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"To JK Rowling, From Cho Chang", de Rachel Rostad

Bruce Torres

Let's be alone together.
"To JK Rowling, From Cho Chang", de Rachel Rostad

Sábado passado (13/4), um vídeo apareceu no YouTube dando o que falar: em um sarau de poesia conhecido como Button Poetry, uma jovem de 19 anos chamada Rachel Rostad, aluna da Macalester College, recitou um poema sem rimas cujo ponto foi atacar o fenômeno chamado de tokenism, uma política de inclusão de minorias que visaria remover a aparência (hipoteticamente) preconceituosa de uma obra. Em seu poema, Rostad ataca a tragicidade da maioria das personagens asiáticas, usando exemplos famosos como "Madame Butterfly", de Puccini, ou o musical "Miss Saigon, e que teria encontrado sua mais nova expressão em Cho Chang, uma das personagens secundárias mais famosas da série Harry Potter, da autora britânica J.K. Rowling.


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Poema original:

When you put me in your books, millions of Asian girls across America rejoiced! Finally, a potential Halloween costume that wasn’t a geisha or Mulan! What’s not to love about me? I’m everyone’s favorite character! I totally get to fight tons of Death Eaters and have a great sense of humor and am full of complex emotions!

Oh wait. That’s the version of Harry Potter where I’m not fucking worthless.

First of all, you put me in Ravenclaw. Of course the only Asian at Hogwarts would be in the nerdy house. Too bad there wasn’t a house that specialized in computers and math and karate, huh?

I know, you thought you were being tolerant.
Between me, Dean, and the Indian twins, Hogwarts has like...five brown people? It doesn’t matter we’re all minor characters. Nah, you’re not racist!
Just like how you’re not homophobic, because Dumbledore’s totally gay!
Of course it’s never said in the books, but man. Hasn't society come so far?
Now gays don’t just have to be closeted in real life—they can even be closeted fictionally!

Ms. Rowling. Let’s talk about my name. Cho. Chang.
Cho and Chang are both last names. They are both Korean last names.
I am supposed to be Chinese.
Me being named “Cho Chang” is like a Frenchman being named “Garcia Sanchez.”

So thank you. Thank you for giving me no heritage. Thank you for giving me a name as generic as a ninja costume. As chopstick hair ornaments.
Ms. Rowling, I know you’re just the latest participant in a long tradition of turning Asian women into a tragic fetish.
Madame Butterfly. Japanese woman falls in love with a white soldier, is abandoned, kills herself.
Miss Saigon. Vietnamese woman falls in love with a white soldier, is abandoned, kills herself.
Memoirs Of A Geisha. Lucy Liu in leather. Schoolgirl porn.
So let me cry over boys more than I speak.
Let me fulfill your diversity quota.
Just one more brown girl mourning her white hero.

No wonder Harry Potter’s got yellow fever.
We giggle behind small hands and “no speak Engrish.”
What else could a man see in me?
What else could I be but what you made me?
Subordinate. Submissive. Subplot.

Go ahead. Tell me I’m overreacting.
Ignore the fact that your books have sold 400 million copies worldwide.
I am plastered across movie screens,
a bestselling caricature.

Last summer,
I met a boy who spoke like rain against windows. -
He had his father’s blue eyes.
He’d press his wrist against mine and say he was too pale.
That my skin was so much more beautiful.
To him, I was Pacific sunset,
almond milk, a porcelain cup.
When he left me, I told myself I should have seen it coming.
I wasn’t sure I was sad but I cried anyway.
Girls who look like me are supposed to cry over boys who look like him.
I’d seen all the movies and read all the books.
We were just following the plot.


Fonte: https://www.facebook.com/notes/rachel-rostad/to-jk-rowling-from-cho-chang/523060277739525

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Poema livremente traduzido:

Quando você me colocou em seus livros, milhões de garotas asiáticas em toda a América se alegraram! Finalmente uma fantasia de Halloween que não era de gueixa ou Mulan! O que há para não amar em mim? Sou a personagem favorita de todos! Luto com trocentos Comensais da Morte e tenho um grande senso de humor e sou plena de emoções complexas!

