descrição de John Milton - o Dragão e dama-sol:

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O equivalente nórdico para os Deuses celetes, possuidores das carruagens espaciais do Sol e da Lua, mas perseguidos pelas sombras: Hati Hróðvitnisson (o lobo que caça a lua) e Sköll (o caçador do Sol):

In Norse mythology, Hati Hróðvitnisson (first name meaning "He Who Hates, Enemy"[1]) is a wolf that according to Gylfaginning chases the Moon across the night sky, just as the wolf Sköll chases the Sun during the day, until the time of Ragnarök when they will swallow these heavenly bodies, after which Fenrir will break free from his bonds and kill Odin.

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Imperioso ressaltar, por oportuno, um poema escrito por Tolkien e que trata de uma jornada ao espaço (não, não é a balada de Earendil), mais especificamente uma viagem à lua. Há descrições interessantes no que concerne à mantença do viajante/astronauta mítico no satélite da Terra (lembrar que nas primeiras versões, a lua tinha sido criada por Melkor numa tentativa de dominar ou "destronar" a posse Arda pelos Valar, algo que remete ao conto Mesopotâmico Enuma Elish - e a descrição científica do Grande Impacto que originou a lua: http://forum.valinor.com.br/showthread.php?t=105013&page=2). O poema se chama "O homem na lua":

The Man in the Moon is even described in those writings, as being an old Elf who secretly hid on the island of the Moon, and built a minaret there. This is alluded to further in Tolkien's Roverandom, in which the Man in the Moon also lives in a minaret. Combined with the Elven lore, as presented in the legendarium of Silmarillion, the Man in the Moon of the Hobbits' tales must have his origins in the legend of Tilion the Maia. In The Book of Lost Tales, his name is given as Uolë Kúvion, but the tale of how he came to live there was never fully told.

A inspiração do poema veio (provavelmente) da tradição medieval que trata: http://en.wikipedia.org/wiki/Man_in_the_Moon

A longstanding European tradition holds that the man was banished to the moon for some crime. Christian lore commonly held that he is the man caught gathering sticks on the sabbath and sentenced by God to death by stoning in the book of Numbers XV.32-36[1][1]. Some Germanic cultures thought he was a man caught stealing from a neighbor's hedgerow to repair his own. There is a Roman legend that he is a sheep-thief. One medieval Christian tradition claims him as Cain, the Wanderer, forever doomed to circle the Earth. Dante's Inferno[2] alludes to this:"For now doth Cain with fork of thorns confine. On either hemisphere, touching the wave. Beneath the towers of Seville. Yesternight. The moon was round.

Outras tradições:

An old ballad runs (original spelling): "Our man in the moon drinks clarret, With powder-beef, turnep, and carret. If he doth so, why should not you. Drink until the sky looks blew?"

Plutarch, in his treatise, Of the Face appearing in the roundle of the Moone, cites the poet Agesinax as saying of that orb,[9]"All roundabout environed With fire she is illumined: And in the middes there doth appeere, Like to some boy, a visage cleere; Whose eies to us doe seem in view, Of colour grayish more than blew: The browes and forehead tender seeme, The cheeks all reddish one would deeme."In the renaissance, the man in the moon was known as Moonshine and carries a lantern as a traditional accessory.Ay, or else one must come in with a bush of thorns and A lantern, and say he coes to disfigure, or to present, The person of Moonshine.

A Midsummer Night's Dream (3.1.51-53)

There is a traditional Mother Goose nursery rhyme featuring the Man in the Moon:"The man in the moon came down too soon and asked his way to Norwich, He went by the south and burnt his mouth By supping on cold plum porridge." The Traditional English verse reads "The man in the moon came down too soon, and asked his way to Norwich, They sent him south and he burnt his mouth By eating cold pease-porridge."

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Em se falando de viagens espaciais não podemos esquecer do maior astronauta de todo legendarium: Earendil, filho de Tuor; estrela da manhã, o abençoado. Antes de tudo, é necessário analisar os feitos e pormenores deste personagem. Dentre suas inspirações, há de se comentar o seu correspondente escandinavo: Ëarendil, meio elfo, o estrela da manhã e marinheiro; amigo de Thor; o Luminoso: http://www.reocities.com/Area51/Vault/9974/norse1.htm#mariner
Em sua difícil jornada ao continente abençoado, Earendil enfrentou uma série de desafios, nas antigas versões dos HOME, o marinheiro empreendeu uma série feitos: enfrentou monstros, matara Ungoliant, atravessou névoas de desorientação, etc. Interessante notar que a inspiração para a criação do personagem partiu de um poema medieval. Vide: http://en.wikipedia.org/wiki/Aurvandil

éala éarendel engla beorhtast------Hail Earendel, brightest of angels,
ofer middangeard monnum sended----------over middle-yard to men sent,
and sodfasta sunnan leoma,----------------and true radiance of the Sun
tohrt ofer tunglas þu tida gehvane----------bright above the stars, every season
of sylfum þe symle inlihtes.-----------------thou of thyself ever illuminest.

Ademais, o poema explana a comparação entre a estrela da manhã, Jesus Cristo e a homília católica acerca de João Batista, o Sol Invictus: http://www.lotrplaza.com/showthread.php?38081-E%E4rendil

This poem was written in the times that the old beliefs were blending with Christian lore. The two were being bound together to help the new faith become accepted by the Anglo-Saxon people. In this instance, "Earendel" is thought to refer to John the Baptist, who is metaphorically the morning star heralding the coming of Christ, the "Sol Invictus" which literally translates as "sun unconquered".

This theory is supported from this extract from "Blickling Homilies" which states that: "Nu seo Cristes gebyrd at his aeriste, se niwa eorendel Sanctus Johannes; and nu se leoma thaere sothan sunnan God selfa cuman wille",

Which translated, reads: "And now the birth of Christ (was) at his appearing, and the new eorendel (morning-star) was John the Baptist. And now the gleam of the true Sun, God himself, shall come. "The name Eorendel appears all over the Norse and Germanic region, and is believed to be an ancient name indeed. Aurvandil is the Old Norse spelling of the name; it is also spelled as Earendel (Old English), Horuuendillus [3] (Mediaeval Latin), Auriwandalo [4] (Lombardic), and Orentil or Erentil (Old High German).

A épica jornada à terra dos imortais ecoa em outros poemas e contos que se assemelham a versão final escolhida por Tolkien. Cite-se, neste caso, ao conto de St. Brendan e o mito irlandês de Immram, em sua jornada ao continente fantástico de Mag Mell (que por sinal fica à oeste da irlanda. Se fizermos o paralelo com o Tuatha Danann, a jornada de Earendil equivaleria à de Manannán mac Lir: http://en.wikipedia.org/wiki/Manannán_mac_Lir) http://en.wikipedia.org/wiki/Immram - http://en.wikipedia.org/wiki/Brendan e https://en.wikipedia.org/wiki/Tuatha_Dé_Danann

The earliest extant version of The Voyage of Saint Brendan was recorded around 900 AD. There are over 100 manuscripts of the story across Europe, as well as many additional translations. The Voyage of Saint Brendan is an overtly Christian narrative, but also contains narratives of natural phenomena and fantastical events and places, which appealed to a broad populace. The Voyage of Saint Brendan contains many parallels and inter-textual references to the Voyage of Bran and the Voyage of Máel Dúin.

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An immram (/ˈɪmrəm/; plural immrama; Irish: iomramh, IPA: [ˈʊmˠɾˠəw], voyage) is a class of Old Irish tales concerning a hero's sea journey to the Otherworld (see Tír na nÓg and Mag Mell). Written in the Christian era and essentially Christian in aspect, they preserve elements of Irish mythology. The immrama are identifiable by their focus on the exploits of the heroes during their search for the Otherworld, located in these cases in the islands far to the west of Ireland. The hero sets out on his voyage for the sake of adventure or to fulfill his destiny, and generally stops on other fantastic islands before reaching his destination. He may or may not be able to return home again.

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- Salve, Eärendil, dos marinheiros o mais famoso, o esperado que chega sem ser percebido, o desejado que chega depois da última esperança! Salve, Eärendil, portador da luz anterior ao Sol e à Lua! Esplendor dos Filhos da Terra, estrela nas trevas, jóia no pôr-do-sol, radiante na manhã!
Essa era a voz de Eönwë, arauto de Manwë. E ele vinha de Valimar e convocava Eärendil a se apresentar diante dos Poderes de Arda. E Eärendil entrou em Valinor, foi aos palácios de Valimar e nunca mais pôs os pés nas terras dos homens.

Levando-se em conta o simbolismo de sua jornada, a "semi-divinização" e o fato de portar a silmaril em sua testa, Earendil lembra uma outra "estrela da manhã", mas, nesse caso, de origem grega, mas (me parece) análogo ao personagem: Eosphorus (sendo a interpretação grega ao planeta vênus, também denominado "Morning Star")- Que lembra uma cena do Silmarillion, ah, mas como são parecidas: http://en.wikipedia.org/wiki/Eosphorus

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Phosphorus (Greek Φωσφόρος Phōsphoros), a name meaning "Light-Bringer", is the Morning Star, the planet Venus in its morning appearance. Φαοσφόρος (Phaosphoros) and Φαεσφόρος (Phaesphoros) are forms of the same name in some Greek dialects.The morning star is an appearance of the planet Venus, an inferior planet, meaning that its orbit lies between that of the Earth and the Sun. Depending on the orbital locations of both Venus and Earth, it can be seen in the eastern morning sky for an hour or so before the Sun rises and dims it, or in the western evening sky for an hour or so after the Sun sets, when Venus itself then sets. It is the brightest object in the sky after the Sun and the Moon, outshining the planets Saturn and Jupiter but, while these rise high in the sky, Venus never does. This may lie behind myths about deities associated with the morning star proudly striving for the highest place among the gods and being cast down.

