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Será George R.R. Martin melhor que J.R.R Tolkien?

Ahh ele vai ter amarrar essas pontas soltas sim, criar toda uma fundamentação quase cosmológica, isso está claro. O que eu discordo é que essa quebra de tradição de se querer tantos esterótipos em vez de se buscar algo mais original em tramas de fantasia, seja algo ruim em si mesmo. Eu penso justamente o contrário.
 
É isso, eu até prefiriria que Martin utilizasse só temas humanos - mas, já que ele resolveu tentar uma pitada de fantasia, fica sujeito a críticas.

Mas parece que a intenção dele era evitar ao máximo mesmo o fantástico. Tomo pela dedicatória de A Tormenta de Espadas: "Para a Phyllis, que me obrigou a incluir os dragões".
 
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Mas parece que a intenção dele era evitar ao máximo mesmo o fantástico. Tomo pela dedicatória de A Tormenta de Espadas: "Para a Phyllis, que me obrigou a incluir os dragões".

O original em inglês não é "obrigou" é "me fez", e, ademais foi, justamente, a parte que incluiu os dragões, os capitulos da Daenerys do primeiro livro, que foi publicada como novela de fantasia independente que ganhou prêmio Hugo.

E aí esta na resenha do quinto livro: o fantástico ganha cada vez mais proeminência
While there's no shortage of politics and intrigue in the book, a stark contrast (at least if my memory stays true) from the rest of the series is how the fantastical element (downplayed in the first few books) is becoming a key factor in the story. In fact, the prologue itself is undeniably supernatural, and it's an interesting evolution at how events in the series have escalated.
 
Última edição:
Prêmio Hugo, que é um prêmio para literatura fantástica e sci-fi. E a água é molhada. :roll:

Não desmereço o valor da fantasia, só digo que a obra apresentar elementos abundantes de fantasia não é garantia de qualidade da obra. Não é assim em Tolkien, nem em Martin.

EDIT: parece que isso muda com os novos livros, como era de se esperar.
 
Prêmio Hugo, que é um prêmio para literatura fantástica e sci-fi. E a água é molhada. :roll:

Não desmereço o valor da fantasia, só digo que a obra apresentar elementos abundantes de fantasia não é garantia de qualidade da obra. Não é assim em Tolkien, nem em Martin.

Se eu fosse você, até por ser fã da série do Martin, não desmereceria o Hugo dessa maneira porque, ao contrário dos Oscars, ganhar o prêmio Hugo, como a história da Daenerys mostra muito bem, é sim indício de qualidade, pq, inclusive, quem premia nesse campo tende a exaltar as idéias inovadoras e as quebras de paradigma ao invés de consagrar as mesmices.

A sequência da Daenerys pode ter, de fato, um matiz sobrenatural que lhe dá (IMO) um lustro especial na saga mas, sem dúvida, o que pesou foi o grau de verissimilitude de sua construção antropológica, transformando em protagonistas e até heróis, indivíduos que a fantasia tende a relegar ao papel de bárbaros ou bucha de canhão. A parte toda mantém um diálogo metatextual interessantíssimo com um análogo mítico que é a história de Gudrun ou Gutrune/Kriemhild e seu casamento por conveniência com Átila, o huno, só que contada do ponto de vista dela.

Nesse sentido, o trabalho do Martin evoca mesmo muito o melhor de Hayao Miyazaki em Nausicaa( que domestica o flagelo, arma de destruição em massa do seu mundo) e Ursula K. Le Guin que foi de onde veio o nome Khaleesi ( Kalessin é um dragão que tem uma filha humana híbrida na saga de Terramar).

E não era isso mesmo que vc está pedindo quando fala que está cansado dos estereótipos?Na minha opinião, a presença ou ausência de sobrenatural pouco ou nada tem a ver com a qualidade da tessitura novelística dramática e seu conteúdo humano, mas, se não fosse a inclusão do sobrenatural e a subcriatividade, universo secundário, que garantem sua classificação como fantasia, muito provavelmente, o George R.R. Martin não ganharia prêmio nenhum porque a inteligentsia literária simplesmente não premia livros desse gênero, independente de quão boas sejam a construção dos personagens ou a qualidade literária do texto.
 