Mas espere – essa é a versão de Harry Potter onde valho alguma coisa, porra!

Primeiro, você me colocou em Corvinal. Claro que a única asiática em Hogwarts teria de estar numa casa de nerds! Pena não haver uma casa especializada em computadores, matemática e caratê, né?

Eu sei, você imaginou que estava sendo tolerante.
Entre eu, Dean, as gêmeas indianas, Hogwarts tem o que? Cinco pessoas de pele morena? Não importa que fôssemos todos personagens secundários. Não, você não é racista!
Assim como você não é homofóbica já que Dumbledore é totalmente gay!
Claro que isso nunca é dito nos livros, mas cara... A sociedade realmente não chegou longe?
Agora os gays não precisam ficar dentro do armário apenas na vida real - é possível fazer isso na ficção!

Sra. Rowling, vamos falar sobre o meu nome: Cho. Chang.
Cho e Chang são ambos sobrenomes. Ambos são sobrenomes coreanos.
Eu deveria ser chinesa!
Ser chamada de “Cho Chang” é como um francês se chamar “Garcia Sanchez”.

Então, obrigado. Obrigado por não me dar uma origem. Obrigado por me dar um nome tão genérico como uma fantasia de ninja. Tão genérico quanto prendedores de cabelo em forma de palito.
Sra. Rowling, sei que você é apenas a última integrante de uma longa tradição em tornar mulheres asiáticas em fetiches trágicos.
Madame Butterfly – japonesa se apaixona por soldado branco, é abandonada, se mata.
Miss Saigon – vietnamita se apaixona por soldado branco, é abandonada, se mata.
Memórias de uma Gueixa. Lucy Liu vestindo couro. Pornô com colegiais.
Então me deixe chorar mais pelos garotos do que falar com eles.
Deixe-me preencher sua cota de diversidade.
Apenas mais uma garota morena lamentando por seu heroi branco.

Não me espanta que Harry Potter tivesse febre amarela.
Rimos por trás de nossas mãozinhas e “não falar ingrêis”.
O que mais um homem veria em mim?
O que mais eu poderia ser além do que você me tornou?
Subordinada. Submisssa. Subenredo.

Vá em frente, diga que exagero.
Ignore o fato de que seus livros venderam 400 milhões de cópias no mundo todo.
Estou engessada em telas de cinema,
sou uma caricatura best-seller.

No último verão,
Conheci um garoto que falava tal qual chuva batendo na janela.
Tinha os olhos azuis de seu pai.
Ele apertaria seu pulso no meu e diria quão branca eu era.
Que minha pele era a mais bela.
Para ele, eu era o pôr-do-sol no Pacífico,
um leite de soja, um copo de porcelana.
Quando ele me deixou, disse a mim mesma que devia ter previsto isso.
Não estava certa de que estava triste, mas chorei mesmo assim.
Garotas parecidas comigo devem chorar por garotos como ele.
Vi isso nos filmes e li isso nos livros.
Estávamos apenas seguindo o enredo.
 
Última edição por um moderador:
Re: "To JK Rowling, From Cho Chang", de Rachel Rostad

Tenho certeza de apenas uma coisa: Ms. Rowling deve ter ficado tão surpresa quanto eu a ver isso.
Preconceito, num romance multirracial como Harry Potter? Como assim? :eek:
 
Re: "To JK Rowling, From Cho Chang", de Rachel Rostad

Tenho certeza de apenas uma coisa: Ms. Rowling deve ter ficado tão surpresa quanto eu a ver isso.
Preconceito, num romance multirracial como Harry Potter? Como assim? :eek:

"Eu sei, você imaginou que estava sendo tolerante.
Entre eu, Dean, as gêmeas indianas, Hogwarts tem o que? Cinco pessoas de pele morena? Não importa que fôssemos todos personagens secundários. Não, você não é racista!"