Sobre Earendil, Elwing e os planetas: http://en.wikipedia.org/wiki/Venus_in_fiction e http://forum.barrowdowns.com/showthread.php?t=17981&highlight=Earendil

In J. R. R. Tolkien's Middle-earth stories, Venus is the Star of Eärendil. The star was created when Eärendil the Mariner was set in the sky on his ship, with a Silmaril bound to his brow. Elements of this story go back as far as 1914, though they did not appear in print until 1954. Tolkien chose the name directly from the Old English word Earendel, used as the name of a star (perhaps the morning star, Venus).

Acrescentando:

According to Kristine Larsen in page 77 of “Sea Birds and Morning Stars” (Tolkien and the Study of His Sources, Jefferson, North Carolina: McFarland, 2011), Elwing is the planet Mercury. She points out that Mercury, as the planet closest to the sun, is like Venus (Eärendil), a morning and evening star, but because of its dimness and it tending to be in the light of the sun is far less visible than Venus. Larsen’s article may be the first time that this theory has been published. But the identical theory was suggested to me by Chris Gilson at Mythcon 10, July 1979, and seemed logical to me then. So it is not a new theory.
Larsen adds that “Mercury’s low angular light above the horizon gives it a color referred to by various observers as yellow, ochre, or rose.” This fits with Tolkien describing Elwing rising to attempt to meet Eärendil as “rose-stained in the sunset”.

Chegando ao continente, Earendil é confrontado com o grande dilema da escolha: Ser um elfo imortal ou um homem, da família de seu pai (me lembrou algo que aconteceu com um outro marinheiro que não consegue empreender sua jornada: Ulisses e sua escolha diante da deusa Calypso). Após a escolha, Vingilot é "trabalhada" pelos Valar, assumindo uma forma pura e luminosa, permitindo ao nosso (então) marinheiro a empreender sua misteriosa viagem aos confins do universo. Existem uma série de mitos que tratam de carruagens e navios voadores, a maioria tratando de jornadas pela Terra, mas o que me chamou mais atenção é a mitologia Hindu e suas máquinas voadoras (os entusiastas dos "Deuses Astronautas" devem pirar): As vimanas: http://en.wikipedia.org/wiki/Vimana

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O silmarillion descreve:

Tomaram, porém, Vingilot e a consagraram. E Vingilot atravessou Valinor carregada até o limite extremo do mundo; e ali ela passou pela Porta da Noite e foi alçada aos oceanos do firmamento. Nesse momento, aquela embarcação foi tornada bela e esplêndida e se encheu com uma chama tremeluzente, pura e brilhante. E Eärendil, o marinheiro. postou-se ao leme, cintilando com pó de pedras élficas e tendo a Silmaril atada à testa. Muito viajou ele naquela embarcação, penetrando mesmo nos vazios desprovidos de estrelas. Mas com maior freqüência era visto pela manhã ou ao entardecer, refulgindo na aurora ou no pôr-do-sol, quando voltava a Valinor de viagens para além dos confins do mundo

E tome Teoria da Relatividade (o cara saiu do limite de expansão do universo e voltou para a terra). Tem-se o conto Hindu do Rei Ravaita até o limite do espaço e o encontro com seu criador: http://en.wikipedia.org/wiki/Kakudmi

King Kakudmi was overcome with astonishment and alarm at hearing this news.[3] However, Brahma comforted him, and added that Vishnu, the preserver, was currently incarnate on earth in the forms of Krishna and Balarama, and he recommended Balarama as a worthy husband for Revati. Kakudmi and Revati then returned to earth, which they regarded as having left only just a short while ago. They were shocked by the changes that had taken place. Not only had the landscape and environment changed, but over the intervening 27 catur-yugas, in the cycles of human spiritual and cultural evolution, mankind was at a lower level of development than in their own time (see Ages of Man). The Bhagavata Purana describes that they found the race of men had become "dwindled in stature, reduced in vigour, and enfeebled in intellect."

Lembrando que sua volta prenuncia a grande esperança aos oprimidos da TM. E veio a acontecer a Guerra da Ira, a destruição de Beleriand e o destrutivo embate com Ancalagon, remetendo (creio) ao caráter destrutivo da Silmaril, algo parecido com a terrível Brahmastra, a arma do Deus Brahma (em essência, possui o poder da criação do universo, algo parecidíssimo com a joia do nosso Astronauta: http://tamilandvedas.wordpress.com/2011/06/05/is-brahmastra-a-nuclear-weapon/). Veio a derrota de Morgoth e a perda das Silmarils, numa associação intimista, sempre levei em conta o embate de Thor vs o Gigante Hrungnir, possuidor de um misterioso artefato denominado Valknutque, coincidentemente ou não, possui 3 partes; 1 acaba ficando na testa de Thor e as outras 2 se perdem com a queda de seu possuidor: http://en.wikipedia.org/wiki/Hrungnir e http://en.wikipedia.org/wiki/Hrungnir's_heart

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Thor and his servant Thjalfi challenge the giant, who hurls his whetstone weapon at Thor. Smashed to smithereens by Thor's hammer Mjölnir, fragments of the whetstone fall down to earth, while one shard sinks deep into the god's forehead.

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PS: Há um incrível paralelo entre Earendil e certos personagens da Série Babylon 5: http://www.katspace.com/fandom/b5/myth2b/
 
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Lembrando que sua volta prenuncia a grande esperança aos oprimidos da TM. E veio a acontecer a Guerra da Ira, a destruição de Beleriand e o destrutivo embate com Ancalagon, remetendo (creio) ao caráter destrutivo da Silmaril, algo parecido com a terrível Brahmastra, a arma do Deus Brahma (em essência, possui o poder da criação do universo, algo parecidíssimo com a joia do nosso Astronauta: http://tamilandvedas.wordpress.com/2...uclear-weapon/). Veio a derrota de Morgoth e a perda das Silmarils, numa associação intimista, sempre levei em conta o embate de Thor vs o Gigante Hrungnir, possuidor de um misterioso artefato denominado Valknutque, coincidentemente ou não, possui 3 partes; 1 acaba ficando na testa de Thor e as outras 2 se perdem com a queda de seu possuidor: Hrungnir e Hrungnir's heart


Adorei essa do pedaço da arma do gigante na testa de Thor.

Novidade pra mim. Só que parece que não é especificado em quantos outros pedaços a arma de Hrungnir foi quebrada. O coração de Hrungnir também não é um conceito que esteja atrelado à história da arma, pelo menos não nas fontes que vc disponibilizou.

A comparação do silmaril na fronte de Eärendil com o pedaço de arma na testa de Thor pelo jeito foi feita pela primeira vez pela Ruth S. Noel e comentada mais recentemente pela especialista Gloriana St Clair no seu Tolkien Cauldron ( um livro digital com comparações detalhadas do Legendarium com mitologia nórdica.

É ótimo e, pelo que sei, só peca, realmente, tirando equívocos pequenos, como o Angmar no lugar de Angband abaixo, por comer mosca na questão da comparação Tolkien e Wagner de uma maneira que contrastou completamente com o nível mostrado no resto das análises.

19. Mvthology, 117-18. In The Mvthologv of Middle-earth, Noel notes
many similarities between the elves and the Celtic elven folks. Further, she
draws an interesting parallel between Eaendil, the mariner father of
Elrond and Elros, and the Prose Edda’s Earendil. In the Edda, Thor is left
with part of the giant Hrungnir’s whetstone lodged in his head after he slays
67the giant with his hammer. He employed the seeress Groa to sing spells to
remove the stone, but he interrupts her in the middle of her singing to tell
her that her husband Earendil will soon return. Thor has rescued Earendil
from giantland by carrying him out in a basket, but Earendil’s toe froze ’
during a river crossing on the trip. Thor threw the toe up in the sky to
become the star Earendil(perhaps the morning star). Tolkien’s Eärendil
sails the skies in his ship bearing the Silmaril that Beren and Luthien
brought from Angmar(Angband ela quis dizer).
 
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Isso ecoa numa correlação feita por Ilmarinen, ou seja, a descrição de John Milton - o Dragão e dama-sol:

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Em se falando de viagens espaciais não podemos esquecer do maior astronauta de todo legendarium: Earendil, filho de Tuor; estrela da manhã, o abençoado. Antes de tudo, é necessário analisar os feitos e pormenores deste personagem. Dentre suas inspirações, há de se comentar o seu correspondente escandinavo: Ëarendil, meio elfo, o estrela da manhã e marinheiro; amigo de Thor; o Luminoso: http://www.reocities.com/Area51/Vault/9974/norse1.htm#mariner
Em sua difícil jornada ao continente abençoado, Earendil enfrentou uma série de desafios, nas antigas versões dos HOME, o marinheiro empreendeu uma série feitos: enfrentou monstros, matara Ungoliant, atravessou névoas de desorientação, etc. Interessante notar que a inspiração para a criação do personagem partiu de um poema medieval. Vide: Aurvandil

(...)

