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Programa Mais Médicos

Bel

o.O
Os estudantes de medicina que começarem o curso em 2015 terão que trabalhar por dois anos no Sistema Único de Saúde (SUS) como requisito necessário para ter o diploma. A medida valerá para todas as escolas de medicina públicas e privadas do país, mas ainda vai demorar a ter resultados. Os estudantes vão começar esse segundo ciclo da formação apenas em 2021, quando tiverem passado pelos seis anos do primeiro ciclo de formação. O governo federal lançou nesta segunda-feira o programa “Mais Médicos para o Brasil”.

A norma faz parte da medida provisória (MP) editada nesta segunda-feira pela presidente Dilma Rousseff com ações voltadas para a saúde pública. Entre elas estão as regras para o programa "Mais Médicos". O programa prevê o preenchimento das vagas na atenção básica à saúde nas regiões onde há carência desses profissionais. Será dada prioridade aos médicos com registro no Brasil, que deverão começar suas atividades em 2 de setembro. As vagas que sobrarem vão primeiramente para os brasileiros formado no exterior e, por fim, para os médicos estrangeiros. Estes devem começar a trabalhar em 18 de setembro. O número de vagas ainda não foi fechado e vai depender da demanda.

Durante a cerimônia de lançamento do programa, o ministro da Educação, Aloízio Mercadante, defendeu a medida de importar médicos, ao comparar os dados de pessoas que se formam nos cursos no país com o de outros países e principalmente com o total de médicos em comparação à população.

— Por dez mil habitantes, o Brasil tem um número de estudantes muito baixo. Menos que os Estados Unidos e a Inglaterra, abaixo da Austrália e similar ao do Canadá, que importa médicos.

O ministro afirmou que o objetivo é aumentar o número de vagas nos cursos de medicina, principalmente em residência, e descentralizar os locais que oferecem as vagas. Mas ele ressaltou que essa política irá demorar para trazer resultados.

— Cada matricula dessa, o médico só vai ficar formado em seis a oito anos. Mas isso vai resolver o problema de oferta a partir de 2022. E em 2019 teremos os primeiros médicos formados — afirmou.

— Não não queremos simplesmente formar médicos. Nós queremos formar bons médicos para o país — disse.

Mercadante destacou que o Revalida continuará sendo aplicado. O exame será obrigatório para médicos estrangeiros que quiserem ter a liberdade de trabalhar em qualquer lugar do país, mas não aos que aderirem ao "Mais Médicos".

— Não queremos barreira artificial, queremos que venham para o Brasil todos os médicos que quiserem. Mas eles vão ter de ter a mesma qualidade dos brasileiros — disse Mercadante, que defendeu que tenha “equilíbrio” a medida.

— Faltam médicos no nosso país. E os que existem, estão mal distribuídos — disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Conselho terá 180 dias para regulamentação
Hoje, o curso de medicina prevê quatro anos de formação teórica e dois de estágio obrigatório em regime de internato, totalizando seis anos. A partir de 2015, os alunos de medicina continuarão a fazer um curso de seis anos, mas depois disso passarão um ano no serviço de atenção básica do SUS, e depois mais um ano nos serviços de urgência e emergência, como por exemplo o Samu. O Conselho Nacional de Educação (CNE) terá um período 180 dias para regulamentar esse segundo ciclo do curso.

O discurso oficial é de que a medida vai melhorar a formação do médico brasileiro, num modelo copiado do britânico e do sueco. Mas, na prática, também permitirá um afluxo maior de profissionais ao SUS, com cerca de 20 mil médicos em 2021 e o dobro disso em 2022. Dados do Ministério da Saúde mostram que 80% dos problemas de saúde podem ser resolvidos pelo serviço de atenção básica.

Diferentemente da residência, em que o médico se especializa, os dois anos no SUS serão voltados à atenção básica, e permitirão uma formação mais generalista. Nesse período, ele vai ser remunerado. O valor ainda não foi definido, mas ficará entre a bolsa de residência (hoje em R$ 2.976,26) e a bolsa do Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), que visa levar médicos recém-formados para trabalhar nas regiões mais carentes (hoje em R$ 8 mil).