:lol:
 
Eu achei essa menina muito "mimimi".

Parece aquele ator americano (não lembro o nome) que reclamou que no filme "O Senhor dos Anéis" não tinha negros. :neutral:

Mas aí você lembra que existe algo chamado "mímese" e que pode ser levado até pro campo do romance fantástico - por exemplo, a controvérsia entre as descrições dos Calormenes em "As Crônicas de Nárnia" e a forma como o Ocidente enxerga os muçulmanos.

Se você pensar em "OSdA", vai ver que Tolkien levou a ideia de "raça" para outro nível: características físicas e psicológicas diferentes, tal como os X-Men. :lol: Só que Tolkien preferiu algo que lembrasse a visão eurocêntrica das narrativas em que se inspirou - o autor é fruto do seu meio, lembremos sempre disso - a recorrer a uma "quota racial" (tokenism). O que a Rostad está fazendo aí é atacar essa mania de querer colocar pessoas de raças e etnias diferentes para dizer que seus romances são um "espelho" da realidade - e como "HP" tem um pé mais firme na realidade que "OSdA" por considerar justamente a "nossa" realidade, isso pesa mais.

Por mais que as descrições de tais personagens sejam positivas, nota-se um descuido/descaso da autora para com o histórico das referidas personagens - e como a Rowling se recusa a "morrer", diegeticamente falando, isso é mais perigoso, pois aparenta uma negligência para com o público que se identifica com seus romances. Considere, por exemplo, as personagens deficientes físicas dos romances de Marcos Rey: elas eram ativas, tinham história, havia cuidado em sua criação - o próprio Rey sofria de hanseníase. Ele sabia que precisava atingir todos os tipos de leitores e que poderia abrir a cabeça de vários através de suas histórias.

Ao usar nomes de origem coreana para uma personagem sino-escocesa - uma das acusações de Rostad -, Rowling apaga os eventos conflituosos recentes entre ambas as nações asiáticas (a Guerra da Coreia), além de recorrer àquela ideia de que "todo olho puxado deve ser japonês" - estilo "África é um País". Não parece grave para nós, mas para um leitor asiático, pode ser bastante ofensivo. Pense também na continuidade desse tropo: mulher asiática encontra homem caucasiano, mas algo (choque cultural/tragédia/preconceito) impede que eles fiquem juntos.

Se eu acho que houve algum exagero aí? Com certeza, tal como Jean Rhys exagerou com o tropo da "Mulher Maluca do Sótão" em "Jane Eyre". Mas qual foi o resultado? "Wide Sargasso Sea", um dos primeiros romances pós-colonialistas e feministas da história. :)
 
Última edição:
Mas aí você lembra que existe algo chamado "mímese" e que pode ser levado até pro campo do romance fantástico - por exemplo, a controvérsia entre as descrições dos Calormenes em "As Crônicas de Nárnia" e a forma como o Ocidente enxerga os muçulmanos.

Se você pensar em "OSdA", vai ver que Tolkien levou a ideia de "raça" para outro nível: características físicas e psicológicas diferentes, tal como os X-Men. :lol: Só que Tolkien preferiu algo que lembrasse a visão eurocêntrica das narrativas em que se inspirou - o autor é fruto do seu meio, lembremos sempre disso - a recorrer a uma "quota racial". O que a Rostad está fazendo aí é atacar essa mania de querer colocar pessoas de raças e etnias diferentes para dizer que seus romances são um "espelho" da realidade - e como "HP" tem um pé mais firme na realidade que "OSdA" por considerar justamente a "nossa" realidade, isso pesa mais.

Entendi e, pensando bem, concordo.

Mas ainda assim acho que ela foi chorona, meio histérica até.
Acho isso um saco.
 
Entendi e, pensando bem, concordo.