Lembrando que sua volta prenuncia a grande esperança aos oprimidos da TM. E veio a acontecer a Guerra da Ira, a destruição de Beleriand e o destrutivo embate com Ancalagon, remetendo (creio) ao caráter destrutivo da Silmaril, algo parecido com a terrível Brahmastra, a arma do Deus Brahma (em essência, possui o poder da criação do universo, algo parecidíssimo com a joia do nosso Astronauta: http://tamilandvedas.wordpress.com/2...uclear-weapon/). Veio a derrota de Morgoth e a perda das Silmarils, numa associação intimista, sempre levei em conta o embate de Thor vs o Gigante Hrungnir, possuidor de um misterioso artefato denominado Valknutque, coincidentemente ou não, possui 3 partes; 1 acaba ficando na testa de Thor e as outras 2 se perdem com a queda de seu possuidor: http://en.wikipedia.org/wiki/Hrungnir e http://en.wikipedia.org/wiki/Hrungnir's_heart


Na verdade, essa correlação, e a pintura também, foram feitas por William Blake e não Milton e pra ilustrar o Livro do Apocalipse de São João.

No caso do Earendel anglo-saxão e sua conexão com Thor na cabeça de Tolkien, vale lembrar que o Earendel anglo-saxão vem do escandinavo Aurvandil, teutônico Orentil, um humano que, tendo ajudado Thor, teve seu dedo congelado ao atravessar um pedaço de mar, e, por isso, foi recompensando tendo o seu dedo convertido em uma estrela pelo deus do trovão, estrela esta que recebeu o seu nome, "o dedo de Aurvandil".

Na sua transposição pra cultura anglo-saxã o nome da estrela acabou correlacionado com a estrela matutina e com o simbolismo cristão e Tolkien adotou ambos os elementos: a conversão em estrela pra honrar um "sacrifício" do auxiliar dos deuses e, TAMBÉM, a noção de indivíduo "santificado" divinizado.

A arma do Hrungnir, seus fragmentos e o engaste do pedaço remanescente na testa de Thor, como sagazmente observado por Ragnaros, combinados com o enfrentamento do deus com uma serpente numa batalha apocalíptica(Thor vs Jormungand e Eärendil vs Ancalagon) nutriram, ao que tudo indica, os outros elementos do Conto de Eärendil.

E uma coisa interessante. O pedaço da arma do gigante ficou na testa de Thor porque a mulher de Aurvandil ficou tão comovida/encantada com a história do dedão, contada por Thor durante a tentativa de extração, que acabou esquecendo de fazer os feitiços pra tirar o fragmento a tempo.

Uma OUTRA coisa interessante aí: o celta e galês Taliesin significa justamente "fronte radiante".

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François Gérard - Ossian Awakening the Spirits on the Banks of the Lora with the Sound of his Harp
 
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Lendo sobre A Queda de Númenor me deparei com a seguinte passagem:

Essa tragédia ocorreu numa hora inesperada pelos homens, no trigésimo nono dia da passagem da esquadra. De repente, Meneltarma explodiu em chamas; vieram um vento fortíssimo e um tumulto na Terra; os céus tremeram e as colinas deslizaram; e Númenor afundou no oceano, com todas as suas crianças, esposas, donzelas e damas altivas; com todos os seus jardins, salões e torres; seus túmulos e seus tesouros; suas joias, seus tecidos, seus objetos pintados e esculpidos, seu riso, sua alegria e sua música; seus conhecimentos e sua tradição: tudo desapareceu pra sempre. E em último lugar, a onda que se avolumava, verde, fria e com crista de espuma, subindo pela terra, levou para seu seio Tar-Míriel, a Rainha, mais bela do que prata, marfim ou pérolas. Era tarde demais quando ela se esforçou por subir pelas trilhas íngremes da Meneltarma até o local sagrado; pois as águas a alcançaram, e seu grito se perdeu no bramido do vento.

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Logo após ter lido essas palavras, associei-as às sentenças do Apocalipse de São João. Especialmente as grifadas. Nota-se que muito foi dito sobre a relação de Númenor com Atlântida ou com a Babilônia da Mesopotâmia, porém, podemos fazer uma relação também com a "Babilônia do Fim dos Tempos" e todos os seus luxos, sua leniência com o pecado e especialmente sobre uma rainha/meretriz.

No livro de Apocalipse está escrito:

Veio, então, um dos sete Anjos que tinham as sete taças e falou comigo: vem, e eu te mostrarei a condenação da grande meretriz, que se assenta à beira das muitas águas, com a qual se contaminaram os reis da terra. Ela inebriou os habitantes da terra com o vinho da sua luxúria.
Apocalipse 17:1-2
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A mulher que viste é a grande cidade, aquela que reina sobre os reis da terra.
Apocalipse 17:18

Porque diz em seu coração: Estou assentada como rainha, e não sou viúva, e não verei o pranto.
Apocalipse 18:7

Da mesma forma que a Babilônia da Mesopotâmia caiu por causa da sua soberba, a Babilônia do Apocalipse traça/traçou o mesmo fim que sua irmã. Visto que o Apocalipse mostra eventos futuros depois da morte de Cristo, - depois da morte de Jesus já nos encontramos no Fim dos Tempos - a Babilônia poderia se referir a queda do Império Romano, ou como dizem por aí, o fim da Igreja Católica.

Logo em seguida:

(O anjo) clamou em alta voz, dizendo: Caiu, caiu Babilônia, a Grande. Tornou-se morada dos demônios, prisão dos espíritos imundos e das aves impuras e abomináveis;
Apocalipse 18:2

Ora, a Babilônia dita a Grande caiu em erro, o que demonstra que nem sempre foi assim. Tal como Númenor depois de ter dado "abrigo" a Sauron, cessou suas ofertas ao deus verdadeiro Ilúvatar e deu lugar às ofertas a Melkor tornando-se morada de espírito imundo. Nota-se também o privilégio da Babilônia do Apocalipse e de Númenor em relação às cidades e nações da Terra, pois estão em destaque no rumo da história e suas quedas desencadearam uma onda de eventos futuros não imaginados.

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Mais:
Ouvi outra voz do céu que dizia: Meu povo, sai de seu meio para que não participes de seus pecados e não tenhas parte nas suas pragas, porque seus pecados se acumularam até o céu, e Deus se lembrou das suas injustiças.
Apocalipse 18:4-5

A voz que vem do céu faz um apelo ao povo, àqueles que ainda guardam os mandamentos de Deus. Tal como Amandil ouvindo uma como a voz da consciência procura sair e ajudar quem também queira.

E Amandil, ao se dar conta dos propósitos do Rei, ficou consternado e tomado por enorme pavor, pois sabia que os homens não poderiam vencer os Valar na guerra.

No entanto, fosse ou não fosse por Amandil de fato ter chegado a Valinor, e Manwë ter dado ouvido a suas súplicas, pela graça dos Valar, Elendil e seus filhos, e também o seu povo foram poupados da destruição daquele dia.

Mais:

Não brilhará mais em ti a luz de lâmpada;
Apocalipse 18:23

Além de ser óbvio que a queda de Númenor daria fim as suas luzes, a luz de outrora, essa dos grandes feitos, nunca mais tornaria a brilhar novamente. Nem muito menos sua querida Nimloth que teve como fim arranjado por Sauron, um prenuncio do que aconteceria com a própria Númenor.

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Há a ênfase sobre o mar e embarcações tal como Númenor:

O anjo me disse: As águas que viste, à beira das quais a Prostituta se assenta, são povos e multidões, nações e línguas.
Apocalipse 17:15

E lançavam pó sobre as cabeças, chorando e lamentando-se com estas palavras: Ai, ai da grande cidade, de cuja opulência se enriqueceram todos os que tinham navios no mar. Bastou um momento para ser arrasada!
Apocalipse 18:19

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Interessante como a então rainha de Númenor tem o seu final trágico levado em foco. O paralelismo com a Rainha do Apocalipse torna-se então presente. Tar-Míriel se torna a personificação da Babilônia pura, aquela Númenor que deveria ser fiel ao seu Deus e surda aos pedidos do Inimigo, que na hora da desolação se humilha e corre os perigos, se necessário para se salvar. Uma é rainha, a outra é prostituta. As duas são belas e cheias de adornos. Uma continuou a sentir-se como verdadeira deusa enquanto se definhava, a outra, no momento mais crítico procurou a Coluna dos Céus para se salvar. Uma se assentava em muitas águas, a outra foi levada por elas.

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As duas jazem.

Então um anjo poderoso tomou uma pedra do tamanho de uma grande mó de moinho e lançou-a no mar, dizendo: Com tal ímpeto será precipitada Babilônia, a grande cidade, e jamais será encontrada.
Apocalipse 18:21
 
Primeiramente uma boa tarde a todos. Dentre os elementos que compõem o Legendarium se dá pela influência Cabalística na formação mitológica. Sabemos que a obra se inicia com a existência de Iluvatar como Entidade Suprema, provedor de todas as essências através da Chama Imperecível utilizadas pelos Ainur. Estes últimos gerados pelos seus pensamentos. Para fins de organização, elencarei alguns temas da Cabala que se parecem (creio) com o trazido na Obra:

1 - Chama Imperecível vs Luz de Deus no Vazio Primordial

Havia Eru, o Único, que em Arda é chamado de Ilúvatar. Ele criou primeiro os Ainur, os Sagrados, gerados por seu pensamento, e eles lhe faziam companhia antes que tudo o mais fosse criado.

