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Autor da Semana Thomas Mann

Spartaco

Anton Bruckner - 200 anos do nascimento
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Thomas Mann
(6 de Junho de 1875 - 12 de agosto de 1955)

Thomas Mann escreveu romances, ensaios e contos. Psicólogo penetrante e estilista consumado, a sua extensa obra abrange desde contos até escritos políticos, passando por novelas e ensaios.

Ele foi um herdeiro tardio da tradição idealista e romântica alemã e um dos principais autores modernos. Era um clássico em tempos de revolução e conseguia refletir de forma original e particular o espírito de seu tempo. Sua obra apresenta descrições minuciosas e um realismo psicológico e preciso, com análise exata de cada particularidade.

A obra de Mann é uma expressão estética do esforço de contrapor seus dois valores essenciais: de um lado a sociedade, o senso comum, o valor da vida; do outro a alienação, o individualismo, o escapismo romântico, o jogo estético, que culminam na doença e na morte.


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VIDA E OBRA


Paul Thomas Mann nasceu em Lübeck, em 1875, numa família burguesa opulenta, domiciliada naquela cidade do Schleswig-Holstein. Era filho do comerciante Johann Heinrich Mann e da brasileira Júlia da Silva Bruhns; sendo irmão mais novo do notável escritor Heinrich Mann e pai do historiador Golo Mann.

Os desejos de liberdade plena cedo o levaram a manifestar-se em favor do regime republicano e da democracia, dando provas claras desse seu liberalismo no romance Os Buddenbrooks, uma análise psico-realista da burguesia decadente, que publicou em 1901, quando tinha apenas vinte e cinco anos, e que lhe conferiu considerável notoriedade no mundo da literatura. Neste romance aflora já claramente o jogo das antíteses, traço característico das suas análises psicológicas e psicossociais, como burguês e artista, vida e espírito, doença e gênio, coletivo e individual, que vieram a tornar-se evidentes nos romances Tristão (1903), Tônio Kröger (1903) e Morte em Veneza (1912).

Tendo sofrido influência da filosofia de Nietzsche (1844-1900) e de Schopenhauer (1788-1860), Thomas Mann revela-se, de modo especial, como romancista de caracteres doentios e decadentes, e passa a ser considerado como mestre do romance psicológico e da novela psicológica.


No romance Montanha Mágica (1924) faz uma análise exaustiva do tempo que precedeu a 1.a Grande Guerra, numa Europa doente.

No romance Doutor Fausto (1947) volta-se para o tema da discórdia entre o espírito e a vida e leva a ação a desembocar na catástrofe do herói, em paralelo com a calamidade que pouco antes se abatera sobre o povo alemão.

Nas Confissões do Impostor Félix Krull (1954) Thomas Mann expõe a sua velha dúvida relativamente à arte e revela a existência de traços comuns à arte e à intrujice.

Thomas Mann viveu em Munique, com pequenas interrupções de 1893 a 1933; saiu da Alemanha para a Suíça após a subida ao poder de Adolf Hitler (1889-1945) e transferiu-se da Suíça para os Estados Unidos da América em 1938, passando, em 1944, a ter nacionalidade americana.


Recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1929 e o Prémio Goethe em 1949.

Morreu em Kilchberg (Zurique) em 1955, aos oitenta anos.


Thomas Mann é autor de uma obra literária vasta e rica, da qual fazem parte, além das já citadas, as seguintes obras:
O Pequeno Senhor Friedemann (1898); Florença (1906); Alteza Real (1909); Senhor e Cão (1919); Mário e o Feiticeiro (1930); José e seus Irmãos (1933-1943) Da Próxima Vitória da Democracia (1938); Carlota em Weimar (1939); Esta Guerra (1940); A Alemanha e os Alemães (1947); O Eleito (1951); A Simplória (1953), entre outras.