Última edição:
É verdade! Todos nós já percebemos uma certa negação ao COMPARAR uma obra com a outra. Como se Tolkien fosse intocável em seu trabalho.

Mas afinal de contas, são quantos livros da Crônica de Gelo e Fogo? É uma trilogia? (confesso que não li todos os posts do tópico), entretanto, segui o conselho do Deriel e comprei.

Outra dúvida: Na contracapa inicial tem um mapa que mostra as terras do norte e na contracapa final um mapa com as terras do sul. Alguém pode me dar uma orientação sobre isso.

É que comparar faz parte da essência de gostar de Tolkien, se é bom, a gente compara, óbvio que não para depreciar, mas ter uma relação com algo que já é certa a qualidade.

P.S: Já possuo certo preconceito sim com a questão de novos livros de fantasia e a nomeação de "tão bom quanto as narrativas de Tolkien"... Tudo bem Fãs compararem, mas quando imprensa, Editoras e etc...comparam é que me sobe a cabeça, eles comparam como se todos tivéssemos que dizer "sim",sou contra essa parte. Mas enfim, livre expressão, né! ^^
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Elessar, na real, a questão dos mapas Sul e Norte tu vai entender lendo o livro! ^^
Pelo sei, são o que? Sete livros, até agora.

Voou terminar de ler O Hobbit e estou em dúvida se re-leio SdA ou se começo essa série.
Ah Morf, lê a série, é boa, não é mesmo estilo de Tolkien, todo lírico linguagem rebuscada, nem a magia em cada pedra, mas o medievalismo que Martin escreve é de tirar o chapéu! ^^

Eu, como fã do Cornwell, não sinto tanta falta do fantástico assim. Tanto é que depois do Cornwell, e afastei um pouco dos livros de Tolkien. Depois de ler como são organizadas as batalhas, como é formada e desbaratada uma parede de escudos, estupros, saques, mortes mais realistas e menos românticos, Tolkien ficou meio sem sal pra mim. Até sonhei em escrever algo como uma série de fantasia que pudesse aliar um universo fantástico com realismo das batalhas e da vida medieval mas... eu vi que Martin criou tudo aquilo que eu sonhava e levou à perfeição.

Tolkien ainda é melhor autor de fantasia, e praticamente definiu o gênero além de poder se considerado o pai da cultura nerd em muitos campos, mas... eu não sinto falta de dragões nem de elfos. Tenho espadas ensanguentadas, tripas se derramando, corvos se banqueteando nos campos de batalha. O que mais posso querer? XD

Talvez umas pitadas a mais de fantástico tornassem Crônicas de Gelo e Fogo aos fãs mais ardorosos de fantasia. A mim me satisfaz muito bem com o que já tem.

"Eu" sinto que o estilo de Tolkien pucha mas para o lado de "Contos de Fadas", mais ou menos essa temática, Martin é mais duro, grosso e realista, talvez essa parte que falta nas obras de Tolkien alguns encontram em Martin, sem dúvida. Tolkien = Fantasia...Martin = Medievalismo/realista. ^^
Tempos de Martin são outros modos, outro pensamento e ainda outro país! Mas melhor, assim temos como saciar os dois lados sedentos de uma boa fantasia!
 
Mas afinal de contas, são quantos livros da Crônica de Gelo e Fogo? É uma trilogia? (confesso que não li todos os posts do tópico), entretanto, segui o conselho do Deriel e comprei.

Outra dúvida: Na contracapa inicial tem um mapa que mostra as terras do norte e na contracapa final um mapa com as terras do sul. Alguém pode me dar uma orientação sobre isso.