Mas ainda assim acho que ela foi chorona, meio histérica até.
Acho isso um saco.

Dois pontos: 1) coloquei alguns pontos a mais no post acima. Quando vi, você já tinha comentado; e 2) ela está declamando do ponto-de-vista da Cho Chang, o que faz sentido nela estar sendo chorona e histérica. :lol:
 
Então, mas a Cho não é histérica, ela fica chorona porque o namorado morreu.
Não acho que ela fica desse jeito por ser oriental, a maioria das meninas ficaria assim.

Mas não é isso que eu não gostei no texto da garota, e você diz:

Ao usar nomes de origem coreana para uma personagem sino-escocesa - uma das acusações de Rostad -, Rowling apaga os eventos conflituosos recentes entre ambas as nações asiáticas (a Guerra da Coreia), além de recorrer àquela ideia de que "todo olho puxado deve ser japonês" - estilo "África é um País". Não parece grave para nós, mas para um leitor asiático, pode ser bastante ofensivo.

Ah, a gente sabe como é isso,sim.
Quantas vezes você já não viu filmes/livros com brasileiros ou sul americanos estereotipados?
Uma das razões que me fizeram não gostar de Guerra Mundial Z foi aquele médico na árvore mascando folhas de coca pra fugir dos zumbis que ele próprio trouxe pra o RJ (cidade na qual ele, cirurgião do Albert Einstein, andava armado. Dentro do hospital. Afinal, como o próprio personagem diz: "Eu vivo no RJ!") ao fazer um transplante de coração em um alemão com um órgão traficado da China. :tsc:
Quer mais estereotipos irritantes? Leia o livro.

Já ouvi falar desse "Mulher Maluca do Sótão"/Jane Eyre, mas o livro é bom?

E o que é "diegeticamente" ? :think:
 
Então, mas a Cho não é histérica, ela fica chorona porque o namorado morreu. Não acho que ela fica desse jeito por ser oriental, a maioria das meninas ficaria assim.

Pois então: é um retorno àquela história trágica da asiática que nunca ficará junto do seu heroi caucasiano - "Madame Butterfly", por exemplo, como citado pela Rostad. "Qualquer um ficaria assim" - isso é fato, mas é que é um tropo que vive sendo repetido.

Quantas vezes você já não viu filmes/livros com brasileiros ou sul americanos estereotipados?

E incomoda, né? A briga aí é expôr a continuidade dessa ideia maluca da personagem-feminina-asiática-de-destaque como "subordinada/submissa/subenredo", apenas um pedaço (melo)dramático que perpetua uma ideia desgastada aliada à uma percepção (quasi-)metropolitana.

Já ouvi falar desse "Mulher Maluca do Sótão"/Jane Eyre, mas o livro é bom?

O "Jane Eyre"?

E o que é "diegeticamente" ? :think:

"Diegese" é a realidade da obra - o que a narrativa contém dentro de si, dentro e fora das personagens, os aspectos formais como criadores de um universo novo (Terra-Média, Mundo Real/Nárnia, Terra/Marte de Bradbury ("As Crônicas Marcianas"), Geopolítica de Clancy (os romances envolvendo Jack Ryan/John Clark), as memórias de Portnoy, etc.) O problema da J.K. Rowling é que ela teima em influenciar a obra apesar de esta já estar pronta - o Mundo dos Trouxas/Hogwarts não consegue ser plenamente definido porque Rowling sempre faz acréscimos a dados de suas personagens, aos eventos, características de algum momento da narrativa, etc. Daí ela interferir na "diegese" da obra, como se fosse Deus. Apesar de a obra ser "aberta", como diria Eco e Barthes, não é o autor quem tem de acrescentar mais coisas à obra - é o leitor quem faz isso através de sua percepção subjetiva. Ela é uma autora que se recusa a "morrer", a deixar de ser a "Causa Primeira" de seus romances.
 