Comparem com o Conceito Cabalístico do Ein Sof:

Before He gave any shape to the world, before He produced any form, He was alone, without form and without resemblance to anything else. Who then can comprehend how He was before the Creation? Hence it is forbidden to lend Him any form or similitude, or even to call Him by His sacred name, or to indicate Him by a single letter or a single point... But after He created the form of the Heavenly Man, He used him as a chariot wherein to descend, and He wishes to be called after His form, which is the sacred name "YHWH"

Não fica exatamente explícito, mas O Silmarillion pontifica 2 (dois) conceitos antagônicos, mas complementares em sua cosmogonia, uma vez que Eru é tido como força criativa essencial para a formação e mantença do Mundo (EÄ), os Ainur se tornam "ferramentas" na origem divina a todo o Mundo Físico/universo criado. Mais do que um Panteismo, isso lembra (e muito) o termo Cabalístico denominado Ein Sof: http://en.wikipedia.org/wiki/Ein_Sof

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Ein Sof é um conceito Neo-Platônico que atribui uma origem divina a toda a existência criada, em contraste com o Ein (ou Ayn), que é o infinito não coisificado. O "EIN SOF" do silmarillion corresponderia a força criativa de Iluvatar com a Chama Imperecível. Em contra partida, o Ein Ayn da Obra seria o infinito não gerado, representado pelo Vazio não definido, desprovido de existência própria. Neste caso, podemos inferir como o Vazio que Melkor vagou fora das Mansões de Iluvatar; os espaços desprovidos de Estrelas em que Eärendil navegou em Vingilot e o mais enigmático é a saída dos Maiar Corrompidos para regiões fora de Eä/universo:


Muitas vezes, Melkor penetrara sozinho nos espaços vazios em busca da Chama Imperecível, pois ardia neleo desejo de dar Existência a coisas por si mesmo; e a seus olhos Ilúvatar não dava atenção ao Vazio, ao passo que Melkor se impacientava com o vazio. E, no entanto ele não encontrou o Fogo, pois este está com Ilúvatar.

Sem dissentir:

Muito viajou ele naquela embarcação, penetrando mesmo nos vazios desprovidos de estrelas.

Ademais:

E muito ao longe, nas trevas, ele se enchia de ódio, sentindo inveja do trabalho de seus pares e desejando submetê-los. Assim, Melkor chamou a si os espíritos que desviara para seu serviço, fazendo-os sair das mansões de Eä, e se considerou forte.

Coincidentemente há outros elementos análogos com os retratados pelo Silma. Exemplo disso é o conceito do Tzimtzum, um dos inúmeros processos criativos para formação da existência/realidade. A interpretação dada é a de que Deus utilizou-se de uma irradiação divina na elaboração de Reinos, Mundos e planos Finitos-independentes de existência. Tal criação tem natureza EX-Nihilo, ou seja, a criação a partiu do Nada. O “Nada” aqui não só como uma ideia, mas um espaço tangível onde Deus teria colocado sua infinita luz no centro do Vazio, um “coração pulsante” ou a singularidade que gerou a existência de todas as coisas: http://en.wikipedia.org/wiki/Tzimtzum

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Prior to Creation, there was only the infinite Or Ein Sof filling all existence. When it arose in G-d's Will to create worlds and emanate the emanated...He contracted (in Hebrew "tzimtzum") Himself in the point at the center, in the very center of His light. He restricted that light, distancing it to the sides surrounding the central point, so that there remained a void, a hollow empty space, away from the central point... After this tzimtzum... He drew down from the Or Ein Sof a single straight line [of light] from His light surrounding [the void] from above to below [into the void], and it chained down descending into that void.... In the space of that void He emanated, created, formed and made all the worlds.(Etz Chaim,Arizal, Heichal A"K, anaf 2)

Em outras palavras:

Logo, eu digo: Eä! Que essas coisas Existam! E mandarei para o meio do Vazio a Chama Imperecível; e ela estará no coração do Mundo, e o Mundo Existirá; e aqueles de vocês que quiserem, poderão descer e entrar nele

Em termos concretos seria a nuvem nos quais os Ainur tiveram que entrar para gerar e gerir o Universo físico - Eä:

- E, de repente, os Ainur viram ao longe uma luz, como se fosse uma nuvem com um coração vivo
de chamas; e souberam que não era apenas uma visão, mas que Ilúvatar havia criado algo novo:
Eä, o Mundo que É.

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2 - Os Quatro Mundos da Cabala e o Ainulindalë:

É possível que o Ainulindalë se enquadre em 4 estágios que explicam a Cosmogonia intentada por Tolkien. O Estágio se dá pela existência Uma de Iluvatar, a geração (por Pensamento) dos Ainur. O 2º Estágios segue-se por meio de uma "Grandiosa Música" que prenuncia um universo a ser manifestado. Tal universo é criado de acordo com a natureza e limitações de cada Ainur, com um começo e uma cadência definido-marcada pelo próprio Ilúvatar. Em 3º lugar, ocorre a Visão do Mundo (EÄ) prenunciado através da Música, ou seja, um mundo não manifestado, um pré-projeto a ser construído. Imperioso citar:

Mas quando os Valar entraram em Eä, a princípio ficaram assustados e desnorteados, pois era
como se nada ainda estivesse feito daquilo que haviam contemplado na Visão
; tudo estava a ponto de começar, ainda sem forma, e a escuridão era total. Pois a Grande Música não havia sido senão a expansão e o florescer do pensamento nas Mansões Eternas, sendo a Visão apenas um prenúncio;

O 4º Estágio se dá pelo substrato divino concedido por Ilúvatar ao possibilitar (por meio da Chama Imperecível) o que até então era uma "Ideia". Gerou-se então Eä (o mundo que é) através da labuta cósmica dos Ainur. No que tange à Cabala, existem quatro mundos/planos espirituais de existência que parecem com o descrito no Silmarillion. São eles: http://en.wikipedia.org/wiki/Four_Worlds

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a) Atziluth: O mundo da emanação, o mais alto grau de existência espiritual, representado no Ainulindalë não pelas Mansões de Iluvatar, já que estas são posteriores a umoutro plano de existência exclusivo/próprio de ERU, ou seja, os Mansões são as moradas dos Ainur, enquanto havia (ou não havia) um plano espiritual de não existência. Interessante notar que na interpretação Cabalística do Atziluth há uma mudança de Paradigma de Deus, em sendo uma Entidade Suprema "solitária"/UNA que se "decidiu" pela criação/inspiração do Existir (Biblicamente falando seria o "Logos" - "Verbo"). Vale o entendimento do Silmarillion:

Havia Eru, o Único, que em Arda é chamado de Ilúvatar.

O Atziluth é uma tentativa de se interpretar elementos divinos da criação. Uma das problemáticas levantadas pelos Estudiosos Cabalísticos é o fato de Deus mesmo infinito, perfeito e poderoso ter criado/emanado seres/entidades menores e imperfeitos. Sejam os mesmos denominados Anjos/Arcanjos. Ou no caso do Silmarillion os Ainur:

Ele criou primeiro os Ainur, os Sagrados, gerados por seu pensamento, e eles lhe faziam companhia antes que tudo o mais fosse criado. (...) pois cada um compreendia apenas aquela parte da mente de Ilúvatar da qual havia brotado e evoluía devagar na compreensão de seus irmãos.

b) Beri'ah: Beri'ah é o primeiro dos quatro mundos a ser criado ex nihilo, ou seja, criado a partir do Nada Primordial. Seu correspondente seria justamente as Mansões de Iluvatar e a presença dos Ainur como seres conscientes, tendo noções de suas próprias existências.

Ilúvatar, porém, ergueu-se em esplendor e afastou-se das belas regiões que havia criado para os Ainur; e os Ainur o seguiram.

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Um aspecto interessante é o fato de o Beri’ah descrever a existência de seres que habitam no Atziluth, ou seja, "Criaturas Extraplanares" que antecedem a criação/formação dos próprios anjos; sendo, ademais, oprimidos pela Luz Divina Irradiada e destituídos de existência própria. Isso me fez lembrar muito dos Seres Sem Nome de Moria "Mais Velhos que Sauron", Ungoliant e principalmente dos Deuses de Nan Dungortheb "mais velhos que Morgoth e os Senhores do Oeste", descritos nos HOMES. Odeiam a Luz e asseiam por ela (coincidência?):

Beri'ah is the first of the four worlds to be created ex nihilo, since Atzilut was emanated rather than created. Thus, although there exist beings that dwell in Atzilut, those beings are overwhelmed by the Divine Light and are unaware of their own existence; in Beri'ah however, the angels are dimly aware of their own existence as distinct from God's.

Vide:

There the twain enfolded phantom twilight
and dim mazes dark, unholy,
in Nan Dungorthin where nameless gods
have shrouded shrines in shadows secret,
more old than Morgoth or the ancient lords
the golden Gods of the guarded West
.
But the ghostly dwellers of that grey valley
hindered nor hurt them, and they held their course
with creeping flesh and quaking limb.
Yet laughter at whiles with lingering echo,
as distant mockery of demon voices1
there harsh and hollow in the hushed twilight
Flinding fancied, fell, unwholesome

Tradução de Ancalagon Killer transcrita abaixo:

Mergulharam ali em fantasmagórico crepúsculo
E em labirintos sombrios e perversos
Em Nan Dungorthin onde os deuses sem nome
Possuem templos ocultos por sombras secretas
Mais velhos que Morgoth ou que os senhores antigos
Os deuses dourados que guardam o Oeste

Mas os habitantes fantasmagóricos daquele vale cinzento
Não barraram sua trilha ou os feriram, e eles prosseguiram seu caminho

Por Fim, o Beri'ah é tido como a morada de arcanjos que não entraram no Terceiro Plano Espiritual, ou seja, fala-se de entidades que não adentraram no mundo de Yetzirah; permaneceram, portanto, no plano de existência puramente espiritual:

Beri'ah is the abode of the permanent archangels, as opposed to the non-permanent angels which dwell in Yetzirah.