Depois dos seis anos iniciais, o estudante poderá obter uma inscrição provisória no Conselho Regional de Medicina (CRM), o que permitirá que ele continue sendo fiscalizado e, eventualmente, penalizado por erros médicos que venha a cometer. Com o tempo, poderá haver um redução dos seis anos do primeiro ciclo para apenas cinco. Os dois anos adicionais poderão ser aproveitados para abater um ano do curso de residência, caso ele opte por uma especialização do ramo da atenção básica.

O Globo

Duração do curso de medicina subirá de 6 para 8 anos a partir de 2015
Alteração na grade curricular foi anunciada pelo ministro da Educação. Ciclo de formação será feito no SUS e alunos vão receber bolsa de estudo.


O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou nesta segunda-feira (8) que a proposta do governo de exigir que todos os alunos de medicina trabalhem dois anos no Sistema Único de Saúde vai “humanizar” a formação universitária. O governo federal anunciou o programa “Mais Médicos para o Brasil”, que visa ampliar as vagas de medicina no país e atrair profissionais para áreas que carecem de atendimento.

Para implementar o programa, a presidente Dilma Rousseff editou uma medida provisória que, entre outras ações, aumenta carga horária dos cursos de medicina da rede pública e privada do país. A partir de janeiro de 2015, será incluído um ciclo de dois anos na grade curricular voltado para atuação na atenção básica e nos setores de urgência e emergência.

Esse ciclo de formação será feito no Sistema Único de Saúde (SUS) e os alunos vão receber uma bolsa custeada pelo governo federal, além de uma autorização provisória para exercício da medicina. As instituições de ensino terão de oferecer acompanhamento e supervisão nas especialidades.

“Estamos propondo criar segundo ciclo de graduação dos estudantes de medicina a partir dos estudantes que vão se formar em 2015. Todos os estudantes de medicina, depois dos seis anos de graduação ficariam dois anos trabalhando na saúde popular no SUS”, anunciou Mercadante no evento de lançamento do programa.

De acordo com o ministro, o estudante receberá uma bolsa pela atuação no SUS.

"Eles vão receber bolsa de estudo para fazer este trabalhão e esse período poderá ser usado como residência médica. Ele vai terminar a sua formação trabalhando no Sistema Único de Saúde, dando sua contribuição, humanizando”, disse.

Mercadante destacou ainda, no discurso, que para fixar médicos nas periferias de grandes cidades e no interior do Norte e Nordeste é preciso criar vagas de medicina e residência nessas regiões. A meta é criar 11,44 mil vagas em universidades públicas e privadas até 2017, com enfoque para as regiões pobres.

“Não basta abrir cursos de medicina para fixar o médico na região. É preciso residência médica e políticas na área de saúde. De outro lado, os estados que concentram grande número de residência atraem médicos de outros estados. É o caso de São Paulo, que tem baixa oferta de curso de medicina, mas muitas residências médicas”, afirmou o ministro da Educação.

Mercadante anunciou uma mudança no Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos, o Revalida, que continuará a ser exigido de médicos que queiram atuar livremente e de forma permanente como profissionais no país. De acordo com o ministro, o médico estrangeiro que quiser fazer o exame não precisará ter feito residência no Brasil, o que é atualmente exigido.

“No edital do revalida que vem agora o médico pode fazer o revalida sem ter morado no Brasil. Que venham ao Brasil todos os médicos”, disse.

Só não será exigido o Revalida dos médicos que optarem pelo registro temporário, para ocupar vagas remanescentes na contratação do governo para atendimento em regiões com déficit de profissionais da saúde.