Olha, concordo plenamente com o argumento do Bruce, depois de tão destrinchado. Essa questão dos estereótipos (capital do Brasil, Buenos Aires, e por aí vai) é mesmo bem chata e irritante, devo admitir.
E, realmente, você corre o risco de ofender um oriental terrivelmente se ele for chinês e chama-lo de japonês - e isso também vale para coreanos e demais raças mongólicas - sei bem como é isso.

Mesmo assim, ainda creio que Ms. Rowling ficará/ficou bastante chocada em saber que alguém leu tanta coisa nas entrelinhas que nem ela mesmo deve ter lido. :hihihi:
 
Mesmo assim, ainda creio que Ms. Rowling ficará/ficou bastante chocada em saber que alguém leu tanta coisa nas entrelinhas que nem ela mesmo deve ter lido. :hihihi:

Mas isso acontece com todos os escritores - há traços mórmons em "Crepúsculo", antissemitismo em "Viagem ao Fim de Noite", crítica à censura em "Fahrenheit 451", etc. Boa parte dessas interpretações e dados passam despercebidos pelo autor - e quando ele se dá conta, já é tarde. Por isso que é sempre preciso ressaltar na interpretação de texto: o artista é fruto do meio, e esse meio envolve desde seu histórico pessoal (ideias, experiências, leituras) à sociedade em que se insere.
 
Nussa, quem levar a ferro e fogo pode até atiçar o lado dark obcecado da base de fãs de um livro. Vi isso acontecer com outras obras populares. x_x
 
Última edição:
Nussa, quem levar a ferro e fogo pode até atiçar o lado dark obcecado da base de fãs de um livro. Vi isso acontecer com outras obras populares. x_x

Uma coisa as pessoas têm que aprender: nenhuma obra está definitivamente "pronta" porque a "obra" é aberta. Logo, tudo é passível de crítica, independente da aura que você dá às coisas que gosta.
 
Re: "To JK Rowling, From Cho Chang", de Rachel Rostad

Sempre acaba do velho dilema de agradar a gregos e troianos...
Sempre haverá um troll desocupado que achará a brecha na armadura pra encaixar a flecha. :tsc:
 
Última edição:
Re: "To JK Rowling, From Cho Chang", de Rachel Rostad

Sempre acaba do velho dilema de agradar a gregos e troianos...
Sempre haverá um troll desocupado que achará a brecha na armadura pra encaixar a flecha. :tsc:

Quem manda a armadura ter brechas? :lol:
 
Harry Potter é meio que um caso à parte (ainda não li o poema, btw)

Eu sempre achei que Cho Chang fosse chinesa, e não coreana... aliás, acho que todo mundo pensa isso.

Hogwarts é uma escola tradicional INGLESA. Assim como Durmstrang é soviética e Beauxbatons é francesa.
Existe uma frase dita pela JK, que não me lembro ao pé da letra, em que ela diz que você não verá em Hogwarts alunos americanos de intercâmbio e coisas do tipo.
Às vezes eu até fico perguntando, onde os magos italianos, portugueses, espanhóis e etc... estudam, rs. Pois estas 3 são chamadas de "as escolas europeias de magia." Mas aí eu passei a assumir que estas devem ser as 3 maiores, mais importante.... mas não as únicas.

Eu gosto do fato de existir coerência étnica nos livros. Incluir um monte de gente nada a ver só pra parecer politicamente correto é tosco demais. E na época que JK começou a escrever (anos 90) essa questão do politicamente correto nem era discutida / abordada.

É um equívoco dizer que "são poucas pessoas de pele morena" em Hogwarts ou na obra toda. Kingsley Shacklebolt, Lino Jordan, Angelina Johnson.
As irmãs Patil são uma referência clara às famílias indianas que se mudaram para a Inglaterra por causa da ligação que há entre os 2 países.