Sem dissentir:

Aconteceu, assim, de entre os Ainur alguns continuarem residindo com Ilúvatar fora doslimites do Mundo, mas outros, e entre eles muitos dos mais fortes e belos, despediram-se de Ilúvatar e desceram para nele entrar.

c) Yetzirah: Seria justamente o "Mundo prenunciado/a ser formado". Retrata, à grosso modo, o processo que vai dá origem ao Mundo de Assiah, sendo este último o Mundo da Matéria. No Silmarillion, o Yetzirah seria a grande Canção dos Ainur, o prenúncio de EÄ pela Visão concedida por Iluvatar e principalmente a descrição dos reinos "Elementais" do Mundo Material. Fogo (Melkor); Água (Ulmo); Terra (Aulë) e Ar (Manwë): http://www.alchemylab.com/sepher_yetzirah1.htm

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These divisions correspond to Jewish concepts such as the 3 letters making up God's name (yud, he, and vav), the 7 days of the Jewish week, the 12 tribes of Israel, and the 12 months of the Hebrew calendar, as well as to early "scientific" or philosophical ideas such as the 4 elements (fire, water, air, earth)According to the Sefer Yetzirah, the first emanation from the spirit of God was the ruach (= "spirit," "air") that produced water, which, in its turn, formed the genesis of fire. In the beginning, however, these three substances had only a potential existence, and came into actual being only by means of the three letters Aleph, Mem, Shin; and as these are the principal parts of speech, so those three substances are the elements from which the cosmos has been formed.[5]

Seu Correspondente na Obra:

E observaram os ventos e o ar, e as matérias das quais Arda era feita:de ferro, pedra, prata, ouro e muitas substâncias. Mas de todas era a água a que mais enalteciam. E dizem os eldar que na água ainda vive o eco da Música dos Ainur mais do que em qualquer outra substância existente na Terra; e muitos dos Filhos de Ilúvatar escutam, ainda insaciados, as vozes do Oceano, sem contudo saber por que o fazem.

Ora, foi para a água que aquele Ainu que os elfos chamam de Ulmo voltou seu pensamento, e de todos foi ele quem recebeu de Ilúvatar noções mais profundas de música. Já sobre os ares e os ventos, mais havia refletido Manwë, o mais nobre dos Ainur. Sobre a textura da Terra havia pensado Aulë,

Por fim:

Ora, foi para a água que aquele Ainu que os elfos chamam de Ulmo voltou seu pensamento, e de todos foi ele quem recebeu de Ilúvatar noções mais profundas de música. Já sobre os ares e os ventos, mais havia refletido Manwë, o mais nobre dos Ainur. Sobre a textura da Terra havia pensado Aulë,

E, nessa obra, a parte principal coube a Manwë, Aulë e Ulmo; mas Melkor também estava ali desde o início e interferia em tudo o que era feito, transformando-o, se conseguisse, de modo que satisfizesse seus próprios desejos e objetivos; e ele acendia enormes fogueiras.

d) Assiah: O último dos Planos de Existência na Cabala. É o mundo puramente material. Sendo a região governada pelos Ofanim. Tendo estes a tarefa de promover a audição das orações, apoiar o esforço humano, e combater o mal. Seria análogo, portanto, ao dito "Poder delegado" de Iluvatar aos Ainur.

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(...) mas outros, e entre eles muitos dos mais fortes e belos, despediram-se de Ilúvatar e desceram para nele entrar. No entanto, essa condição llúvatar impôs, ou talvez fosse conseqüência necessária de seu amor, que o poder deles a partir daí fosse contido no Mundo e a ele restrito, e nele permaneceria para sempre, até que ele se completasse, para que eles fossem a vida do mundo; e o mundo, a deles. E por esse motivo foram chamados de Valar, os Poderes do Mundo.

3 - A Importância da Luz na Cabala e no Silmarillion:

A luz é uma das fontes primordiais para a existência da vida (baseada na que conhecemos), em razão desta importância, a luz sempre representou a emanação de propriedades divinas em inúmeras culturas. No que tange à Cabala, os estudiosos interpretam que a luz de Deus como irradiação espiritual/metafórica é análoga com a luz no sentido físico/material/energético. A esse conceito denomina-seOhr(http://en.wikipedia.org/wiki/Ohr). Ohr ou LUZ que descreve a analogia da luz física para descrever as emanações Divinas, bem como entender a relação alma e corpo. Esse conceito tá presente (creio) nesta passagem falando das Silmarils:

Contudo, esse cristal estava para as Silmarils como o corpo para os Filhos de Ilúvatar: a morada do fogo interior, que se encontra dentro dele e, ainda assim, em todas as suas partes; e que é sua vida. E o fogo interior das Silmarils, Fëanor criou a partir da fusão da luz das Árvores de Valinor, que ainda sobrevive nas jóias, embora as Árvores já há muito tenham definhado e não brilhem mais.

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Ohr ("Light" Hebrew: אור‎; plural:Ohros/Ohrot "Lights" Hebrew: אורות‎) is a central Kabbalistic term in the Jewish mystical tradition. The analogy of physical light is used as a way of describing metaphysical Divine emanations. Shefa ("Flow" Hebrew:שפע‎ and its derivative,Hashpoah "Influence" Hebrew: השפעה‎) is sometimes alternatively used in Kabbalah, a term also used in Medieval Jewish Philosophy to mean Divine influence, while the Kabbalists favour Ohr because its numerical value equals Raz("mystery").[1] It is one of the two main metaphors in Kabbalah for understanding Divinity, along with the other metaphor of the human soul-body relationship for the Sephirot.[2] The metaphorical description of spiritual Divine creative-flow, using the term for physical "light" perceived with the eye, arises from analogous similarities. These include the intangible physicality of light, the delight it inspires and the illumination it gives, its apparently immediate transmission and constant connection with its source. Light can be veiled ("Tzimtzum"-constrictions in Kabbalah) and reflected ("an ascending light from the Creations" in Kabbalah). White light divides into 7 colours, yet this plurality unites from one source. Divine light divides into the 7 emotional Sephirot, but there is no plurality in the Divine essence. The term Ohr in Kabbalah is contrasted with Ma'ohr, the "luminary", and Kli, the spiritual "vessel" for the light.

Uma vez que a percepção humana para usufruir da Luz parte da emanação por parte de objetos que emanam a luz. A cabala cita a existência de receptáculos ou fontes de luz. A Exemplo do conceitoMa'ohr(astro/estrela/luminária). Usa-se, neste caso, a relação entre o sol e a luz que ele emite . No entanto, a luz que vem do sol não é o exemplo perfeito para a Ohr, a luz do sol que existe já foi limitado em sua qualidade e, portanto, não tem a essência do verdadeiro Ohr. O Silmarillion pontifica tal conceito, é muito parecido, haja vista a luz divina outrora emanada pelas Arvores existirem apenas como uma lembrança no SOL guiado por uma Maia:

No entanto, nem o Sol nem a Lua conseguem trazer à lembrança a luz que existia antes,a que emanava das Árvores antes que elas fossem tocadas pelo veneno de Ungoliant.Aquela luz sobrevive agora apenas nas Silmarils.
 
Primeiramente gostaria de desejar um ótimo feriado(s) a todos. Numa busca pelas influências de Tolkien na concepção do Ainulindalë, o evento-chave desta Teodicéia, acabei encontrando elementos análogos à uma das obras mais importantes (e pouco conhecida) no campo da fantasia: The Gods of Pegana do escritor Anglo-Irlandês Edward Plunkett, vulgo Lorde Dunsany: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Gods_of_Pegāna

The Gods of Pegāna is the first book by Anglo-Irishfantasy writer Lord Dunsany, published on a commission basis in 1905. It is considered[by whom?] a major influence on the work of J. R. R. Tolkien, H. P. Lovecraft, Ursula K. Le Guin[1] and many others[who?]. The book was reviewed favourably but as an unusual piece. One of the more influential reviews was by Edward Thomas in the London Daily Chronicle.[2]

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Assim como no Silmarillion, a supracitada obra descreve como ManaYood-Sushai, a Divindade Suprema deste universo; criou e hierarquizou o panteão de deuses menores que protagonizam os eventos cosmológicos numa série de contos. Sem contar um evento bem familiar com o do Ainulindalë, a exemplo do embate entre o Deus Criador e a divindade Skarl the Drummer, que, utilizando-se de um grande "Tambor", fez com que ManaYood-Sushai sucumbisse à um sono eterno, e de seus pensamentos fluíram os ingredientes para a formação do Mundo da Matéria:

The chief of the gods of Pegāna is Mana-Yood-Sushai, who created the other gods and then fell asleep; when he wakes, he "will make again new gods and other worlds, and will destroy the gods whom he hath made." Men may pray to "all the gods but one"; only the gods themselves may pray to Mana-Yood-Sushai.

Neste sentido:

Ilúvatar, entretanto, escutava sentado até lhe parecer que em volta de seu trono bramia uma tempestade violenta, como a de águas escuras que guerreiam entre si numa fúria incessante que não queria ser aplacada.