Poderão participar do programa estrangeiros que tenham estudado em faculdades de medicina com grade curricular equivalente à brasileira, proficientes na língua portuguesa, que tenham recebido de seu país de origem a autorização para livre exercício da medicina e que sejam de nações onde a proporção de médicos para cada grupo de mil habitantes é de, pelo menos, 1,8 médicos para cada mil habitantes.

Todos os profissionais vindos de outros países serão acompanhados por uma universidade federal. Os municípios inscritos no programa terão de oferecer moradia e alimentação aos profissionais, além de ter de acessar recursos do Ministério da Saúde para construção, reforma e ampliação das unidades básicas.

Os estrangeiros não precisarão fazer o Revalida, mas serão obrigatóriods a participar de um curso de três semanas, em uma universidade federal que tenha aderido ao programa, onde serão avaliadas por professores as capacidades técnica e de comunicação. Sendo aprovados, eles serão inscritos no Conselho Regional de Medicina do estado em que vão trabalhar.

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G1
 
Re: Estudantes de medicina terão que trabalhar 2 anos no SUS para ter diploma

O PT ainda vai conseguir afundar a classe médica. O Lula foi mais sutil, já a Dilma tá demais, se foder!!!
 
Re: Estudantes de medicina terão que trabalhar 2 anos no SUS para ter diploma

Realmente parece uma medida bem autoritária, no melhor estilo de um governo que gosta de resolver os problemas com determinações, ao invés de incentivos corretos. Pq será que algumas regiões do Brasil são carentes de médicos? Não manjo nada do assunto, mas o primeiro palpite é que ninguém quer ir pra determinadas regiões que pagam mal. A próxima pergunta (supondo que a primeira resposta esteja correta), é: Pq essas regiões pagam mal? Aí eu não sei responder. Importar médicos pode resolver o problema? Talvez sim, já que esses médicos possivelmente estarão dispostos a trabalhar por menos do que os nossos médicos. Parece uma boa solução? Acho que não, mas também depende da resposta da segunda pergunta.

De qualquer forma, sobre o assunto do tópico, a medida parece bem autoritária, em especial quando aplicada aos cursos privados. Fica a pergunta: Também é uma sacanagem com os cursos públicos? Será muito absurdo pensar nessa medida como um tipo de retribuição do aluno (eu sei que ele não estudou de graça, já que pagou impostos e etc, mas enfim)?
 
Re: Estudantes de medicina terão que trabalhar 2 anos no SUS para ter diploma

Not bad.

O grande problema do atendimento nas regioes carentes tem sido, principalmente, a falta de estrutura. Investimento em estrutura, combinado com essa acao, certamente trara resultados positivos.

Os cursos publicos de medicina trazem enormes custos para o estado. Essa medida pode ser vista tambem como um retorno social sobre o investimento.

A medida tem carater intervencionista sim. Mas nao era isso que os manifestos estavam pedindo? Intervencoes? Vcs nao gostaram por conta do carater supostamente autoritario ou temos outros motivos?
 
Re: Estudantes de medicina terão que trabalhar 2 anos no SUS para ter diploma

Acho que é justificável fazer isso com as faculdades públicas. Já com os cursos privados, acho errado. No caso das universidades públicas, o Estado pode sempre recorrer ao argumento de que isso é um tipo de contrapartida social, sei lá.
 
Re: Estudantes de medicina terão que trabalhar 2 anos no SUS para ter diploma

Concordo, seria mais coerente sim. Porem, nao vejo problemas graves por ser implementado desta forma.

Fora que, se fosse destinado exclusivamente a publicas, alguns efeitos indesejados, como por ex, aumento da procura na rede particular, poderiam ocorrer.
 
Re: Estudantes de medicina terão que trabalhar 2 anos no SUS para ter diploma

E pq isso seria indesejavel? As pessoas nao tem direito a escolha? Se vc obriga alguem a tomar uma decisao q nao eh a q ela quer, a pessoa naturalmente vai buscar alternativas.
 
Re: Estudantes de medicina terão que trabalhar 2 anos no SUS para ter diploma

As decisoes individuais das pessoas nao necessariamente sao as decisoes mais prosperas para o grupo. O estado existe, inclusive, pra administrar esse problema que remonta o inicio da existencia do ser humano como ser social.
 