Esses personagens são secundários porque nem todos podem ser os principais, porque Harry Potter fala de famílias tradicionais inglesas principalmente com as quais a autora sente identificação e, creio eu, principalmente para não desviar o foco da questão do preconceito.
Pois Harry Potter é INTEIRO sobre preconceito. É ridículo acusar a JK disso. Além da questão dos sangues-ruins (e o objetivo é claramente que TODAS as meninas se identifiquem com Hermione que é alvo constante de discriminação, apesar de estar um passo a frente que a maioria sempre), há as rixas com os bruxos estrangeiros (Torneio Tribruxo), a forma como os bruxos tratam os outros seres inteligentes e mestiços... vejam as descrições com críticas ferrenhas que ela faz das estátuas no hall do Ministério da Magia) e toda a questão do tratamento dado aos elfos domésticos, com o FALE que nem aparece nos filmes mas é tão forte nos livros (fazendo uma analogia perfeita a questões como escravidão, direitos trabalhistas e dignidade)

O que me parece é que tem muito "mimimi" aí de uma pessoa que não leu os livros com muita atenção.
Tenho reparado muito que cada vez mais, principalmente os mais jovens, só enxergam / entendem / dão atenção ao plot principal das histórias e aos shipppers, deixando de lado as mensagens que estão claras como água nas entrelinhas, mas que muitas vezes são trechos até mesmo pulados ou lidos automaticamente e ignorados.

Estou lendo agora Morte Súbita (que vi tanta gente criticando, aparentemente sem entender o objetivo) e estou vendo ela aprofundar as críticas sociais aos nossos (nossos = ocidentais, mas principalmente ingleses) costumes e mesquinharias provincianos.

Primeiro, você me colocou em Corvinal. Claro que a única asiática em Hogwarts teria de estar numa casa de nerds! Pena não haver uma casa especializada em computadores, matemática e caratê, né?

Sério?
Vc está reclamando de ser inteligente?
Eu NÃO ENTENDO gente que acha que ser chamado de inteligente é ofensa!!!

Aliás, devia se sentir lisonjeada pq realmente eu nunca entendi a Cho estar na maravilhosa casa Ravenclaw, já que ela é a personagem MAIS BURRA (depois do Ron Weasley) da saga.
Assim como não faz sentido Peter ter entrado na Gryffindor.

Sim, o Chapéu Seletor comete erros graves.

Então, obrigado. Obrigado por não me dar uma origem.

Faz teeeempo que não entro no Pottermore, mas até onde eu sei lá estará a origem de TODOS os personagens, sendo inseridos no site por ordem de aparição e relevância.
Então calma que entre o 3º e o 5º livro no Pottermore toda a sua história deve ser contada.
 
Última edição:
Eu sempre achei que Cho Chang fosse chinesa, e não coreana... aliás, acho que todo mundo pensa isso.

Pois é. Isso é citado nos livros ou é informação da autora?

No mais eu não sei quem é que disse que autores devem levantar bandeiras em suas obras. Já vi chato reclamando que a suposta homossexualidade do Dumbledore era enrustida. Agora vem essa aborrecente enchendo o saco e falando em diversidade racial, sendo que o único preconceito explicito na obra (e que faz todo sentido no contexto da mesma) é o preconceito sangue puro X mestiço ou bruxo X trouxa.
 
Como disse acima, acho que ela exagerou, sim, mas às vezes exageros são necessários para chamar a atenção para pontos que antes ignorávamos.

Eu sempre achei que Cho Chang fosse chinesa, e não coreana... aliás, acho que todo mundo pensa isso.

Mas ela não disse que a Cho Chang é coreana - mas que o nome é coreano. Deslocar um traço cultural como esse é indício de estereótipo - como brasileiros falarem espanhol em filmes americanos. E aí você lembra que a China já pintou e bordou com a Coreia no passado... Imagino que para descendentes de coreanos isso seja um pouco ofensivo.