Ergueu-se então Ilúvatar, e os Ainur perceberam que ele sorria E ele levantou a mão esquerda, e um novo tema surgiu em meio à tormenta, semelhante ao tema anterior e ao mesmo tempo diferente; e ganhava força e apresentava uma nova beleza. Mas a dissonância de Melkor cresceu em tumulto e o enfrentou. Mais uma vez houve uma guerra sonora, mais violenta do que antes, até que muitos dos Ainur ficaram consternados e não cantaram mais, e Melkor pôde dominar. Ergueu-se então novamente Ilúvatar, e os Ainur perceberam que sua expressão era severa. Ele levantou a mão direita, e vejam! Um terceiro tema cresceu em meio à confusão, diferente dos outros. Pois, de início parecia terno e doce, um singelo murmúrio de sons suaves em melodias delicadas; mas ele não podia ser subjugado e acumulava poder e profundidade. E afinal pareceu haver duas músicas evoluindo ao mesmo tempo diante do trono de Ilúvatar, e elas eram totalmente díspares. Uma era profunda, vasta e bela, mas lenta e mesclada a uma tristeza incomensurável, na qual sua beleza tivera principalmente origem.

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Sem dissentir:

After Mana-Yood-Sushai "made the gods and Skarl", Skarl made a drum and began to beat on it in order to lull his creator to sleep; he keeps drumming eternally, for "if he cease for an instant then Mana-Yood-Sushai will start awake, and there will be worlds nor gods no more." Dunsany writes that
Some say that the Worlds and the Suns are but the echoes of the drumming of Skarl, and others say that they be dreams that arise in the mind of MANA because of the drumming of Skarl, as one may dream whose rest is troubled by sound of song, but none knoweth, for who hath heard the voice of Mana-Yood-Sushai, or who hath seen his drummer?
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Um dos autores abertamente influenciado pela Obra fora (quem diria) H.P Lovecraft. Uma vez que tendia para uma visão filosófica "Cosminicista" (Indiferença Cósmica), conforme o teor deveras pessimista de suas obras: http://en.wikipedia.org/wiki/Cosmicism

The philosophy of cosmicism states that there is no recognizable divine presence, such as a god, in the universe, and thathumans are particularly insignificant in the larger scheme of intergalactic existence, and perhaps are just a small species projecting their own mental idolatries onto the vast cosmos, ever susceptible to being wiped from existence at any moment. This also suggested that the majority of undiscerning humanity are creatures with the same significance as insects and plants, who, in their small, visionless and unimportant nature, do not recognize a much greater struggle between greater forces.

Lovecraft retrata que o universo tangente é fruto da emanação psiônica do Deus-Sultão Idiota (e cego) Azathoth, ironicamente uma entidade onipotente localizado no centro/núcleo do próprio Universo, mas desprovido de sesciência, basicamente um Deus tolo e letárgico. Estado fruto de sua corte macabra de deuses que tocam a melodia insana para manter o tempo-espaço: http://en.wikipedia.org/wiki/Azathoth

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Price sees another inspiration for Azathoth in Lord Dunsany's Mana-Yood-Sushai, fromThe Gods of Pegana, a creator deity "who made the gods and thereafter rested." In Dunsany's conception, MANA-YOOD-SUSHAI sleeps eternally, lulled by the music of a lesser deity who must drum forever, "for if he cease for an instant then MANA-YOOD-SUSHAI will start awake, and there will be worlds nor gods no more." This oblivious creator god accompanied by supernatural musicians is a clear prototype for Azathoth, Price argues

Essa possível influência entre Mana-Yood-Sushai de Dunsany e o profano Azathoth de Lovecraft elencam 2 importantes (mas pouco analisados) elementos na concepção cosmológica do Silmarillion. A primeira é a influência da Filosofia Platônica (e porque não dizer Neo-platônica) na concepção do Mundo material constante na obra. Tal conceito é elencado pelo ponto de vista dos Ainur no que diz respeito a realidade e as suas formas racionais/humanoides. Vide:

Então os Valar assumiram formas e matizes; adotaram formas de acordo com o estilo que haviam contemplado na Visão de Ilúvatar, menos na majestade e no esplendor. Além do mais, sua forma deriva de seu conhecimento do Mundo visível, em vez de derivar do Mundo em si; e eles não precisam dela, a não ser apenas como as vestes que usamos, e, no entanto podemos estar nus sem sofrer nenhuma perda de nosso ser. Portanto, os Valar podem caminhar, se quiserem, despidos; e nesse caso nem mesmo os eldar conseguem percebê-los com clareza, mesmo que estejam presentes. Quando os Valar desejam trajar-se, porém, costumam assumir, alguns, formas masculinas, outros, formas femininas; pois essa diferença de temperamento eles possuíam desde o início, e ela somente se manifesta na escolha de cada um, não sendo criada por essa escolha, exatamente como entre nós o masculino e o feminino podem ser revelados pelos trajes, mas não criados por eles.

Na concepção da realidade de Eä, Tolkien cita o Mundo Visível e seu Contraponto (?) Mundo em si. Como analisá-los e entendê-los fora da visão/abominação Eldrich dos Ainur? O Mundo Visível é, a grosso modo, uma externalização/representação da "Música dos Ainur". Tolkien descreve que as formas dos Ainur baseadas no Mundo Visível é apenas um VÉU a encobrir suas essências, ou seja, uma imitação de algo que já preexistente:

. Mas, por mais belas e nobres que fossem as formas dos Filhos de Ilúvatar, elas não passavam de um véu a encobrir sua beleza e seu poder. E, se pouco se diz aqui de tudo o que os eldar souberam outrora, isso não é nada em comparação com seu verdadeiro ser, que remonta a regiões e eras muito além do alcance de nossa mente.

Neste caso, a ideia de formas materiais-humanoides dos Ainur é basicamente uma cópia dos Eruhins mostrados por Iluvatar no que seria o conceito Cabalístico dos Portões/Câmaras de Guf (quem assistiu Neon Genesis Evangelion sabe do que tô falando): http://en.wikipedia.org/wiki/Guf

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According to Jewish mythology, in the Garden of Eden there is a Tree of life or the Tree of Souls[1] that blossoms and produces new souls, which fall into the Guf, the Treasury of Souls. Gabriel reaches into the treasury and takes out the first soul that comes into his hand. Then Lailah, the Angel of Conception, watches over the embryo until it is born.

Sem dissentir:

Pois os Filhos de Ilúvatar foram concebidos somente por ele; e surgiram com o terceiro tema; eles não estavam no tema que Ilúvatar propusera no início, e nenhum dos Ainur participou de sua criação. Portanto, quando os Ainur os contemplaram, mais ainda os amaram, por serem os Filhos de Ilúvatar diferentes deles mesmos, estranhos e livres; por neles verem a mente de Ilúvatar refletida mais uma vez e aprenderem um pouco mais de sua sabedoria, a qual, não fosse por eles, teria permanecido oculta até mesmo para os Ainur.

A ideia dos Valar se basearem em objetos/elementos pré-existentes, ou melhor, modelos comparativos para se definir um conceito, neste caso, o Mundo Visível é explicado pela visão filosófica do Realismo Platônico, principalmente no conceito metafísico da Problemática Universal. Este se caracteriza uma propriedade ou uma relação que pode ser exemplificada por um número de coisas particulares diferentes. É uma idéia ou essência comum a todas as coisas que agrupamos sob um mesmo signo linguístico: http://en.wikipedia.org/wiki/Universals

In metaphysics, a universal is what particular things have in common, namely characteristics or qualities. In other words, universals are repeatable or recurrent entities that can be instantiated or exemplified by many particular things.[1] For example, suppose there are two chairs in a room, each of which is green. These two chairs both share the quality of "being a chair," as well as greenness or the quality of being green. Metaphysicians call this quality that they share a "universal." There are three major kinds of qualities or characteristics: types or kinds (e.g. mammal), properties (e.g. short, strong), andrelations (e.g. father of, next to). These are all different types of universal.[2]

No caso dos Ainur e os Filhos de ERU, em sendo os Poderes elementos particulares desta relação que se baseiam nas qualidades e características em comum com os Eruhins. Exemplo dado é a comparação entre Melkor (o particular) como Niilista e os Homens (conceito genérico) em conflito com os Poderes/Valar. Ou serem os elfos e homens reflexos das características inatas de Iluvatar e os Ainur representarem características particulares: Aulë (conhecimento); Melkor (Caos/não existência); etc.

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Este post tá enorme. Vou continuar em outro.
 
Outra característica do Realismo Platônico externada (creio) por Tolkien é o termo usado:O Mundo em SI.Como assim? Uma vez que Ainulindalë dita que a realidade material é apenas um VÉU para os Valar, pressupõe-se que o Mundo real é apenas um ponto de vista (não necessariamente errôneo ou uma prisão) da verdadeira realidade. Esta se encontra na "Música dos Ainur", este evento imensurável e cósmico está além da percepção dos ERUHINS:

Mas de todas era a água a que mais enalteciam.E dizem os eldar que na água ainda vive o eco da Música dos Ainur mais do que em qualquer outra substância existente na Terra; e muitos dosFilhos de Ilúvatar escutam, ainda insaciados, as vozes do Oceano,sem contudo saber por que o fazem.

A Música Divina externalizou-se no "Mundo que é". Isso ecoa demais no dito Filosófico daTeoria das Formas/Ideiasde Platão -http://en.wikipedia.org/wiki/Theory_of_Forms- Esta teoria assevera que a realidade mais fundamental é composta de ideias ou formas abstratas, mas substanciais. Para ele estas ideias ou formas são os únicos objetos passíveis de oferecer verdadeiro conhecimento.