Re: Estudantes de medicina terão que trabalhar 2 anos no SUS para ter diploma

Não manjo nada do assunto, mas o primeiro palpite é que ninguém quer ir pra determinadas regiões que pagam mal.
Na verdade, isso não é problema. Tem várias vagas em cidades do interior, uns “São João da PQP” que tem vagas com salários de R$ 30.000 (sim: trinta MIL reais) para médicos que nunca são preenchidas. Por que? Porque ficam no c# do mundo. Aí nenhuma pessoa que passou se ferrando 5 ou mais anos dentro de uma faculdade, com mais o tempo de residência, vai querer se enfurnar em uma cidade sem estrutura, longe de tudo, onde ele ou ela não terá vida social — não importa quanta grana eles façam.
 
Re: Estudantes de medicina terão que trabalhar 2 anos no SUS para ter diploma

As alegações contrárias são basicamente:

- 11 anos para se formar (6 anos de faculdade + 2 de SUS + 3 de residência) é um abuso;
- Cadê o investimento na estrutura que permite o médico trabalhar?

Acho que ambas são pertinentes. O governo quer dar soluções paliativas para a falta de médicos no atendimento público à população, isso é louvável, mas acho que está falhando nos meios.
 
Re: Estudantes de medicina terão que trabalhar 2 anos no SUS para ter diploma

As decisoes individuais das pessoas nao necessariamente sao as decisoes mais prosperas para o grupo. O estado existe, inclusive, pra administrar esse problema que remonta o inicio da existencia do ser humano como ser social.

Eu concordo que nem sempre o "ótimo social" é o resultado dos "ótimos individuais". O problema é usar esse argumento para justificar todas as intervenções possíveis do governo. Além disso, esse argumento parte do pressuposto que o governo conhece o ótimo social e sabe como atingi-lo, o que nem sempre é verdade.

Eu não acho que esse argumento seja válido nesse caso. Se as pessoas não querem trabalhar no SUS é pq não vale a pena. Então, ao invés de obrigá-las, faça o trabalho lá valer a pena. Acho meio perigoso pensar que a intervenção estatal é automaticamente justificada só pq as pessoas não fazem o que o governo entende como certo.

Na verdade, isso não é problema. Tem várias vagas em cidades do interior, uns “São João da PQP” que tem vagas com salários de R$ 30.000 (sim: trinta MIL reais) para médicos que nunca são preenchidas. Por que? Porque ficam no c# do mundo. Aí nenhuma pessoa que passou se ferrando 5 ou mais anos dentro de uma faculdade, com mais o tempo de residência, vai querer se enfurnar em uma cidade sem estrutura, longe de tudo, onde ele ou ela não terá vida social — não importa quanta grana eles façam.

Cara, "pagar mal" é um conceito bem relativo. O salário justo numa situação dessas é algo entre o que faz uma pessoa interessada em se deslocar pro interior (com todos os "problemas" associados) e o máximo que o governo está disposto a pagar nesse caso. Honestamente, eu não sei dizer se é razoável que paguem mais do que 30 mil. Se a decisão é que não dá pra pagar mais do que isso, então importem médicos.
 
Re: Estudantes de medicina terão que trabalhar 2 anos no SUS para ter diploma

Cara, "pagar mal" é um conceito bem relativo. O salário justo numa situação dessas é algo entre o que faz uma pessoa interessada em se deslocar pro interior (com todos os "problemas" associados) e o máximo que o governo está disposto a pagar nesse caso. Honestamente, eu não sei dizer se é razoável que paguem mais do que 30 mil. Se a decisão é que não dá pra pagar mais do que isso, então importem médicos.

Sim, tem que considerar custo de vida tbm, só que no interior mil reais rendem muito mais do que na cidade grande. 30 mil reais compram uma casa decente nos cafundós do Judas.