Hogwarts é uma escola tradicional INGLESA. Assim como Durmstrang é soviética e Beauxbatons é francesa.
Existe uma frase dita pela JK, que não me lembro ao pé da letra, em que ela diz que você não verá em Hogwarts alunos americanos de intercâmbio e coisas do tipo.
Às vezes eu até fico perguntando, onde os magos italianos, portugueses, espanhóis e etc... estudam, rs. Pois estas 3 são chamadas de "as escolas europeias de magia." Mas aí eu passei a assumir que estas devem ser as 3 maiores, mais importante.... mas não as únicas.

E justamente por ser inglesa é que impressiona que ela não represente quão multiétnico o Reino Unido se tornou nos últimos 30 anos. Beleza, não podemos pedir que o romance dela seja um espelho mimético que trate de questões sociais, mas o Reino Unido amplamente caucasiano deixou de existir lá pela década de 1960, com as imigrações de povos asiáticos e africanos durante os processos de descolonização ao redor do planeta.

Eu gosto do fato de existir coerência étnica nos livros. Incluir um monte de gente nada a ver só pra parecer politicamente correto é tosco demais. E na época que JK começou a escrever (anos 90) essa questão do politicamente correto nem era discutida / abordada.

Mas foi justamente esse o ponto que a Rostad comentou - você saberia se tivesse lido o poema todo: Cho Chang é um token, uma personagem que preenche uma quota multiétnica - mas foi construída "errada" ao considerarmos o background que a envolve.

É um equívoco dizer que "são poucas pessoas de pele morena" em Hogwarts ou na obra toda. Kingsley Shacklebolt, Lino Jordan, Angelina Johnson.
As irmãs Patil são uma referência clara às famílias indianas que se mudaram para a Inglaterra por causa da ligação que há entre os 2 países.

Mas ela citou as "pessoas de pele morena".

Esses personagens são secundários porque nem todos podem ser os principais, porque Harry Potter fala de famílias tradicionais inglesas principalmente com as quais a autora sente identificação e, creio eu, principalmente para não desviar o foco da questão do preconceito.

E nisso eu concordo com você, mas Cho Chang "seria" uma inspiração para outras. Até o Sung Kang fazendo os filmes da franquia "Velozes e Furiosos" está servindo de contraponto melhor a essa percepção de Metrópole que a Cho Chang - e estamos falando de uma franquia que podia estereotipar o quanto quisesse que ninguém iria se importar.

Pois Harry Potter é INTEIRO sobre preconceito. É ridículo acusar a JK disso. Além da questão dos sangues-ruins (e o objetivo é claramente que TODAS as meninas se identifiquem com Hermione que é alvo constante de discriminação, apesar de estar um passo a frente que a maioria sempre), há as rixas com os bruxos estrangeiros (Torneio Tribruxo), a forma como os bruxos tratam os outros seres inteligentes e mestiços... vejam as descrições com críticas ferrenhas que ela faz das estátuas no hall do Ministério da Magia) e toda a questão do tratamento dado aos elfos domésticos, com o FALE que nem aparece nos filmes mas é tão forte nos livros (fazendo uma analogia perfeita a questões como escravidão, direitos trabalhistas e dignidade)

Eu sei disso. Ela sabe disso. Mas como falei acima, existem "brechas na armadura". E considerando o fato de que a J.K. Rowling não consegue ficar de boca fechada para falar sobre suas personagens mesmo após o final do romance, é curioso como ela não menciona os erros/enganos que cometeu. Afinal, a história de Cho Chang é a mesma tragédia de outras tantas personagens asiáticas... e a Rowling, uma mulher inteligente e que se calcou em tantas referências, não percebeu isso? Ok, digamos que tenha passado batido. Mas ela nem menciona o fato?

O que me parece é que tem muito "mimimi" aí de uma pessoa que não leu os livros com muita atenção.
Tenho reparado muito que cada vez mais, principalmente os mais jovens, só enxergam / entendem / dão atenção ao plot principal das histórias e aos shipppers, deixando de lado as mensagens que estão claras como água nas entrelinhas, mas que muitas vezes são trechos até mesmo pulados ou lidos automaticamente e ignorados.