Serão, teoricamente, 7 livros com cinco já publicados, três já traduzidos e lançados aqui. Pra vc entender como os mapas se encaixam olhe pra esse mapa completo do mundo de Westeros e as localizações dos personagens e o percurso da saga fica muito melhor expllicado ( devia estar incluído nos livros sim)

Agora sim eu mesmo estou entendendo melhor a questão da localização relativa dos dois continentes. Eu achava que a porção setentrional do continente do leste era muito mais latitudionalmente paralelo com o norte de Westeros do que realmente é por presumir uma analogia com as massas continentais do nosso mundo. Essa analogia de fato existe como a olhada no mapa comprovará, mas não nesse ponto em particular. Agora em Westeros falando da analogia com as Américas ,ela provavelmente, disfarça uma tremenda similitude com a Grã-Bretanha, onde a Escócia é o norte de Westeros(Muralha de Adriano/ A Muralha) e o sul, a Inglaterra ( reforçada por paralelos como Lannister/Lancaster

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O Mestre Tolkien trabalhou, "na vida real", junto à guerra, e duvido muito que não tenha visto, ou ouvido falar, dos guerreiros que cheiram merda e sangue nos campos de batalha, de estupros e violência, de mortes e mutilações, de medos e traumas. Não acredito que ele tenha virado os olhos à realidade, e ignorado tanta "estória".
Acho que foi uma opção, uma questão de escolher o que deixar como legado aos seus filhos, por exemplo. Que tipo de mensagem ele queria passar aos filhos dos outros. Acho que estupros, violência, como são formados os esquadrões de batalha, como acontecem os saques, os ataques e como o sangue jorra desta ou daquela forma de enfiar a espada quente de rapina e sangue.
Vejo os guerreiros "que defecam e estupram" todos os dias de minha vida, aqui na roça ou em qualquer lugar da cidade grande. Sei de crianças e mulheres que são estupradas aqui na roça por seus pais e irmãos. Soltam seus podres em qualquer parte e juro por tudo o que é mais sagrado, não tem a mínima diferença entre aqueles do filme e estes aqui da vida real.
Só que eu, pensando bem, se escolho o tomate e a cebola que eu vou comer e levar dentro do meu corpo, eu escolho também do que minha alma vai se alimentar. É como se eu escolhesse um outro lado da mesma moeda.
Possivelmente Fëanor não era diferente de nenhum daqueles guerreiros fedorentos e violentos, mas o lado da moeda que eu escolho traz as conseqüências morais destes atos, traz a amizade vencendo as dificuldades...
Tolkien fica "sem sal" quando não mostra a "realidade" fedorenta e violenta dos homens.
Isso é uma pena.
Pois o SAL da VIDA não está aí. Estamos temperando a vida de forma errada.

Nada contra defecados e monstruosos guerreiros.
Mas eu escolho o lado da moeda que me dá esperança, que me alimenta e move para a frente.

Talvez eu esteja ficando velha e meu coração já não suporte mais tanta violência... Mas acho que, pelo mesmo motivo, eu já ví que a adrenalida desta força vermelha e destruidora não deixa marcas boas.

Prefiro Tolkien, vencendo os orcs, ainda que pareça sem "tempero"..
Uma questão de escolha do que eu quero colocar em minha alma, e o que eu quero mostrar àqueles que jornadeiam comigo..lembas, meus queridos, lembas e muita fé...
 
Adorei o post acima. Vc está de parabéns Talira.

Eu, de minha parte, por motivos pessoais, escolhi aproveitar Westeros e Martin sem pressa, em doses homeopáticas pra diluir a exposição ao lado cru da vida e, também, reduzir o tempo de espera pelas sequências.

Já que os livros dele são construídos em cima de capítulos focados em personagens específicos e seus respectivos pontos de vista, optei por ler primeiro só os capítulos da Danny, Daenerys, que são menos sanguinolentos ( achei) e com mais ressonância com a espinha dorsal mitológica da história. Até agora, tem funcionado muito bem assim. Depois vou pegar Catelyn, John Snow e outros personagens como Tyrion.