Sobre a decisão do governo, ainda não decidi se é bom ou ruim...
 
Re: Estudantes de medicina terão que trabalhar 2 anos no SUS para ter diploma

Esse caso só me lembra da máxima "Não há situação suficientemente ruim que uma intervenção estatal/governamental não possa piorar".

Obrigar médicos recém-formados a atender pelo SUS em regiões sem estrutura não resolverá o problema, só tornará a carreira menos atraente para possíveis-futuros-médicos que, agora, tem uma "residência" especial sem possibilidade de escolha em uma área que não lhes interessa. Posts anteriores já levantaram o problema real -- os salários pagos para esses médicos é insuficiente para fazê-los abandonar suas cidades de origem, família, amigos, etc. para atuar em regiões menos desenvolvidas --, porém, há um outro detalhe que não posso deixar escapar: há falta de médicos em algumas regiões mas não parece haver sobra deles nos grandes centros; há demanda pelos profissionais que atuam lá pois, se não houvesse, eles já teriam se deslocado para outras regiões naturalmente. Essa intervenção só dificultará a formação de novos médicos, piorando o problema.
 
Re: Estudantes de medicina terão que trabalhar 2 anos no SUS para ter diploma

Pq será que algumas regiões do Brasil são carentes de médicos? Não manjo nada do assunto, mas o primeiro palpite é que ninguém quer ir pra determinadas regiões que pagam mal.

É um dos motivos. O outro é que falta estrutura. Mas assim, estrutura GERAL. As cidades não tem um bom hospital, uma boa escola, um bom lazer, não tem nada! Como alguém vai querer ir pra lá se estressar no trabalho, sem perspectivas de lazer, vendo os filhos terem uma educação medíocre e ainda perigando levar calote da prefeitura?!

De qualquer forma, sobre o assunto do tópico, a medida parece bem autoritária, em especial quando aplicada aos cursos privados. Fica a pergunta: Também é uma sacanagem com os cursos públicos? Será muito absurdo pensar nessa medida como um tipo de retribuição do aluno (eu sei que ele não estudou de graça, já que pagou impostos e etc, mas enfim)?

Fazer essa 'dívida social' é assumir FIES para faculdades que deveriam ser gratuitas (sem pensar nos impostos), o que é um absurdo per se. Além de ferir o livre-arbítrio vai contra a proposta das universidades públicas enquanto públicas. Ainda assim, se vale pra uma profissão, tem que valer pra todas e o SUS seria tocado praticamente pelo contingente de quase-formados, com seus registros provisórios.

Outro ponto é: ok, os estudantes de medicina serão obrigados a trabalhar pro SUS por 2 anos, de preferência nas áreas onde não tem médicos.
Acontece que estudante de medicina não é médico e portanto não pode atender sem um médico preceptor junto. Ou seja, o governo terá que contratar médicos para além de atender a população, ser responsáveis pelos alunos! Se os médicos já não querem atender no SUS, por que iriam querer ter a responsabilidade aumentada, preceptorando alunos? Não entendi a vantagem dessa estratégia.


A medida tem carater intervencionista sim. Mas nao era isso que os manifestos estavam pedindo? Intervencoes? Vcs nao gostaram por conta do carater supostamente autoritario ou temos outros motivos?

Pedimos intervenções, não chutes no saco, remendos mal feitos para consertar erros do próprio governo. O ideal seria o combo "concurso público + plano de carreira", além da melhoria da estrutura. Tudo OFERECIDO, não como condição sine qua non para pegar o diploma.

Acho que é justificável fazer isso com as faculdades públicas. Já com os cursos privados, acho errado. No caso das universidades públicas, o Estado pode sempre recorrer ao argumento de que isso é um tipo de contrapartida social, sei lá.

Faz pra um, faz pra todos, isso de 'contrapartida social' é balela.