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Conforme o Legendarium descreve, os Ainur e suas formas residiriam no mundo inteligível, fora do tempo e do espaço, e não no mundo sensível ou material. Reiterando o exposto no texto acima, os objetos do mundo comum organizam suas estruturas conformes a estas ideias ou formas primordiais, mas não são capazes de revelá-las em sua plenitude. Imperioso destacar mais uma vez:

Além do mais, sua forma deriva de seu conhecimento do Mundo visível, em vez de derivar do Mundo em si;e eles não precisam dela, a não ser apenas como as vestes que usamos, e, no entanto podemos estar nus sem sofrer nenhuma perda de nosso ser. Portanto, os Valar podem caminhar, se quiserem, despidos; e nesse caso nem mesmo os eldar conseguem percebê-los com clareza, mesmo que estejam presentes. Quando os Valar desejam trajar-se, porém, costumam assumir, alguns, formas masculinas, outros, formas femininas; pois essa diferença de temperamento eles possuíam desde o início,e ela somente se manifesta na escolha de cada um, não sendo criada por essa escolha,

A Música dos Ainur estaria dentro do MUNDO, mas a percepção de sua essência está fora do tempo-espaço, mas é inteligível através das Canções de Poder, à exemplo do que Ulmo fez com Tuor ao mostrar todos os oceanos, formas, as vozes terríveis para os mortais na província da Água. Ademais, Platão elenca o chamado Reino Intangível localizado fora do Planeta Terra. Eu me pergunto: a viagem de Earendil, descrita na Canção de Bilbo, aos Timeless Hall não se enquadra a este conceito? Pois o Astronauta suplantaria até sua condição material para empreender tais jornadas:

He came unto the timeless halls
where shining fall the countless years,

and endless reigns the Elder King
in Ilmarin on Mountain sheer;
and words unheard were spoken then
of folk of Men and Elven-kin.

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Plato often invokes, particularly in the Phaedo, Republic and Phaedrus, poetic language to illustrate the mode in which the Forms are said to exist. Near the end of thePhaedo, for example, Plato describes the world of Forms as a pristine region of thephysical universe located above the surface of the Earth (Phd.109a-111c). In thePhaedrusthe Forms are in a "place beyond heaven" (huperouraniostopos) (Phdr.247c ff); and in theRepublicthe sensible world is contrasted with the intelligible realm (noēton topon) in the famousallegory of the cave.

It would be a mistake to take Plato's imagery as positing the intelligible world as a literal physical space apart from this one.[20][21]Plato emphasizes that the Forms are not beings that extend in space (or time), but subsist apart from any physical space whatsoever.[22]That is, they areabstract objects. Thus we read in theSymposiumof the Form of Beauty: "It is not anywhere in another thing, as in an animal, or in earth, or in heaven, or in anything else, but itself by itself with itself," (211b). And in theTimaeusPlato writes: "Since these things are so, we must agree that that which keeps its own form unchangingly, which has not been brought into being and is not destroyed, which neither receives into itself anything else from anywhere else,nor itself enters into anything anywhere, is one thing," (52a, emphasis added).

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Ainda sobre a filosofia Platônica, creio que há um evento do Silma que ecoa demais com o mais famoso conceito de Platão. Estou a falar daAlegoria da Caverna de Platão.Este famoso conceito serviu de base á uma série de Filmes (Matrix), Livros e até Animes (Ergo Proxy). Trata-se de uma caverna onde homens estão acorrentados, olham para uma parede onde s projetam sombras de um fogo que ilumina objetos que estão atrás dos prisioneiros:http://en.wikipedia.org/wiki/Allegory_of_the_cave

Socrates begins by asking Glaucon to imagine a cave inhabited by prisoners who have been imprisoned since childhood. These prisoners have been imprisoned in such a way that their legs and necks are fixed, forcing them to gaze at a wall in front of them, unable to move their heads. Behind the prisoners is a fire, and between the fire and the prisoners is a raised walkway. Along this walkway is a low wall, behind which people walk carrying objects "...including figures of men and animals made of wood, stone and other materials.". In this way, the walking people are compared to puppeteers and the low wall to the screen over which puppeteers display their puppets. Since these walking people are behind the wall on the walkway, their bodies do not cast shadows on the wall faced by the prisoners, but the objects they carry do. The prisoners cannot see any of this behind them, being only able to view the shadows cast upon the wall in front of them. There are also echoes off the shadowed wall of sounds the people walking on the road sometimes make, which the prisoners falsely believe are caused by the shadows.

Socrates suggests that, for the prisoners, the shadows of artifacts would constitute reality. They would not realize that what they see are shadows of the artifacts, which are themselves inspired by real humans and animals outside of the cave. Furthermore, the prisoners would "assign credit and prestige" to whomever among them could quickly remember which shadows came before, predict which shadows would follow and name which shadows were normally found together.

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Exemplifico o caso do despertar dos elfos e dos homens. Os elfos acordam em seu "Jardim do Éden". São inocentes e estão conhecendo vários aspectos de Arda. Sabendo disso, Melkor envia SOMBRAS que encobrem as estrelas de Varda, e tenta afastar qualquer simpatia entre os primogênitos e os Poderes. Até então o Mundo dos elfos era basicamente sombras. Até que chega um Ser esclarecido e liberta os elfos das sombras:

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Mas aqueles que tiveram coragem, e permaneceram, rapidamente perceberam que o Grande Cavaleiro não era nenhuma forma saída das trevas, pois a luz de Aman estava em seu semblante, e todos os mais nobres elfos se sentiram atraídos por ela.

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Infelizmente alguns caíram prisioneiros da caverna, e esqueceram de tudo, sendo apenas uma mera "sombra" do que eram, do que percebem de realidade. Esses são os Orcs.

Entretanto, pouco se sabe daqueles infelizes que caíram na armadilha de Melkor. Pois, quem, entre os seres vivos, desceu aos abismos de Utumno, ou percorreu as trevas dos pensamentos de Melkor? É, porém, considerado verdadeiro pelos sábios de Eressëa que todos aqueles quendi que caíram nas mãos de Melkor antes da destruição de Utumno foram lá aprisionados, e, por lentas artes de crueldade, corrompidos e escravizados; e assim Melkor gerou a horrenda raça dos ores, por inveja dos elfos e em imitação a eles, de quem eles mais tarde se tornaram os piores inimigos. Pois os orcs tinham vida e se multiplicavam da mesma forma que os Filhos de Ilúvatar; e nada que tivesse vida própria, nem aparência de vida, Melkor jamais poderia criar desde sua rebelião no Ainulindalë antes do Início. Assim dizem os sábios. E, no fundo de seus corações negros, os orcs odiavam o Senhor a quem serviam por medo, criador apenas de sua desgraça. Esse pode ter sido o ato mais abjeto de Melkor, e o mais odioso aos olhos de Ilúvatar.

Sobre os homens, Tolkien retrata na versão do diálogo entre "Finrod e Andreth" que os homens despertaram e tinham contato com a Voz de Iluvatar. Após isso, Melkor aparece (ironicamente) como um ser de Luz (tá mais para a luz da caverna, mas enfim) que veio tirar o Homem da ignorância. Mas não foi assim, pois os homens foram acorrentados em servidão à Melkor e enamorados com as trevas. Alguns deles então saíram desta caverna, em busca da passagem de luz da Caverna de Dor e Perigo do Mundo:

- Atrás de nós, ficam as trevas – dizia Bëor – e nós lhes demos as costas. Não desejamos voltar para lá, nem mesmo em pensamento. Nossos corações estão voltados para o oeste, e acreditamos que encontraremos a Luz.

Entretanto, dizia-se depois entre os eldar que, quando os homens despertaram em Hildórien, ao nascer do Sol, os espiões de Morgoth estavam alertas e logo lhe levaram a notícia.

Mas quem seria o HOMEM QUE RETORNARIA A CAVERNA para libertar os outros prisioneiros? Acho que não houve um homem, mas sim um elfo. Sendo ele mesmo um exilado de um Reino Divino destoante do Mundo Real da Terra Média:

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Além deste aspecto, Platão destaca a importância do Sol por meio de uma alegoria interessante:http://en.wikipedia.org/wiki/Metaphor_of_the_sun

Tendo feito estas afirmações , Sócrates pergunta à Glauco : "... qual dos deuses no céu você pode colocar como causa e mestre deste, cuja luz faz com que nossa visão ver tão bem e as coisas para ser visto ? " ( 508a )Glauco responde que tanto ele como todos os outros responderiam que este é o sol. Analogamente , Sócrates diz, como o sol ilumina o visível com a luz, então a idéia de bondade ilumina o inteligível com a verdade. Além disso, como a capacidade do olho para ver se torna possível com a luz do sol para que a capacidade da alma de saber é possível graças a verdade da bondade.

Entenda , então, que é o mesmo com a alma , assim: quando ela se instala firmemente na região em que a verdade e real estão a brilhar intensamente (' A República , VI - 508D ; . Trans W.H.D. Rouse )

The sun provides not only the power of being seen for things seen, but, as I think you will agree, also their generation and growth and nurture, although it is not itself generation…Similarly with things known, you will agree that the good is not only the cause of their becoming known, but the cause that they are, the cause of their state of being, although the good is not itself a state of being but something transcending far beyond it in dignity and power.[1]

Sem dissentir:

A partir dessa época foram contados os Anos do Sol. Mais rápidos e breves são eles do que os longos Anos das Árvores em Valinor. Foi nesse período que o ar da Terra-média se tornou pesado com o hálito do crescimento e da mortalidade; e a transformação e o envelhecimento de todas as coisas foram muito acelerados. A vida pululava no solo e nas águas na Segunda Primavera de Arda, e os eldar aumentaram em número. E, sob o novo Sol, Beleriand se tornara verde e bela

Ao primeiro raiar do Sol, os Filhos Mais Novos de Ilúvatar despertaram na terra de Hildórien, nas regiões orientais da Terra-média; mas o primeiro Sol raiou no Oeste, e os olhos dos homens que se abriam se voltaram para ele; e seus pés, quando Perambularam pela Terra, acabavam indo naquela direção.
 