Vendo como histórias isoladas que se intercruzam ( eventualmente), acho que será melhor pra absorver a saga como um todo.

Na verdade, deixando um pouco de lado ou abstraindo a violência, a gente sabe que Martin está trabalhando a mesma matéria-prima de Tolkien, que costuma deixar a violência e as pulsões sexuais taradas pra serem lidas nas entrelinhas da história ( Fëanor/Galadriel por exemplo), então não há,no meu entendimento, verdadeira dicotomia ou oposição entre os estilos dos dois, apenas uma diferença de ênfase ligada, inclusive, ao contexto histórico em que viviam/vivem os autores.

Eu sempre fui do tipo que conseguia apreciar tanto um Conquista Sangrenta do Verhoeven quanto um História sem Fim ou Feitiço de Áquila. Tanto um Companheiros do Crepúsculo quanto um Asterix ou Smurfs. Tanto Crepúsculo quanto True Blood!!

No Mundo da Fantasia, que ao fim e ao cabo é nosso mundo transfigurado sempre pelo olhar do mitopoeta, tem espaço pra todo mundo.
 
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O Mestre Tolkien trabalhou, "na vida real", junto à guerra, e duvido muito que não tenha visto, ou ouvido falar, dos guerreiros que cheiram merda e sangue nos campos de batalha, de estupros e violência, de mortes e mutilações, de medos e traumas. Não acredito que ele tenha virado os olhos à realidade, e ignorado tanta "estória".
Acho que foi uma opção, uma questão de escolher o que deixar como legado aos seus filhos, por exemplo. Que tipo de mensagem ele queria passar aos filhos dos outros. Acho que estupros, violência, como são formados os esquadrões de batalha, como acontecem os saques, os ataques e como o sangue jorra desta ou daquela forma de enfiar a espada quente de rapina e sangue.
Vejo os guerreiros "que defecam e estupram" todos os dias de minha vida, aqui na roça ou em qualquer lugar da cidade grande. Sei de crianças e mulheres que são estupradas aqui na roça por seus pais e irmãos. Soltam seus podres em qualquer parte e juro por tudo o que é mais sagrado, não tem a mínima diferença entre aqueles do filme e estes aqui da vida real.
Só que eu, pensando bem, se escolho o tomate e a cebola que eu vou comer e levar dentro do meu corpo, eu escolho também do que minha alma vai se alimentar. É como se eu escolhesse um outro lado da mesma moeda.
Possivelmente Fëanor não era diferente de nenhum daqueles guerreiros fedorentos e violentos, mas o lado da moeda que eu escolho traz as conseqüências morais destes atos, traz a amizade vencendo as dificuldades...
Tolkien fica "sem sal" quando não mostra a "realidade" fedorenta e violenta dos homens.
Isso é uma pena.
Pois o SAL da VIDA não está aí. Estamos temperando a vida de forma errada.

Nada contra defecados e monstruosos guerreiros.
Mas eu escolho o lado da moeda que me dá esperança, que me alimenta e move para a frente.

Talvez eu esteja ficando velha e meu coração já não suporte mais tanta violência... Mas acho que, pelo mesmo motivo, eu já ví que a adrenalida desta força vermelha e destruidora não deixa marcas boas.

Prefiro Tolkien, vencendo os orcs, ainda que pareça sem "tempero"..
Uma questão de escolha do que eu quero colocar em minha alma, e o que eu quero mostrar àqueles que jornadeiam comigo..lembas, meus queridos, lembas e muita fé...

Muito bom post, Talira. Merece meus karmas.

Tambem acho que as vezes temperamos a vida de forma errada. E prefiro o tempero sutil e fantasioso de Tolkien as fezes da realidade.

Porque nao temperar a vida com uma amizade verdadeira (Frodo e Sam).
Com os prazeres da ociosidade e da comilanca (Merry Pippin)
E tambem com os arduos trabalhos que desempenhamos em nossas vidas (Gandalf)?