As alegações contrárias são basicamente:

- 11 anos para se formar (6 anos de faculdade + 2 de SUS + 3 de residência) é um abuso;

Na verdade leva mais tempo pra se formar. São 6 anos de faculdade + 4 a 5 de residência e, agora, tem esse + 1 de PROVAB, que deixa tudo com 12 anos. Com essa obrigatoriedade do SUS vai de 11-12 para 13-14 anos de estudo e especializações para, enfim, o médico ir pro mercado de trabalho "pronto". Postaram na minha timeline um texto que resume bem isso:

"Então você tem 17 anos e sonha em ser médico! Família inteira apoia, que alegria! Vc estuda bastante no último ano do colégio, mas não consegue entrar de primeira! Afinal, você é branco, seu pai pagou colégio particular e não é gênio! No outro ano, com muito esforço vc passa no vestibular! Alegria, festa! Serão oito anos de formação! OITO! Após oito anos anos se torna medico! FESTA!!! Agora é hora de se especializar uma vez que o mercado exige isso! Mas com um plano do governo chamado PROVAB vc não conseguirá passar sem trabalhar em uma área com infraestrutura ruim por um ano! Assim, vc vai pra esse lugar que nunca gostaria de ter ido para conseguir uma grande vantagem na prova de especialização! E assim vc passa! Alegria, alegria! Você passou, por exemplo, para Cirurgia! Em dois anos será um cirurgião! Alegria! Mas cirurgião não basta! Não tem como, há de se especializar mais! Você se submete a mais um processo seletivo e seu esforço é recompensado: passou para cirurgia vascular! Alegria, mas o salário rídiculo do residente somado a 100 horas semanais de trabalho não condizem com seu conhecimento e momento de vida! Porém, sem chororô, muitos colegas estão lutando para estar onde vc está! Depois de 3 anos você finalmente se torna cirurgião vascular! O mercado gostaria que você se especializasse mais ainda, mas vc já não aguenta mais e financeiramente não tem mais como! Você quer começar ganhar dinheiro!! Mas espera um pouco, e o serviço militar obrigatório? Vc vai ter que trabalhar mais um aninho de sua vida pro exercito! Você sempre foi patriota! Ufa! Acabou! Agora, com 33 anos, você pode ir pro mercado de trabalho"


Cara, "pagar mal" é um conceito bem relativo. O salário justo numa situação dessas é algo entre o que faz uma pessoa interessada em se deslocar pro interior (com todos os "problemas" associados) e o máximo que o governo está disposto a pagar nesse caso. Honestamente, eu não sei dizer se é razoável que paguem mais do que 30 mil. Se a decisão é que não dá pra pagar mais do que isso, então importem médicos.

Genteee, socorro, tirem 30 mil da cabeça, esse salário não existe! O governo joga esse valor bruto, vai comendo tudo em imposto e descontos e fica quase a metade. É um dinheiro que não vale o stress que gera, sei o que tô falando. Além disso tem os calotes que nós recebemos da prefeitura. Conheço gente que tem "salário de 30 mil" num desses interiores que, no primeiro mês recebeu 18 mil, no segundo 13, no terceiro 10 e no quarto nada, esses salários são insustentáveis, são só aquele perfuminho que as plantas carnívoras usam pra atrair as moscas... Uma vez lá eles dão calote na cara dura.

Até aqui na capital tá uma tsunami de calotes, e olha que é de 6 mil, 8 mil... O que mais a gente ouve é lugar oferecendo salário bom pra não pagar depois. No Facebook temos um grupo de empregos médicos com um tópico sobre hospitais mal pagadores cujo número não para de crescer. Ultimamente temos tido que implorar pra receber algo que é de direito.
 
Re: Estudantes de medicina terão que trabalhar 2 anos no SUS para ter diploma

Dermeister, o LOL é pra frase inicial do seu post. O gênio do Mercadante sabe muito bem do que você falou:

— Por dez mil habitantes, o Brasil tem um número de estudantes muito baixo. Menos que os Estados Unidos e a Inglaterra, abaixo da Austrália e similar ao do Canadá, que importa médicos.