Essa é sua impressão. A dela é outra. Creio que a minha seria outra também. No entanto, ela tem um ponto muito bom e chamou a atenção para algo relevante: a percepção dos asiáticos nas obras de ficção e a falta de cuidado na construção de personagens modeladas em tais referências.

Estou lendo agora Morte Súbita (que vi tanta gente criticando, aparentemente sem entender o objetivo) e estou vendo ela aprofundar as críticas sociais aos nossos (nossos = ocidentais, mas principalmente ingleses) costumes e mesquinharias provincianos.

Espero ler no futuro, mas confesso que não me senti atraído - já tem tantos autores explorando esse tema na literatura de língua inglesa atual. Quem sabe um dia?

Sério?
Vc está reclamando de ser inteligente?
Eu NÃO ENTENDO gente que acha que ser chamado de inteligente é ofensa!!!

Jackie Chan em "O Terno de um Milhão de Dólares": NEM TODO CHINÊS É BRUCE LEE! :lol:

Aliás, devia se sentir lisonjeada pq realmente eu nunca entendi a Cho estar na maravilhosa casa Ravenclaw, já que ela é a personagem MAIS BURRA (depois do Ron Weasley) da saga.
Assim como não faz sentido Peter ter entrado na Gryffindor.

Sim, o Chapéu Seletor comete erros graves.

O Harry não disse que o Chapéu leva sua opinião em conta?

Faz teeeempo que não entro no Pottermore, mas até onde eu sei lá estará a origem de TODOS os personagens, sendo inseridos no site por ordem de aparição e relevância.
Então calma que entre o 3º e o 5º livro no Pottermore toda a sua história deve ser contada.

A origem dela não tem referencial, é uma mistura da qual mal se pode colher algo coerente se pensássemos a realidade - e isso é ruim se considerarmos que temos um estereótipo numa obra que trata de "preconceitos".


No mais eu não sei quem é que disse que autores devem levantar bandeiras em suas obras. Já vi chato reclamando que a suposta homossexualidade do Dumbledore era enrustida. Agora vem essa aborrecente enchendo o saco e falando em diversidade racial, sendo que o único preconceito explicito na obra (e que faz todo sentido no contexto da mesma) é o preconceito sangue puro X mestiço ou bruxo X trouxa.

Mas ele é enrustido, Éomer. Dumbledore é uma das grandes figuras da ficção, um modelo heroico e... vive "dentro do armário"? Alguém poderia dizer que os bruxos têm preconceito com isso, mas por que omitir tal dado dos leitores, só revelando-o posteriormente quando nada disso importa mais?

Ei, até que esse tópico tá rendendo. :D
 
Mas ela não disse que a Cho Chang é coreana - mas que o nome é coreano. Deslocar um traço cultural como esse é indício de estereótipo - como brasileiros falarem espanhol em filmes americanos. E aí você lembra que a China já pintou e bordou com a Coreia no passado... Imagino que para descendentes de coreanos isso seja um pouco ofensivo.

Isso, na eterna rixa entre chineses x japoneses x coreanos equivale a dizer que a capital do Brasil é Buenos Aires e o presidente é Evo Morales. Ofensa grave... :lol:

Sabe, apesar de Rowling ser interpelada dessa forma por leitores aborrecentes e pseudopolitizados é ridículo. Tudo bem, a molecada tem o direito de explorar o argumento da diversidade racial, mas Mme. Rowling não deveria se obrigar a justificar coisa alguma na obra, pois o conceito já está consolidado. Justificar isso ou aquilo só alimenta essa grande onda cancerosa do politicamente correto que inunda as redes sociais e torna a internet um verdadeiro tribunal de Inquisição.

Aliás, se essa menina não sabe, para a maioria das pessoas Cho é uma das personagens que mais atraem a simpatia do leitor. Ao menos para leitores não-asiáticos...
 

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