Porque o tempero da vida tem que ser duro e fedido para nos conquistar?
Porque e tao dificil ver a nobreza de um mendigo (Passolargo)?
Ou tolerar e fazer amizade com aquele que e diferente de voce (Legolas e Gimli)?
Porque o tempero da vida nao pode ser aprender com nossos erros (Boromir)?

Eu gosto de Tolkien e do seu tempero. Gosto de passear pelo Condado por cem paginas!
Gostei de aprender dar atencao as arvores e ouvir seus sussurros (Barbarvore).
De perceber que mesmo os sabios e os grandes, falham (Saruman).
De apreciar um tipo de coragem diferente, uma forca que define a guerra e que nao esta nas espadas,
A forca dos fracos e dos pequenos, e aprender que ela pode sim mudar os destinos do mundo.
Gostei de aprender a olhar para uma batalha e nao ver apenas sangue e estupro, mas honra e nobreza.
Ver que existem razoes para lutarmos, o mal existe, mas o mundo nao e totalmente corrompido, existem coisas boas, solidariedade para se opor ao egoismo, verdade para se opor a mentira, justica para se opor a vinganca.

Gosto de Tolkien e sua forma sutil e bonita de temperar a vida. Gosto como ele congela o tempo e nos deixa varias paginas olhando para coisas que na correria do nosso dia-a-dia nao temos mais tempo para olhar.

Nao tenho nada contra Martin e estou gostando de ler sua obra. Mas prefiro o perfume e a sabedoria da utopia que o suor e o imediatismo da realidade. E se o preco que temos que pagar para ter um tempero melhor para nossa vida e a fantasia e a utopia dos loucos, em detrimento da morbida coerencia dos lucidos, entao esse e um preco pequeno a se pagar. Estou contigo, Talira.

Obs: Desculpem a falta de acentuacao, estou num pc diferente e ainda nao aprendi a colocar acentos aqui, rs.
 
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Eu já penso diferente. A fantasia,para ser mais crível, para ter valor para mim, me dizer algo, meso que seja sonhadora em essência tem que se apresentar de forma realista. Parece besteira, mas JAMAIS se compreenderá o ser humano falando de uma criatura ideal que não existe. O humano se entende vendo ele sendo humano. Por isso me aborrece a guerra em Tolkien, depois de ler Cornwell. Acho o mundo dele magnífico mas a moralidade, mesmo na guerra, me parece irreal demais, dificil de engolir.
 
Sobre essa questão do que nos apetece mais, do "tempero da vida"... concordo plenamente com a Talira e o Gerbur.

Me perdoem o off-topic, mas toda essa conversa me fez recordar de uma coisa: eu simplesmente ADOREI a série "A Casa das 7 Mulheres". Sei que os livros, filmes e séries baseados na realidade sempre tem algo de fantasioso, de fazer parecer que certas pessoas foram melhores do que realmente eram... mas eu quero acreditar que esta passagem que vou comentar foi verídica.

Num certo momento, o Garibaldi (Thiago Lacerda) estava acho que em Sta. Catarina, sob as ordens de um General muito nojento e não lembro porque razão estavam sem suprimentos e sem contato com os superiores do RS. Então, devido à falta de suprimentos o tal General nojento manda que saqueiem a cidade e o Garibaldi é contra e se recusa. Mas no fim, ele acaba sendo obrigado a ceder... E como era de se esperar, ocorre muito mais do que o saque, o roubo em si...

Mais tarde, ele comenta com Manuela que aquilo foi o que de pior aconteceu na vida dele e que ele sempre teve pesadelos com aquelas lembranças, pois ele sempre proibiu terminantemente, em todas as batalhas de que participou no mundo todo, que os homens sob seu comando fizessem esse tipo de coisa e os mantinha sob rígida disciplina, mas também com amizade.