É um dos motivos. O outro é que falta estrutura. Mas assim, estrutura GERAL. As cidades não tem um bom hospital, uma boa escola, um bom lazer, não tem nada! Como alguém vai querer ir pra lá se estressar no trabalho, sem perspectivas de lazer, vendo os filhos terem uma educação medíocre e ainda perigando levar calote da prefeitura?!

Fazer essa 'dívida social' é assumir FIES para faculdades que deveriam ser gratuitas (sem pensar nos impostos), o que é um absurdo per se. Além de ferir o livre-arbítrio vai contra a proposta das universidades públicas enquanto públicas. Ainda assim, se vale pra uma profissão, tem que valer pra todas e o SUS seria tocado praticamente pelo contingente de quase-formados, com seus registros provisórios.

Outro ponto é: ok, os estudantes de medicina serão obrigados a trabalhar pro SUS por 2 anos, de preferência nas áreas onde não tem médicos.
Acontece que estudante de medicina não é médico e portanto não pode atender sem um médico preceptor junto. Ou seja, o governo terá que contratar médicos para além de atender a população, ser responsáveis pelos alunos! Se os médicos já não querem atender no SUS, por que iriam querer ter a responsabilidade aumentada, preceptorando alunos? Não entendi a vantagem dessa estratégia.


Faz pra um, faz pra todos, isso de 'contrapartida social' é balela.

Genteee, socorro, tirem 30 mil da cabeça, esse salário não existe! O governo joga esse valor bruto, vai comendo tudo em imposto e descontos e fica quase a metade. É um dinheiro que não vale o stress que gera, sei o que tô falando. Além disso tem os calotes que nós recebemos da prefeitura. Conheço gente que tem "salário de 30 mil" num desses interiores que, no primeiro mês recebeu 18 mil, no segundo 13, no terceiro 10 e no quarto nada, esses salários são insustentáveis, são só aquele perfuminho que as plantas carnívoras usam pra atrair as moscas... Uma vez lá eles dão calote na cara dura.

Até aqui na capital tá uma tsunami de calotes, e olha que é de 6 mil, 8 mil... O que mais a gente ouve é lugar oferecendo salário bom pra não pagar depois. No Facebook temos um grupo de empregos médicos com um tópico sobre hospitais mal pagadores cujo número não para de crescer. Ultimamente temos tido que implorar pra receber algo que é de direito.

Pim, quando eu digo que é justificável, não quero dizer que eu concordo. Eu acho a ideia errada. A questão é que consigo entender o Estado dizendo que pode fazer isso como um tipo de contrapartida social para as faculdades públicas. E concordo com você que esse argumento teria que ser usado para todos os cursos. Só que eu também acho errado isso. No caso das faculdades privadas, não é apenas acho errado, como acho indefensável o argumento.

Acho bem surreal a ideia de que o Estado, usando o argumento de planejador central, pode privar os indivíduos de suas liberdades individuais só pq suas decisões diferem do resultado social.

O trecho em negrito e sublinhado mostra como que do ponto de visto prático (ignorando questões político-filosóficas sobre a intervenção do Estado) a ideia é besta. Perfeito o argumento.

Independente dos calotes, o princípio é o mesmo: Quer médicos no interior? Então vai ter que pagar um "prêmio" no salário.
 
Última edição:
Re: Estudantes de medicina terão que trabalhar 2 anos no SUS para ter diploma

Dermeister, o LOL é pra frase inicial do seu post. O gênio do Mercadante sabe muito bem do que você falou:

Gênio e Mercadante na mesma frase não rola. Sorry. :lol:

Em tempo, é um absurdo o que o governo está fazendo com os médicos.
 
Re: Estudantes de medicina terão que trabalhar 2 anos no SUS para ter diploma

Esse caso só me lembra da máxima "Não há situação suficientemente ruim que uma intervenção estatal/governamental não possa piorar".