Fonte:
Wikipedia
http://www.infopedia.pt/$thomas-mann

 
Um texto crítico sobre Thomas Mann que gosto bastante é este:

POR CARLOS AUGUSTO SILVA EM 01/08/2009 ÀS 11:59 AM
Mais que um mero conto de fadas
publicado em ensaios
Thomas Mann: o autor completo, consistente, tecnicamente perfeito e dotado do mais refinado tom irônico e percepção crítica da realidade. Como ele mesmo queria: um Goethe moderno

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“Sua Alteza Real”, segundo romance de Thomas Mann, parece estranho a qualquer um de seus leitores mais familiarizados. O criador de “Morte em Veneza” é conhecido como um autor de decadência e realismo simbólico, mestre do uso das alegorias para analisar e dar forma a um mundo doente, não apenas nas subjetividades psicológicas, mas igualmente em suas nuances sócio-históricas. Seus principais romances (“Montanha Mágica”, “Doutor Fausto” e a tetralogia “José e Seus Irmãos” — para mim a sua grande e verdadeira obra-prima), sempre com personagens densos, grandes descrições e digressões, contrasta muito com esse “Sua Alteza Real”, que se serve de personagens simples, arquetípicos e unidimensionais. Seu formato é o de conto de fada, e dessa forma foi recebido pela crítica de sua época. O próprio Mann, na velhice, disse se tratar apenas de uma história despretensiosa, mas mesmo assim com algum charme, e sentenciou: “mas os alemães não querem saber de charme”. Ele se ressentiu com a recepção morna, para não dizer pálida, da critica à época da publicação. O problema maior estava em seu livro precedente, nada mais que o grandioso “Os Buddenbrooks”, sua estréia apoteótica, obra que lhe rendeu — a contragosto do germânico, haja vista o fato de que já havia lançado “A Montanha Mágica” — o Prêmio Nobel de Literatura. O desfecho feliz, esperançoso do romance, para muitos foi uma descida ao mundo do otimismo depois da densidade do primeiro livro.

Pois bem, trata-se da história do príncipe Klaus Heinrich, de um pequeno grão ducado alemão. Seu nascimento alimenta a lenda de que haveria um nobre que faria, com uma só mão mais que qualquer outro fez por aquelas terras. Klaus nasce com uma das mãos defeituosas, raquítica, que por toda sua vida tentaria esconder. Depois de a diegese do romance apresentar toda a educação moral e intelectual de Klaus e seu conseqüente crescimento e amadurecimento em mais da metade de suas 350 páginas, nas quais também o irmão mais velho de Klaus lhe passa os deveres reais — já que ele era o líder carismático e amado pelo povo, e não o mais velho —, o ducado recebe a visita de um pequeno clã multimilionário norte americano, composto pelo patriarca Spoelmann, que herdara a fortuna do pai — um grande homem de negócios de sangue mestiço —; e Imma, sua filha. Vinham com o pretexto de estarem atrás das águas medicinais do lugar: o velho bilionário queria alívio para as cólicas renais insuportáveis, por isso se instalariam na cidade. Pleiteiam e compram o Castelo Velho, uma das residências reais, vendida a fim de cobrir dívidas e despesas de um reino empobrecido e em franca decadência. Irmãos de Klaus sentem-se ofendidos: são burgueses adquirindo residência real, mas que, com o poder financeiro, poderiam reerguer o Castelo e devolver-lhe os ares de realeza. A recepção à família de estrangeiros que compram a propriedade cria a situação chave para que Klaus encante-se por Imma. O tom romântico ganha força, a narrativa, um curso fantasioso. Klaus tenta de todo modo se aproximar de Imma, a doença do pai da moça é providencial à narrativa: o velho, acamado, não poderia impedir os passeios de cavalo na companhia do jovem príncipe. Paralelamente, o reino passa por graves dificuldades financeiras, e o rumo que a relação de ambos toma, sempre definida pelo amor, é o do natural casamento. Quanto mais se agrava a crise do ducado, mais próximos estão os dois personagens. Quando Klaus é obrigado a sair do reino de fantasia de uma vida aristocrática, em pleno fim do século XIX, para tomar providências quanto à tensão financeira que atinge situação limite, os burburinhos a respeito de seu romance com a burguesa milionária coadunam-se, junto à corte e à população — que amava o carismático Klaus —, com a lenda de que o príncipe de uma só mão salvaria o estado. Assim, o casamento passa a ser a redenção desse ducado empobrecido e à beira de um colapso. Spoelmann empresta dinheiro em condições paternais, as dívidas são saudadas e a prosperidade, junto do amor, triunfa com o casal saudado na cerimônia matrimonial, como heróis de um mundo quebradiço.

A fragilidade da trama esconde, bem ao gosto manniano, uma mordaz crítica ao espírito e ao ócio aristocrático (no plano sócio-histórico) e a possibilidade de transmutar a vida de aparência e futilidade em uma vida constituída em experiências verazes sedimentadas pela profundidade do amor (no plano subjetivo e psicológico).