Tanto por esse nível de nobreza, quanto por ter lutado em muitas partes do mundo... a figura do Garibaldi sempre me lembrou fortemente Aragorn. Quase um Aragorn da vida real...

Essa nobreza de espírito, mesmo na guerra, pode ser utópica, mas eu também prefiro esses valores para o tempero da minha vida. E eu fico feliz em saber que houve ao menos UM homem assim tão valoroso na história da humanidade!



Não acho ruim histórias com um toque mais forte de realidade... mas o que é visceral demais raramente me agrada!
 
Sabe, eu estava lendo outros blogs que falam sobre o assunto, e me deparei com um onde estava escrito: ".. meu sangue ainda está fervendo e eu não sei como apagar esse fogo! Não tenho palavras para descrever o quão esse livro me conquistou. A Guerra dos Tronos provoca emoções profundas, eu nunca havia chorado de ódio...mas chorei. Em algumas cenas eu desejei esfolar alguém vivo. Sim...eu realmente fiquei irada!".

Sair de um filme irada, querendo esfolar alguém vivo, é algo que se sente quando toda aquela adrenalina fica no sangue, sem solução.
Ver tudo aquilo, e...depois?

No mundo de Tolkien, se sai com a motivação do bem, embora se saiba que houve muita guerra e violência.
No livro "Zen e a arte da escrita", do Ray Bradbury (escreveu "Fahrenheit 451") diz que a ficção faz com que as novas gerações desenvolvam a tecnologia, a ciência, quando crescem estimuladas por esta literatura. A estas novas gerações ele deu o nome de filhos e filhas de Tolkien.

Se é pelos frutos que se conhece a árvore, então Mestre Tolkien é árvore da vida, com certeza...
 
Eu dei uma pesquisada neste trecho, ele aparece em diversos blogs diferentes, o mesmo texto sendo copiado por diversas pessoas como se o dono do blog tivesse escrito, mas não tem como saber de onde veio o texto original, então prefiro não dar credibilidade a estes supostos sentimentos de ira. E com relação ao "tempero da vida", as pessoas tem vidas diferentes e portanto precisam de temperos diferentes, alguns vão optar por uma fantasia mais próxima da realidade enquanto outros por uma realidade mais próxima da fantasia, simples assim.
Como alguém já falou no tópico "O mundo de Tolkien existiu de verdade?" (ou algo assim), se a pessoa quiser acreditar em um mundo de fantasia para fugir da realidade cruel, é uma escolha dela, mesmo que a realidade não se torne menos real por causa disso, cada um sabe a vida que tem e escolhe o tempero que achar melhor.
Eu adorei ler O Hobbit (ainda o único que li do Tolkien), mas foi Guerra dos Tronos que me cativou. É o meu gosto.
 
Sair de um filme irada, querendo esfolar alguém vivo, é algo que se sente quando toda aquela adrenalina fica no sangue, sem solução.
Ver tudo aquilo, e...depois?
Se for assim, deixe de ler Tolkien também. Os campos de Pelennor causa emoções profundas também, mas talvez mais leves. Quem não tem estômago pra aguentar Uhtred e os Lannisters tomando uma cidade que não leia. Só não julgue que guerras feitas de açúcar são melhores por causa DISSO, nível de glicose.
 
Sair de um filme irada, querendo esfolar alguém vivo, é algo que se sente quando toda aquela adrenalina fica no sangue, sem solução.
Ver tudo aquilo, e...depois?

No mundo de Tolkien, se sai com a motivação do bem, embora se saiba que houve muita guerra e violência.
No livro "Zen e a arte da escrita", do Ray Bradbury (escreveu "Fahrenheit 451") diz que a ficção faz com que as novas gerações desenvolvam a tecnologia, a ciência, quando crescem estimuladas por esta literatura. A estas novas gerações ele deu o nome de filhos e filhas de Tolkien.

Se é pelos frutos que se conhece a árvore, então Mestre Tolkien é árvore da vida, com certeza...