Última edição:
Podemos ver ainda em “O Silmarillion” mais alguns paralelos bíblicos. Bem, para mostrá-los comecemos por uma criatura chamada “Behemoth”.

Na bíblia, Deus instiga Jó a responder sobre inúmeros mistérios da Terra até então desconhecidos pelos homens e impossíveis de serem feitos por mãos humanas. Diante da sabedoria divina, Jó, antes provado a mando de Deus, reconhece então a grandeza divina.

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Em uma das suas inúmeras lições a Jó, Deus diz:

Vê Behemoth, que criei contigo, nutre-se de erva como o boi. Sua força reside nos rins, e seu vigor nos músculos do ventre. Levanta sua cauda como (um ramo) de cedro, os nervos de suas coxas são entrelaçados. Seus ossos são tubos de bronze, sua estrutura é feita de barras de ferro. É obra-prima de Deus, foi criado como o soberano de seus companheiros. As montanhas fornecem-lhe a pastagem, os animais dos campos divertem-se em volta dele. Deita-se sob os lótus, no segredo dos caniços e dos brejos; os lótus cobrem-no com sua sombra, os salgueiros da margem o cercam. Quando o rio transborda, ele não se assusta; mesmo que o Jordão levantasse até a sua boca, ele ficaria tranquilo. Quem o seguraria pela frente, e lhe furaria as ventas para nelas passar cordas? - Jó 40, 10-19.

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Behemoth parece ser uma criatura incrível criada por Deus, e ela é motivo de orgulho para o próprio Criador. Em O Silmarillion uma criatura também desponta das demais:

Huan, o cão de Valinor.

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Huan era o cão de caça do vala Oromë. Foi dado como presente ao filho de Fëanor, Celegorm, e seu destino estava atado a duas coisas: ele falaria apenas três vezes e sua morte viria pelo lobo mais poderoso de Arda.

Só que Huan era um cão muito poderoso. Sobre ele foi dito:

Pois nada escapava à visão e ao faro de Huan, nem encantamento nenhum conseguia detê-lo; e ele não dormia, nem de dia nem à noite. – O Silmarillion, pg. 217.

No Apocalipse de São João, quatro criaturas estão ao redor do trono de Deus, incríveis, incansáveis, leais e irrepreensíveis, como Huan:

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E os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir. – Apocalipse 4, 8.

O poder de Huan era tão grande que chegou a derrotar Sauron:

Contudo, nem feitiço nem encanto, nem garra, nem veneno, nem arte demoníaca, nem força animal, nada conseguiu derrubar Huan de Valinor. E ele pegou o adversário pela garganta e o dominou. Sauron, então mudou de forma, de lobo para serpente; e de monstro para sua forma costumeira, mas não conseguiu se livrar de Huan sem abandonar totalmente seu corpo. – O Silmarillion, pg. 220.

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Naturalmente, Huan e Behemoth eram criaturas formidáveis e tão parecidas entre si que, como veremos a seguir, terão o mesmo fim.

Mais adiante Deus continua com Jó:

Poderás tu fisgar Leviatã com um anzol, e amarrar-lhe a língua com uma corda? Serás capaz de passar um junco em suas ventas, ou de furar-lhe a mandíbula com um gancho? Ele te fará muitos rogos, e te dirigirá palavras ternas? Concluirá ele um pacto contigo, a fim de que faças dele sempre teu escravo? Brincarás com ele como com um pássaro, ou atá-lo-ás para divertir teus filhos? Será ele vendido por uma sociedade de pescadores, e dividido entre os negociantes? Crivar-lhe-ás a pele de dardos, fincar-lhe-ás um arpão na cabeça? Tenta pôr a mão nele, sempre te lembrarás disso, e não recomeçarás. Tua esperança será lograda, bastaria seu aspecto para te arrasar. – Jó 40, 20-28.

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Ora, havia mais de uma criatura tão formidável quanto o Behemoth e esta criatura era conhecida como “Leviatã”. Assim como Behemoth reinava nos campos, Leviatã reinava nos mares e era tão poderoso que parecia estar sob uma tutela mais pessoal a Deus do que o Behemoth.

Sua costa é um aglomerado de escudos, cujas juntas são estreitamente ligadas;uma toca a outra, o ar não passa por entre elas;uma adere tão bem à outra, que são encaixadas sem se poderem desunir. Seu espirro faz jorrar a luz, seus olhos são como as pálpebras da aurora. De sua goela saem chamas, escapam centelhas ardentes.De suas ventas sai uma fumaça, como de uma marmita que ferve entre chamas.Seu hálito queima como brasa, a chama jorra de sua goela.Em seu pescoço reside à força, diante dele salta o espanto. Jó –41, 6-13.

Mais:

Não quero calar (a glória) de seus membros, direi seu vigor incomparável. – Jó 41, 3.

Faz ferver o abismo como uma panela, faz do mar um queimador de perfumes. – Jó 41, 22.

Não há nada igual a ele na terra, pois foi feito para não ter medo de nada;afronta tudo o que é elevado, é o rei dos mais orgulhosos animais. – Jó 41, 24-25.

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Por outro lado, Huan também não era a única criatura poderosa de Arda:

Recordou-se então Morgoth da sina de Huan e escolheu um dos filhotes da raça Draugluin. Alimentou-o com a própria mão, sempre com carne viva e passou seu poder a ele. O lobo cresceu rapidamente até não se enfiar em nenhuma cova, mas permanecia deitado, enorme e faminto, aos pés de Morgoth. Ali, as fogueiras e as agonias do inferno nele se impregnaram; e ele foi tomando por um espírito devorador, atormentado, terrível e forte. Carcharoth, o Goela Vermelha, ele é chamado no relato daqueles tempos; e Anfauglir, Mandíbulas Sedentas. E Morgoth ordenou que ficasse insone diante dos portões de Angaband, para a eventualidade de Huan aparecer – O Silmarillion, pgs. 226-227.

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Na bíblia, Deus mostra que Behemoth e Leviatã de fato existiram e estavam subjugados a Ele como tudo que existe; mas as coisas não terminam por aqui.

Diz a tradição judaica:

O Leviatã era um peixe monstruoso criado no quinto dia da criação. Sua história está relacionada ao comprimento do Talmude Baba Bathra 74b, onde é dito que o Leviatã irá ser morto e sua carne servirá em uma festa para os justos no tempo que virá; sua pele será utilizada para cobrir a barraca onde o banquete ocorrerá. – ArtScroll Siddur, pg. 725.

Há outro hino religioso recitado no festival de Shavuot – celebrando a entrega da Torá –, conhecido como Akdamut, onde diz:

(...) o embate entre o Leviatã e o boi – Behemoth – (...) quando eles vão entrelaçar um com o outro e entrar em combate, com seus chifres, o Behemoth vai ferir, com força, o peixe – Leviatã –, e este, saltará para encontrá-lo com suas barbatanas, com poder. O Criador deles vai abordá-los com Sua poderosa espada e matará ambos. (...) a partir da pele bonita do Leviatã Deus vai construir coberturas para abrigar os justos, que vão comer a carne do Behemoth – boi – e do Leviatã no meio de grande alegria e diversão, a um enorme banquete que será dado para eles. – ArtScroll Siddur, pg. 719.

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Há ainda tradições que dizem que o Behemoth matará primeiro Leviatã, mas morrerá em seguida, assim como a história entre Huan e Carcharoth.

Huan saltou da moita sobre as costas do Lobo, e os dois caíram juntos em luta feroz. Nenhuma briga de lobo e cão foi como aquela, pois nos latidos de Huan ouvia-se a voz das trompas de Oromë e a ira dos Valar, ao passo que nos uivos de Carcharoth estavam o ódio de Morgoth e uma crueldade pior do que dentes de aço. E as rochas se fenderam com esse clamor, caindo do alto e sufocando as cataratas de Esgalduin.

Naquela hora, Huan matou Carcharoth; mas ali, nos densos bosques de Doriath, sua própria sina, proferida havia tanto tempo, se realizou. Recebeu um ferimento mortal, e o veneno de Morgoth nele penetrou. – O Silmarillion, pg. 234.

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Amaldiçoem-na aqueles que amaldiçoaram os dias, aqueles que são hábeis para evocar Leviatã!– Jó 3, 8.

Quebrastes as cabeças do Leviatã, e as destes como pasto aos monstros do mar. – Salmos 74, 14.

Naquele dia o Senhor ferirá, com sua espada pesada, grande e forte, Leviatã, o dragão fugaz, Leviatã, o dragão tortuoso; e matará o monstro que está no mar. – Isaías 27, 1.

A partir de determinadas passagens da bíblia podemos ver que, como prenúncio do fim, Leviatã era a personificação do diabo tal como Carcharoth seria a personificação de Morgoth.

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Huan e Behemoth: livres sobre terra. Carcharoth e Leviatã: condenados sob o abismo.
 

Anexos

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Mesmo pessoas esclarecidas e, às vezes, nem sequer religiosas também incorrem neste erro. O fato é que somos a minoria das minorias e penso que sempre a seremos.

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Curioso como a situação mudou, e nem tanto para melhor. Hoje temos o documentário "Chesterton, Tolkien e Lewis" da Brasil Paralelo propagandeando a noção de Guerra Cultural e colocando Tolkien como um guerreiro cultural cristão. Digo nem tanto para melhor pois há uma série de questões políticas conservadoras dominando na visão conservadora da Brasil Paralelo, não apenas uma leitura honesta das influências cristãs em Tolkien.
 

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