Obrigar médicos recém-formados a atender pelo SUS em regiões sem estrutura não resolverá o problema, só tornará a carreira menos atraente para possíveis-futuros-médicos que, agora, tem uma "residência" especial sem possibilidade de escolha em uma área que não lhes interessa. Posts anteriores já levantaram o problema real -- os salários pagos para esses médicos é insuficiente para fazê-los abandonar suas cidades de origem, família, amigos, etc. para atuar em regiões menos desenvolvidas --, porém, há um outro detalhe que não posso deixar escapar: há falta de médicos em algumas regiões mas não parece haver sobra deles nos grandes centros; há demanda pelos profissionais que atuam lá pois, se não houvesse, eles já teriam se deslocado para outras regiões naturalmente. Essa intervenção só dificultará a formação de novos médicos, piorando o problema.
sabemos que o problema sobre o número de médicos é relacionado a estrutura do nosso ensino superior, e não ao interesse da população (isso fica claro por conta da procura do curso, que provavelmente é a maior). mesmo que tal medida diminua o interesse geral da população, é um absurdo afirmar que isso prejudicaria a relação procura x vazão para formação de médicos, que hoje é extremamente desproporcional. portanto, vou assumir que o problema que vc indicou é sobre uma dificuldade para obtenção do diploma, e portanto, alguma dificuldade presente exclusivamente nestes 2 anos.

só fica difícil entender a natureza do problema. estamos falando dos possíveis erros médicos que serão cometidos com atendimento não supervisionado (e que possivelmente comprometeriam o CRM dos profissionais)? Neste caso, o grande risco é exercer a profissão para a qual eles estão tecnicamente aptos a exercer?

a única modificação neste ponto é a questão do tempo de dedicação, correto? os 2 anos seriam 2 anos a serem sacrificados em função de uma escolha profissional, e não 2 anos que trariam graves riscos à formação do profissional. claro, novamente, assumindo que esse empecilho não será forte o suficiente pra reverter a relação procura x vazão citada acima.



Pelo que entendi, o único argumento contrário, até agora, é o suposto ataque ao direito de escolha dos médicos. argumentos sobre benefícios sociais, sobre a questão da saúde no Brasil, pra q, né? Vamos para alguns dados e fatos.

- Assumindo o tema da polêmica, ou seja, de atendimento em áreas carentes, estamos falando de 10-20 salários mínimos, ou seja, um valor que corresponde à remuneração de menos de 5% da população brasileira.

financeiramente, este valor não compete com o mercado. e não deveria competir. primeiro pq o mercado não vive em função de causas sociais, e é até por isso que determinadas regiões do país estão simplesmente abandonadas. o problema, até então, está envolvido no fato do médico em formação não ganhar tanto dinheiro quanto ele poderia ganhar, certo? esse ponto específico acho que nem precisa ser discutido, ou precisa?

sobre a questão da deslocação, temos inúmeras profissões que envolvem este problema. um exemplo é o engenheiro naval, que para poder atuar no mercado, às vezes, deve ficar em alto-mar por longos períodos, com remuneração de 1~2 salários mínimos. outros casos são biólogos, geógrafos, etc, que chegam a ganhar ainda menos.

- existe dinheiro público para resolver a questão de estrutura, e existe know-how.

sendo isto verdade, o que os faz pensar que a questão não será resolvida, uma vez que a política é explicitamente atender as regiões carentes? só não vale responder com o clássico "má vontade dos políticos" :lol:



eu realmente espero que esse questionamento todo não seja exclusivamente financeiro, pq aí a medida trará um outro benefício que eu nem tinha imaginado: filtrará melhor a motivação para a escolha de ser médico.
 
Re: Estudantes de medicina terão que trabalhar 2 anos no SUS para ter diploma

"Então você tem 17 anos e sonha em ser médico! Família inteira apoia, que alegria! Vc estuda bastante no último ano do colégio, mas não consegue entrar de primeira! Afinal, você é branco


Um texto com esse trecho nem merece ser lido. Coitada da Classe Média, né?
 

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