Bom, pessoalmente, eu sai do capítulo da Nirnaeth Arnoediad no Silmarillion com nojo da humanidade e com mais impressão de fazer parte de uma raça decaída do que jamais estive lendo a Bíblia. Precisei da cena da queda da nave bomba e o CABUUUMMM do Avatar do Cameron pra sentir que, finalmente, estávamos começando a saldar o débito.Fiquei com raiva e vergonha.

O do Túrin, tive que parar a leitura até o dia seguinte depois que ele matou o Beleg, fiquei chamando o pobre Adanedhel de "humano burro" como faço até hoje...

E, nas Brumas de Avalon, quase tive uma síncope quando, depois de comer o primo gostosão da Morgana( Lancelot), Guinevere tramou o casamento da pobre irmã de Arthur com o pai idoso de Acolon, seu pretendente, enganando-a pra que ela consentisse com o matrimônio por puro despeito. Quando já tinha tudo que podia querer, menos um herdeiro.

Fiquei tão P que parecia que tinha discutido com alguém. A sensação durou um dia e pouco e depois passou. Lavou tá novo... ( mesmo assim acho ótimo quando um comic como o Arthur de Lereculey e Chauvel redime Guinevere aos meus olhos pq a coitadinha ficou com má-fama pra todo leitor de Brumas. E é um livro sem violência nenhuma tirando o episódio gore que aconteceu com Viviane...

Isso faz parte do prazer da literatura. Viver emoções de maneira vicária. Não me impediu de sofrer com os membros da Comitiva pela morte aparente de Gandalf ( 3 dias sem ler o livro de raiva)e ter calafrios com o retorno dele, a cavalgada dos Rohirrim e a comparação de Théoden com Oromë "na Batalha dos Valar quando o mundo era jovem", o "Aiya Elenion Ancálima" do frasco de Galadriel estuporando e cegando Shelob, ou a "marcha fúnebre" de Nienna em direção ao Ezellohar ( eu senti a morte das árvores no Silma como se fossem personagens com fala e tudo). Pra não falar do Lacho Kalad, Drego Morn!!!, Flameja Luz, Foge Noite! com o Túrin diante de parte do exército de Fingon perto da Nirnaeth Arnoediad... Glaurung e suas palavras finais são um espinho na minha garganta até hoje, vinte anos depois de ler....Calou fundo na minha alma...

Mas, honestamente, desafio uma pessoa inteligente, sensível e de bom gosto como você a não se emocionar ao ver uma passagem do livro 3 de Canção de Gelo e do Fogo,Storm of Swords, quase unanimemente considerado o melhor deles até agora, onde há uma comemoração jubilosa e ovacional ao som de "Mãe, mãe, mãe" mesmo com a sangueira que correu ( contada com a parcimônia de detalhes típica de um Tolkien e de um Haggard, pelo menos nessa hora), nada tão escandaloso assim. Catártico, comovente e justo, aliás.


George R.R. Martin e Tolkien não são tããooo dissimilares assim na essência. Se experimentar, com certeza, haverá emoções a serem curtidas e momentos comoventes que nada tem a ver com sangue e tripas, sensualidade, "realismo" ou sadismo do leitor.
 
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Pra mim é muito simples:

Personagens e caracterização, Narrativa, viradas no enredo: Martin.

Batalhas, Construção de mundo, dar vida a esse mundo : Tolkien.
 
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Excelentes postagens! O modo como vocês colocaram a diferença de estilo entre as obras de Tolkien e Martin foi perfeito: são apenas diferentes formas de "temperar" a narrativa. Sou total partidário desta ideia: toda história que nos chega é arraizada num ponto de vista, e aquele de quem provém pode escolher estes ou aqueles detalhes para enfoque. Tolkien e Martin são majestosos contadores de história, de formas distintas; não significa que o lado belo não exista no legendarium de um ou o lado podre não exista no do outro.
 

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