Para além da visão santificada sobre o gênio de Thomas Mann, não há como perceber a sua acidez ao fazer com que o irmão mais velho do príncipe entregue o lugar que lhe era de direito ao irmão mais novo porque o povo não o tinha escolhido como rei, e sim ao caçula, tal como acontecera em sua família com relação ao grande escritor Heinrich Mann, primogênito da família (autor do brilhante “O Anjo Azul”), cuja famosa biografia tem o curioso título de “O Irmão”. Outra referência clara é a origem mestiça de Imma: a mãe de Mann, Julia, era brasileira e também trazia consigo os traços da mestiçagem em seu sangue, e mais ainda, a própria família do escritor passara por uma decadência financeira que marcara a vida dos jovens filhos do Sr. Mann, muito bem transposta e transformada em “Os Buddenbrooks”, e nessas situações chegara à vida do autor Kátia, com quem se casaria e levaria sua vida burguesa.

Personagens alegóricas surgem no romance, e a partir delas podemos detectar a ironia ácida de Mann contra a vida de aparência, meramente representativa que tem essas figuras ocas. O grande tema que o livro traz é o da farsa, do “teatro social” para o qual nos aponta Richard Sennett em seu “O Declínio do Homem Público”, e que só pode ser vencido se atacado com coisas verdadeiras, como o amor, por exemplo, ou uma grande crise financeira (sanada por um golpe do destino amoroso de dois jovens, por que não?). O mundo velho, “ancien regime”, só trazia de si uma aparência de beleza. O castelo no qual moraria o casal seria reconstruído com o dinheiro burguês americano, e do velho, só viria a aparência, o ornamento. Diz o narrador: “Ao grande canteiro central, diante da rampa de acesso, seria transplantada a roseira do Castelo Velho, e lá, já não rodeada de muros mofados, mas com ar, sol e adubo gordo, agora veriam que rosas ela produziriam refutando as mentiras populares, se fosse suficientemente obstinada e petulante.”

Thomas Mann, mesmo em seu conto de fada, é ainda Thomas Mann, o autor completo, consistente, tecnicamente perfeito e dotado do mais refinado tom irônico e percepção crítica da realidade. Como ele mesmo queria: um Goethe moderno. Um escritor que não consegue deixar de olhar, já que sua maldição, como ele mesmo sugere em sua novela “Tonio Kröger”, é essa, a de transformar a experiência em linguagem, sem abrir concessões.

Sua obsessão por sua arte encontra espaço em seu conto de fadas, quando Klaus, visitado por um poeta, o vê dissertar sobre a vida de um homem de letras, que é mais feita de contemplação que de vivência, ou no mínimo, de uma vivência contemplativa, como fez Rosa no sertão de Minas. Diz o poeta ao príncipe maneta: “... eu tenho de poupar, controlar-me, medroso e avarento, por motivos higiênicos. Pois é de higiene que gente como eu precisa em primeiro lugar... ela é nossa moral. Mas nada é mais anti-higiênico que a vida...”

http://acervo.revistabula.com/posts/ensaios/mais-que-um-mero-conto-de-fadas

Lembrando que o Alfredo Monte é um grande admirador de Thomas Mann, possuindo uma gama de textos muito bons sobre o autor: todos com a TAG "Thomas Mann aqui.

Só li o Morte em Veneza e o Tonio Kroeger, contudo. Mas tenho o Doutor Fausto e o Montanha Mágica engatados aqui... Conheço-os pelas paródias nabokovianas (especialmente o A Verdadeira Vida de Sebastian Knight).

Sobre o Doutor Fausto, aliás, sempre li que o livro segue uma estrutura dodecafônica, remetendo à construção musical. Sabem explicar como seria isso? Isto é, o que é esse "dodecafônico"? (É mais uma pergunta de âmbito musical hehe.)
 
A Companhia das Letras está relançando as obras de Thomas Mann; este ano já saíram Doutor Fausto, A morte em Veneza e Tonio Kroger. Alguém tem informação de quais os títulos que serão publicados em 2016?
 
No topico de lançamentos 2016 aparece uma lista dos previstos da cia. Entre eles estão Os Buddenbrooks e A montanha mágica.
 

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